quarta-feira, 10 de julho de 2013

DESFAÇATEZ OFICIAL


João Eichbaum
joaoeichbaum@gmail.com



Enquanto os brasileiros estão às voltas com seus dias ruins e vão para as ruas pedir honestidade e consciência dos políticos, Renan Calheiros, presidente do Senado, e Henrique Alves, presidente da Câmara, saem a se divertir com dinheiro público. Um, requisita avião da FAB para ir a um casório na Bahia. O outro faz o mesmo, usando aeronave da Força Aérea, para levar a “noiva”, um filho, e uma chusma de parentes, de Natal ao Rio de Janeiro, para curtir futebol no Maracanã. Todo mundo viajou de graça como recém-nascido, pendurando sua festa na conta de quem não viajou.
Descobertos, Renan primeiro se negou a indenizar os cofres públicos, sob o argumento maroto de que é "chefe de poder". Depois, sob pressão, voltou atrás. Alves acreditou na imbecilidade dos brasileiros, desembolsando dez mil reais.
Inescrupulosos ou paranóicos? Desonestos ou simplesmente com um parafuso a menos?
Vá lá, que o poder embriague. Mas não dava para ficar só na fase do macaco, fazendo murisquetas para o povinho eleitor e otário? Ou agir como a Dilma que, na frente das câmeras, balança como roupa no varal em dia de vento norte, mas no Planalto se entrega à fase do leão e fica trincando os dentes e soltando rugidos capazes de prevalecer contra as portas do inferno, para tornar mais evidente sua autoridade? Não. Calheiros e Alves foram até a fase do porco, a fase que dá nojo, a fase que provoca engulhos, bota porcaria por cima e por baixo e rebaixa o bípede falante.
Quem são os padrinhos da sacanagem? Quem é que bota no parlamento esse tipo de gente? Analfabetos, certamente, são muitos de seus eleitores. Estacionados no seu vocabulário de infância, presos no calabouço da ignorância, eles ficam a dever, quando a verdade sobre seus eleitos é dita com argumentos mais refinados. Então tudo o que se diz por aí, em jornais, revistas ou noticiários de rádio e televisão sobre o Renan Calheiros e Henrique Alves, há de lhes soar como elogios aos presidentes do Senado e da Câmara. Afinal, esses eleitores os têm na conta de pessoas muito melhores do que eles mesmos, porque sabem ler e escrever, são chamados de doutor, têm muito dinheiro e estão em Brasília, mandando no país. Em troca do primeiro voto, provavelmente terão recebido algum benefício. Por isso, preferem não trocar o certo pelo duvidoso. Na outra faixa de eleitores dessa dupla estão os analfabetos funcionais, que sabem ler e escrever, porque frequentaram escola, mas não têm raciocínio em nível que lhes permita um juízo crítico, imparcial, distante de sua pequenez intelectual. São incapazes de separar o ridículo do sublime, o grandioso do insignificante, o bem coletivo do proveito particular. Intelectualmente fracos, não conseguem fugir do pensamento dominante da massa que, paradoxalmente, não pensa, e é dominada por meia dúzia que timoneia a manada.
A terceira categoria dos eleitores dessas duas figurinhas é a dos interesseiros., dos  que tiram proveito do inescrupuloso mandato dos dois nordestinos. Naturalmente têm certo grau de instrução, e discernimento suficiente para colher benefícios à sombra da imoralidade.
Só ao patrocínio corrupto e à força maior da ignorância se pode creditar a presença desses tipos no Congresso. O eleitor imbuído de consciência cívica jamais irá depositar seu voto em favor daqueles que só têm intimidade com o esplendor das mamatas.




terça-feira, 9 de julho de 2013

OS APROVEITADORES


João Eichbaum


O que não me agradou nessa onda toda de manifestações populares, comemorando um suposto despertar do gigante que era para estar deitado eternamente num berço esplêndido, foi a adesão de gente  não  convidada, porque sempre esteve noutro banquete, o banquete promovido pelo poder, que empanturra os aproveitadores do nosso dinheiro.
No meio do povo vi bandeiras da CUT, de vários sindicatos, do PSOL, do PSTU, enfim dessa gente que sempre esteve na esquerda raivosa e que só sabe promover confusão.
Os sindicatos, todo mundo sabe, não são senão meia dúzia de aproveitadores, que se servem da contribuição sindical para viver com mordomias, ao invés de estar trabalhando nas fábricas, ou prestando serviços, ou catando minhoca no asfalto. E sempre estiveram do lado do PT.
Da CUT, outra invenção de preguiçosos, nem é preciso dizer mais nada. PSOL e PSTU são alguns dos muitos braços do PT.
Ah, e tem mais. Esse tal de “movimento do passe livre” é formado também por gente ligada à esquerda e, consequentemente, ao governo do PT e tenho por mim que são cobra mandada.
E para completar, atendendo às “reivindicações” da massa, aparece o Tarso Genro, o incompetente governador, a encarnação mais pura da demagogia, decretando o “passe livre” do transporte estudantil.
Ora, ora, assim não dá. Com gente desse tipo me apoiando, não vou participar de passeatas. Essas passeatas pacíficas pra mim são a mesma coisa que procissão, só falta pegar o rosário e sair dizendo amén. Prefiro me unir aos vândalos. Esses, pelo menos, são autênticos, não são mentirosos como os sindicalistas e os políticos. Não são empulhadores como o Tarso, que pousa de democrata, mas idolatra Fidel Castro, Che Guevara e outros paranóicos da esquerda.
E se eu for preso pela polícia truculenta do Tarso, no meio dos vândalos?
Ah, não sei. Mas vou perguntar no  Posto Ypiranga !


segunda-feira, 8 de julho de 2013

A  HISTÓRIA PEGOU FOGO

João Eichbaum

O mercado público de Porto Alegre é uma jóia arquitetônica, plantada no centro da cidade, testemunhando fisicamente a história. Foi erguido na época em que predominava o conceito português de arquitetura,  nessa cidade colonizada por açorianos.
Banhada pelo Guaíba, como Lisboa é banhada pelo Tejo, Porto Alegre lembra muito a capital portuguesa, principalmente pelo majestoso prédio do mercado público, que, durante muito tempo, teve, ao seu redor, várias casas e sobrados construídos ao estilo português. O conjunto, naquela área central do Porto Alegre, se parece bastante com o Rocio.
Não há quem não goste do mercado público. Principalmente as pessoas que gostam de comprar, respirando o ar natural, sem se sentirem presas, como se sentem nas construções modernas dos “shoppings”, onde tudo é artificial.
Tomar chope no mercado, bem arejado, sem ar condicionado, não é a mesma coisa que tomar chope no “shopping”, onde a temperatura nunca combina com a deliciosa bebida inventada pelos monges.
Levei um choque ao saber do incêndio no mercado. A primeira preocupação que tive foi com o Gambrinus, o bar dos poetas, dos jornalistas, dos escritores, dos músicos e, naturalmente, dos boêmios. