quinta-feira, 31 de março de 2011
A BÍBLIA LIDA PELO DIABO - João Eichbaum
2 A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. Claro, Mané, se não existia, como é que ia ter forma e estaria cheia a terra? Nossa, quanto mofo e que escuridão, nada de interessante! Mas Deus já curtia uma de surfista: se movia sobre a face das águas. Com um “espírito” amador, diga-se de passagem, porque não tinha com quem competir. Ah, sim, mas tem uma coisa: se o “Espírito” de Deus se movia sobre a face das águas, onde é que estava o corpo do Divino? Se não havia, até então, céu nem terra, onde é que ele ficou esse tempo todo? Águas? Que águas? Isso estava no “script”? Quem disse que havia águas? Quem tinha criado as águas? Onde estavam as águas, se a terra era “sem forma e vazia”? A coisa já começou mal, gente. O cara que escreveu isso aí não tinha noção de nada, nada na cabeça, não sabia nem como empulhar. 3 – 4 E disse Deus: “haja luz”; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus a separação entre a luz e as trevas. Mas como é que Ele, o provedor e o responsável por tudo, mandou fazer a luz, se não sabia se a luz era boa, se só viu que a luz era boa depois que ela foi feita? Então, antes disso Ele não tinha nem noção e chutou, se expondo a efeitos colaterais, correndo o risco de que a coisa, isto é, a luz, não desse certo? Ta certo que a luz é boa. Mas tem coisas que a gente precisa fazer no escurinho, né? Enquanto as crianças dormem. Mesmo sem luz é bom. Ou vai dizer que não? Outra coisa: como é que ele fez a “separação” entre a luz e as trevas? Ninguém disse pra Ele que não é preciso fazer separação nenhuma, porque basta a gente apagar a luz para a treva tomar conta? 5 E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro. Levou um dia inteiro, ou seja, uma manhã e uma tarde só para dar a luz? Tem mulher que faz isso em muito menos tempo. Claro, essa coisa de “separar” as trevas da luz, coisa de português, deve ter dado um trabalho danado, um trabalho que até hoje ninguém descobriu. Porque todo mundo vai pelo mais fácil: apaga a luz e pronto. E tem mais, depois de criar aquele dia ensolarado e maravilhoso, o que é que Ele foi fazer nas trevas, quer dizer, na noite? Para quê criar a noite, se Ele não precisava dormir? Alguém aí sabe? 6 E disse Deus: haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. Bah, sem condições! Que nó! Esse é o legítimo nó em pingo d’água: expansão no meio das águas. Só tem uma coisa: isso não pode ter dado certo, deve ter rolado a maior bagunça nesse item. Até hoje, ninguém viu, nem ouviu falar da tal de expansão separando águas. Tema muito bom para uma olimpíada intelectual de idiotas. 7 E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão e assim foi.. E o cara ainda insiste na tal de expansão com água em cima e água em baixo. Baita confusão! Deve ter sido noutro mundo.
quarta-feira, 30 de março de 2011
TURISMO SEXUAL - João Eichbaum
Dias atrás a TV Globo fez uma reportagem sobre o “turismo sexual” no Brasil. Claro que a intenção não foi a de moralizar esta pátria amada, idolatrada, salve, salve, nem a de preservá-la contra os malamados que para cá vêm, sequiosos do prazer sexual, com a única finalidade de se deitarem com as mulheres mais fáceis do Brasil. O tema é sedutor. A Igreja Universal e a Band estão aí, a ameaçar com a concorrência, e para ganhar pontos, atraindo espectadores, nada melhor do que falar de sexo. Até porque, a Globo não tem cacife para defender a família contra a imoralidade que, digamos assim, provém do sexo. O melhor que as telinhas mostram dela não é exatamente a favor dos bons costumes. Não é preciso gastar muito verbo para provar isso: basta olhar suas novelas do “horário nobre” e o tal de BBB. Então, repetindo: a Globo só queria ganhar Ibope, que significa dinheiro. Não acredito que seus produtores sejam tão ignorantes, a ponto de não saberem que o “turismo sexual” é atávico no Brasil. Vocês se lembram do Pedro Álvares Cabral, aquele que veio com uma turma para “descobrir” o Brasil? Pois é, o Cabral veio com várias caravelas cheias de machos, que aportaram em Porto Seguro e depararam com um quadro que era inimaginável na Europa: as indiazinhas nuas, como a natureza as botou no mundo, mostrando suas bucetinhas lisas, sem pelo, para quem quisesse ver. O que poderia acontecer para aqueles machos, sem mulher há mais de quarenta dias? Foi ali que começou o “turismo sexual”, foi a partir dali que o Brasil se tornou o paraíso do sexo. Ou vocês acham que os marujos do Cabral iriam ficar quietinhos, sem contar essas maravilhas para todo mundo? Que isso não iria despertar curiosidade e concupiscência? Pois foi assim que tudo começou. O sexo está na raiz da civilização brasileira. Apagar essa imagem do Brasil será sempre uma tentativa inútil, por dois motivos: o que é atávico na história de um povo não se destrói, e sexo é sempre bom.
CRÔNICAS IMPUDICAS
TURISMO SEXUAL. João Eichbaum Dias atrás a TV Globo fez uma reportagem sobre o “turismo sexual” no Brasil. Claro que a intenção não foi a de moralizar esta pátria amada, idolatrada, salve, salve, nem a de preservá-la contra os malamados que para cá vêm, sequiosos do prazer sexual, com a única finalidade de se deitarem com as mulheres mais fáceis do Brasil. O tema é sedutor. A Igreja Universal e a Band estão aí, a ameaçar com a concorrência, e para ganhar pontos, atraindo espectadores, nada melhor do que falar de sexo. Até porque, a Globo não tem cacife para defender a família contra a imoralidade que, digamos assim, provém do sexo. O melhor que as telinhas mostram dela não é exatamente a favor dos bons costumes. Não é preciso gastar muito verbo para provar isso: basta olhar suas novelas do “horário nobre” e o tal de BBB. Então, repetindo: a Globo só queria ganhar Ibope, que significa dinheiro. Não acredito que seus produtores sejam tão ignorantes, a ponto de não saberem que o “turismo sexual” é atávico no Brasil. Vocês se lembram do Pedro Álvares Cabral, aquele que veio com uma turma para “descobrir” o Brasil? Pois é, o Cabral veio com várias caravelas cheias de machos, que aportaram em Porto Seguro e depararam com um quadro que era inimaginável na Europa: as indiazinhas nuas, como a natureza as botou no mundo, mostrando suas bucetinhas lisas, sem pelo, para quem quisesse ver. O que poderia acontecer para aqueles machos, sem mulher há mais de quarenta dias? Foi ali que começou o “turismo sexual”, foi a partir dali que o Brasil se tornou o paraíso do sexo. Ou vocês acham que os marujos do Cabral iriam ficar quietinhos, sem contar essas maravilhas para todo mundo? Que isso não iria despertar curiosidade e concupiscência? Pois foi assim que tudo começou. O sexo está na raiz da civilização brasileira. Apagar essa imagem do Brasil será sempre uma tentativa inútil, por dois motivos: o que é atávico na história de um povo não se destrói, e sexo é sempre bom.
terça-feira, 29 de março de 2011
COM A PALAVRA, HUGO CASSEL
PORTO DE GALINHAS Por nove anos consecutivos, Porto de Galinhas foi o principal destino turístico de Pernambuco. Em 2010 recebeu nove milhões de turistas, em busca principalmente de sua maior atração: As piscinas sobre os arrecifes que na maré baixa, aprisionam centenas de peixes. Além disso algumas outras praias ao sul e ao norte, confirmam que a natureza foi pródiga nas belezas que ali concedeu.A estrada que liga Recife à Vila, é a mesma que conheci a mais de 20 anos, só que agora asfaltada e com duas vias. Serpenteia por entre os morros cobertos de cana, embora não exista lugar onde se possa tomar o caldo. Muito embora os milhões de reais concedidos pelo governo passado principalmente ao Porto de Suape, muito pouco aparece, consumido que foi em ralos misteriosos. Porto de Galinhas é distrito de Ipojuca, distante 20 quilômetros da Vila e padece de sérios problemas. O sistema de esgotos está "em obras" a mais de 10 anos e ainda nem 50% foi executado. Dizem os locais que em Dezembro e Janeiro, com o maior movimento, a Vila féde. As invasões de locais de proteção ambiental, acontecem diariamente e ninguém toma providências. Mangues aterrados se transformam em condomínios, graças ao "boom" imobiliário e o poder da construção civil, com sérias suspeitas de arranjos espúrios. Enormes terrenos com luxuosas mansões como a sede da sub prefeitura que tem até campo de futebol, com grama bem cuidada, e onde o prefeito é sempre um ilustre ausente, conforme verifiquei pessoalmente, mostram uma realidade bastante diferente dos folders espalhados pelas agências. Dos muros para dentro, coisa de cinema, dos muros para fora, calçadas estreitas e esburacadas, ruas sem calçamento, poças de água, e até esgoto a céu aberto. A alimentação deve ter muita atenção, eis que nas lancherias e pequenos restaurantes da rua principal, embora com pratos baratos, a higiene é bastante duvidosa. No fim do calçadão porém nos dois ou três restaurantes que dão fundos para a praia, como o famoso "Peixe na Telha" é possível comer confiadamente até pequenas lagostas como na foto e o meu favorito "Patinhas de Caranguejo Patola à Milanesa". Ambulantes na beira mar vendem peixe frito, camarão, caldo de peixe, e até ostras, que no calor de 30 graus, são verdadeiras bombas para a saúde. Fiscal? Invisíveis. Honesto mesmo o Restaurante Madrugada, na rua principal. Enorme faixa na parede diz: "O pior galeto da cidade! Ruim mesmo é a Pizza! Experimente a Sopa!- Perguntei o porque, e recebi a informação: " O turista coloca dúvida. Entra, come mal, paga caro, vai embora e não volta nunca mais. Dá lugar para outro. Funciona!" Em todos esses anos que tenho ido A Porto de Galinhas, notei que poucas coisas mudaram para melhor. Aumento de leitos com as 60 pousadas, (180,00 diária) a organização das jangadas que levam às piscinas naturais (10,00 por pessoa) e o serviço dos ônibus de Recife e vice versa. Taxi a 120,00 . Para pior o contraste entre as belas mansões e o estado deplorável das ruas sem esgoto, a falta de higiene na maioria dos estabelecimentos onde o óleo das frituras normalmente tem vários "aniversários".A Vila não tem agencias bancárias, nem lotéricas. A natureza é que continua recebendo nota 10, mas isso não é tudo que se pede para um local merecer nota máxima, como diz a jornalista Luce Pereira. O turista comum é diferente do jornalista: O primeiro apenas "vê" enquanto o segundo "vê e enxerga"- A faixa de areia na parte frente às piscinas naturais, está cada ano menor. Cadeiras e guarda-sóis se apertam em não mais que 5 metros. Já foi muito maior. Assim sendo me animo a recomendar que se quiser conhecer o lugar, escolha depois de Março. Compre Recife, reserve 4 dias, não mais, em alguma Pousada. O tempo é suficiente. Tome cuidado com as formiguinhas. Aquelas quase invisíveis que a gente só percebe quando elas correm em altíssima velocidade por braços e pernas. Elas estão em toda parte. Viajam de avião, de trem, e qualquer transporte. Nas malas, roupas, e dentro de jornais e revistas. Essa formiguinha de camisa amarela e chuteira deveria ser o símbolo da Copa no Brasil e do Ministério de Turismo. Está pronta para receber os milhares de torcedores em 2014. Pode o leitor deste Blog, o mais lido no Brasil, achar que as criticas possam ser colidentes com a realidade, mas são confirmadas pelo jornalista Roberto Pires do "Jornal Nativo" de Ipojuca que, com suas cáusticas observações, pergunta na edição de Janeiro de 2011: " Restam dois anos para a atual administração fazer o que não fez em seis! Fará? Poderia ser dito por aquele pessimista maldoso: "Porto de Galinhas? Conheça antes que acabe"-
segunda-feira, 28 de março de 2011
CRÔNICAS POÊMICAS
POEMETO CÍNICO PAULO WAINBERG WWW.http://paulowainberg.wordpress.com (blog) @paulowainberg (Twitter) Oi amor, Você me deixou porque não baixo a tampa da privada. Mas não percebeu que para não deixar você zangada nem com cara de enfado, Há dias venho fazendo xixi sentado. Oi amor, Você me deixou porque não apago a luz do quarto Mas nunca entendeu que tenho medo de infarto Nem que para ver tua formosura Não posso ficar no escuro. Oi amor, Você me deixou porque não pago a conta em dia Mas nunca entendeu que a grana anda arredia Nem que para ver você brilhar Eu me mato de tanto trabalhar. Oi amor, Você me deixou porque não gosto de ir ao shopping Mas nunca entendeu que eu sou um laptoping Nem que para ver você feliz Faço mil coisas que nunca quis. Oi amor, Você me deixou porque não dou mais no couro Mas nunca entendeu que mesmo não sendo louro A vida me consagra Com ou sem Viagra. Oi amor, Você é muitíssimo chata, Mulher assim tão chata Ninguém jamais viu Nunca mais quero ver tua lata. Quer saber de uma coisa? Vai....
sexta-feira, 25 de março de 2011
ESSE CIRCO CHAMADO JUSTIÇA
Veículo: O Estado de S. Paulo
STF decide que Ficha Limpa só vale para 2012 e ''barrados'' em 2010 vão assumir
Voto do 11º ministro, Luiz Fux, desempatou ontem julgamento no Supremo; por 6 votos a 5, Corte decidiu que a lei de iniciativa popular que impediu candidaturas de políticos condenados em instância colegiada não poderia ter sido aplicada na eleição passada
O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu ontem que a Lei da Ficha Limpa não valeu nas eleições de 2010. Recém-empossado no tribunal, o ministro Luiz Fux deu o voto decisivo para liberar os candidatos ficha-suja que disputaram cargos em outubro do ano passado e que tinham sido barrados de assumir mandatos com base em restrições da lei.
Pela decisão de ontem, todos candidatos barrados pela Ficha Limpa que tiveram votos suficientes para se eleger devem tomar posse, entre eles Jader Barbalho (PMDB-PA), João Capiberibe (PSB-AP) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
Para precisar quantos deputados terão o mandato interrompidos para dar lugar aos fichas-sujas será necessário recalcular o coeficiente eleitoral. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou ontem que não dispõe da relação de políticos que assumirão vagas no Congresso.
A decisão é uma derrota para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que sempre defendeu a aplicação imediata da lei, e adia a entrada em vigor de uma norma que teve origem numa iniciativa popular, com o apoio de 1,6 milhão de pessoas.
O julgamento de ontem não deixou claro qual será a extensão da Lei da Ficha Limpa em futuras eleições, se políticos serão previamente barrados ou não. Os ministros decidiram apenas que a norma não poderia ter sido aplicada na eleição do ano passado.
Outros pontos polêmicos da lei ainda não foram debatidos e poderão ser definidos somente nas eleições municipais de 2012.
Argumentos. Relator do recurso julgado ontem, movido pelo candidato a deputado estadual Leonídio Bouças (MG), condenado por improbidade administrativa, o ministro Gilmar Mendes concentrou seu voto no argumento de que a lei alterou o processo eleitoral e, por isso, só poderia valer um ano depois de ter sido publicada.
"O princípio da anterioridade (aprovação de lei com pelo menos um ano de antecedência à eleição) é um princípio ético fundamental: não mudar as regras do jogo com efeito retroativo", disse. Mendes citou julgamento ocorrido no passado no qual o STF concluiu que a emenda da verticalização, que obrigava aos partidos repetir as alianças nacionais também nos Estados, somente poderia ser aplicada um ano após a sua publicação.
O julgamento de ontem pôs fim ao impasse criado no ano passado por conta da ausência de um ministro no tribunal. Com dez ministros em plenário, as duas tentativas de julgar a Lei da Ficha Limpa terminaram empatadas. Na ocasião, o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, não quis desempatar o julgamento. Cabia a Fux o desempate.
De acordo com colegas, o novo ministro foi assediado. Na terça-feira, dois integrantes da corte, que votaram por rejeitar a aplicação da Lei da Ficha Limpa, já adiantavam reservadamente qual seria o voto de Fux.
Fux iniciou seu voto elogiando a lei. "A Lei da Ficha Limpa, no meu modo de ver, é um dos mais belos espetáculos democráticos, posto que é uma lei de iniciativa com escopo de purificação do mundo político." No entanto, disse que ela só poderia ser aplicada se fosse aprovada em 2009. "A tentação de aplicação imediata da lei é muito grande até para quem vota contra", disse. "Surpresa e segurança jurídica não combinam", afirmou. "A nós não resta a menor dúvida de que a criação de novas inelegibilidades erigidas por uma lei complementar no ano eleição efetivamente inaugura regra nova inerente ao processo eleitoral, o que não é somente vedado pela Constituição Federal como também pela doutrina e pela jurisprudência."
COMENTÁRIO MALDOSO DESTE QUE VOS FALA
João Eichbaum
Não existe norma constitucional alguma exigindo “anterioridade” para leis eleitorais. Se houvesse, a decisão seria unânime. Quando não há unanimidade nas decisões do Tribunal é porque cada um vota de acordo com sua cabeça, ou de acordo com seus interesses pessoais, mandando, como foi o caso, milhões de brasileiros - graças aos quais foi criada a lei da "ficha limpa" - à merda.
Muita água correu debaixo da ponte desde a última sessão do STF, quando a questão da ficha limpa ficou empatada, até a sessão de quarta-feira, quando o desempate só dependia do alegre Luiz Fux. Só ele sabe para quem e o quanto devia por sua eleição ao Supremo.
STF decide que Ficha Limpa só vale para 2012 e ''barrados'' em 2010 vão assumir
Voto do 11º ministro, Luiz Fux, desempatou ontem julgamento no Supremo; por 6 votos a 5, Corte decidiu que a lei de iniciativa popular que impediu candidaturas de políticos condenados em instância colegiada não poderia ter sido aplicada na eleição passada
O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu ontem que a Lei da Ficha Limpa não valeu nas eleições de 2010. Recém-empossado no tribunal, o ministro Luiz Fux deu o voto decisivo para liberar os candidatos ficha-suja que disputaram cargos em outubro do ano passado e que tinham sido barrados de assumir mandatos com base em restrições da lei.
Pela decisão de ontem, todos candidatos barrados pela Ficha Limpa que tiveram votos suficientes para se eleger devem tomar posse, entre eles Jader Barbalho (PMDB-PA), João Capiberibe (PSB-AP) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
Para precisar quantos deputados terão o mandato interrompidos para dar lugar aos fichas-sujas será necessário recalcular o coeficiente eleitoral. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou ontem que não dispõe da relação de políticos que assumirão vagas no Congresso.
A decisão é uma derrota para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que sempre defendeu a aplicação imediata da lei, e adia a entrada em vigor de uma norma que teve origem numa iniciativa popular, com o apoio de 1,6 milhão de pessoas.
O julgamento de ontem não deixou claro qual será a extensão da Lei da Ficha Limpa em futuras eleições, se políticos serão previamente barrados ou não. Os ministros decidiram apenas que a norma não poderia ter sido aplicada na eleição do ano passado.
Outros pontos polêmicos da lei ainda não foram debatidos e poderão ser definidos somente nas eleições municipais de 2012.
Argumentos. Relator do recurso julgado ontem, movido pelo candidato a deputado estadual Leonídio Bouças (MG), condenado por improbidade administrativa, o ministro Gilmar Mendes concentrou seu voto no argumento de que a lei alterou o processo eleitoral e, por isso, só poderia valer um ano depois de ter sido publicada.
"O princípio da anterioridade (aprovação de lei com pelo menos um ano de antecedência à eleição) é um princípio ético fundamental: não mudar as regras do jogo com efeito retroativo", disse. Mendes citou julgamento ocorrido no passado no qual o STF concluiu que a emenda da verticalização, que obrigava aos partidos repetir as alianças nacionais também nos Estados, somente poderia ser aplicada um ano após a sua publicação.
O julgamento de ontem pôs fim ao impasse criado no ano passado por conta da ausência de um ministro no tribunal. Com dez ministros em plenário, as duas tentativas de julgar a Lei da Ficha Limpa terminaram empatadas. Na ocasião, o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, não quis desempatar o julgamento. Cabia a Fux o desempate.
De acordo com colegas, o novo ministro foi assediado. Na terça-feira, dois integrantes da corte, que votaram por rejeitar a aplicação da Lei da Ficha Limpa, já adiantavam reservadamente qual seria o voto de Fux.
Fux iniciou seu voto elogiando a lei. "A Lei da Ficha Limpa, no meu modo de ver, é um dos mais belos espetáculos democráticos, posto que é uma lei de iniciativa com escopo de purificação do mundo político." No entanto, disse que ela só poderia ser aplicada se fosse aprovada em 2009. "A tentação de aplicação imediata da lei é muito grande até para quem vota contra", disse. "Surpresa e segurança jurídica não combinam", afirmou. "A nós não resta a menor dúvida de que a criação de novas inelegibilidades erigidas por uma lei complementar no ano eleição efetivamente inaugura regra nova inerente ao processo eleitoral, o que não é somente vedado pela Constituição Federal como também pela doutrina e pela jurisprudência."
COMENTÁRIO MALDOSO DESTE QUE VOS FALA
João Eichbaum
Não existe norma constitucional alguma exigindo “anterioridade” para leis eleitorais. Se houvesse, a decisão seria unânime. Quando não há unanimidade nas decisões do Tribunal é porque cada um vota de acordo com sua cabeça, ou de acordo com seus interesses pessoais, mandando, como foi o caso, milhões de brasileiros - graças aos quais foi criada a lei da "ficha limpa" - à merda.
Muita água correu debaixo da ponte desde a última sessão do STF, quando a questão da ficha limpa ficou empatada, até a sessão de quarta-feira, quando o desempate só dependia do alegre Luiz Fux. Só ele sabe para quem e o quanto devia por sua eleição ao Supremo.
quinta-feira, 24 de março de 2011
A BÍBLIA LIDA PELO DIABO
João Eichbaum
GÊNESIS
A CRIAÇÃO DO CÉU e da TERRA e de TUDO QUE NELES SE CONTÉM
1 No princípio, criou Deus o céu e a terra.
Peraí, gente fina! Sem frescura. No princípio de quê? Não to bêbado, li tudo direitinho. Antes, não tinha nada? Nem Ele, o chamado Deus? Quando é que começou esse princípio? Apareceu assim duma hora pra outra?
Quem é que me explica? Que “princípio” seria esse? Se Javé, também conhecido como Deus, é chamado de Incriado, isto é, que não foi criado por ninguém - como pode haver um “princípio”?
Quem é eterno é eterno, isto é, não tem princípio nem fim.
O que fazia Ele, até então, se não foi criado, se não tinha idade, se é eterno, se existiu sempre? Bocejava aborrecidamente? Se espreguiçava? Estava sentado nas implacáveis arquibancadas da eternidade, olhando o nada e coçando o saco, que não há de ser pequeno, desocupado? Farto da rotina, do “nada que fazer”, do “bem-bom”, bem a gosto da humanidade, que odeia o trabalho, estava saindo em busca de platéia, da popularidade de que goza hoje? Ou, sem ter consultado o horóscopo, estava simplesmente num dia azarado?
Olha, véio, eternidade é pra sempre, uma coisa impensável pra quem é limitado: não começa, nem termina, sacou?
Não tá bem contada a história.. Não se trata de no princípio, mas, lá pelas tantas, o Velho Javé deve ter sentido uma vontade esquisita, um impulso não identificado, tipo tesão sem limites para inventar besteiras, uma paixão própria dos deuses, que o fez sair daquele marasmo de ídolo de si próprio. Afinal, se Ele existiu desde toda a eternidade, sozinho, esplendoroso e feliz, bem na foto e - como seria da índole de sua divindade - tinha uma cabeça sempre funcionando, um currículo invejável e uma personalidade bem resolvida, sem crises, sem nada para reclamar da vida, não haveria motivo algum para se complicar, criando o mundo e, conseqüentemente, os homens, a malha fina do Imposto de Renda, o Lula, o Chaves, o Sarney, o Kadaffi, o esperma do elefante e o bichinho da goiaba.
Das duas, uma: ou Ele precisava criar alguém pra discutir a relação, ou queria simplesmente se divertir com os padres, com o Santo Padre o Papa, com os rabinos, com Maomé e os muçulmanos, com Buda e outros tantos, ouvindo idiotices, pra quebrar a rotina da eternidade.
Então, devidamente corrigida a circunstância de tempo, sigamos adiante. Lá pelas tantas, Deus botou sua energia a funcionar, criou o céu e a terra, ou seja, buscou o escândalo, misturando pureza e desvario, equilíbrio e loucura, miséria e felicidade, maldade e inocência, sem pensar antes, se valeria à pena investir nessa cacaca toda.
(continua)
GÊNESIS
A CRIAÇÃO DO CÉU e da TERRA e de TUDO QUE NELES SE CONTÉM
1 No princípio, criou Deus o céu e a terra.
Peraí, gente fina! Sem frescura. No princípio de quê? Não to bêbado, li tudo direitinho. Antes, não tinha nada? Nem Ele, o chamado Deus? Quando é que começou esse princípio? Apareceu assim duma hora pra outra?
Quem é que me explica? Que “princípio” seria esse? Se Javé, também conhecido como Deus, é chamado de Incriado, isto é, que não foi criado por ninguém - como pode haver um “princípio”?
Quem é eterno é eterno, isto é, não tem princípio nem fim.
O que fazia Ele, até então, se não foi criado, se não tinha idade, se é eterno, se existiu sempre? Bocejava aborrecidamente? Se espreguiçava? Estava sentado nas implacáveis arquibancadas da eternidade, olhando o nada e coçando o saco, que não há de ser pequeno, desocupado? Farto da rotina, do “nada que fazer”, do “bem-bom”, bem a gosto da humanidade, que odeia o trabalho, estava saindo em busca de platéia, da popularidade de que goza hoje? Ou, sem ter consultado o horóscopo, estava simplesmente num dia azarado?
Olha, véio, eternidade é pra sempre, uma coisa impensável pra quem é limitado: não começa, nem termina, sacou?
Não tá bem contada a história.. Não se trata de no princípio, mas, lá pelas tantas, o Velho Javé deve ter sentido uma vontade esquisita, um impulso não identificado, tipo tesão sem limites para inventar besteiras, uma paixão própria dos deuses, que o fez sair daquele marasmo de ídolo de si próprio. Afinal, se Ele existiu desde toda a eternidade, sozinho, esplendoroso e feliz, bem na foto e - como seria da índole de sua divindade - tinha uma cabeça sempre funcionando, um currículo invejável e uma personalidade bem resolvida, sem crises, sem nada para reclamar da vida, não haveria motivo algum para se complicar, criando o mundo e, conseqüentemente, os homens, a malha fina do Imposto de Renda, o Lula, o Chaves, o Sarney, o Kadaffi, o esperma do elefante e o bichinho da goiaba.
Das duas, uma: ou Ele precisava criar alguém pra discutir a relação, ou queria simplesmente se divertir com os padres, com o Santo Padre o Papa, com os rabinos, com Maomé e os muçulmanos, com Buda e outros tantos, ouvindo idiotices, pra quebrar a rotina da eternidade.
Então, devidamente corrigida a circunstância de tempo, sigamos adiante. Lá pelas tantas, Deus botou sua energia a funcionar, criou o céu e a terra, ou seja, buscou o escândalo, misturando pureza e desvario, equilíbrio e loucura, miséria e felicidade, maldade e inocência, sem pensar antes, se valeria à pena investir nessa cacaca toda.
(continua)
quarta-feira, 23 de março de 2011
COM A PALAVRA, JANER CRISTALDO
A MÁFIA DO DENDÊ VOLTA A ASSALTAR COFRES PÚBLICOS
Na Folha de São Paulo, edição da semana passada, Mônica Bergamo publicou uma dessas notícias cujos protagonistas prefeririam não ver na imprensa. A cantora Maria Bethânia conseguiu autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 1,3 milhão e criar um blog. A idéia é que o site "O Mundo Precisa de Poesia" traga diariamente um vídeo da cantora interpretando grandes obras.
Não é de hoje que a chamada Máfia do Dendê vem metendo a mão no bolso do contribuinte. Em 2007, o Ministério da Cultura autorizou os produtores do músico baiano Caetano Veloso a usar os benefícios fiscais da Lei Rouanet para bancar os shows de divulgação de seu último CD, o “Zii e Zie”. Caetano transferiu do meu, do seu, do nosso bolso, nada menos que R$ 1,7 milhão, através do programa Bolsa-Gigolôs da Artes, também conhecido como Lei Rouanet.
Na ocasião, Juca Ferreira, o então ministro da Cultura, declarou que a Lei Rouanet não tem nenhum critério estabelecendo que os artistas bem-sucedidos não podem ter seus projetos aprovados. “No ano passado, quando eu intervim para aprovar o show da Maria Bethânia, já tínhamos aprovado projetos da Ivete Sangalo, artista mais bem-sucedida comercialmente em todos os tempos. Não podemos sair discricionariamente decidindo, sem critérios.”
Em 2006, a irmã do irmão já recebera R$ 1,8 milhão. Outra contemplada com a Bolsa-Gigolô das Artes foi a empresa da cantora Ivete Sangalo, que captou R$ 1.950.650,84, para realizar seis shows em Recife, Manaus, Salvador, Florianópolis, Vitória e Brasília. Como disse um jornalista na ocasião, a Princesinha da Axé Music Ivete não ficou bem na foto ao ser pilhada nesta história, logo ela que vivia na cozinha de ACM e passou a ter as benesses do Ministério da Cultura no Governo do PT. Não ficou bem na foto mas levou a grana e isso é o que importa.
Em 2009, foi a vez do ex-ministro Gilberto Gil ser contemplado com R$ 445.362,50 pelo Bolsa-Gigolô das Artes, para a realização do DVD "Gil Luminoso", sobre sua trajetória artística.
Eita, Brasil generoso! Neste país, até vaidades pessoais merecem o patrocínio do Estado. Desde que o pavão seja amigo da Corte, é claro.
Na ocasião, disse o secretário-executivo do Ministério, Alfredo Manevy: “O dinheiro público se justifica porque aumenta a possibilidade de atender a quem não tem acesso a esse tipo de show. Não há problema em um artista consagrado receber recursos públicos, desde que isso se converta em benefícios para a população”.
Como se uma ode a si próprio, feita pelo capo baiano, trouxesse algum benefício para a população. Agora Maria Bethania rides again. A sanha dos baianos é insaciável. Milionários, apelam ao bolso dos sofridos contribuintes para alimentarem os seus. Para a criação de 365 vídeos nos quais a irmã do irmão exibiria sua voz mafiosa – perdão, maviosa – foi contratado o cineasta Andrucha Waddington, casado com a atriz Fernanda Torres. Tutti buona gente!
O cineasta considera um equívoco a polêmica em torno da decisão do Ministério da Cultura, que autorizou a irmã do irmão a captar R$ 1,3 milhão para o projeto do blog milionário. "Parece que internet não é um meio válido. Lá no blog, os vídeos vão ser vistos por milhões, e de graça. Preciso trabalhar com uma equipe, com o mesmo padrão de qualidade dos meus filmes".
Desde quando algo que custa R$ 1,3 milhão é de graça? Só no bestunto de parasitas que acham que dinheiro do Estado cresce em árvores. Ontem ainda o Ministério da Cultura pôs as barbas de molho e divulgou nota. Que a aprovação do projeto pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) "não garante, apenas autoriza a captação de recursos junto à sociedade. Os critérios da CNIC são técnicos e jurídicos; assim, rejeitar um proponente pelo fato de ser famoso, ou não, configuraria óbvia e insustentável discriminação”.
Coitadinha da Maria Bethania, tão discriminada na vida. Algumas vozes de capi menores já surgem em defesa da Máfia do Dendê, alegando que renúncia fiscal não é dinheiro público. Como que não é? Renúncia fiscal é imposto que é desviado da União para o bolso dos assaltantes do Erário. Portanto, dinheiro público.
A Internet tem uma vocação para a gratuidade. Os blogs, que surgiram inicialmente como páginas de adolescentes, se revelaram como instrumentos eficazes de expressão e hoje todos os jornais os utilizam. Que um jornalista receba pelo blog que produz, se entende. Ele está exercendo sua profissão. O que não se entende é que uma baiana queira ser financiada pelo contribuinte para tecer loas a si mesmo.
Não bastasse o contribuinte financiar as vaidades de diretores e atores do cinema e teatro nacionais, não bastasse financiar silicone e hormônios para travestis, terá de financiar uma máfia que não têm pudor algum em enfiar a mão em seu bolso.
Que o mundo precise de poesia, se entende. Já Bethânia é perfeitamente descartável. Por muito menos que isso, os Estados Unidos declararam sua independência.
Na Folha de São Paulo, edição da semana passada, Mônica Bergamo publicou uma dessas notícias cujos protagonistas prefeririam não ver na imprensa. A cantora Maria Bethânia conseguiu autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 1,3 milhão e criar um blog. A idéia é que o site "O Mundo Precisa de Poesia" traga diariamente um vídeo da cantora interpretando grandes obras.
Não é de hoje que a chamada Máfia do Dendê vem metendo a mão no bolso do contribuinte. Em 2007, o Ministério da Cultura autorizou os produtores do músico baiano Caetano Veloso a usar os benefícios fiscais da Lei Rouanet para bancar os shows de divulgação de seu último CD, o “Zii e Zie”. Caetano transferiu do meu, do seu, do nosso bolso, nada menos que R$ 1,7 milhão, através do programa Bolsa-Gigolôs da Artes, também conhecido como Lei Rouanet.
Na ocasião, Juca Ferreira, o então ministro da Cultura, declarou que a Lei Rouanet não tem nenhum critério estabelecendo que os artistas bem-sucedidos não podem ter seus projetos aprovados. “No ano passado, quando eu intervim para aprovar o show da Maria Bethânia, já tínhamos aprovado projetos da Ivete Sangalo, artista mais bem-sucedida comercialmente em todos os tempos. Não podemos sair discricionariamente decidindo, sem critérios.”
Em 2006, a irmã do irmão já recebera R$ 1,8 milhão. Outra contemplada com a Bolsa-Gigolô das Artes foi a empresa da cantora Ivete Sangalo, que captou R$ 1.950.650,84, para realizar seis shows em Recife, Manaus, Salvador, Florianópolis, Vitória e Brasília. Como disse um jornalista na ocasião, a Princesinha da Axé Music Ivete não ficou bem na foto ao ser pilhada nesta história, logo ela que vivia na cozinha de ACM e passou a ter as benesses do Ministério da Cultura no Governo do PT. Não ficou bem na foto mas levou a grana e isso é o que importa.
Em 2009, foi a vez do ex-ministro Gilberto Gil ser contemplado com R$ 445.362,50 pelo Bolsa-Gigolô das Artes, para a realização do DVD "Gil Luminoso", sobre sua trajetória artística.
Eita, Brasil generoso! Neste país, até vaidades pessoais merecem o patrocínio do Estado. Desde que o pavão seja amigo da Corte, é claro.
Na ocasião, disse o secretário-executivo do Ministério, Alfredo Manevy: “O dinheiro público se justifica porque aumenta a possibilidade de atender a quem não tem acesso a esse tipo de show. Não há problema em um artista consagrado receber recursos públicos, desde que isso se converta em benefícios para a população”.
Como se uma ode a si próprio, feita pelo capo baiano, trouxesse algum benefício para a população. Agora Maria Bethania rides again. A sanha dos baianos é insaciável. Milionários, apelam ao bolso dos sofridos contribuintes para alimentarem os seus. Para a criação de 365 vídeos nos quais a irmã do irmão exibiria sua voz mafiosa – perdão, maviosa – foi contratado o cineasta Andrucha Waddington, casado com a atriz Fernanda Torres. Tutti buona gente!
O cineasta considera um equívoco a polêmica em torno da decisão do Ministério da Cultura, que autorizou a irmã do irmão a captar R$ 1,3 milhão para o projeto do blog milionário. "Parece que internet não é um meio válido. Lá no blog, os vídeos vão ser vistos por milhões, e de graça. Preciso trabalhar com uma equipe, com o mesmo padrão de qualidade dos meus filmes".
Desde quando algo que custa R$ 1,3 milhão é de graça? Só no bestunto de parasitas que acham que dinheiro do Estado cresce em árvores. Ontem ainda o Ministério da Cultura pôs as barbas de molho e divulgou nota. Que a aprovação do projeto pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) "não garante, apenas autoriza a captação de recursos junto à sociedade. Os critérios da CNIC são técnicos e jurídicos; assim, rejeitar um proponente pelo fato de ser famoso, ou não, configuraria óbvia e insustentável discriminação”.
Coitadinha da Maria Bethania, tão discriminada na vida. Algumas vozes de capi menores já surgem em defesa da Máfia do Dendê, alegando que renúncia fiscal não é dinheiro público. Como que não é? Renúncia fiscal é imposto que é desviado da União para o bolso dos assaltantes do Erário. Portanto, dinheiro público.
A Internet tem uma vocação para a gratuidade. Os blogs, que surgiram inicialmente como páginas de adolescentes, se revelaram como instrumentos eficazes de expressão e hoje todos os jornais os utilizam. Que um jornalista receba pelo blog que produz, se entende. Ele está exercendo sua profissão. O que não se entende é que uma baiana queira ser financiada pelo contribuinte para tecer loas a si mesmo.
Não bastasse o contribuinte financiar as vaidades de diretores e atores do cinema e teatro nacionais, não bastasse financiar silicone e hormônios para travestis, terá de financiar uma máfia que não têm pudor algum em enfiar a mão em seu bolso.
Que o mundo precise de poesia, se entende. Já Bethânia é perfeitamente descartável. Por muito menos que isso, os Estados Unidos declararam sua independência.
terça-feira, 22 de março de 2011
CRÔNICAS IMPUDICAS
LÉSBICAS E PEDERASTAS NOS TRIBUNAIS SUPERIORES (II)
João Eichbaum
O senhor João Otávio de Noronha acompanhou o voto da dona Nancy Andrighi, em favor dos pederastas e das lésbicas, considerando o amontoamento deles como “entidade familiar”. Para isso, não tendo como driblar a clareza do art. 226, § 3º da Constituição Federal (para o efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar...) se saiu com essa: “a previsão constitucional de família como união entre “um homem e uma mulher” é uma proteção adicional, não uma vedação a outras formas de vínculo afetivo”.
Que o dispositivo é uma “proteção adicional” o senhor João Otávio não precisava nos dizer, porque está definida num parágrafo e não no “caput”. O “caput” do artigo trata da família como “base da sociedade”, circunstância que não qualifica a “união estável”. Essa é admitida apenas e somente (desculpem o pleonasmo, mas era necessário) para o “efeito de proteção do Estado”.
Um bom exegeta não terá qualquer dificuldade em vislumbrar no dispositivo constitucional duas restrições. A primeira: só é considerada “base da sociedade” a família constituída pelo casamento. A outra, a “união estável entre o homem e a mulher”, não passa de um grupo assemelhado, tão somente para obter a proteção do Estado como “entidade familiar”.
E a segunda restrição, a que impede o reconhecimento oficial do homossexualismo, está a entrar pelos olhos: a união entre “o homem e a mulher”. Essa restrição está definida e ratificada pela parte final do 3º: “devendo a lei facilitar a sua conversão em casamento”.
Pronto. A restrição, repito, está definida e ratificada porque, é claro, só homem e mulher podem casar entre si. Quem não pode casar está afastado dessa proteção jurídica.
Realmente, não existe “vedação a outras formas de vínculo afetivo”. Lei nenhuma proíbe o amor. Mas a proteção do Estado é assegurada, restritivamente, a quem pode casar, ou seja, macho e fêmea. A hermenêutica exige a leitura de todo o texto e não dispensa um exercício de lógica.
O senhor João Otávio de Noronha, não encontrando argumentos no texto normativo da constituição, foi procurá-los no preâmbulo, afirmando que “é preciso dar forma à sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos prevista no preâmbulo da Constituição”.
Bom, se vocês querem saber, o “preâmbulo” é aquele texto de ficção, no qual os constituintes desenharam um fantástico paraíso, “sob a proteção de Deus”, para que o povo brasileiro pudesse sonhar:
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.
Parece que os ministros ainda não se deram conta de que existe, nesta república, um outro Poder, chamado Legislativo, onde deveriam desaguar todas as questões sociais.
Mas, se os magistrados insistirem em legislar, emprestando “tutela” à pura lascívia – que outra qualificação não merecem a viadagem e o lesbianismo – eu os aconselho a usarem idéias destiladas em experiências próprias e inclinações pessoais, ou de pessoas de sua família, ou de seu círculo de amizades, como motivo para decidir. Mas não usem a linguagem jurídica, nem os princípios gerais do direito, nos quais jurista nenhum encontrará argumentos para tais disparates.
João Eichbaum
O senhor João Otávio de Noronha acompanhou o voto da dona Nancy Andrighi, em favor dos pederastas e das lésbicas, considerando o amontoamento deles como “entidade familiar”. Para isso, não tendo como driblar a clareza do art. 226, § 3º da Constituição Federal (para o efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar...) se saiu com essa: “a previsão constitucional de família como união entre “um homem e uma mulher” é uma proteção adicional, não uma vedação a outras formas de vínculo afetivo”.
Que o dispositivo é uma “proteção adicional” o senhor João Otávio não precisava nos dizer, porque está definida num parágrafo e não no “caput”. O “caput” do artigo trata da família como “base da sociedade”, circunstância que não qualifica a “união estável”. Essa é admitida apenas e somente (desculpem o pleonasmo, mas era necessário) para o “efeito de proteção do Estado”.
Um bom exegeta não terá qualquer dificuldade em vislumbrar no dispositivo constitucional duas restrições. A primeira: só é considerada “base da sociedade” a família constituída pelo casamento. A outra, a “união estável entre o homem e a mulher”, não passa de um grupo assemelhado, tão somente para obter a proteção do Estado como “entidade familiar”.
E a segunda restrição, a que impede o reconhecimento oficial do homossexualismo, está a entrar pelos olhos: a união entre “o homem e a mulher”. Essa restrição está definida e ratificada pela parte final do 3º: “devendo a lei facilitar a sua conversão em casamento”.
Pronto. A restrição, repito, está definida e ratificada porque, é claro, só homem e mulher podem casar entre si. Quem não pode casar está afastado dessa proteção jurídica.
Realmente, não existe “vedação a outras formas de vínculo afetivo”. Lei nenhuma proíbe o amor. Mas a proteção do Estado é assegurada, restritivamente, a quem pode casar, ou seja, macho e fêmea. A hermenêutica exige a leitura de todo o texto e não dispensa um exercício de lógica.
O senhor João Otávio de Noronha, não encontrando argumentos no texto normativo da constituição, foi procurá-los no preâmbulo, afirmando que “é preciso dar forma à sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos prevista no preâmbulo da Constituição”.
Bom, se vocês querem saber, o “preâmbulo” é aquele texto de ficção, no qual os constituintes desenharam um fantástico paraíso, “sob a proteção de Deus”, para que o povo brasileiro pudesse sonhar:
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.
Parece que os ministros ainda não se deram conta de que existe, nesta república, um outro Poder, chamado Legislativo, onde deveriam desaguar todas as questões sociais.
Mas, se os magistrados insistirem em legislar, emprestando “tutela” à pura lascívia – que outra qualificação não merecem a viadagem e o lesbianismo – eu os aconselho a usarem idéias destiladas em experiências próprias e inclinações pessoais, ou de pessoas de sua família, ou de seu círculo de amizades, como motivo para decidir. Mas não usem a linguagem jurídica, nem os princípios gerais do direito, nos quais jurista nenhum encontrará argumentos para tais disparates.
segunda-feira, 21 de março de 2011
CRÔNICAS IMPUDICAS
LÉSBICAS E PEDERASTAS NOS TRIBUNAIS SUPERIORES
João Eichbaum
Existe cada figurinha no mundo jurídico, que vou te contar. Há acórdãos e sentenças que a gente, lendo-os, tem a impressão de que foram escritos por uma pessoa infinitamente perdida na frente duma prateleira de legumes.
Um tema que está em discussão, tanto no STF como no STJ, mostra a debilidade dos argumentos, quando está em jogo a hermenêutica. Falo da questão “homoafetiva” - termo usado nos juízos, para definir aquela galinhagem de viado com viado, lésbica com lésbica.
A Constituição Federal diz no art. 226, § 3º: “para o efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar...”
Seria preciso dizer mais, para esclarecer a intenção do Constituinte? Haverá espaço para outras interpretações diante da clareza do texto? A redação dá ensejo para que se incluam viados e lésbicas como componentes de uma “entidade familiar”? Será que a dona Fátima Nancy não sabe que “in claris cessat interpretatio”( a clareza dispensa interpretações)?
Pois a dona Fátima Nancy Andrighi, ministra relatora do caso, no STJ, afirma que “as uniões de pessoas de mesmo sexo se baseiam nos mesmos princípios sociais e afetivos das relações heterossexuais. Negar tutela jurídica à família constituída com base nesses mesmos fundamentos seria uma violação da dignidade da pessoa humana”.
Não senhora, dona Fátima Nancy. A viadagem e o lesbianismo não se assentam sobre “princípio social” algum. Eles são decorrência de aberrações, ou disfunções, como queiram, quer físicas, quer psíquicas. Aberrações não podem informar “princípios sociais”.
O homem, como qualquer animal, tem como finalidade última a procriação, para a preservação da espécie. Essa é a função biológica do sexo. E todo o “princípio social” tem como base unicamente a natureza humana.
A viadagem e o lesbianismo estão na contramão desse princípio, soam desafinado dele porque, longe de preservar a espécie, a sexualidade dos homossexuais se esgota no prazer individual. E o individual nada tem de “social”.
Não sei o que a senhora Nancy quer dizer com “princípios...afetivos”. Princípios são “normas, preceitos, leis”. E não existem normas, leis, nem preceitos “afetivos”. O que existe são “manifestações afetivas”, reações químicas, que mexem com qualquer ser vivente.
Nenhuma lei regula o afeto. Por ser uma manifestação personalíssima, o afeto não pode ser regulado por lei, que é, por natureza, uma norma geral. O que a lei tutela é a família, como ente social, e não o afeto dos cônjuges, como manifestação individual.
O que a dona Fátima Nancy quer é que haja “tutela jurídica” para prazeres individuais, decorrentes de aberrações. E reafirmo: aberrações, sim, porque são desvios da estrutura orgânica do animal humano.
A moral atualmente vigente não permite que se homenageie a “dignidade da pessoa humana” pela extravasão de sua sexualidade. A busca do prazer através do sexo, sendo uma manifestação individual, imensamente relativa, isto é, variando de pessoa para pessoa, está muito longe de expressar uma constante, através da qual se possa aferir tal dignidade. E aproveito para dizer aqui que o ser humano não é, por si mesmo, um escrínio de dignidade, não nasce envelopado nela. Merece respeito, sim, como qualquer ser vivente, mas a dignidade ele terá que conquistar.
Negar “tutela jurídica” à união homossexual pode gerar desrespeito aos desejos de alguns, mas está muito longe de violar a “dignidade da pessoa humana”.
Em outras palavras, dona Fátima Nancy: a dignidade do ser humano não está entre as pernas. E, muito menos, no divisor das nádegas.
João Eichbaum
Existe cada figurinha no mundo jurídico, que vou te contar. Há acórdãos e sentenças que a gente, lendo-os, tem a impressão de que foram escritos por uma pessoa infinitamente perdida na frente duma prateleira de legumes.
Um tema que está em discussão, tanto no STF como no STJ, mostra a debilidade dos argumentos, quando está em jogo a hermenêutica. Falo da questão “homoafetiva” - termo usado nos juízos, para definir aquela galinhagem de viado com viado, lésbica com lésbica.
A Constituição Federal diz no art. 226, § 3º: “para o efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar...”
Seria preciso dizer mais, para esclarecer a intenção do Constituinte? Haverá espaço para outras interpretações diante da clareza do texto? A redação dá ensejo para que se incluam viados e lésbicas como componentes de uma “entidade familiar”? Será que a dona Fátima Nancy não sabe que “in claris cessat interpretatio”( a clareza dispensa interpretações)?
Pois a dona Fátima Nancy Andrighi, ministra relatora do caso, no STJ, afirma que “as uniões de pessoas de mesmo sexo se baseiam nos mesmos princípios sociais e afetivos das relações heterossexuais. Negar tutela jurídica à família constituída com base nesses mesmos fundamentos seria uma violação da dignidade da pessoa humana”.
Não senhora, dona Fátima Nancy. A viadagem e o lesbianismo não se assentam sobre “princípio social” algum. Eles são decorrência de aberrações, ou disfunções, como queiram, quer físicas, quer psíquicas. Aberrações não podem informar “princípios sociais”.
O homem, como qualquer animal, tem como finalidade última a procriação, para a preservação da espécie. Essa é a função biológica do sexo. E todo o “princípio social” tem como base unicamente a natureza humana.
A viadagem e o lesbianismo estão na contramão desse princípio, soam desafinado dele porque, longe de preservar a espécie, a sexualidade dos homossexuais se esgota no prazer individual. E o individual nada tem de “social”.
Não sei o que a senhora Nancy quer dizer com “princípios...afetivos”. Princípios são “normas, preceitos, leis”. E não existem normas, leis, nem preceitos “afetivos”. O que existe são “manifestações afetivas”, reações químicas, que mexem com qualquer ser vivente.
Nenhuma lei regula o afeto. Por ser uma manifestação personalíssima, o afeto não pode ser regulado por lei, que é, por natureza, uma norma geral. O que a lei tutela é a família, como ente social, e não o afeto dos cônjuges, como manifestação individual.
O que a dona Fátima Nancy quer é que haja “tutela jurídica” para prazeres individuais, decorrentes de aberrações. E reafirmo: aberrações, sim, porque são desvios da estrutura orgânica do animal humano.
A moral atualmente vigente não permite que se homenageie a “dignidade da pessoa humana” pela extravasão de sua sexualidade. A busca do prazer através do sexo, sendo uma manifestação individual, imensamente relativa, isto é, variando de pessoa para pessoa, está muito longe de expressar uma constante, através da qual se possa aferir tal dignidade. E aproveito para dizer aqui que o ser humano não é, por si mesmo, um escrínio de dignidade, não nasce envelopado nela. Merece respeito, sim, como qualquer ser vivente, mas a dignidade ele terá que conquistar.
Negar “tutela jurídica” à união homossexual pode gerar desrespeito aos desejos de alguns, mas está muito longe de violar a “dignidade da pessoa humana”.
Em outras palavras, dona Fátima Nancy: a dignidade do ser humano não está entre as pernas. E, muito menos, no divisor das nádegas.
sexta-feira, 18 de março de 2011
CRÔNICAS DE SUCESSO
PAULO WAINBERG
http://paulowainberg.wordpress.com
Twitter.com/@paulowainberg
Hoje quero me dirigir à juventude mundial na esperança de que os jovens, com um pouco de sorte, cheguem lá.
São tantas e tão importantes as vantagens de ser idoso que o tema merece uma abordagem metódica, desprovida de preconceitos e de caráter eminentemente educativo.
A primeira vantagem de ser um idoso consiste em poder andar de ônibus de graça.
Eu, quando atingi esta culminância, não andava de ônibus há aproximadamente quarenta e sete anos, graças à fortuna, é claro, que sorriu para mim, permitindo que eu sempre tivesse um carro e, na eventual falta dele, andasse de taxi.
Não ia, é claro, deixar de aproveitar tamanha vantagem e a primeira coisa que fiz, no dia seguinte ao aniversário que me incluiu na qualificativa ‘idoso’, foi postar-me numa parada de ônibus.
Depois de uma agradável espera de vinte e seis minutos, sob um forte sol de primavera – sou de 28 de setembro – aproximou-se a sacolejante viatura que, com alarde de freios e bufos de motor, estacionou e abriu suas portas.
Certas coisas nunca se esquece, por exemplo, andar de bicicleta ou subir em árvores. Apoiado nessa teoria, dirigi-me à porta traseira do ônibus e, com surpresa, percebi que pessoas saiam dela e não, como eu lembrava de antigas eras, entravam nela.
Um colega idoso, arfando, teve a gentileza de me informar que a entrada era pela frente.
Como assim pela frente?, perguntei a mim mesmo. O mundo terá mudado tanto, que agora entra-se pela frente e sai-se por trás dos ônibus.
Sim! O mundo mudará tudo isto. Restou adequar-me à nova ordem e, como um bem comportado idoso, fui para a porta da frente, visando usufruir da nova condição e andar de graça no dito.
Sucedeu que o douto motorista, vendo pelo retrovisor, que ninguém mais saia e, na porta da frente ninguém entrava, não percebeu que eu pretendia ingressar, visto que, graças à idade, recém estava no meio do caminho e, sem delongas, fechou as portas e deu partida, deixando-me pendurado nos meus bolsos onde, para esconder resquícios de irritação, enfiei as mãos.
Não havia nada a fazer, salvo esperar outros tantos minutos, gozando e desfrutando do suor que o sol fazia brotar em mim, na testa, na nuca e nas costas. Nem quando eu era jovem gostei de suor nas costas. Agora, idoso, gosto menos ainda.
Mas suportei. A vantagem oferecida por ser um idoso, era suficiente para enfrentar pequenos sacrifícios.
Outros tantos minutos e um outro coletivo estabeleceu-se na parada, qual um paquiderme na frente da loja de cristais.
Desta vez, sendo eu um idoso mais esclarecido, fui direto para a porta da frente e, sem dificuldades, entrei.
Uma pequena digressão se impõe, para aqueles que pensam que sabem tudo, como era o meu caso, naquele momento.
Diante da roleta do cobrador, que me exigia o dinheiro da passagem, abri meu melhor sorriso e informei que eu era idoso e tinha, no dizer das autoridades, passe livre.
E ele:
– O senhor tem a carteirinha?
– Carteirinha? Qual carteirinha?
– Carteirinha de idoso, meu. Depressa, o senhor está trancando a fila.
Olhei para trás e vi que várias pessoas, não necessariamente idosas, esperavam, formando uma pequena fila que impedia o ônibus de seguir adiante.
– Não, não tenho. Não me disseram que precisa. Não serve minha carteira de identidade? Por ela dá para ver que tenho mais de sessenta.
– Precisa carteirinha de idoso, meu. Se não tem, tem que pagar.
Para acabar com a onda de protestos que se erguia atrás de mim, puxei o dinheiro do bolso e paguei a passagem.
Depois, buscando informações daqui e dali, fiquei sabendo que eu tinha de me cadastrar em algum lugar, levando uma considerável quantidade de documentos, além de pagar uma módica taxa, para obter a carteirinha de idoso que me garantiria passe livro no transporte coletivo da cidade.
E foi assim que desisti de aproveitar a primeira vantagem que a avançada idade me conferia, e voltei a usar o meu carro.
A segunda vantagem que descobri, por ser idoso, é que nos bancos ha um caixa preferencial para os de minha idade para cima.
Tal qual os ônibus, há muito não compareço a bancos. Novamente a fortuna sorriu para mim, permitindo que eu disponha de um funcionário de absoluta confiança, que há décadas realiza todos os meus serviços bancários.
Porém, atento à minha cidadania, não iria perder a oportunidade de usufruir dessa vantagem que a generosa lei me oferecia.
Assim foi que me dirigi ao banco onde tenho conta e, depois de me informar, descobri o local dos caixas. Um salão com cadeiras para sentar enquanto esperam a chamada pelo número, que se obtém na entrada, vários guichês e, num canto, escrito alto e bom tom, Caixa Preferencial para Idosos.
Olhei com desprezo para as filas e para os sentados e fui para minha caixa preferencial onde uma senhora, de seus setenta anos, realizava suas operações.
Aguardei quarenta e cinco minutos enquanto ela contava ao paciencioso funcionário, todas as agruras de sua vida, sobretudo as preocupações com um neto que não tomava jeito, além de relatar, minuciosamente, os motivos da próxima cirurgia a qual se submeteria, de natureza cardiovascular, pelo que pude ouvir.
E foi assim que deixei de aproveitar a segunda vantagem que a condição de idoso me oferecia. Voltei para o meu escritório e, como sempre fiz, pedi ao meu funcionário que descontasse o cheque. Ele foi e voltou em menos de quinze minutos.
Lendo a respeito, descobri que eu acabara de ingressar na chamada melhor idade, porque agora eu podia caminhar no fim da tarde, não precisava mais estudar qualquer língua, que finalmente minha tão almejada liberdade estava ao meu dispor e que, se eu quisesse, podia frequentar bailes de idosos como eu e, quem sabe, conhecer uma mulher de sessenta e oito anos perfeita para mim, minha verdadeira alma gêmea.
Sem falar no prazer de brincar com os netos, de poder conseguir todos os meus remédios em farmácias populares com preferência e, ainda, participar de encontros de auto-ajuda que me mostrariam como é bom ser velho.
Com um pouco de boa vontade, eu poderia fazer uma excursão para a Europa, ingressando em grupos especiais de idosos muito divertidos com os quais poderia conversar sobre as doenças, as dores e as lembranças.
Meus caros jovens deste mundo cruel! Cuidem-se bastante e vocês chegarão até aqui, onde estou. Não cometam loucuras, não façam bobagens e ao chegar na terceira idade, na melhor idade ou, como costumo chamar, na velha idade, vocês poderão usufruir de todas essas vantagens e, ainda por cima, haverá um monte de gente, do tipo filhos, esposa, irmãos, cunhados e filhos de amigos preocupados com você, com o que você come, com o que você deixa de comer, se você está bebendo muito, se você está fazendo exercícios e se não esqueceu de tomar os seus oito remédios diários.
Eu confesso que abdiquei de todas as vantagens da condição de idoso. Sigo como se nada tivesse acontecido e a única concessão que faço à idade é não ir aos aniversários infantis de netos de amigos.
E se, por acaso, você ficou intrigado com o título desta crônica, nada a ver, foi apenas para chamar
http://paulowainberg.wordpress.com
Twitter.com/@paulowainberg
Hoje quero me dirigir à juventude mundial na esperança de que os jovens, com um pouco de sorte, cheguem lá.
São tantas e tão importantes as vantagens de ser idoso que o tema merece uma abordagem metódica, desprovida de preconceitos e de caráter eminentemente educativo.
A primeira vantagem de ser um idoso consiste em poder andar de ônibus de graça.
Eu, quando atingi esta culminância, não andava de ônibus há aproximadamente quarenta e sete anos, graças à fortuna, é claro, que sorriu para mim, permitindo que eu sempre tivesse um carro e, na eventual falta dele, andasse de taxi.
Não ia, é claro, deixar de aproveitar tamanha vantagem e a primeira coisa que fiz, no dia seguinte ao aniversário que me incluiu na qualificativa ‘idoso’, foi postar-me numa parada de ônibus.
Depois de uma agradável espera de vinte e seis minutos, sob um forte sol de primavera – sou de 28 de setembro – aproximou-se a sacolejante viatura que, com alarde de freios e bufos de motor, estacionou e abriu suas portas.
Certas coisas nunca se esquece, por exemplo, andar de bicicleta ou subir em árvores. Apoiado nessa teoria, dirigi-me à porta traseira do ônibus e, com surpresa, percebi que pessoas saiam dela e não, como eu lembrava de antigas eras, entravam nela.
Um colega idoso, arfando, teve a gentileza de me informar que a entrada era pela frente.
Como assim pela frente?, perguntei a mim mesmo. O mundo terá mudado tanto, que agora entra-se pela frente e sai-se por trás dos ônibus.
Sim! O mundo mudará tudo isto. Restou adequar-me à nova ordem e, como um bem comportado idoso, fui para a porta da frente, visando usufruir da nova condição e andar de graça no dito.
Sucedeu que o douto motorista, vendo pelo retrovisor, que ninguém mais saia e, na porta da frente ninguém entrava, não percebeu que eu pretendia ingressar, visto que, graças à idade, recém estava no meio do caminho e, sem delongas, fechou as portas e deu partida, deixando-me pendurado nos meus bolsos onde, para esconder resquícios de irritação, enfiei as mãos.
Não havia nada a fazer, salvo esperar outros tantos minutos, gozando e desfrutando do suor que o sol fazia brotar em mim, na testa, na nuca e nas costas. Nem quando eu era jovem gostei de suor nas costas. Agora, idoso, gosto menos ainda.
Mas suportei. A vantagem oferecida por ser um idoso, era suficiente para enfrentar pequenos sacrifícios.
Outros tantos minutos e um outro coletivo estabeleceu-se na parada, qual um paquiderme na frente da loja de cristais.
Desta vez, sendo eu um idoso mais esclarecido, fui direto para a porta da frente e, sem dificuldades, entrei.
Uma pequena digressão se impõe, para aqueles que pensam que sabem tudo, como era o meu caso, naquele momento.
Diante da roleta do cobrador, que me exigia o dinheiro da passagem, abri meu melhor sorriso e informei que eu era idoso e tinha, no dizer das autoridades, passe livre.
E ele:
– O senhor tem a carteirinha?
– Carteirinha? Qual carteirinha?
– Carteirinha de idoso, meu. Depressa, o senhor está trancando a fila.
Olhei para trás e vi que várias pessoas, não necessariamente idosas, esperavam, formando uma pequena fila que impedia o ônibus de seguir adiante.
– Não, não tenho. Não me disseram que precisa. Não serve minha carteira de identidade? Por ela dá para ver que tenho mais de sessenta.
– Precisa carteirinha de idoso, meu. Se não tem, tem que pagar.
Para acabar com a onda de protestos que se erguia atrás de mim, puxei o dinheiro do bolso e paguei a passagem.
Depois, buscando informações daqui e dali, fiquei sabendo que eu tinha de me cadastrar em algum lugar, levando uma considerável quantidade de documentos, além de pagar uma módica taxa, para obter a carteirinha de idoso que me garantiria passe livro no transporte coletivo da cidade.
E foi assim que desisti de aproveitar a primeira vantagem que a avançada idade me conferia, e voltei a usar o meu carro.
A segunda vantagem que descobri, por ser idoso, é que nos bancos ha um caixa preferencial para os de minha idade para cima.
Tal qual os ônibus, há muito não compareço a bancos. Novamente a fortuna sorriu para mim, permitindo que eu disponha de um funcionário de absoluta confiança, que há décadas realiza todos os meus serviços bancários.
Porém, atento à minha cidadania, não iria perder a oportunidade de usufruir dessa vantagem que a generosa lei me oferecia.
Assim foi que me dirigi ao banco onde tenho conta e, depois de me informar, descobri o local dos caixas. Um salão com cadeiras para sentar enquanto esperam a chamada pelo número, que se obtém na entrada, vários guichês e, num canto, escrito alto e bom tom, Caixa Preferencial para Idosos.
Olhei com desprezo para as filas e para os sentados e fui para minha caixa preferencial onde uma senhora, de seus setenta anos, realizava suas operações.
Aguardei quarenta e cinco minutos enquanto ela contava ao paciencioso funcionário, todas as agruras de sua vida, sobretudo as preocupações com um neto que não tomava jeito, além de relatar, minuciosamente, os motivos da próxima cirurgia a qual se submeteria, de natureza cardiovascular, pelo que pude ouvir.
E foi assim que deixei de aproveitar a segunda vantagem que a condição de idoso me oferecia. Voltei para o meu escritório e, como sempre fiz, pedi ao meu funcionário que descontasse o cheque. Ele foi e voltou em menos de quinze minutos.
Lendo a respeito, descobri que eu acabara de ingressar na chamada melhor idade, porque agora eu podia caminhar no fim da tarde, não precisava mais estudar qualquer língua, que finalmente minha tão almejada liberdade estava ao meu dispor e que, se eu quisesse, podia frequentar bailes de idosos como eu e, quem sabe, conhecer uma mulher de sessenta e oito anos perfeita para mim, minha verdadeira alma gêmea.
Sem falar no prazer de brincar com os netos, de poder conseguir todos os meus remédios em farmácias populares com preferência e, ainda, participar de encontros de auto-ajuda que me mostrariam como é bom ser velho.
Com um pouco de boa vontade, eu poderia fazer uma excursão para a Europa, ingressando em grupos especiais de idosos muito divertidos com os quais poderia conversar sobre as doenças, as dores e as lembranças.
Meus caros jovens deste mundo cruel! Cuidem-se bastante e vocês chegarão até aqui, onde estou. Não cometam loucuras, não façam bobagens e ao chegar na terceira idade, na melhor idade ou, como costumo chamar, na velha idade, vocês poderão usufruir de todas essas vantagens e, ainda por cima, haverá um monte de gente, do tipo filhos, esposa, irmãos, cunhados e filhos de amigos preocupados com você, com o que você come, com o que você deixa de comer, se você está bebendo muito, se você está fazendo exercícios e se não esqueceu de tomar os seus oito remédios diários.
Eu confesso que abdiquei de todas as vantagens da condição de idoso. Sigo como se nada tivesse acontecido e a única concessão que faço à idade é não ir aos aniversários infantis de netos de amigos.
E se, por acaso, você ficou intrigado com o título desta crônica, nada a ver, foi apenas para chamar
quinta-feira, 17 de março de 2011
CRÔNICAS IMPUDICAS
A IGREJA CATÓLICA ESTÁ ACREDITANDO MENOS EM DEUS
João Eichbaum
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, mais conhecida como CNBB, lançou semana passada a 47ª Campanha da Fraternidade, que tem como tema o aquecimento global e as mudanças climáticas.
Diz lá pelas tantas o texto da CNBB: “o gemido da criação aparece hoje na deterioração do meio ambiente, conseqüência de uma exploração descuidada e, muitas vezes, gananciosa dos recursos do planeta.”
Bom, tudo é explorado no planeta em função do povo. O povo cresce. Cresce, portanto, o consumo. Se não houvesse produtos suficientes para atender às necessidades do povo, esse se extinguiria, ou pelo menos, se reduziria. E como a camisinha e o anticoncepcional são proibidos pelo papa, o negócio é atender às necessidades desse povo que cresce e aparece.
Os bispos da Igreja Católica também não se deram conta de que o povo outra coisa não faz, senão obedecer ao mandamento do deus judaico: “crescei e multiplicai-vos”.
Então, a questão é, primordialmente, bíblica: “exploração descuidada” para atender à demanda. E como o lucro não é proibido pela bíblia, nem pelos dez mandamentos, a ganância faz parte.
E mais adiante diz a carta dos bispos: “Em cada catástrofe seja ela terremotos, inundações, podemos sentir o planeta gemer, e a humanidade fazendo o mesmo, este gemido tem uma conotação de tristeza imensa. Ainda estamos em tempo hábil para reverter esta situação podemos transformar estes gemidos de dor em gemidos de amor e de esperança, sim podemos iniciar um período de gestação e após este período em que nos organizaremos com ações que ajudem a preservar o meio ambiente, receberemos de volta um planeta saudável, resgataremos o planeta que nos foi dado por Deus.”
Quer dizer então que, para melhorarem as condições da natureza, para que suas fúrias sejam aplacadas, quem tem que se virar é o homem: “ ainda estamos em tempo hábil para reverter essa situação”.
Se o homem não der um jeito, não botar o pé no freio do desenvolvimento, que procura andar “pari passu” com o crescimento demográfico, tudo irá para o beleléu, porque Deus não ta nem aí.
Do texto da “Campanha da Fraternidade” se chega à seguinte conclusão: Deus criou o mundo e deixou tudo o mais por conta do homem. O que é que ele, esse deus, faz pela humanidade ninguém sabe.
Ah, e tem mais: nem adianta rezar, pedir, suplicar. Se não nos organizarmos “com ações que ajudem a preservar o meio ambiente”, vai acontecer com a gente o que aconteceu com os coevos de Noé, que não tiveram o privilégio de entrar na “arca”, e com o povão de Sodoma e Gomorra, que só se interessava por sexo: deu pra eles, porque a obra de Deus, que é a natureza, está acima de qualquer oração.
É isso que se conclui da “Campanha da Fraternidade” desse ano, que passa longe de terremotos e tsunamis.
João Eichbaum
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, mais conhecida como CNBB, lançou semana passada a 47ª Campanha da Fraternidade, que tem como tema o aquecimento global e as mudanças climáticas.
Diz lá pelas tantas o texto da CNBB: “o gemido da criação aparece hoje na deterioração do meio ambiente, conseqüência de uma exploração descuidada e, muitas vezes, gananciosa dos recursos do planeta.”
Bom, tudo é explorado no planeta em função do povo. O povo cresce. Cresce, portanto, o consumo. Se não houvesse produtos suficientes para atender às necessidades do povo, esse se extinguiria, ou pelo menos, se reduziria. E como a camisinha e o anticoncepcional são proibidos pelo papa, o negócio é atender às necessidades desse povo que cresce e aparece.
Os bispos da Igreja Católica também não se deram conta de que o povo outra coisa não faz, senão obedecer ao mandamento do deus judaico: “crescei e multiplicai-vos”.
Então, a questão é, primordialmente, bíblica: “exploração descuidada” para atender à demanda. E como o lucro não é proibido pela bíblia, nem pelos dez mandamentos, a ganância faz parte.
E mais adiante diz a carta dos bispos: “Em cada catástrofe seja ela terremotos, inundações, podemos sentir o planeta gemer, e a humanidade fazendo o mesmo, este gemido tem uma conotação de tristeza imensa. Ainda estamos em tempo hábil para reverter esta situação podemos transformar estes gemidos de dor em gemidos de amor e de esperança, sim podemos iniciar um período de gestação e após este período em que nos organizaremos com ações que ajudem a preservar o meio ambiente, receberemos de volta um planeta saudável, resgataremos o planeta que nos foi dado por Deus.”
Quer dizer então que, para melhorarem as condições da natureza, para que suas fúrias sejam aplacadas, quem tem que se virar é o homem: “ ainda estamos em tempo hábil para reverter essa situação”.
Se o homem não der um jeito, não botar o pé no freio do desenvolvimento, que procura andar “pari passu” com o crescimento demográfico, tudo irá para o beleléu, porque Deus não ta nem aí.
Do texto da “Campanha da Fraternidade” se chega à seguinte conclusão: Deus criou o mundo e deixou tudo o mais por conta do homem. O que é que ele, esse deus, faz pela humanidade ninguém sabe.
Ah, e tem mais: nem adianta rezar, pedir, suplicar. Se não nos organizarmos “com ações que ajudem a preservar o meio ambiente”, vai acontecer com a gente o que aconteceu com os coevos de Noé, que não tiveram o privilégio de entrar na “arca”, e com o povão de Sodoma e Gomorra, que só se interessava por sexo: deu pra eles, porque a obra de Deus, que é a natureza, está acima de qualquer oração.
É isso que se conclui da “Campanha da Fraternidade” desse ano, que passa longe de terremotos e tsunamis.
quarta-feira, 16 de março de 2011
COM A PALAVRA, HUGO CASSEL
CRISE NO TURISMO
Hugo Cassel-Abrajet-SC
O Brasil perdeu 7 posições no ranking mundial de turismo. Entre 139 países, ocupa a posição 52 e ,permanece em queda. É o que diz o Fórum Econômico Mundial. Se forem examinadas as conseqüências do corte de 1,5 bilhão de reais nos Ministérios ligados ao setor, é fácil prever o tamanho do problema, às vésperas de uma Copa Mundial e uma Olimpíada. A gastança desenfreada, e criminosa, do governo anterior, compromete profundamente o êxito dos eventos programados em vários setores, particularmente transporte, segurança, comunicações, Estádios e, fere mortalmente o item Aeroportos.
Encerrando meu périplo por cidades candidatas a sediar jogos, depois de Manaus, Belém, Fortaleza, Salvador, Natal, Brasília, estive há pouco em Recife. Aproveitei para saborear as deliciosas “Patinhas de Caranguejo Patola à Milanesa” com molho agridoce, prato que deve se degustado de joelhos cantando aleluia! Contado com as preciosas informações do colega Luiz Felipe, Presidente perpétuo da Abrajet Pernambuco, nos pouco intervalos de sua intensa atividade social pré-carnavalesca, juntei minhas observações com entrevistas e opiniões de gente do povo. Recife é uma cidade aparentemente organizada, com trânsito disciplinado, mesmo nas horas de maior fluxo. As faixas de segurança, respeitadas até onde foi possível observar. O seu cartão de visitas que é a praia da Boa Viagem, com suas “piscinas” apresenta as carências que parece modelo do Brasil: Não tem banheiros públicos, embora tenha interessantes chuveirinhos tirados da água do mar. Além disso desmente a tese de que turista é que suja as praias. Em todo o Nordeste que visitei, os porcalhões são os barraqueiros, que jogam seu lixo na areia, mesmo tendo latões à curta distância.
Detalhe comum nas declarações de gente do povo: Corrupção. O atraso nas obras para a Copa, é proposital eis que um orçamento inicial de 3 bilhões já anda na casa de cinco e subindo. Quando chegar uma data crítica, se aprova tudo a galope com a intenção que já se sabe. É um botim de “lamber os beiços”. É o que tem acontecido principalmente por aquelas bandas. O governo anterior derramou literalmente um navio de dinheiro em seu querido Pernambuco e pouca coisa apareceu. Se esvaiu por ralos misteriosos. Assim que nesta pequena radiografia , da mesma forma que nas anteriores, já divulgadas no Blog mais lido no Brasil, que é este da Abrajet-SC, é lícito dizer que a comida é cara e nem sempre confiável, principalmente na beira da praia. Apesar disso arrisquei com as lagostas. A todos esse percalços, se sobrepõe um que poderia ser chamado “O pai” dos problemas e que se chama:
AEROPORTOS- Nenhum. Mas nenhum mesmo em todo Brasil, tem condições mínimas de atender um fluxo de milhares de turistas por ocasião de uma Copa ou Olimpíada. Depois de peregrinar em várias viagens, pelos aeroportos de Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Navegantes, Congonhas, Brasília, Guarulhos, Salvador, Belém, Fortaleza, Manaus, Vitória, Recife, entre outros, a decepção é imensa. Bagunça geral. Portões de embarque trocados 4 e 5 vezes, correria abaixo e acima. Malas atiradas e retiradas de qualquer jeito, expostas às intempéries como aconteceu em São Paulo, centenas de pessoas sentadas no chão. Conexões com até 6 horas de intervalo. Em Congonhas no retorno de Recife, a aeronave do vôo para Navegantes ficou estacionada atrás dos galpões a 2.000 metros, tal o congestionamento. Decolagem de Recife 4 da manhã. Chegada em Navegantes: 19 horas. Como poderá um turista acompanhar sua seleção na mudança das sedes.? Congonhas está “Em obras” pelo menos a 10 anos e já consumiu 300 milhões. Obra de Santa Engrácia. Tudo nos leva a um vexame planetário produzido para um presidente ( minúsculo) cultivar sua VAIDADE pessoal. A pouco mais de mil dias para a Copa, só um milagre, mas o cara, que dizem, fazia isso, foi crucificado a mais de 2.000 anos, sem ter ensinado pra ninguém a palavra mágica que permanece perdida.
Hugo Cassel-Abrajet-SC
O Brasil perdeu 7 posições no ranking mundial de turismo. Entre 139 países, ocupa a posição 52 e ,permanece em queda. É o que diz o Fórum Econômico Mundial. Se forem examinadas as conseqüências do corte de 1,5 bilhão de reais nos Ministérios ligados ao setor, é fácil prever o tamanho do problema, às vésperas de uma Copa Mundial e uma Olimpíada. A gastança desenfreada, e criminosa, do governo anterior, compromete profundamente o êxito dos eventos programados em vários setores, particularmente transporte, segurança, comunicações, Estádios e, fere mortalmente o item Aeroportos.
Encerrando meu périplo por cidades candidatas a sediar jogos, depois de Manaus, Belém, Fortaleza, Salvador, Natal, Brasília, estive há pouco em Recife. Aproveitei para saborear as deliciosas “Patinhas de Caranguejo Patola à Milanesa” com molho agridoce, prato que deve se degustado de joelhos cantando aleluia! Contado com as preciosas informações do colega Luiz Felipe, Presidente perpétuo da Abrajet Pernambuco, nos pouco intervalos de sua intensa atividade social pré-carnavalesca, juntei minhas observações com entrevistas e opiniões de gente do povo. Recife é uma cidade aparentemente organizada, com trânsito disciplinado, mesmo nas horas de maior fluxo. As faixas de segurança, respeitadas até onde foi possível observar. O seu cartão de visitas que é a praia da Boa Viagem, com suas “piscinas” apresenta as carências que parece modelo do Brasil: Não tem banheiros públicos, embora tenha interessantes chuveirinhos tirados da água do mar. Além disso desmente a tese de que turista é que suja as praias. Em todo o Nordeste que visitei, os porcalhões são os barraqueiros, que jogam seu lixo na areia, mesmo tendo latões à curta distância.
Detalhe comum nas declarações de gente do povo: Corrupção. O atraso nas obras para a Copa, é proposital eis que um orçamento inicial de 3 bilhões já anda na casa de cinco e subindo. Quando chegar uma data crítica, se aprova tudo a galope com a intenção que já se sabe. É um botim de “lamber os beiços”. É o que tem acontecido principalmente por aquelas bandas. O governo anterior derramou literalmente um navio de dinheiro em seu querido Pernambuco e pouca coisa apareceu. Se esvaiu por ralos misteriosos. Assim que nesta pequena radiografia , da mesma forma que nas anteriores, já divulgadas no Blog mais lido no Brasil, que é este da Abrajet-SC, é lícito dizer que a comida é cara e nem sempre confiável, principalmente na beira da praia. Apesar disso arrisquei com as lagostas. A todos esse percalços, se sobrepõe um que poderia ser chamado “O pai” dos problemas e que se chama:
AEROPORTOS- Nenhum. Mas nenhum mesmo em todo Brasil, tem condições mínimas de atender um fluxo de milhares de turistas por ocasião de uma Copa ou Olimpíada. Depois de peregrinar em várias viagens, pelos aeroportos de Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Navegantes, Congonhas, Brasília, Guarulhos, Salvador, Belém, Fortaleza, Manaus, Vitória, Recife, entre outros, a decepção é imensa. Bagunça geral. Portões de embarque trocados 4 e 5 vezes, correria abaixo e acima. Malas atiradas e retiradas de qualquer jeito, expostas às intempéries como aconteceu em São Paulo, centenas de pessoas sentadas no chão. Conexões com até 6 horas de intervalo. Em Congonhas no retorno de Recife, a aeronave do vôo para Navegantes ficou estacionada atrás dos galpões a 2.000 metros, tal o congestionamento. Decolagem de Recife 4 da manhã. Chegada em Navegantes: 19 horas. Como poderá um turista acompanhar sua seleção na mudança das sedes.? Congonhas está “Em obras” pelo menos a 10 anos e já consumiu 300 milhões. Obra de Santa Engrácia. Tudo nos leva a um vexame planetário produzido para um presidente ( minúsculo) cultivar sua VAIDADE pessoal. A pouco mais de mil dias para a Copa, só um milagre, mas o cara, que dizem, fazia isso, foi crucificado a mais de 2.000 anos, sem ter ensinado pra ninguém a palavra mágica que permanece perdida.
terça-feira, 15 de março de 2011
COM A PALAVRA, JANER CRISTALDO
ASTRÓLOGO VIRA O COCHO
Quando um comunista perde uma boquinha em estatais, logo pipocam os manifestos exigindo sua volta ao cargo. São assinados pelos “manifesteiros” de sempre: Marilena Chauí, Chico Buarque, Leonardo Boff, Emir Sader et caterva. Comunista acha que cargo de confiança ou mesmo emprego em empresa privada é para a eternidade. Olavo de Carvalho não perdeu os reflexos de seus dias no Partido Comunista. Quando foi afastado de suas colunas nos jornais O Globo e Zero Hora e na revista Época, o astrólogo subiu nos tamancos. Denunciou a censura das esquerdas, como se estas publicações fossem de esquerda. Pelo jeito, como velho comunista, considerava ter efetividade em empresas privadas.
O astrólogo foi acometido de recidiva nesta semana. A livraria Cultura, de São Paulo, cancelou a parceria com seu site. Aiatolavo de novo subiu nos tamancos. “De todas as ofensas, agressões e ações discriminatórias que sofremos ao longo de muitos anos de atividade, essa foi a mais sórdida, a mais canalha, a mais intolerável. Um bom pedido de desculpas é o mínimo que vocês nos devem”. Em trocadilho besta, passou a chamar a livraria de livraria Incultura. Como se calembour fosse argumento.Para o sedizente filósofo, parcerias são para a eternidade. Se a uma empresa não mais interessa ter seu nome associado a um astrólogo boquirroto, anátema seja. Seus acólitos já falam em censura. Esquecendo que seu guru é o grande censor que promoveu, qual um Torquemada, a maior fogueira de arquivos digitais já acendida no Brasil. Aiatolavo costuma agredir quem dele discorda com uma saraivada de palavrões. É uma técnica eficaz para evitar contestações. Pessoa que se preze não vai discutir com quem usa linguajar de lavadeiras na beira da sanga.
Convidado a colaborar no mídiasemmáscara, em dezembro de 2006 tive uma crônica censurada. Crônica na qual afirmava que Cristo nasceu em Nazaré e não em Belém. Este era o cerne do artigo. Se por isto fui censurado, os papistas do MSM estavam sendo mais ortodoxos que o Vaticano. Pois o nascimento de Cristo em Belém não é dogma. Logo, afirmar que nasceu em Nazaré não é heresia alguma. E mesmo que fosse: por que não poderia eu cometer uma heresia? Afinal não vivemos mais nos tempos da Idade Média, quando os hereges não escapavam da fogueira."Artigos com o perfil deste que vc enviou não serão publicados no MSM durante algum tempo - escreveu-me o editor -. Assim que possível, informarei o motivo. Adianto apenas que é uma decisão temporária".
Ora, adoro escrever artigos com aquele perfil. Se aceitasse a censura daquele, teria de aceitar a dos demais. Por outro lado, alegar decisão temporária também é ridículo. Por que o artigo não poderia sair hoje, mas amanhã quem sabe?Eu escrevia sem nada cobrar e ainda era censurado. Recusei-me a qualquer futura colaboração com o site. Outros colaboradores, por razões semelhantes, também se afastaram do MSM. Entre eles, Anselmo Heidrich e Rodrigo Constantino. Que fez Aiatolavo? Deletou todas minhas crônicas, como também as destes articulistas. É como se a Folha de São Paulo eliminasse de seu acervo todos os artigos que apoiaram o movimento militar de 64. Como se a Veja queimasse todas as reportagens em que saudava Che Guevara como libertador.
Bom discípulo de Stalin, Aiatolavo utilizou o expediente stalinista - et pour cause - de eliminar da História personagens ou pensamentos divergentes. O MSM se tornou um site monocórdio, sambinha de uma nota só. Ou melhor, de três notas: o combate à conspiração homossexual para dominar o mundo, a denúncia obsessiva do Foro de São Paulo e do PT, partido que pretende comunizar o Brasil. Os artigos doentios de Júlio Severo demonstram uma carência que não ousa dizer seu nome.
Quanto ao Foro de São Paulo – Woodstock saudosista de apparatchiks derrotados com a queda do Muro e o desmoronamento da União Soviética – não passa de um circo anódino montado para relembrar sonhos frustrados. O PT, por sua vez, se um dia teve como propósito transformar o Brasil em republiqueta soviética, embriagou-se com o poder e hoje não quer nada com revolução. Virou partido de direita, que quer apenas preservar suas boquinhas.
O MSM passou a lutar contra moinhos de vento. Inventa bandeiras para fingir que tem causa. Tornou-se tão monótono quanto os jornais de esquerda pós-64, nos quais bastava ler apenas um artigo para deduzir os demais. Desesperado, o astrólogo escreveu:"O artigo 208 do Código Penal pune com detenção e multa os atos de ‘escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa’ e ‘vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso’. Os srs. Rodrigo Constantino, Janer Cristaldo e Anselmo Heydrich já cometeram esse crime tantas vezes, que o simples fato de eu me contentar em xingar esses bandidinhos, em vez de denunciá-los à polícia, deveria ser considerado um exagero de caridade. Com bandido não se discute. Lugar de criminoso é na cadeia. Admito, porém, que não é a caridade, e sim a mera distância geográfica, que me impede de tomar contra os referidos as providências judiciais cabíveis".
Além de censor, fanfarrão. De colaboradores convidados ao site, passamos à condição de criminosos. Em 2008, Rodrigo Constantino escreveu:“Fico constrangido e ao mesmo tempo com muita pena do "filósofo". Ele deve estar mesmo em pânico para ter de apelar desse jeito. Logo ele, que xinga tudo e todos, que não respeita a crença de ninguém. Mas fica a pergunta: os não-crentes podem processar os crentes quando estes chamam de idiotas todos os ateus? Quando um crente jura que o ateu vai passar a eternidade no inferno, ele pode ser processado por danos morais? Se Olavo "vilipendiar publicamente objeto de culto religioso" de uma seita diferente, como a cientologia, ele vai se entregar à polícia? Olavo quer me colocar na cadeia por questionar a sua crença religiosa. Para ele, sou um bandido, um criminoso, pois questiono suas crenças. Como eu disse, o sonho dele era viver na Idade Média, e me mandar para a roda ou fogueira. Ainda bem que tivemos o Iluminismo para colocar uma focinheira em tipos como este. Conservadores fanáticos não odeiam o Estado coisa alguma, nem querem reduzir seu poder. Querem apenas se apossar dele, e ai de quem divergir de suas crenças!”Confuso, o astrólogo não gosta que o chamem de astrólogo:"Quanto à insistência obsessiva desses canalhas em me chamar de ‘astrólogo’, com a ênfase que a palavra tem quando associada a tipos como Walter Mercado, é fácil notar que nenhum dos três jamais examinou criticamente e nem mesmo citou de passagem qualquer escrito meu sobre a questão da astrologia. [...] O intuito deliberado de falsificar para melhor difamar não poderia ser mais evidente, e a eventual desculpa de que foi ofensa proferida impensadamente no calor da discussão já está impugnada antecipadamente pelo número de vezes que a ofensa se repetiu".Constantino constata:- Mas vejamos o que o próprio Olavo disse numa entrevista, quando Roberta Tórtora perguntou como a astrologia contribuiu para sua formação:"Muito. Não existe possibilidade alguma de entendimento de qualquer civilização antiga sem o conhecimento da Astrologia. O modelo de visão do mundo baseado nos ciclos planetários e nas esferas esteve em vigor durante milênios e isto continua a estar, de certo modo, no ‘inconsciente’ das pessoas. Apesar de algumas deficiências no modelo astrológico, foi ele quem estruturou a humanidade pelo menos a partir do império egípcio-babilônico, o que significa, no mínimo, cinco mil anos de história. A Astrologia é um elemento obrigatório, por isto quem não a estudou, não estudou nada, é um analfabeto, um estúpido."O astrólogo que se ofende quando o chamam de astrólogo, considera analfabeto quem não conhece astrologia. Quando comecei a escrever no MSM, não sabia que o astrólogo era astrólogo. Se soubesse, ficaria com um pé atrás. Fui saber mais tarde, quando comentei o projeto do senador Artur da Távola, que visava regulamentar a vigarice. Recebi mail furioso de um leitor: como é que você critica a astrologia, logo num site dirigido por um astrólogo e mestre-astrólogo, que já escreveu quatro livros sobre astrologia?Se escreveu, os livros sumiram da História. Aiatolavo, ao que tudo indica, censurou a si mesmo. O astrólogo vive hoje na Virgínia, EUA, sabe-se lá como. De suas croniquetas no Diário do Comércio – jornal ligado a Afif Domingos – não há de ser. Muito menos de mapas astrais. Furioso, o astrólogo ex-muçulmano e ex-comunista - lança agora seus insultos a uma livraria que patrocinava seu panfleto. Se ontem a livraria era um órgão difusor de cultura, de repente virou autora de agressão “sórdida, a mais canalha, a mais intolerável”.Se as trajetórias dos astros são previsíveis, o mesmo não se pode dizer da dos astrólogos. Mudam conforme os patrocínios. Aiatolavo virou o cocho.
Quando um comunista perde uma boquinha em estatais, logo pipocam os manifestos exigindo sua volta ao cargo. São assinados pelos “manifesteiros” de sempre: Marilena Chauí, Chico Buarque, Leonardo Boff, Emir Sader et caterva. Comunista acha que cargo de confiança ou mesmo emprego em empresa privada é para a eternidade. Olavo de Carvalho não perdeu os reflexos de seus dias no Partido Comunista. Quando foi afastado de suas colunas nos jornais O Globo e Zero Hora e na revista Época, o astrólogo subiu nos tamancos. Denunciou a censura das esquerdas, como se estas publicações fossem de esquerda. Pelo jeito, como velho comunista, considerava ter efetividade em empresas privadas.
O astrólogo foi acometido de recidiva nesta semana. A livraria Cultura, de São Paulo, cancelou a parceria com seu site. Aiatolavo de novo subiu nos tamancos. “De todas as ofensas, agressões e ações discriminatórias que sofremos ao longo de muitos anos de atividade, essa foi a mais sórdida, a mais canalha, a mais intolerável. Um bom pedido de desculpas é o mínimo que vocês nos devem”. Em trocadilho besta, passou a chamar a livraria de livraria Incultura. Como se calembour fosse argumento.Para o sedizente filósofo, parcerias são para a eternidade. Se a uma empresa não mais interessa ter seu nome associado a um astrólogo boquirroto, anátema seja. Seus acólitos já falam em censura. Esquecendo que seu guru é o grande censor que promoveu, qual um Torquemada, a maior fogueira de arquivos digitais já acendida no Brasil. Aiatolavo costuma agredir quem dele discorda com uma saraivada de palavrões. É uma técnica eficaz para evitar contestações. Pessoa que se preze não vai discutir com quem usa linguajar de lavadeiras na beira da sanga.
Convidado a colaborar no mídiasemmáscara, em dezembro de 2006 tive uma crônica censurada. Crônica na qual afirmava que Cristo nasceu em Nazaré e não em Belém. Este era o cerne do artigo. Se por isto fui censurado, os papistas do MSM estavam sendo mais ortodoxos que o Vaticano. Pois o nascimento de Cristo em Belém não é dogma. Logo, afirmar que nasceu em Nazaré não é heresia alguma. E mesmo que fosse: por que não poderia eu cometer uma heresia? Afinal não vivemos mais nos tempos da Idade Média, quando os hereges não escapavam da fogueira."Artigos com o perfil deste que vc enviou não serão publicados no MSM durante algum tempo - escreveu-me o editor -. Assim que possível, informarei o motivo. Adianto apenas que é uma decisão temporária".
Ora, adoro escrever artigos com aquele perfil. Se aceitasse a censura daquele, teria de aceitar a dos demais. Por outro lado, alegar decisão temporária também é ridículo. Por que o artigo não poderia sair hoje, mas amanhã quem sabe?Eu escrevia sem nada cobrar e ainda era censurado. Recusei-me a qualquer futura colaboração com o site. Outros colaboradores, por razões semelhantes, também se afastaram do MSM. Entre eles, Anselmo Heidrich e Rodrigo Constantino. Que fez Aiatolavo? Deletou todas minhas crônicas, como também as destes articulistas. É como se a Folha de São Paulo eliminasse de seu acervo todos os artigos que apoiaram o movimento militar de 64. Como se a Veja queimasse todas as reportagens em que saudava Che Guevara como libertador.
Bom discípulo de Stalin, Aiatolavo utilizou o expediente stalinista - et pour cause - de eliminar da História personagens ou pensamentos divergentes. O MSM se tornou um site monocórdio, sambinha de uma nota só. Ou melhor, de três notas: o combate à conspiração homossexual para dominar o mundo, a denúncia obsessiva do Foro de São Paulo e do PT, partido que pretende comunizar o Brasil. Os artigos doentios de Júlio Severo demonstram uma carência que não ousa dizer seu nome.
Quanto ao Foro de São Paulo – Woodstock saudosista de apparatchiks derrotados com a queda do Muro e o desmoronamento da União Soviética – não passa de um circo anódino montado para relembrar sonhos frustrados. O PT, por sua vez, se um dia teve como propósito transformar o Brasil em republiqueta soviética, embriagou-se com o poder e hoje não quer nada com revolução. Virou partido de direita, que quer apenas preservar suas boquinhas.
O MSM passou a lutar contra moinhos de vento. Inventa bandeiras para fingir que tem causa. Tornou-se tão monótono quanto os jornais de esquerda pós-64, nos quais bastava ler apenas um artigo para deduzir os demais. Desesperado, o astrólogo escreveu:"O artigo 208 do Código Penal pune com detenção e multa os atos de ‘escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa’ e ‘vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso’. Os srs. Rodrigo Constantino, Janer Cristaldo e Anselmo Heydrich já cometeram esse crime tantas vezes, que o simples fato de eu me contentar em xingar esses bandidinhos, em vez de denunciá-los à polícia, deveria ser considerado um exagero de caridade. Com bandido não se discute. Lugar de criminoso é na cadeia. Admito, porém, que não é a caridade, e sim a mera distância geográfica, que me impede de tomar contra os referidos as providências judiciais cabíveis".
Além de censor, fanfarrão. De colaboradores convidados ao site, passamos à condição de criminosos. Em 2008, Rodrigo Constantino escreveu:“Fico constrangido e ao mesmo tempo com muita pena do "filósofo". Ele deve estar mesmo em pânico para ter de apelar desse jeito. Logo ele, que xinga tudo e todos, que não respeita a crença de ninguém. Mas fica a pergunta: os não-crentes podem processar os crentes quando estes chamam de idiotas todos os ateus? Quando um crente jura que o ateu vai passar a eternidade no inferno, ele pode ser processado por danos morais? Se Olavo "vilipendiar publicamente objeto de culto religioso" de uma seita diferente, como a cientologia, ele vai se entregar à polícia? Olavo quer me colocar na cadeia por questionar a sua crença religiosa. Para ele, sou um bandido, um criminoso, pois questiono suas crenças. Como eu disse, o sonho dele era viver na Idade Média, e me mandar para a roda ou fogueira. Ainda bem que tivemos o Iluminismo para colocar uma focinheira em tipos como este. Conservadores fanáticos não odeiam o Estado coisa alguma, nem querem reduzir seu poder. Querem apenas se apossar dele, e ai de quem divergir de suas crenças!”Confuso, o astrólogo não gosta que o chamem de astrólogo:"Quanto à insistência obsessiva desses canalhas em me chamar de ‘astrólogo’, com a ênfase que a palavra tem quando associada a tipos como Walter Mercado, é fácil notar que nenhum dos três jamais examinou criticamente e nem mesmo citou de passagem qualquer escrito meu sobre a questão da astrologia. [...] O intuito deliberado de falsificar para melhor difamar não poderia ser mais evidente, e a eventual desculpa de que foi ofensa proferida impensadamente no calor da discussão já está impugnada antecipadamente pelo número de vezes que a ofensa se repetiu".Constantino constata:- Mas vejamos o que o próprio Olavo disse numa entrevista, quando Roberta Tórtora perguntou como a astrologia contribuiu para sua formação:"Muito. Não existe possibilidade alguma de entendimento de qualquer civilização antiga sem o conhecimento da Astrologia. O modelo de visão do mundo baseado nos ciclos planetários e nas esferas esteve em vigor durante milênios e isto continua a estar, de certo modo, no ‘inconsciente’ das pessoas. Apesar de algumas deficiências no modelo astrológico, foi ele quem estruturou a humanidade pelo menos a partir do império egípcio-babilônico, o que significa, no mínimo, cinco mil anos de história. A Astrologia é um elemento obrigatório, por isto quem não a estudou, não estudou nada, é um analfabeto, um estúpido."O astrólogo que se ofende quando o chamam de astrólogo, considera analfabeto quem não conhece astrologia. Quando comecei a escrever no MSM, não sabia que o astrólogo era astrólogo. Se soubesse, ficaria com um pé atrás. Fui saber mais tarde, quando comentei o projeto do senador Artur da Távola, que visava regulamentar a vigarice. Recebi mail furioso de um leitor: como é que você critica a astrologia, logo num site dirigido por um astrólogo e mestre-astrólogo, que já escreveu quatro livros sobre astrologia?Se escreveu, os livros sumiram da História. Aiatolavo, ao que tudo indica, censurou a si mesmo. O astrólogo vive hoje na Virgínia, EUA, sabe-se lá como. De suas croniquetas no Diário do Comércio – jornal ligado a Afif Domingos – não há de ser. Muito menos de mapas astrais. Furioso, o astrólogo ex-muçulmano e ex-comunista - lança agora seus insultos a uma livraria que patrocinava seu panfleto. Se ontem a livraria era um órgão difusor de cultura, de repente virou autora de agressão “sórdida, a mais canalha, a mais intolerável”.Se as trajetórias dos astros são previsíveis, o mesmo não se pode dizer da dos astrólogos. Mudam conforme os patrocínios. Aiatolavo virou o cocho.
segunda-feira, 14 de março de 2011
CRÔNICAS COTIDIANAS
FORA DE CONTROLE
PAULO WAINBERG
http://paulowainberg.wordpress.com
Twitter.com/paulowainberg
Quando chegou no trabalho e percebeu que havia esquecido o celular em casa, Haroldo teve um pressentimento.
No final da tarde saiu rumo à garagem para pegar seu carro. Tinha hora marcada no proctologista dali a quarenta minutos, para seu exame anual da próstata.
Apesar do pressentimento, nada de extraordinário acontecera, durante o dia, salvo o desconforto constante que sentiu com a idéia de ir ao médico e o que lá esperava por ele.
Haroldo e a maioria dos homens, não importa o gênero, possuem uma relação um tanto conflituosa com aquela parte do corpo onde o proctologista trabalha.
As mulheres, ao contrário, são definidas quanto à região e, para elas, a questão é simples e se resume a duas opções: sim ou não.
Alguns metros após sair da garagem, sentiu o carro tremer e diagnosticou o óbvio: pneu furado.
Beneficiado pelo milagre que socorre os infortunados, havia um local para estacionar o carro, coisa que fez, incontinenti, apesar da placa de estacionamento proibido.
Raciocinou, com clareza, que apesar da proibição, o dano de estacionar ali era infinitamente menor do que simplesmente parar o carro no meio da rua, em plena hora do rush.
Com o suspiro dos conformados, desceu do veículo e foi olhar o pneu dianteiro esquerdo que, murcho como um saco de batatas vazio, revelava toda fragilidade da tecnologia ao deparar-se com um prego ou com um ventil defeituoso.
Com as mãos no bolso, Haroldo recordou, não sem esforço, o último pneu que trocara na vida, há cerca de quarenta anos, quando era proprietário de um luzente Gordini vermelho de última geração.
Fazer o que?, pensou ele. Mãos à obra, vamos trocar este pneu.
Ato contínuo dirigiu-se à garagem em busca de um manobrista disposto a cumprir a tarefa.
Mas nenhum estava disponível.
Retornou ao carro, olhando para os lados. Um catador de papel enchia o seu carrinho com sacos de lixo e, percebendo a situação, lascou:
– Furou, doutor? Quer que eu troque?
– Você sabe trocar pneu?
– Deixa comigo, doutor. Depois, sai uma cervejinha?
– Claro, rapaz, – disse Haroldo abrindo o porta-malas.
Haroldo nunca tinha se interessado em verificar onde ficavam estepe, macaco e ferramentas de seu carro. Presumia que tudo estava ali, no seu devido lugar.
O papeleiro, com surpreendente agilidade, logo pegou o macaco, localizou o lugar correto, ergueu o veículo, achou uma chave para tirar os parafusos, encaixou no primeiro e... a chave girou, livre e solta.
Haroldo, olhando a cena, intuiu que o pressentimento da manhã começava a adquirir tons de realidade.
– O senhor não tem outra chave, doutor?
Pronto, o drama estava posto. Como assim, outra chave? Aquela não era a chave?
– Não, esta aqui é muito larga para estes parafusos, olha aqui, doutor, ela sobra.
Haroldo foi ao porta-malas, abriu recipientes ocultos, camuflados, procurou sob tapetes, no lugar da estepe, nada, nenhuma outra chave.
– Não tem outra, tem certeza que essa aí na dá?
A esta altura, umas quatro ou cinco pessoas que conversavam na porta de uma fruteira haviam se aproximado para assistir a operação.
E os palpites começaram.
Um deles falou que ali na esquina, ali ó, bem na esquina, tá vendo aquela loja de roupas usadas?, fala com o Chinês, eu acho que ele tem uma chave em cruz.
– Chave em cruz?
O papeleiro saiu na corrida enquanto Haroldo obtinha detalhadas informações sobre o que era uma chave em cruz e como era importante sempre ter uma, no carro.
O papeleiro voltou dizendo que o Chinês não tinha chave em cruz, mas tinha essa aqui, acho que com esta vai.
Agachou-se, enfiou a chave no parafuso e... ó glória, funcionou. Rapidamente ele tirou três parafusos e, no quarto, a coisa trancou.
Haroldo olhou para o relógio, aflito. Estava prestes a perder a hora no médico. O papeleiro, esganiçado, fazia uma força incrível, mas não conseguia afrouxar o quarto parafuso.
Os espectadores se uniram ao esforço e um deles, em conjunto com o papeleiro, tentou e não conseguiu.
O papeleiro, iluminado por súbita idéia, subiu na haste da chave, saltitou sobre ela, com todo o seu peso e, nada.
Outro assistente sugeriu pegar um cabo de ferro, engatar na haste, aumentando a circunferência e diminuindo o esforço. Sem mais delongas, entrou na fruteira e retornou com uma barra de ferro.
Ajustaram tudo e, em conjunto de quatro, fizeram tanta força que entortaram a barra de ferro.
Mas o parafuso não se mexeu.
Agoniado, Haroldo resolveu desmarcar a hora no médico, enfiou a mão no bolso e, ah como aquele pressentimento estava certo, é claro, não encontrou o celular.
O papeleiro:
– Olha doutor, o senhor me desculpe, acho que esse parafuso aí emperrou. Não tem jeito.
Os assistentes se afastaram, o papeleiro se afastou e Haroldo viu-se subitamente sozinho, a noite já fechada, ao lado do seu carro com pneu furado, estacionado em lugar proibido.
E sem celular.
É claro que um fiscal de trânsito se aproximou:
– O senhor não pode estacionar aqui.
– Eu não estacionei, é que furou o pneu.
– Mas aqui é proibido, o senhor precisa tirar o veículo.
– Meu amigo, eu vou tirar o veículo assim que conseguir trocar o pneu.
– Mas o senhor não pode estacionar aqui.
Ah, aquele pressentimento.
– Vou lhe dar quinze minutos. Se o senhor não tirar o veículo, vou ter que multar.
– Multa, cara! Multa de uma vez! Não está vendo que estou com um problema, que o parafuso não sai...?!
O fiscal seguiu em frente, com seu bloco de multas em punho.
De repente, não sabia o que fazer. Andou de um lado para o outro, desorientado, não conseguia se decidir. Imaginou que Clarinha não ia acreditar naquela história.
Afinal fora ela quem marcara hora no proctologista, coisa que ele vinha adiando há meses, ela era muito fanática com a saúde dele, ia ficar uma fera, como é que ele sair daquela?, e nem avisou o médico, não podia deixar o carro ali, mas como é que um simples pneu furado muda tanto a vida de uma pessoa?.
Mal viu o dono da fruteira se aproximar:
– Quem sabe o senhor chama um guincho e leva o carro para uma borracharia?
– Um guincho? Ah é, boa idéia, mas como é que vou chamar um guincho? Não conheço nenhum, esqueci o celular em casa...
– Não tem problema, o senhor pode ligar ali da fruteira. Se o senhor quiser, eu tenho o telefone de um guincho.
O trânsito, naquela hora, era simplesmente infernal, engarrafando a cidade inteira. O guincho levaria uma hora para chegar. Levou uma hora e meia.
Mais tarde, quase dez da noite, indo para casa com o pneu trocado – o borracheiro levou um minuto e meio para trocar o pneu –, o parafuso emperrado, com a chave em cruz, desemperrou em dois segundos, Haroldo pensava na fragilidade da vida, em como as coisas são fugazes, de que serve a vida metódica, planejada e organizada se um incidente banal alterava tudo, modificava um destino, levava para caminhos...
Mal entrou e foi logo dizendo para Clarinha:
– Querida, você nem sabe o que me aconteceu hoje. Escapei de levar um dedo no rabo.
PAULO WAINBERG
http://paulowainberg.wordpress.com
Twitter.com/paulowainberg
Quando chegou no trabalho e percebeu que havia esquecido o celular em casa, Haroldo teve um pressentimento.
No final da tarde saiu rumo à garagem para pegar seu carro. Tinha hora marcada no proctologista dali a quarenta minutos, para seu exame anual da próstata.
Apesar do pressentimento, nada de extraordinário acontecera, durante o dia, salvo o desconforto constante que sentiu com a idéia de ir ao médico e o que lá esperava por ele.
Haroldo e a maioria dos homens, não importa o gênero, possuem uma relação um tanto conflituosa com aquela parte do corpo onde o proctologista trabalha.
As mulheres, ao contrário, são definidas quanto à região e, para elas, a questão é simples e se resume a duas opções: sim ou não.
Alguns metros após sair da garagem, sentiu o carro tremer e diagnosticou o óbvio: pneu furado.
Beneficiado pelo milagre que socorre os infortunados, havia um local para estacionar o carro, coisa que fez, incontinenti, apesar da placa de estacionamento proibido.
Raciocinou, com clareza, que apesar da proibição, o dano de estacionar ali era infinitamente menor do que simplesmente parar o carro no meio da rua, em plena hora do rush.
Com o suspiro dos conformados, desceu do veículo e foi olhar o pneu dianteiro esquerdo que, murcho como um saco de batatas vazio, revelava toda fragilidade da tecnologia ao deparar-se com um prego ou com um ventil defeituoso.
Com as mãos no bolso, Haroldo recordou, não sem esforço, o último pneu que trocara na vida, há cerca de quarenta anos, quando era proprietário de um luzente Gordini vermelho de última geração.
Fazer o que?, pensou ele. Mãos à obra, vamos trocar este pneu.
Ato contínuo dirigiu-se à garagem em busca de um manobrista disposto a cumprir a tarefa.
Mas nenhum estava disponível.
Retornou ao carro, olhando para os lados. Um catador de papel enchia o seu carrinho com sacos de lixo e, percebendo a situação, lascou:
– Furou, doutor? Quer que eu troque?
– Você sabe trocar pneu?
– Deixa comigo, doutor. Depois, sai uma cervejinha?
– Claro, rapaz, – disse Haroldo abrindo o porta-malas.
Haroldo nunca tinha se interessado em verificar onde ficavam estepe, macaco e ferramentas de seu carro. Presumia que tudo estava ali, no seu devido lugar.
O papeleiro, com surpreendente agilidade, logo pegou o macaco, localizou o lugar correto, ergueu o veículo, achou uma chave para tirar os parafusos, encaixou no primeiro e... a chave girou, livre e solta.
Haroldo, olhando a cena, intuiu que o pressentimento da manhã começava a adquirir tons de realidade.
– O senhor não tem outra chave, doutor?
Pronto, o drama estava posto. Como assim, outra chave? Aquela não era a chave?
– Não, esta aqui é muito larga para estes parafusos, olha aqui, doutor, ela sobra.
Haroldo foi ao porta-malas, abriu recipientes ocultos, camuflados, procurou sob tapetes, no lugar da estepe, nada, nenhuma outra chave.
– Não tem outra, tem certeza que essa aí na dá?
A esta altura, umas quatro ou cinco pessoas que conversavam na porta de uma fruteira haviam se aproximado para assistir a operação.
E os palpites começaram.
Um deles falou que ali na esquina, ali ó, bem na esquina, tá vendo aquela loja de roupas usadas?, fala com o Chinês, eu acho que ele tem uma chave em cruz.
– Chave em cruz?
O papeleiro saiu na corrida enquanto Haroldo obtinha detalhadas informações sobre o que era uma chave em cruz e como era importante sempre ter uma, no carro.
O papeleiro voltou dizendo que o Chinês não tinha chave em cruz, mas tinha essa aqui, acho que com esta vai.
Agachou-se, enfiou a chave no parafuso e... ó glória, funcionou. Rapidamente ele tirou três parafusos e, no quarto, a coisa trancou.
Haroldo olhou para o relógio, aflito. Estava prestes a perder a hora no médico. O papeleiro, esganiçado, fazia uma força incrível, mas não conseguia afrouxar o quarto parafuso.
Os espectadores se uniram ao esforço e um deles, em conjunto com o papeleiro, tentou e não conseguiu.
O papeleiro, iluminado por súbita idéia, subiu na haste da chave, saltitou sobre ela, com todo o seu peso e, nada.
Outro assistente sugeriu pegar um cabo de ferro, engatar na haste, aumentando a circunferência e diminuindo o esforço. Sem mais delongas, entrou na fruteira e retornou com uma barra de ferro.
Ajustaram tudo e, em conjunto de quatro, fizeram tanta força que entortaram a barra de ferro.
Mas o parafuso não se mexeu.
Agoniado, Haroldo resolveu desmarcar a hora no médico, enfiou a mão no bolso e, ah como aquele pressentimento estava certo, é claro, não encontrou o celular.
O papeleiro:
– Olha doutor, o senhor me desculpe, acho que esse parafuso aí emperrou. Não tem jeito.
Os assistentes se afastaram, o papeleiro se afastou e Haroldo viu-se subitamente sozinho, a noite já fechada, ao lado do seu carro com pneu furado, estacionado em lugar proibido.
E sem celular.
É claro que um fiscal de trânsito se aproximou:
– O senhor não pode estacionar aqui.
– Eu não estacionei, é que furou o pneu.
– Mas aqui é proibido, o senhor precisa tirar o veículo.
– Meu amigo, eu vou tirar o veículo assim que conseguir trocar o pneu.
– Mas o senhor não pode estacionar aqui.
Ah, aquele pressentimento.
– Vou lhe dar quinze minutos. Se o senhor não tirar o veículo, vou ter que multar.
– Multa, cara! Multa de uma vez! Não está vendo que estou com um problema, que o parafuso não sai...?!
O fiscal seguiu em frente, com seu bloco de multas em punho.
De repente, não sabia o que fazer. Andou de um lado para o outro, desorientado, não conseguia se decidir. Imaginou que Clarinha não ia acreditar naquela história.
Afinal fora ela quem marcara hora no proctologista, coisa que ele vinha adiando há meses, ela era muito fanática com a saúde dele, ia ficar uma fera, como é que ele sair daquela?, e nem avisou o médico, não podia deixar o carro ali, mas como é que um simples pneu furado muda tanto a vida de uma pessoa?.
Mal viu o dono da fruteira se aproximar:
– Quem sabe o senhor chama um guincho e leva o carro para uma borracharia?
– Um guincho? Ah é, boa idéia, mas como é que vou chamar um guincho? Não conheço nenhum, esqueci o celular em casa...
– Não tem problema, o senhor pode ligar ali da fruteira. Se o senhor quiser, eu tenho o telefone de um guincho.
O trânsito, naquela hora, era simplesmente infernal, engarrafando a cidade inteira. O guincho levaria uma hora para chegar. Levou uma hora e meia.
Mais tarde, quase dez da noite, indo para casa com o pneu trocado – o borracheiro levou um minuto e meio para trocar o pneu –, o parafuso emperrado, com a chave em cruz, desemperrou em dois segundos, Haroldo pensava na fragilidade da vida, em como as coisas são fugazes, de que serve a vida metódica, planejada e organizada se um incidente banal alterava tudo, modificava um destino, levava para caminhos...
Mal entrou e foi logo dizendo para Clarinha:
– Querida, você nem sabe o que me aconteceu hoje. Escapei de levar um dedo no rabo.
sexta-feira, 11 de março de 2011
ESSE CIRCO CHAMADO JUSTIÇA
Pedido de ajuda do Juiz Marcelo Antonio Cesca
Excelentíssima Corregedora Nacional de Justiça Ministra Dra. ELIANA CALMON
Excelentíssimo Presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (Brasília/DF) Desembargador Federal Dr. OLINDO HERCULANO DE MENEZES
Excelentíssimo Presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (Porto Alegre/RS) Desembargador Federal Dr. VILSON DARÓS
Excelentíssimo Vice-Presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região Desembargador Federal Dr. ÉLCIO PINHEIRO DE CASTRO
Excelentíssimo Corregedor-Regional da Justiça Federal da 4ª Região Desembargador Federal Dr. LUIZ CARLOS DE CASTRO LUGON
Excelentíssima Subprocuradora-Geral da República Dra. RAQUEL DODGE e sua Exma. Chefe de Gabinete Dra. SYLVANA BEZE
Excelentíssimo Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
Dr. OPHIR FILGUEIRAS CAVALCANTE JÚNIOR e seu Exmo Chefe de Gabinete Dr. WALTER JOSÉ DE SOUZA NETO
Excelentíssimo Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República Dr. ANTONIO CARLOS ALPINO BIGONHA
Excelentíssimo Procurador-Regional da República na 4ª Região Dr. DOUGLAS FISCHER
Excelentíssimo Procurador-Chefe da República no Estado do Paraná Dr. ORLANDO MARTELLO JÚNIOR
Excelentíssimo Procurador da República no Estado do Paraná Dr. JOÃO FRANCISCO BEZERRA DE CARVALHO
Excelentíssimo Presidente da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil em Guarapuava Dr. ALEXANDRE BARBIERI NETO, na pessoa de quem estendo esta mensagem ao Excelentíssimo Presidente da Seção da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná Dr. JOÃO LÚCIO GLOMB e
Excelentíssimo Presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil - AJUFE Dr. GABRIEL DE JESUS FRANCISCO TEDESCO WEDY:
Olá! Hoje tenho de tomar uma decisão difícil, mas não sei o que fazer, então respeitosamente peço vossa opinião.
Meu nome é MARCELO ANTONIO CESCA, e meu currículo resumido é o seguinte:
a) aos 15 anos de idade eu era professor de língua inglesa;
b) aos 16 anos eu obtive o Certificado de Proficiência pela Universidade de Michigan (EUA);
c) aos 17 anos eu entrei na Faculdade de Direito da Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR;
d) aos 22 anos, ANTES da colação de grau, eu fui aprovado para os cargos de Advogado da União e de Procurador Federal (AGU);
e) aos 25 anos eu fui aprovado em 42º lugar (penúltimo lugar) no XII Concurso para Juiz Federal Substituto da 4ª Região (Porto Alegre/RS);
f) aos 27 anos eu fui aprovado em 2º lugar (segundo lugar) no XII Concurso para Juiz Federal Substituto da 1ª Região (Brasília/DF);
g) aos 29 anos a Embaixada dos Estados Unidos da América me convidou para participar do International Visitors Leadership Program - IVLP, do qual já participaram, entre outros líderes mundiais, TONY BLAIR (em 1986) e DILMA ROUSSEF (em 1992);
h) aos 30 anos eu fui o único brasileiro admitido no Mestrado Internacional em Psicologia Forense & Investigação Criminal pela Universidade de Liverpool.
Essas humildes conquistas foram obtidas sem a publicação de nenhum livro ou artigo acadêmico sequer.
Então por que vos incomodo neste dia 04 de fevereiro de 2011?
Porque hoje é o dia de eu decidir se aceito assumir o cargo de Juiz Federal Substituto na 15ª Vara Federal de Brasília/DF, conforme email encaminhado pela ASMAG do TRF/1ª Região no dia 31/01/2011, ou se eu devo continuar como juiz já vitalício na Justiça Federal da 4ª Região, em Guarapuava/PR, minha cidade natal.
Mas por que estou em dúvida?
Porque o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que tanto gosta de se outorgar o título de "vanguardista" e de "referência para os demais Tribunais", está longe de ser uma referência ética, ao menos por conta de uma pequena minoria de Desembargadores e Juízes que têm manchado a bela história desse Tribunal Meridional.
Vejam só.
Eu assumi meu cargo de Juiz Federal Substituto na 2ª Vara Federal de Umuarama/PR em 22/05/2006. O Juiz Federal se chamava JAIL BENITES DE AZAMBUJA. Ele foi compulsoriamente aposentado pelo TRF/4ª Região, por ter simulado um "atentado" contra si mesmo e porque seu "capanga" resolveu descarregar uma pistola .380 mm na casa do Juiz Federal Dr. LUIZ CARLOS CANALLI, quando este dormia com sua esposa e seus dois filhos.
Mas essa não foi minha única decepção na magistratura.
Na época de minha nomeação e posse, em 08/05/2006, ainda se discutia sobre a interpretação jurídica acerca da exigência de 3 anos de atividade jurídica, por conta da EC 45/2004.
Precisei impetrar uma Ação Ordinária e dois Mandados de Segurança, sendo que, após 4 liminares, consegui tomar posse a assumir provisoriamente o cargo.
Bem, discussões constitucionais e administrativas à parte, o fato é que o Relator do meu caso era o Desembargador Federal DIRCEU DE ALMEIDA SOARES, que responde a ações penais no Superior Tribunal de Justiça e que foi compulsoriamente aposentado pelo Conselho Nacional de Justiça no ano de 2010.
Mas essa segunda decepção não foi a úntima na minha curta carreira de magistratura.
Eu nasci e vivo em Guarapuava/PR, uma cidade de pouca tradição jurídica. Apesar disso, aqui nasceu a querida Ministra Dra. DENISE ARRUDA, do Superior Tribunal de Justiça, hoje aposentada, sendo ela a primeira Ministra realmente nascida no Paraná, pois o Ministro FÉLIX FISCHER nasceu em Hamburgo, na Alemanha, e o saudoso Ministro MILTON LUIZ PEREIRA, que fez história como Prefeito de Campo Mourão/PR, era nascido no guerreiro Estado do Rio Grande do Sul. A esses nomes contrapõe-se o Desembargador Federal Dr. EDGARD ANTÔNIO LIPPMANN JÚNIOR, natural de Guarapuava/PR, que desde 2009 está afastado das funções por decisão unânime (15 x 0 votos) do CNJ.
Mas essa terceira decepção não foi a últiam na minha curta carreira da magistratura.
O pior momento de minha carreira ocorreu no primeiro semestre de 2010, notadamente nos meses de maio e junho.
Na Vara Federal de Guarapuava tramitava um longo e velho Inquérito Policial, autuado sob o nº 2001.70.06.001482-4.
Coisa feia, pois envolvia atos de desvio de drogas e de cobrança de valores indevidos por aproximadamente nove Policiais Rodoviários Federais então lotados em Laranjeiras do Sul/PR, cidade que mais se parece com um "filme de faroeste", tamanho o número de ilegalidades que habitualmente ocorre naquele lugar (bom, todos os ex-prefeitos são réus em ações cívies e criminais nas Justiças Federal e Estadual, por exemplo).
Como ocorreu o golpe?
A única prova que poderia incriminar os Policiais Rodoviários Federais, em princípio, era a palavra dos narcotraficantes paraguaios e brasileiros. Por "incriminar" compreenda-se os crimes de tráfico transnacional de drogas, peculato, associação para o tráfico, peculato, lavagem de dinheiro, extorsão, tortura e por aí vai. O detalhe é que, em certo dia, no ano de 2000 ou de 2001 (eu ainda era um universitário), houve a apreensão de 58 peças de madeira nas quais a droga paraguaia (cocaína) estava oculta. Essas 58 peças de madeira foram tomadas do traficante OTOMAR CIVA pelo Policial Rodoviário Federal SILVINO JORGE MIGLIORINI e vieram a ser encondidas na casa de outro Policial Rodoviário Federal. Graças ao trabalho investigativo então realizado pelo Delegado de Polícia Civil Dr. BRADOCK (que veio a se eleger Deputado Estadual, tornando-se rival político do PRF MIGLIORINI, cujo filho foi preso em flagrante por extorsão no final de 2010), as peças foram recuperadas e depositadas na Delegacia de Polícia Civil de Lararanjeiras do Sul/PR.
Bom, é óbvio que a realização de exame pericial nas 58 peças de madeira poderia levar vários Policiais Federais para a cadeia, expulsando-os dos cargos em ações penais, em ações de improbidade administrativa e nos processos administrativos disciplinares instaurados pela Corregedoria da 7ª Superintendência da PRF no Estado do Paraná, então conduzida pelo brilhante e sério Inspetor CHEIM, que está lotado em Ponta Grossa/PR, atualmente.
Sabem o que houve?
AS 58 PEÇAS DE MADEIRA, que eram o corpo de delito para a investigação criminal a cargo da Delegacia de Polícia Federal de Guarapuava, simplesmente SUMIRAM!!!
Mas ninguém relatou isso. Muito pelo contrário, durante 10 ANOS, houve mais de 10 ofícios avisando que a madeira estava sob os cuidados da Vara Criminal da Comarca de Laranjeiras do Sul (onde começaram as investigações), apesar dos insistentes pedidos de remessa para exame pericial solicitados pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pela Justiça Federal de Guarapuava.
Bom, para encurtar a história, sabem o que aconteceu com os Policiais Rodoviários Federais acusados de desvio de conduta no exercício da função federal?
ABSOLUTAMENTE NADA, porque as 58 peças de madeira sumiram e porque, inexplicavelmente, o MM. Juiz de Direito da Comarca de Laranjeiras do Sul/PR, Dr. BERNARDO FAZOLO FERREIRA, prolatou sentença de extinção de punibilidade para os réus, e o Ministério Público do Paraná não apelou. Ou seja, uma sentença criminal nula favorecendo a defesa, já transitada em julgado, o que obsta a sua anulação/revisão pela Justiça Federal (não me perguntem por que o Juiz Estadual usurpou a competência da Justiça Federal, pois até hoje não tenho a menor ideia de como isso aconteceu).
Afinal de contas, o que aconteceu com os policiais corruptos? NADA.
O que aconteceu com os Juízes e Promotores Estaduais que usurparam a competência criminal da Justiça Federal? NADA.
O que houve com os Corregedores do TJ/PR e do TRF/4ª Região que, ao tomarem ciência de tão graves fatos, nenhuma providência adotaram para apurar o evidente crime de fraude processual qualificada? NADA.
Quem está sendo responsabilizado por tentar localizar o corpo de delito (as 58 peças de madeira apreendidas)? EU, que expedi uma ordem jurisdicional de busca e apreensão que incomodou os policiais e juízes estaduais de Laranjeiras do Sul, que contra mim ajuizaram reclamações disciplinares no CNJ e na Corregedoria do TRF/4ª Região.
Então, Excelentíssimas Autoridades, eu vos pergunto o que devo fazer, porque, para mim, há duas maneiras de um juiz se corromper:
a) vendendo suas decisões;
b) fingindo que não vê, não sabe e não tem ciência de graves irregularidades que acontecem às escâncaras em autos sob a sua presidência.
Portanto, eu valho-me da presente mensagem eletrônica para requerer:
1) à Excelentíssima Ministra ELIANA CALMON, Digníssima Corregedora Nacional de Justiça, que imediatamente avoque o Procedimento Administrativo nº 0000108-87.2010.404.8000 (também autuado sob o nº 10/0007215-8), em trâmite no TRF/4ª Região;
2) à Excelentíssima Ministra ELIANA CALMON, Digníssima Corregedora Nacional de Justiça, que imediatamente aprecie o inteiro teor da Representação Disciplinar nº 007849-04.2010.2.00.0000, que eu pessoalmente ajuizei às 11 horas do dia 06/12/2010 na sede da Corregedoria Nacional de Justiça, na presença do Exmo. Juiz Auxiliar Dr. NICOLAU LUPIANHES NETO, MM. Juiz de Direito no Estado de Minas Gerais, contra as seguintes pessoas: a) Sr. ROTILDO ARRUDA, Escrivão da Vara Criminal da Comarca de Laranjeiras do Sul/PR; b) Dr. BERNARDO FAZOLO FERREIRA, Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de Laranjeiras do Sul; c) Dra. MARCELA SIMONARD LOUREIRO, Juíza de Direito Diretora do Foro da Comarca de Laranjeiras do Sul; d) Dr. FERNANDO SWAIN GANEM, Juiz de Direito Presidente da Associação dos Magistrados do Paraná - AMAPAR; e) Dr. ROGÉRIO COELHO, Corregedor-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná; f) Dr. LUIZ CARLOS DE CASTRO LUGON, Corregedor-Regional da Justiça Federal da 4ª Região;
3) à Procuradoria-Geral da República, à Procuradoria-Regional da República na 4ª Região, à Procuradoria da República no Estado do Paraná e à Procuradoria da República no Município de Guarapuava que tomem ciência de todos os fatos ora noticiados e que acompanhem rigorosamente o desenrolar das investigações correicionais;
4) ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, à Seção da OAB no Estado do Paraná e à Subseção da OAB em Guarapuava que tomem ciência de todos os fatos ora noticiados e que acompanhem rigorosamente o desenrolar das investigações correicionais;
5) ao Presidente do TRF/1ª Região, que estou disposto a tomar posse como Juiz Federal Substituto na 15ª Vara Federal de Brasília/DF, para fugir desse lodo de corrupção que emerge da região de Laranjeiras do Sul/PR, mas que terei de declinar de tão honrosa oportunidade em respeito à opinião de minha esposa, cujos familiares estão todos sediados no Estado do Paraná;
6) ao Presidente e ao Vice-Presidente do TRF/4ª Região, que rapidamente levem a julgamento da Corte Especial Administrativa e/ou do Plenário Administrativo do TRF/4ª Região a representação contra mim formulada em JUNHO DE 2010, a fim de que eu possa exercer o direito ao contraditório e à ampla defesa, esclarecendo todos os pormenores do nebuloso IPL 2001.70.06.001482-4, que restou sepultado pela inconstitucional usurpação de competência federal pelos Juízes Estaduais do Paraná e pelo ilegal e não explicado desaparecimento do corpo de delito;
7) ao Corregedor-Regional da Justiça Federal da 4ª Região, que explique por que levou mais de 200 dias para cumprir a ordem do então Corregedor Nacional de Justiça, Exmo. Ministro GILSON DIPP, que determinara a CONCLUSÃO do procedimento disciplinar contra mim instaurado pela Associação dos Magistrados do Paraná _ AMAPAR e pela Corregedoria do nada prestigiado TJ/PR no prazo de 60 dias;
8) a qualquer de Vossas Excelências, que me digam os nomes dos Desembargadores Federais conhecidos por SUQUINHO, CHAZINHO e CAFEZINHO.
Peço deferimento. Requeiro a mais ampla, absoluta e irrestrita publicidade ao caso.
Se alguém me considera suspeito de alguma irregularidade, é só me avisar, que prontamente pedirei minha exonaração decepcionante cargo de Juiz Federal Substituto da 4ª Região.
Segue abaixo cópia do email que encaminhei em 01/12/2010 à douta Corregedoria Nacional de Justiça, no qual requeri a integral apuração dos fatos.
"O SOL É O MELHOR DESINFENTANTE. SEMPRE."
Atenciosa e respeitosamente,
MARCELO ANTONIO CESCA
Juiz Federal Substituto na titularidade plena da Vara Federal e JEF Criminal Adjunto de Guarapuava/PR
Matrícula funcional nº 2596.
Excelentíssima Corregedora Nacional de Justiça Ministra Dra. ELIANA CALMON
Excelentíssimo Presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (Brasília/DF) Desembargador Federal Dr. OLINDO HERCULANO DE MENEZES
Excelentíssimo Presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (Porto Alegre/RS) Desembargador Federal Dr. VILSON DARÓS
Excelentíssimo Vice-Presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região Desembargador Federal Dr. ÉLCIO PINHEIRO DE CASTRO
Excelentíssimo Corregedor-Regional da Justiça Federal da 4ª Região Desembargador Federal Dr. LUIZ CARLOS DE CASTRO LUGON
Excelentíssima Subprocuradora-Geral da República Dra. RAQUEL DODGE e sua Exma. Chefe de Gabinete Dra. SYLVANA BEZE
Excelentíssimo Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
Dr. OPHIR FILGUEIRAS CAVALCANTE JÚNIOR e seu Exmo Chefe de Gabinete Dr. WALTER JOSÉ DE SOUZA NETO
Excelentíssimo Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República Dr. ANTONIO CARLOS ALPINO BIGONHA
Excelentíssimo Procurador-Regional da República na 4ª Região Dr. DOUGLAS FISCHER
Excelentíssimo Procurador-Chefe da República no Estado do Paraná Dr. ORLANDO MARTELLO JÚNIOR
Excelentíssimo Procurador da República no Estado do Paraná Dr. JOÃO FRANCISCO BEZERRA DE CARVALHO
Excelentíssimo Presidente da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil em Guarapuava Dr. ALEXANDRE BARBIERI NETO, na pessoa de quem estendo esta mensagem ao Excelentíssimo Presidente da Seção da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná Dr. JOÃO LÚCIO GLOMB e
Excelentíssimo Presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil - AJUFE Dr. GABRIEL DE JESUS FRANCISCO TEDESCO WEDY:
Olá! Hoje tenho de tomar uma decisão difícil, mas não sei o que fazer, então respeitosamente peço vossa opinião.
Meu nome é MARCELO ANTONIO CESCA, e meu currículo resumido é o seguinte:
a) aos 15 anos de idade eu era professor de língua inglesa;
b) aos 16 anos eu obtive o Certificado de Proficiência pela Universidade de Michigan (EUA);
c) aos 17 anos eu entrei na Faculdade de Direito da Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR;
d) aos 22 anos, ANTES da colação de grau, eu fui aprovado para os cargos de Advogado da União e de Procurador Federal (AGU);
e) aos 25 anos eu fui aprovado em 42º lugar (penúltimo lugar) no XII Concurso para Juiz Federal Substituto da 4ª Região (Porto Alegre/RS);
f) aos 27 anos eu fui aprovado em 2º lugar (segundo lugar) no XII Concurso para Juiz Federal Substituto da 1ª Região (Brasília/DF);
g) aos 29 anos a Embaixada dos Estados Unidos da América me convidou para participar do International Visitors Leadership Program - IVLP, do qual já participaram, entre outros líderes mundiais, TONY BLAIR (em 1986) e DILMA ROUSSEF (em 1992);
h) aos 30 anos eu fui o único brasileiro admitido no Mestrado Internacional em Psicologia Forense & Investigação Criminal pela Universidade de Liverpool.
Essas humildes conquistas foram obtidas sem a publicação de nenhum livro ou artigo acadêmico sequer.
Então por que vos incomodo neste dia 04 de fevereiro de 2011?
Porque hoje é o dia de eu decidir se aceito assumir o cargo de Juiz Federal Substituto na 15ª Vara Federal de Brasília/DF, conforme email encaminhado pela ASMAG do TRF/1ª Região no dia 31/01/2011, ou se eu devo continuar como juiz já vitalício na Justiça Federal da 4ª Região, em Guarapuava/PR, minha cidade natal.
Mas por que estou em dúvida?
Porque o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que tanto gosta de se outorgar o título de "vanguardista" e de "referência para os demais Tribunais", está longe de ser uma referência ética, ao menos por conta de uma pequena minoria de Desembargadores e Juízes que têm manchado a bela história desse Tribunal Meridional.
Vejam só.
Eu assumi meu cargo de Juiz Federal Substituto na 2ª Vara Federal de Umuarama/PR em 22/05/2006. O Juiz Federal se chamava JAIL BENITES DE AZAMBUJA. Ele foi compulsoriamente aposentado pelo TRF/4ª Região, por ter simulado um "atentado" contra si mesmo e porque seu "capanga" resolveu descarregar uma pistola .380 mm na casa do Juiz Federal Dr. LUIZ CARLOS CANALLI, quando este dormia com sua esposa e seus dois filhos.
Mas essa não foi minha única decepção na magistratura.
Na época de minha nomeação e posse, em 08/05/2006, ainda se discutia sobre a interpretação jurídica acerca da exigência de 3 anos de atividade jurídica, por conta da EC 45/2004.
Precisei impetrar uma Ação Ordinária e dois Mandados de Segurança, sendo que, após 4 liminares, consegui tomar posse a assumir provisoriamente o cargo.
Bem, discussões constitucionais e administrativas à parte, o fato é que o Relator do meu caso era o Desembargador Federal DIRCEU DE ALMEIDA SOARES, que responde a ações penais no Superior Tribunal de Justiça e que foi compulsoriamente aposentado pelo Conselho Nacional de Justiça no ano de 2010.
Mas essa segunda decepção não foi a úntima na minha curta carreira de magistratura.
Eu nasci e vivo em Guarapuava/PR, uma cidade de pouca tradição jurídica. Apesar disso, aqui nasceu a querida Ministra Dra. DENISE ARRUDA, do Superior Tribunal de Justiça, hoje aposentada, sendo ela a primeira Ministra realmente nascida no Paraná, pois o Ministro FÉLIX FISCHER nasceu em Hamburgo, na Alemanha, e o saudoso Ministro MILTON LUIZ PEREIRA, que fez história como Prefeito de Campo Mourão/PR, era nascido no guerreiro Estado do Rio Grande do Sul. A esses nomes contrapõe-se o Desembargador Federal Dr. EDGARD ANTÔNIO LIPPMANN JÚNIOR, natural de Guarapuava/PR, que desde 2009 está afastado das funções por decisão unânime (15 x 0 votos) do CNJ.
Mas essa terceira decepção não foi a últiam na minha curta carreira da magistratura.
O pior momento de minha carreira ocorreu no primeiro semestre de 2010, notadamente nos meses de maio e junho.
Na Vara Federal de Guarapuava tramitava um longo e velho Inquérito Policial, autuado sob o nº 2001.70.06.001482-4.
Coisa feia, pois envolvia atos de desvio de drogas e de cobrança de valores indevidos por aproximadamente nove Policiais Rodoviários Federais então lotados em Laranjeiras do Sul/PR, cidade que mais se parece com um "filme de faroeste", tamanho o número de ilegalidades que habitualmente ocorre naquele lugar (bom, todos os ex-prefeitos são réus em ações cívies e criminais nas Justiças Federal e Estadual, por exemplo).
Como ocorreu o golpe?
A única prova que poderia incriminar os Policiais Rodoviários Federais, em princípio, era a palavra dos narcotraficantes paraguaios e brasileiros. Por "incriminar" compreenda-se os crimes de tráfico transnacional de drogas, peculato, associação para o tráfico, peculato, lavagem de dinheiro, extorsão, tortura e por aí vai. O detalhe é que, em certo dia, no ano de 2000 ou de 2001 (eu ainda era um universitário), houve a apreensão de 58 peças de madeira nas quais a droga paraguaia (cocaína) estava oculta. Essas 58 peças de madeira foram tomadas do traficante OTOMAR CIVA pelo Policial Rodoviário Federal SILVINO JORGE MIGLIORINI e vieram a ser encondidas na casa de outro Policial Rodoviário Federal. Graças ao trabalho investigativo então realizado pelo Delegado de Polícia Civil Dr. BRADOCK (que veio a se eleger Deputado Estadual, tornando-se rival político do PRF MIGLIORINI, cujo filho foi preso em flagrante por extorsão no final de 2010), as peças foram recuperadas e depositadas na Delegacia de Polícia Civil de Lararanjeiras do Sul/PR.
Bom, é óbvio que a realização de exame pericial nas 58 peças de madeira poderia levar vários Policiais Federais para a cadeia, expulsando-os dos cargos em ações penais, em ações de improbidade administrativa e nos processos administrativos disciplinares instaurados pela Corregedoria da 7ª Superintendência da PRF no Estado do Paraná, então conduzida pelo brilhante e sério Inspetor CHEIM, que está lotado em Ponta Grossa/PR, atualmente.
Sabem o que houve?
AS 58 PEÇAS DE MADEIRA, que eram o corpo de delito para a investigação criminal a cargo da Delegacia de Polícia Federal de Guarapuava, simplesmente SUMIRAM!!!
Mas ninguém relatou isso. Muito pelo contrário, durante 10 ANOS, houve mais de 10 ofícios avisando que a madeira estava sob os cuidados da Vara Criminal da Comarca de Laranjeiras do Sul (onde começaram as investigações), apesar dos insistentes pedidos de remessa para exame pericial solicitados pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pela Justiça Federal de Guarapuava.
Bom, para encurtar a história, sabem o que aconteceu com os Policiais Rodoviários Federais acusados de desvio de conduta no exercício da função federal?
ABSOLUTAMENTE NADA, porque as 58 peças de madeira sumiram e porque, inexplicavelmente, o MM. Juiz de Direito da Comarca de Laranjeiras do Sul/PR, Dr. BERNARDO FAZOLO FERREIRA, prolatou sentença de extinção de punibilidade para os réus, e o Ministério Público do Paraná não apelou. Ou seja, uma sentença criminal nula favorecendo a defesa, já transitada em julgado, o que obsta a sua anulação/revisão pela Justiça Federal (não me perguntem por que o Juiz Estadual usurpou a competência da Justiça Federal, pois até hoje não tenho a menor ideia de como isso aconteceu).
Afinal de contas, o que aconteceu com os policiais corruptos? NADA.
O que aconteceu com os Juízes e Promotores Estaduais que usurparam a competência criminal da Justiça Federal? NADA.
O que houve com os Corregedores do TJ/PR e do TRF/4ª Região que, ao tomarem ciência de tão graves fatos, nenhuma providência adotaram para apurar o evidente crime de fraude processual qualificada? NADA.
Quem está sendo responsabilizado por tentar localizar o corpo de delito (as 58 peças de madeira apreendidas)? EU, que expedi uma ordem jurisdicional de busca e apreensão que incomodou os policiais e juízes estaduais de Laranjeiras do Sul, que contra mim ajuizaram reclamações disciplinares no CNJ e na Corregedoria do TRF/4ª Região.
Então, Excelentíssimas Autoridades, eu vos pergunto o que devo fazer, porque, para mim, há duas maneiras de um juiz se corromper:
a) vendendo suas decisões;
b) fingindo que não vê, não sabe e não tem ciência de graves irregularidades que acontecem às escâncaras em autos sob a sua presidência.
Portanto, eu valho-me da presente mensagem eletrônica para requerer:
1) à Excelentíssima Ministra ELIANA CALMON, Digníssima Corregedora Nacional de Justiça, que imediatamente avoque o Procedimento Administrativo nº 0000108-87.2010.404.8000 (também autuado sob o nº 10/0007215-8), em trâmite no TRF/4ª Região;
2) à Excelentíssima Ministra ELIANA CALMON, Digníssima Corregedora Nacional de Justiça, que imediatamente aprecie o inteiro teor da Representação Disciplinar nº 007849-04.2010.2.00.0000, que eu pessoalmente ajuizei às 11 horas do dia 06/12/2010 na sede da Corregedoria Nacional de Justiça, na presença do Exmo. Juiz Auxiliar Dr. NICOLAU LUPIANHES NETO, MM. Juiz de Direito no Estado de Minas Gerais, contra as seguintes pessoas: a) Sr. ROTILDO ARRUDA, Escrivão da Vara Criminal da Comarca de Laranjeiras do Sul/PR; b) Dr. BERNARDO FAZOLO FERREIRA, Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de Laranjeiras do Sul; c) Dra. MARCELA SIMONARD LOUREIRO, Juíza de Direito Diretora do Foro da Comarca de Laranjeiras do Sul; d) Dr. FERNANDO SWAIN GANEM, Juiz de Direito Presidente da Associação dos Magistrados do Paraná - AMAPAR; e) Dr. ROGÉRIO COELHO, Corregedor-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná; f) Dr. LUIZ CARLOS DE CASTRO LUGON, Corregedor-Regional da Justiça Federal da 4ª Região;
3) à Procuradoria-Geral da República, à Procuradoria-Regional da República na 4ª Região, à Procuradoria da República no Estado do Paraná e à Procuradoria da República no Município de Guarapuava que tomem ciência de todos os fatos ora noticiados e que acompanhem rigorosamente o desenrolar das investigações correicionais;
4) ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, à Seção da OAB no Estado do Paraná e à Subseção da OAB em Guarapuava que tomem ciência de todos os fatos ora noticiados e que acompanhem rigorosamente o desenrolar das investigações correicionais;
5) ao Presidente do TRF/1ª Região, que estou disposto a tomar posse como Juiz Federal Substituto na 15ª Vara Federal de Brasília/DF, para fugir desse lodo de corrupção que emerge da região de Laranjeiras do Sul/PR, mas que terei de declinar de tão honrosa oportunidade em respeito à opinião de minha esposa, cujos familiares estão todos sediados no Estado do Paraná;
6) ao Presidente e ao Vice-Presidente do TRF/4ª Região, que rapidamente levem a julgamento da Corte Especial Administrativa e/ou do Plenário Administrativo do TRF/4ª Região a representação contra mim formulada em JUNHO DE 2010, a fim de que eu possa exercer o direito ao contraditório e à ampla defesa, esclarecendo todos os pormenores do nebuloso IPL 2001.70.06.001482-4, que restou sepultado pela inconstitucional usurpação de competência federal pelos Juízes Estaduais do Paraná e pelo ilegal e não explicado desaparecimento do corpo de delito;
7) ao Corregedor-Regional da Justiça Federal da 4ª Região, que explique por que levou mais de 200 dias para cumprir a ordem do então Corregedor Nacional de Justiça, Exmo. Ministro GILSON DIPP, que determinara a CONCLUSÃO do procedimento disciplinar contra mim instaurado pela Associação dos Magistrados do Paraná _ AMAPAR e pela Corregedoria do nada prestigiado TJ/PR no prazo de 60 dias;
8) a qualquer de Vossas Excelências, que me digam os nomes dos Desembargadores Federais conhecidos por SUQUINHO, CHAZINHO e CAFEZINHO.
Peço deferimento. Requeiro a mais ampla, absoluta e irrestrita publicidade ao caso.
Se alguém me considera suspeito de alguma irregularidade, é só me avisar, que prontamente pedirei minha exonaração decepcionante cargo de Juiz Federal Substituto da 4ª Região.
Segue abaixo cópia do email que encaminhei em 01/12/2010 à douta Corregedoria Nacional de Justiça, no qual requeri a integral apuração dos fatos.
"O SOL É O MELHOR DESINFENTANTE. SEMPRE."
Atenciosa e respeitosamente,
MARCELO ANTONIO CESCA
Juiz Federal Substituto na titularidade plena da Vara Federal e JEF Criminal Adjunto de Guarapuava/PR
Matrícula funcional nº 2596.
quinta-feira, 10 de março de 2011
CRÔNICAS DA VIDA
VIVA A MORTE!
João Eichbaum
Todo mundo vive como se não fosse morrer. Todo o mundo trata a morte como uma coisa remota e sempre adiável. Cada qual aproveita a vida a seu modo. Muitos, para sobreviverem. Outros, para terem o mínimo de conforto necessário. Alguns, para viverem com folga. Um número reduzido, mas muito significativo, para amealhar riquezas ou poder, ou ambas as coisas.
É claro que o objetivo primeiro é viver. Sem vida, nada acontece: nem sofrimento, nem prazer. Então, depois da luta pela vida, vem o plano B, que consiste, para alguns, em se livrar do sofrimento e, para outros, em intensificar o prazer.
Mas ninguém pensa na morte. Ninguém, é modo de dizer. A maioria das pessoas não só não tem tempo, como não alimenta qualquer projeto que lhe obrigue meditar sobre a morte. Nem mesmo quando seu frio sinistro se apodera de um ente querido. Nesse momentos de intensa dor, nos ocupamos da vida, retroagimos ao curso da vida, à cata de expedientes que poderiam nos ter poupado daquele sofrimento, ou emprestado mais sentido à vida de quem nos deixou.
Só os religiosos, os padres, os pastores, essa categoria profissional que vive, basicamente, dos efeitos da morte, é que gosta de estragar o prazer da gente, falando da finitude corporal e acenando para uma beatitude eterna, ou para a cremação continuada, aquela que começa no crematório e segue, para sempre, no inferno.
Mas, há quem viva, e lucre, exclusivamente graças à morte. Há empresas, cuja matéria prima, digamos assim, é a morte. Há, sim, os cupinchas da morte.
Começa com o pobrezinho do agente funerário, aquele que ganha comissão, se conseguir clientes para funerárias. Depois a funerária, propriamente dita, a empresa que paga imposto, tem alvará, fornece empregos, etc, graças à morte.
Tem o marceneiro que faz o caixão, o floricultor que fornece flores, tanto para a vida como para a morte, o metalúrgico que fabrica os parafusos e os adereços de metal com que se ornamentam os caixões, o coveiro que abre o buraco na terra, o pedreiro, o talhador de mármore e granito, o artista que elabora caracteres, enfim, essa gente miúda, que não viveria sem a morte.
E existem, é claro, os grandes empreendimentos: os crematórios, os cemitérios particulares, as empresas gigantes que lucram exclusivamente com a morte e proporcionam aos seus dirigentes prazeres diametralmente opostos ao conceito de morte.
Enfim, a morte, que é o fato mais pertinente à condição humana, tem vários nichos no mercado. Mas, nem os que tiram proveito de seu triunfo lúgubre se entregam a meditações sobre ela. Pelo contrário, se comportam nos seus negócios e nas suas profissões, como se a dita, maldita, não lhes dissesse respeito. Ou seja, voltando à primeira frase: vivem, como se não fossem morrer.
Mas é isso, gente: temos que viver para a vida e não para a morte. Nenhum sentido teria a vida, se vivêssemos, exclusivamente, em função da morte, como querem as religiões, vivendo na pobreza material e moral, extirpando os prazeres, ignorando o instinto mais forte, o que nos mantém vivos, que é o instinto de sobrevivência, comum a qualquer animal.
Portanto, viva a morte, nosso maior estímulo para que possamos viver mais intensamente, antes que a maldita venha nos fisgar.
João Eichbaum
Todo mundo vive como se não fosse morrer. Todo o mundo trata a morte como uma coisa remota e sempre adiável. Cada qual aproveita a vida a seu modo. Muitos, para sobreviverem. Outros, para terem o mínimo de conforto necessário. Alguns, para viverem com folga. Um número reduzido, mas muito significativo, para amealhar riquezas ou poder, ou ambas as coisas.
É claro que o objetivo primeiro é viver. Sem vida, nada acontece: nem sofrimento, nem prazer. Então, depois da luta pela vida, vem o plano B, que consiste, para alguns, em se livrar do sofrimento e, para outros, em intensificar o prazer.
Mas ninguém pensa na morte. Ninguém, é modo de dizer. A maioria das pessoas não só não tem tempo, como não alimenta qualquer projeto que lhe obrigue meditar sobre a morte. Nem mesmo quando seu frio sinistro se apodera de um ente querido. Nesse momentos de intensa dor, nos ocupamos da vida, retroagimos ao curso da vida, à cata de expedientes que poderiam nos ter poupado daquele sofrimento, ou emprestado mais sentido à vida de quem nos deixou.
Só os religiosos, os padres, os pastores, essa categoria profissional que vive, basicamente, dos efeitos da morte, é que gosta de estragar o prazer da gente, falando da finitude corporal e acenando para uma beatitude eterna, ou para a cremação continuada, aquela que começa no crematório e segue, para sempre, no inferno.
Mas, há quem viva, e lucre, exclusivamente graças à morte. Há empresas, cuja matéria prima, digamos assim, é a morte. Há, sim, os cupinchas da morte.
Começa com o pobrezinho do agente funerário, aquele que ganha comissão, se conseguir clientes para funerárias. Depois a funerária, propriamente dita, a empresa que paga imposto, tem alvará, fornece empregos, etc, graças à morte.
Tem o marceneiro que faz o caixão, o floricultor que fornece flores, tanto para a vida como para a morte, o metalúrgico que fabrica os parafusos e os adereços de metal com que se ornamentam os caixões, o coveiro que abre o buraco na terra, o pedreiro, o talhador de mármore e granito, o artista que elabora caracteres, enfim, essa gente miúda, que não viveria sem a morte.
E existem, é claro, os grandes empreendimentos: os crematórios, os cemitérios particulares, as empresas gigantes que lucram exclusivamente com a morte e proporcionam aos seus dirigentes prazeres diametralmente opostos ao conceito de morte.
Enfim, a morte, que é o fato mais pertinente à condição humana, tem vários nichos no mercado. Mas, nem os que tiram proveito de seu triunfo lúgubre se entregam a meditações sobre ela. Pelo contrário, se comportam nos seus negócios e nas suas profissões, como se a dita, maldita, não lhes dissesse respeito. Ou seja, voltando à primeira frase: vivem, como se não fossem morrer.
Mas é isso, gente: temos que viver para a vida e não para a morte. Nenhum sentido teria a vida, se vivêssemos, exclusivamente, em função da morte, como querem as religiões, vivendo na pobreza material e moral, extirpando os prazeres, ignorando o instinto mais forte, o que nos mantém vivos, que é o instinto de sobrevivência, comum a qualquer animal.
Portanto, viva a morte, nosso maior estímulo para que possamos viver mais intensamente, antes que a maldita venha nos fisgar.
quarta-feira, 9 de março de 2011
CRÔNICAS DA VIDA
DUAS FACES DO CARNAVAL
João Eichbaum
A morte pegou carona num caminhão truck carregado de toras gigantescas de madeira e saiu estrada fora, às vésperas do carnaval.
Também, às vésperas do carnaval, um grupo de agricultores, alguns acompanhados da família, pegaram a estrada, tomados de alegria, para praticar um dos poucos prazeres que a vida, até então, lhes reservara: jogar bolão, festejar as vitórias, confraternizar-se com amigos, beber cerveja.
Numa curva da estrada foi que a morte resolveu se manifestar e mostrar porque havia pegado carona: por essas coisas que ninguém, certamente, vai explicar, o pesado veículo, transportando madeiras capotou e, impelido pelo peso, tomou a pista contrária, por onde trafegava o ônibus, transportando o grupo de agricultores do interior de Santo Cristo. O impacto foi inevitável, uma vez que a pista de rolamento estava sendo tomada inteiramente pela caminhão tombado e pelas toras de madeira que se despencavam sobre o alfalto.
Em conseqüência do choque morreram, ali mesmo, vinte e seis pessoas.
A notícia tomou conta de todas as manchetes do país, gerando uma consternação geral, despertando em todas as pessoas sensíveis uma comoção de perda.
Mas, para vender o produto do momento, a imprensa, principalmente a televisão, dividia o quadro horripilante de corpos mutilados, do desespero dos parentes das vítimas, dos sobreviventes, com as imagens de mulatas exibindo bumbuns, e das loiras deslumbrando o povão delirante nas passarelas de carnaval.
Dois contrastes que a ninguém podia passar despercebido. Duas faces da vida mostradas graças a esse período de um sentido ambíguo que ninguém sabe explicar, o carnaval.
O país inteiro pára, poucos trabalham, a maioria se embriaga, se desnuda, perde a vergonha, o senso do ridículo. Outros, como os agricultores do interior de Santo Cristo, aproveitam para diversões mais sadias.
Mas, em tudo, quer nas loucuras e no erotismo do carnaval, quer nos lazeres que dele diferem, a desgraça também está presente.
E não adiantam as hipócritas recomendações da lei e das autoridades de “se beber, não dirija”. Os agricultores, se é que beberam, não estavam dirigindo. O motorista de caminhão, que trazia a esposa em sua companhia, presumivelmente, não havia bebido. O mesmo se diga do motorista do ônibus.
Não adiantam admoestações, para evitar os acidentes de trânsito. A maior admoestação é a da morte estampada na imprensa. Se essa não servir como exemplo para reprimir excessos, tudo continuará como dantes, para cumprir a lei da natureza: o homem é o predador dele mesmo.
E o carnaval continuará exibindo suas duas faces: a do erotismo e a da morte. Tudo faz parte da vida. Sem vida, não há morte. Nem carnaval.
João Eichbaum
A morte pegou carona num caminhão truck carregado de toras gigantescas de madeira e saiu estrada fora, às vésperas do carnaval.
Também, às vésperas do carnaval, um grupo de agricultores, alguns acompanhados da família, pegaram a estrada, tomados de alegria, para praticar um dos poucos prazeres que a vida, até então, lhes reservara: jogar bolão, festejar as vitórias, confraternizar-se com amigos, beber cerveja.
Numa curva da estrada foi que a morte resolveu se manifestar e mostrar porque havia pegado carona: por essas coisas que ninguém, certamente, vai explicar, o pesado veículo, transportando madeiras capotou e, impelido pelo peso, tomou a pista contrária, por onde trafegava o ônibus, transportando o grupo de agricultores do interior de Santo Cristo. O impacto foi inevitável, uma vez que a pista de rolamento estava sendo tomada inteiramente pela caminhão tombado e pelas toras de madeira que se despencavam sobre o alfalto.
Em conseqüência do choque morreram, ali mesmo, vinte e seis pessoas.
A notícia tomou conta de todas as manchetes do país, gerando uma consternação geral, despertando em todas as pessoas sensíveis uma comoção de perda.
Mas, para vender o produto do momento, a imprensa, principalmente a televisão, dividia o quadro horripilante de corpos mutilados, do desespero dos parentes das vítimas, dos sobreviventes, com as imagens de mulatas exibindo bumbuns, e das loiras deslumbrando o povão delirante nas passarelas de carnaval.
Dois contrastes que a ninguém podia passar despercebido. Duas faces da vida mostradas graças a esse período de um sentido ambíguo que ninguém sabe explicar, o carnaval.
O país inteiro pára, poucos trabalham, a maioria se embriaga, se desnuda, perde a vergonha, o senso do ridículo. Outros, como os agricultores do interior de Santo Cristo, aproveitam para diversões mais sadias.
Mas, em tudo, quer nas loucuras e no erotismo do carnaval, quer nos lazeres que dele diferem, a desgraça também está presente.
E não adiantam as hipócritas recomendações da lei e das autoridades de “se beber, não dirija”. Os agricultores, se é que beberam, não estavam dirigindo. O motorista de caminhão, que trazia a esposa em sua companhia, presumivelmente, não havia bebido. O mesmo se diga do motorista do ônibus.
Não adiantam admoestações, para evitar os acidentes de trânsito. A maior admoestação é a da morte estampada na imprensa. Se essa não servir como exemplo para reprimir excessos, tudo continuará como dantes, para cumprir a lei da natureza: o homem é o predador dele mesmo.
E o carnaval continuará exibindo suas duas faces: a do erotismo e a da morte. Tudo faz parte da vida. Sem vida, não há morte. Nem carnaval.
segunda-feira, 7 de março de 2011
COM A PALAVRA, JANER CRISTALDO
ENTRE CEBETE E SÓCRATES
A geração anterior à minha está partindo. Há pouco se foram Jockymann e Scliar. Millôr está pela bola sete. Soube que está há cinco anos em cadeira de rodas, condição que não estimula viver.
Há uma fase em nossas vidas em que lemos as participações de nascimento para saber de nossos contemporâneos. Mais adiante surge a outra, em que lemos os necrológios para saber das novas. Os de minha geração estão chegando lá. Nos últimos quatro ou cinco anos, mais da metade de uma mesa de meu boteco partiu. Cirrose, câncer, coração. Há poucos meses, um de meus companheiros de bar me noticiou, assustado, a última partida.
- Estou ficando sozinho. Jesus está chamando.
São os sinais. Como dizia um dos profetas de A Vida de Brian, ao anunciar o apocalipse: “E chegarão os dias em que os homens não mais saberão onde puseram os pequenos objetos”. Este me parece ser o prelúdio do fim. Ainda não cheguei lá, mas estou atento aos sinais. Já me preocupei muito com a morte em meus dias de adolescente. Como esta senhora podia visitar-me amanhã, procurei viver intensamente cada dia. Não foi má idéia. Como a fulana não chegava, dela acabei me esquecendo. Mas sempre chega o dia em que dela voltamos a lembrar. Manifestei esta inquietação a uma amiga de minha idade Sua resposta:- Como acredito em vida posterior a morte, isto não me preocupa. O que me preocupa é o sofrimento.
Pode ser. Quem pratica a filosofia corretamente aprende a morrer e não teme a morte – diz Sócrates em Fédon. Eram dias em que filosofar era raciocinar com clareza para se chegar a alguma conclusão. Nada a ver com estes nossos dias, em que filosofar se resume a discutir qual será o objeto da filosofia. “Que não será senão a separação entre a alma e o corpo? – pergunta-se o ateniense -. Morrer, então, consistirá em apartar-se da alma o corpo, ficando este reduzido a si mesmo e, por outro lado, em libertar-se do corpo a alma e isolar-se em si mesma? Ou será a morte outra coisa?”
Ao que objeta Cebete, um de seus interlocutores: - Sócrates, dificilmente os homens poderão acreditar que a alma, uma vez separada do corpo, venha a subsistir em alguma parte, por destruir-se e desaparecer no mesmo dia em que o homem fenece. No próprio instante em que ele sai do corpo e dele sai, dispersa-se como sopro ou fumaça, evola-se, deixando, em conseqüência de existir em qualquer parte. Porque, se ela se recolhesse algures a si mesma, livre dos males que há pouco enumeraste, haveria grande e doce esperança de ser verdade, Sócrates, tudo o que disseste. Mas o fato é que se faz mister de não pequeno poder de persuasão e de muitos argumentos para demonstrar que a alma subsista depois.
A preocupação é antiga. Quatrocentos anos depois, Paulo irá jactar-se: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”. O fanático judeu sabe que sua pregação tem suas bases no absurdo: “Mas se não há ressurreição de mortos, também Cristo não foi ressuscitado. E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé”.
Para quem não acredita em ressurreição, toda fé é vã. Mas vida posterior à morte tem seus problemas. De minha parte, me recuso à serenidade de Sócrates e fico com as dúvidas de Cebete. Penso que outra vida não tem graça alguma. É de supor-se que iríamos sem o corpo pra lá, não? Afinal, apodreceu por aqui. Bom, e daí? Seríamos uma consciência pura vagando pelo espaço, uma espécie de fumacinha – como aventa Cebete – zanzando em meio ao nada, conversando com outras fumacinhas? Reencontraria eu lá os bares que tanto amei? Na hipótese de ir para o paraíso – porque também existe a outra hipótese – estariam lá me esperando o Le Procope, la Petite Périgourdine, o Rélais de l’Ódeon, el Oriente, Gijón, o Sobrino de Botín, o Sept Portes, Mi Burrito y Yo? A Tasca do Chico, o Berlenga, o Tavares, o João-do-Grão? El Greco ou Florian? Lá tem Leffe, Grimbergen, Guilness, Delirium Tremens? Kirschwasser, akvavit, metaxas, calvados? Terá Riojas, Neros d’Avola, Cahors, Malbecs ou Carménères? Camembert, foie gras, boudin, andouilletes? Cochinillos y corderos lechales?
Nunca ouvi falar de restaurantes, cervejarias ou vinícolas lá no além. Então não quero. Hemingway dizia que os americanos bons, quando morrem, vão para Paris. Muito melhor. Outra pergunta: reencontrarei meus amigos e minhas amadas nas paragens do além? Seria muito bom. Mas também os chatos que procuro evitar na vida terrena? Pois é de supor-se que chatos também tenham direito à vida eterna.Por outro lado, sem corpo não há prazeres. Não há sexo, não há palato, não há música nem odores.
Falar nisso, teria eu óperas ou música erudita? Ou o paraíso já estaria globalizado, contaminado pelo rock? A lembrança de um filme de 1966, Modesty Blaise, me aterroriza. Nele, Dirk Bogarde sofre uma tortura atroz. É amarrado entre estacas no deserto. Com um radinho de pilhas no ouvido, tocando música dos Beatles. Você imaginou isto para toda a eternidade? Prefiro as chamas do inferno, o choro e ranger de dentes.
Passo. Eternidade é um risco. Isso sem falar que deve ser um saco. Outra hipótese é a espírita. A gente reencarna aqui no planetinha mesmo. Mas... se eu reencarno com tudo, mas sem a memória da vida passada, de que adianta? É como se tivesse morrido. Pior ainda: e se eu reencarnasse como antropólogo, sociólogo, petista ou psicanalista? Seria uma nova vida, só que de vergonha e opróbrio.
Há uma terceira hipótese, a budista. Libertar-se do eu. Mas essa é inviável. Eu sou eu e nada mais, ora bolas! O que dá dramaticidade à vida é sua brevidade. Se temos a perspectiva de menos de século, temos de agir rápido. Imagine se alguém vivesse, não digo pela vida eterna, mas por mil anos? Vestibular? Vou deixar lá pros 200 anos. Profissão? Quem sabe aos 500. A História sofreria um retardo irremediável.
Volto a Sócrates: quem pratica a filosofia corretamente aprende a morrer e não teme a morte. Não sei ainda se aprendi a morrer. Veremos isto mais adiante. Mas desde há muito aceito tranqüilamente a idéia de morte. Sei que vou ficar triste por abandonar a festa. Certamente vou chorar. Como um dia chorei, ao partir de Madri.Ou, conforme as circunstâncias – nunca se sabe! – ficarei talvez alegre por abandonar o sofrimento.
Mas da vida eterna declino prazerosamente.
A geração anterior à minha está partindo. Há pouco se foram Jockymann e Scliar. Millôr está pela bola sete. Soube que está há cinco anos em cadeira de rodas, condição que não estimula viver.
Há uma fase em nossas vidas em que lemos as participações de nascimento para saber de nossos contemporâneos. Mais adiante surge a outra, em que lemos os necrológios para saber das novas. Os de minha geração estão chegando lá. Nos últimos quatro ou cinco anos, mais da metade de uma mesa de meu boteco partiu. Cirrose, câncer, coração. Há poucos meses, um de meus companheiros de bar me noticiou, assustado, a última partida.
- Estou ficando sozinho. Jesus está chamando.
São os sinais. Como dizia um dos profetas de A Vida de Brian, ao anunciar o apocalipse: “E chegarão os dias em que os homens não mais saberão onde puseram os pequenos objetos”. Este me parece ser o prelúdio do fim. Ainda não cheguei lá, mas estou atento aos sinais. Já me preocupei muito com a morte em meus dias de adolescente. Como esta senhora podia visitar-me amanhã, procurei viver intensamente cada dia. Não foi má idéia. Como a fulana não chegava, dela acabei me esquecendo. Mas sempre chega o dia em que dela voltamos a lembrar. Manifestei esta inquietação a uma amiga de minha idade Sua resposta:- Como acredito em vida posterior a morte, isto não me preocupa. O que me preocupa é o sofrimento.
Pode ser. Quem pratica a filosofia corretamente aprende a morrer e não teme a morte – diz Sócrates em Fédon. Eram dias em que filosofar era raciocinar com clareza para se chegar a alguma conclusão. Nada a ver com estes nossos dias, em que filosofar se resume a discutir qual será o objeto da filosofia. “Que não será senão a separação entre a alma e o corpo? – pergunta-se o ateniense -. Morrer, então, consistirá em apartar-se da alma o corpo, ficando este reduzido a si mesmo e, por outro lado, em libertar-se do corpo a alma e isolar-se em si mesma? Ou será a morte outra coisa?”
Ao que objeta Cebete, um de seus interlocutores: - Sócrates, dificilmente os homens poderão acreditar que a alma, uma vez separada do corpo, venha a subsistir em alguma parte, por destruir-se e desaparecer no mesmo dia em que o homem fenece. No próprio instante em que ele sai do corpo e dele sai, dispersa-se como sopro ou fumaça, evola-se, deixando, em conseqüência de existir em qualquer parte. Porque, se ela se recolhesse algures a si mesma, livre dos males que há pouco enumeraste, haveria grande e doce esperança de ser verdade, Sócrates, tudo o que disseste. Mas o fato é que se faz mister de não pequeno poder de persuasão e de muitos argumentos para demonstrar que a alma subsista depois.
A preocupação é antiga. Quatrocentos anos depois, Paulo irá jactar-se: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”. O fanático judeu sabe que sua pregação tem suas bases no absurdo: “Mas se não há ressurreição de mortos, também Cristo não foi ressuscitado. E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé”.
Para quem não acredita em ressurreição, toda fé é vã. Mas vida posterior à morte tem seus problemas. De minha parte, me recuso à serenidade de Sócrates e fico com as dúvidas de Cebete. Penso que outra vida não tem graça alguma. É de supor-se que iríamos sem o corpo pra lá, não? Afinal, apodreceu por aqui. Bom, e daí? Seríamos uma consciência pura vagando pelo espaço, uma espécie de fumacinha – como aventa Cebete – zanzando em meio ao nada, conversando com outras fumacinhas? Reencontraria eu lá os bares que tanto amei? Na hipótese de ir para o paraíso – porque também existe a outra hipótese – estariam lá me esperando o Le Procope, la Petite Périgourdine, o Rélais de l’Ódeon, el Oriente, Gijón, o Sobrino de Botín, o Sept Portes, Mi Burrito y Yo? A Tasca do Chico, o Berlenga, o Tavares, o João-do-Grão? El Greco ou Florian? Lá tem Leffe, Grimbergen, Guilness, Delirium Tremens? Kirschwasser, akvavit, metaxas, calvados? Terá Riojas, Neros d’Avola, Cahors, Malbecs ou Carménères? Camembert, foie gras, boudin, andouilletes? Cochinillos y corderos lechales?
Nunca ouvi falar de restaurantes, cervejarias ou vinícolas lá no além. Então não quero. Hemingway dizia que os americanos bons, quando morrem, vão para Paris. Muito melhor. Outra pergunta: reencontrarei meus amigos e minhas amadas nas paragens do além? Seria muito bom. Mas também os chatos que procuro evitar na vida terrena? Pois é de supor-se que chatos também tenham direito à vida eterna.Por outro lado, sem corpo não há prazeres. Não há sexo, não há palato, não há música nem odores.
Falar nisso, teria eu óperas ou música erudita? Ou o paraíso já estaria globalizado, contaminado pelo rock? A lembrança de um filme de 1966, Modesty Blaise, me aterroriza. Nele, Dirk Bogarde sofre uma tortura atroz. É amarrado entre estacas no deserto. Com um radinho de pilhas no ouvido, tocando música dos Beatles. Você imaginou isto para toda a eternidade? Prefiro as chamas do inferno, o choro e ranger de dentes.
Passo. Eternidade é um risco. Isso sem falar que deve ser um saco. Outra hipótese é a espírita. A gente reencarna aqui no planetinha mesmo. Mas... se eu reencarno com tudo, mas sem a memória da vida passada, de que adianta? É como se tivesse morrido. Pior ainda: e se eu reencarnasse como antropólogo, sociólogo, petista ou psicanalista? Seria uma nova vida, só que de vergonha e opróbrio.
Há uma terceira hipótese, a budista. Libertar-se do eu. Mas essa é inviável. Eu sou eu e nada mais, ora bolas! O que dá dramaticidade à vida é sua brevidade. Se temos a perspectiva de menos de século, temos de agir rápido. Imagine se alguém vivesse, não digo pela vida eterna, mas por mil anos? Vestibular? Vou deixar lá pros 200 anos. Profissão? Quem sabe aos 500. A História sofreria um retardo irremediável.
Volto a Sócrates: quem pratica a filosofia corretamente aprende a morrer e não teme a morte. Não sei ainda se aprendi a morrer. Veremos isto mais adiante. Mas desde há muito aceito tranqüilamente a idéia de morte. Sei que vou ficar triste por abandonar a festa. Certamente vou chorar. Como um dia chorei, ao partir de Madri.Ou, conforme as circunstâncias – nunca se sabe! – ficarei talvez alegre por abandonar o sofrimento.
Mas da vida eterna declino prazerosamente.
sexta-feira, 4 de março de 2011
COM A PALAVRA, JANER CRISTALDO
RELIGIÕES e CHOCOLATES
Ateu, sou um estudioso de religiões. Penso que jamais entenderemos o mundo se não entendermos as religiões. Os homens morrem e têm medo da morte. Apelam então a ilusões para combater a intempérie metafísica. Karen Armstrong é minha historiadora das religiões predileta. Conhece os textos religiosos como poucos. Muito aprendi com ela, tanto em Uma História de Deus como em A Bíblia.
Comecei há pouco a leitura de Em Defesa de Deus. (Voltarei ao livro, quando chegar ao ponto final).Já na introdução, a autora escreve: "não praticamos e, por isso, perdemos a aptidão para a religião". Como a natação, religião exigiria um aprendizado e uma prática.
Ora, não vejo a coisa por esse lado. Assumir uma religião implica crer em um deus. Existe ou não existe? Se não existe, de nada adianta nadar. A proximidade da morte mexe com os mortais. É espantoso ver como pessoas inteligentes apelam a acrobacias intelectuais para partir numa boa. Minha concepção de religião coincide com a de Fernando Pessoa, em "A Tabacaria":Come chocolates, pequena;Come chocolates!Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.Come, pequena suja, come!Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.Sou um estudioso de chocolates, portanto. Penso que o estudo desta peculiar chocolataria - ou chocolatria, como quisermos - deve interessar a todo homem culto.
Leio na Folha de São Paulo que 98 mil colégios no Brasil, públicos ou privados, oferecem esta disciplina, segundo censo da educação básica do MEC. "O que são as histórias da Bíblia? Fábulas, contos de fadas?", pergunta uma professora do 3º ano do ensino fundamental. "Não", respondem os alunos. "São reais!"Aqui começa a enganação. Só crianças, em sua insciência, conseguem engolir potocas, tipo o mito da criação do universo em sete dias, do pecado, Eva e a maçã, dilúvio universal, Moisés dividindo as águas do mar, Josué parando o sol, sem que a terra desse sequer um solavanco.
Segundo Armstrong, na maioria das culturas pré-modernas havia duas formas de pensar, falar e adquirir conhecimento. Os gregos as chamavam de mythos e logos. Ambas eram essenciais e não se considerava uma superior à outra; elas não conflitavam, mas se complementavam.Segundo a teóloga, o mito nunca pretendia ser o relato preciso de um acontecimento histórico. Era algo que, de algum modo, aconteceu. Mas acontece o tempo todo. “No entanto, para o mito ser eficaz, não bastava que se acreditasse nele. O mito era, essencialmente, um plano de ação. Podia colocar o indivíduo na postura espiritual ou psicológica correta, porém cabia a ele dar o passo seguinte e fazer da ‘verdade’ do mito uma realidade em sua vida”.Armstrong, ex-freira, recidivou. Considera o mythos tão importante quanto o logos. Ora, mythos é a mentira institucionalizada. Aqui começa o problema do ensino de religiões nas escolas.
Segundo a Folha, o fundamento deste ensino está na Constituição, que determina que a disciplina deve ser oferecida no horário normal da rede pública, embora seja opcional aos estudantes. Escolas particulares não precisam oferecê-la, mas, se assim decidirem, podem obrigar os alunos a assistirem às aulas. No entanto, a lei proíbe que seja feita propaganda religiosa e as queixas devem ser feitas aos conselhos de educação.Sempre defendi o ensino de história das religiões na escola. Mas atenção: de história das religiões e não de religião. Quem impedirá, no entanto, um papista de ensinar o mythos e não o logos? Para ensinar religião, geralmente são chamados os padres católicos e estes, é claro, puxam brasa para seus assados.
O professor mais adequado para falar de religiões seria, a meu ver, um ateu. Que expusesse com isenção as diferentes doutrinas e deixasse aos alunos o direito de optar por uma delas. Ou por nenhuma.Um rabino diria: Deus é um só e fim de papo. Já o papista ajuntaria: Deus são três em um só, Cristo é o filho mas também o pai, isso sem falar no Espírito Santo. Ao impor a Igreja de Roma o dogma da Trindade, Constantino criou um problema póstumo para a Maria. Mãe de deus ou mãe de Jesus? Mãe de Jesus, disseram alguns. Mas Jesus é Deus. Então mãe de Deus. Mas Deus, o velho Jeová, precede Maria. Como pode ser a filha mãe do pai?
É o velho problema da Teotokos – mãe de Deus – que tanto perturbou os teólogos do medievo.
Mas divago. Falava do ensino religioso. Leio na Folha que em 1997, meses antes da visita do papa João Paulo II ao Brasil, o governo federal retirou da lei dispositivo que proibia o Estado de gastar dinheiro público com o ensino religioso. Em 2008, nova polêmica surgiu quando o Brasil assinou com o Vaticano acordo que previa que "o ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental".A controvérsia teria sido a menção explícita ao catolicismo, vista por alguns como privilégio a uma única religião. Em verdade, quem domina o ensino religioso no Brasil é a Igreja de Roma. Que não vai admitir de bom grado que se ensine nas escolas outros mitos que não os seus. Sem falar que, fosse esta idéia aceita, o cerebrinho dos adolescentes viraria geléia. Imagine um aluno tendo de ouvir pregações de católicos, evangélicos, protestantes, espíritas ou umbandistas.Ou talvez não.
A existência de tantos deuses é a prova cabal de que nenhum existe.
Ateu, sou um estudioso de religiões. Penso que jamais entenderemos o mundo se não entendermos as religiões. Os homens morrem e têm medo da morte. Apelam então a ilusões para combater a intempérie metafísica. Karen Armstrong é minha historiadora das religiões predileta. Conhece os textos religiosos como poucos. Muito aprendi com ela, tanto em Uma História de Deus como em A Bíblia.
Comecei há pouco a leitura de Em Defesa de Deus. (Voltarei ao livro, quando chegar ao ponto final).Já na introdução, a autora escreve: "não praticamos e, por isso, perdemos a aptidão para a religião". Como a natação, religião exigiria um aprendizado e uma prática.
Ora, não vejo a coisa por esse lado. Assumir uma religião implica crer em um deus. Existe ou não existe? Se não existe, de nada adianta nadar. A proximidade da morte mexe com os mortais. É espantoso ver como pessoas inteligentes apelam a acrobacias intelectuais para partir numa boa. Minha concepção de religião coincide com a de Fernando Pessoa, em "A Tabacaria":Come chocolates, pequena;Come chocolates!Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.Come, pequena suja, come!Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.Sou um estudioso de chocolates, portanto. Penso que o estudo desta peculiar chocolataria - ou chocolatria, como quisermos - deve interessar a todo homem culto.
Leio na Folha de São Paulo que 98 mil colégios no Brasil, públicos ou privados, oferecem esta disciplina, segundo censo da educação básica do MEC. "O que são as histórias da Bíblia? Fábulas, contos de fadas?", pergunta uma professora do 3º ano do ensino fundamental. "Não", respondem os alunos. "São reais!"Aqui começa a enganação. Só crianças, em sua insciência, conseguem engolir potocas, tipo o mito da criação do universo em sete dias, do pecado, Eva e a maçã, dilúvio universal, Moisés dividindo as águas do mar, Josué parando o sol, sem que a terra desse sequer um solavanco.
Segundo Armstrong, na maioria das culturas pré-modernas havia duas formas de pensar, falar e adquirir conhecimento. Os gregos as chamavam de mythos e logos. Ambas eram essenciais e não se considerava uma superior à outra; elas não conflitavam, mas se complementavam.Segundo a teóloga, o mito nunca pretendia ser o relato preciso de um acontecimento histórico. Era algo que, de algum modo, aconteceu. Mas acontece o tempo todo. “No entanto, para o mito ser eficaz, não bastava que se acreditasse nele. O mito era, essencialmente, um plano de ação. Podia colocar o indivíduo na postura espiritual ou psicológica correta, porém cabia a ele dar o passo seguinte e fazer da ‘verdade’ do mito uma realidade em sua vida”.Armstrong, ex-freira, recidivou. Considera o mythos tão importante quanto o logos. Ora, mythos é a mentira institucionalizada. Aqui começa o problema do ensino de religiões nas escolas.
Segundo a Folha, o fundamento deste ensino está na Constituição, que determina que a disciplina deve ser oferecida no horário normal da rede pública, embora seja opcional aos estudantes. Escolas particulares não precisam oferecê-la, mas, se assim decidirem, podem obrigar os alunos a assistirem às aulas. No entanto, a lei proíbe que seja feita propaganda religiosa e as queixas devem ser feitas aos conselhos de educação.Sempre defendi o ensino de história das religiões na escola. Mas atenção: de história das religiões e não de religião. Quem impedirá, no entanto, um papista de ensinar o mythos e não o logos? Para ensinar religião, geralmente são chamados os padres católicos e estes, é claro, puxam brasa para seus assados.
O professor mais adequado para falar de religiões seria, a meu ver, um ateu. Que expusesse com isenção as diferentes doutrinas e deixasse aos alunos o direito de optar por uma delas. Ou por nenhuma.Um rabino diria: Deus é um só e fim de papo. Já o papista ajuntaria: Deus são três em um só, Cristo é o filho mas também o pai, isso sem falar no Espírito Santo. Ao impor a Igreja de Roma o dogma da Trindade, Constantino criou um problema póstumo para a Maria. Mãe de deus ou mãe de Jesus? Mãe de Jesus, disseram alguns. Mas Jesus é Deus. Então mãe de Deus. Mas Deus, o velho Jeová, precede Maria. Como pode ser a filha mãe do pai?
É o velho problema da Teotokos – mãe de Deus – que tanto perturbou os teólogos do medievo.
Mas divago. Falava do ensino religioso. Leio na Folha que em 1997, meses antes da visita do papa João Paulo II ao Brasil, o governo federal retirou da lei dispositivo que proibia o Estado de gastar dinheiro público com o ensino religioso. Em 2008, nova polêmica surgiu quando o Brasil assinou com o Vaticano acordo que previa que "o ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental".A controvérsia teria sido a menção explícita ao catolicismo, vista por alguns como privilégio a uma única religião. Em verdade, quem domina o ensino religioso no Brasil é a Igreja de Roma. Que não vai admitir de bom grado que se ensine nas escolas outros mitos que não os seus. Sem falar que, fosse esta idéia aceita, o cerebrinho dos adolescentes viraria geléia. Imagine um aluno tendo de ouvir pregações de católicos, evangélicos, protestantes, espíritas ou umbandistas.Ou talvez não.
A existência de tantos deuses é a prova cabal de que nenhum existe.
quinta-feira, 3 de março de 2011
COM A PALAVRA, JANER CRISTALDO
STJ É CONIVENTE COM A IMORALIDADE DOS AMIGOS DO REI
Só na cidade de São Paulo são assassinadas, a cada fim-de-semana, algo em torno de cinqüenta pessoas. Estas estatísticas são de 1996 e anos seguintes, quando começou a ser divulgada nos jornais a cifra de mortes. Todas as terças-feiras, o Estadão publicava a monótona listagem de assassinatos. Às vezes, sessenta. Nunca menos de quarenta. A meia centena de assassinatos dos fins-de-semana tornou-se parte da rotina urbana, algo tão previsível como a meteorologia ou engarrafamentos. A vida não vale muito abaixo do Equador. Vivêssemos em geografias como Israel ou os Balcãs, por muito menos cadáveres teríamos as atenções dos poderosos do mundo.
De repente, não mais que de repente, os jornais deixaram de noticiar estes dados. É de supor-se que não por falta de vontade editorial, mas por omissão de dados por parte das autoridades. É também de supor-se que, de lá para cá, os assassinatos não tenham diminuído. A novidade é que deles não temos mais conhecimento. Não imagine o leitor que vivo entre cadáveres. Os assassinatos ocorrem geralmente na periferia.
Em meu bairro, só tenho notícia do fuzilamento de um rabino, em frente a uma sinagoga, em razão de um assalto.Na época, tentou-se criar uma guarda particular armada, muitos condomínios chegaram a depositar uma determinada quantia para a organização desta polícia. Foi quando intervieram os famosos defensores dos direitos humanos: não pode. Um bairro não pode ter uma polícia particular armada. E a idéia foi pro brejo.
Leio na Folha de São Paulo que o governador Geraldo Alckmin demitiu ontem o sociólogo Túlio Kahn da chefia da CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento), órgão da Secretaria da Segurança que concentra as estatísticas criminais. O anúncio foi feito após o jornal revelar que Kahn é, desde 2005, sócio-diretor da Angra Consultoria, empresa que vende serviços de consultoria e disponibiliza dados que a própria secretaria considera sigilosos.
Quais são estes dados sigilosos? Entre eles estão informações como furtos a transeuntes na região metropolitana de Campinas e os bens que costumam ser roubados nos assaltos a condomínios na cidade de São Paulo, como também as ruas mais visadas por assaltantes ou as que concentram os furtos de veículos.
A Secretaria de Segurança nega esses dados sob a alegação de que a divulgação poderia provocar pânico entre os moradores na área.Que um funcionário seja demitido por vender informações do Estado, entende-se. Acontece que estas informações deveriam ser de conhecimento público. O PSDB, no fundo, está seguindo a política defendida pelo ex-ministro da Fazenda Rubens Ricúpero, que afirmou inadvertidamente, durante uma entrevista televisiva: “Eu não tenho escrúpulos: o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".
Para não perder dividendos eleitorais, o governo do Estado esconde da população dados fundamentais para a sua segurança. Os jornais pedem estas informações e as autoridades as negam. Alckmin disse que o governo estuda a liberação desses dados. Ora, não tem nada que estudar. Tem é de liberar. Outra alegação é que a divulgação poderia provocar a desvalorização de imóveis. Que provoque. Todo cidadão tem o direito de saber se o bairro em que pretende morar é perigoso ou não.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) é conivente com esta política de avestruz do governador tucano. Em decisão liminar, negou à Folha acesso à lista com os nomes dos beneficiados por concessão de passaportes diplomáticos em caráter excepcional de 2006 a 2010. Entre os quais, como já se tornou público, estão oito filhotes de Lula, o impoluto. Segundo o ministro que analisou o mandado de segurança do jornal, Hamilton Carvalhido, não há prejuízo caso a medida seja concedida somente no final da análise da ação, "já que a informação poderá ser veiculada na imprensa a qualquer tempo, com a mesma atualidade".
Ora, se a informação pode ser veiculada a qualquer tempo, por que não agora?No período de 2006 a 2010, 328 passaportes diplomáticos foram concedidos sob a alegação de "interesse do país". O Itamaraty não divulgou o nome dos beneficiados.
O Ministério Público Federal e a OAB também pediram a lista ao governo. Nada feito. O jornal irá recorrer.Ou seja, o país tem 328 cidadãos de primeira classe que se situam acima dos demais mortais. Não enfrentam filas em aeroportos, não precisam de visto para países que exigem visto, não têm suas bagagens revistadas na Alfândega. Isto é, podem contrabandear à vontade. Entre elas, ministros de igrejas caça-níqueis, filhos e mulheres de políticos, em suma, os amigos do rei.
A suprema corte do país esconde dados a respeito da imoralidade dos filhos do presidente. Precaução inútil, já que são conhecidos. Mas também sobre os demais privilegiados, que se pretendem acima dos demais cidadãos. O governo do Estado de São Paulo esconde dados vitais para a segurança dos paulistas.
Em que difere o Brasil daquelas republiquetas árabes cujos governos estão sendo derrubados?
Difere em algo: os brasileiros aceitam pacatamente a corrupção.
Os árabes estão demonstrando mais dignidade.
Só na cidade de São Paulo são assassinadas, a cada fim-de-semana, algo em torno de cinqüenta pessoas. Estas estatísticas são de 1996 e anos seguintes, quando começou a ser divulgada nos jornais a cifra de mortes. Todas as terças-feiras, o Estadão publicava a monótona listagem de assassinatos. Às vezes, sessenta. Nunca menos de quarenta. A meia centena de assassinatos dos fins-de-semana tornou-se parte da rotina urbana, algo tão previsível como a meteorologia ou engarrafamentos. A vida não vale muito abaixo do Equador. Vivêssemos em geografias como Israel ou os Balcãs, por muito menos cadáveres teríamos as atenções dos poderosos do mundo.
De repente, não mais que de repente, os jornais deixaram de noticiar estes dados. É de supor-se que não por falta de vontade editorial, mas por omissão de dados por parte das autoridades. É também de supor-se que, de lá para cá, os assassinatos não tenham diminuído. A novidade é que deles não temos mais conhecimento. Não imagine o leitor que vivo entre cadáveres. Os assassinatos ocorrem geralmente na periferia.
Em meu bairro, só tenho notícia do fuzilamento de um rabino, em frente a uma sinagoga, em razão de um assalto.Na época, tentou-se criar uma guarda particular armada, muitos condomínios chegaram a depositar uma determinada quantia para a organização desta polícia. Foi quando intervieram os famosos defensores dos direitos humanos: não pode. Um bairro não pode ter uma polícia particular armada. E a idéia foi pro brejo.
Leio na Folha de São Paulo que o governador Geraldo Alckmin demitiu ontem o sociólogo Túlio Kahn da chefia da CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento), órgão da Secretaria da Segurança que concentra as estatísticas criminais. O anúncio foi feito após o jornal revelar que Kahn é, desde 2005, sócio-diretor da Angra Consultoria, empresa que vende serviços de consultoria e disponibiliza dados que a própria secretaria considera sigilosos.
Quais são estes dados sigilosos? Entre eles estão informações como furtos a transeuntes na região metropolitana de Campinas e os bens que costumam ser roubados nos assaltos a condomínios na cidade de São Paulo, como também as ruas mais visadas por assaltantes ou as que concentram os furtos de veículos.
A Secretaria de Segurança nega esses dados sob a alegação de que a divulgação poderia provocar pânico entre os moradores na área.Que um funcionário seja demitido por vender informações do Estado, entende-se. Acontece que estas informações deveriam ser de conhecimento público. O PSDB, no fundo, está seguindo a política defendida pelo ex-ministro da Fazenda Rubens Ricúpero, que afirmou inadvertidamente, durante uma entrevista televisiva: “Eu não tenho escrúpulos: o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".
Para não perder dividendos eleitorais, o governo do Estado esconde da população dados fundamentais para a sua segurança. Os jornais pedem estas informações e as autoridades as negam. Alckmin disse que o governo estuda a liberação desses dados. Ora, não tem nada que estudar. Tem é de liberar. Outra alegação é que a divulgação poderia provocar a desvalorização de imóveis. Que provoque. Todo cidadão tem o direito de saber se o bairro em que pretende morar é perigoso ou não.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) é conivente com esta política de avestruz do governador tucano. Em decisão liminar, negou à Folha acesso à lista com os nomes dos beneficiados por concessão de passaportes diplomáticos em caráter excepcional de 2006 a 2010. Entre os quais, como já se tornou público, estão oito filhotes de Lula, o impoluto. Segundo o ministro que analisou o mandado de segurança do jornal, Hamilton Carvalhido, não há prejuízo caso a medida seja concedida somente no final da análise da ação, "já que a informação poderá ser veiculada na imprensa a qualquer tempo, com a mesma atualidade".
Ora, se a informação pode ser veiculada a qualquer tempo, por que não agora?No período de 2006 a 2010, 328 passaportes diplomáticos foram concedidos sob a alegação de "interesse do país". O Itamaraty não divulgou o nome dos beneficiados.
O Ministério Público Federal e a OAB também pediram a lista ao governo. Nada feito. O jornal irá recorrer.Ou seja, o país tem 328 cidadãos de primeira classe que se situam acima dos demais mortais. Não enfrentam filas em aeroportos, não precisam de visto para países que exigem visto, não têm suas bagagens revistadas na Alfândega. Isto é, podem contrabandear à vontade. Entre elas, ministros de igrejas caça-níqueis, filhos e mulheres de políticos, em suma, os amigos do rei.
A suprema corte do país esconde dados a respeito da imoralidade dos filhos do presidente. Precaução inútil, já que são conhecidos. Mas também sobre os demais privilegiados, que se pretendem acima dos demais cidadãos. O governo do Estado de São Paulo esconde dados vitais para a segurança dos paulistas.
Em que difere o Brasil daquelas republiquetas árabes cujos governos estão sendo derrubados?
Difere em algo: os brasileiros aceitam pacatamente a corrupção.
Os árabes estão demonstrando mais dignidade.
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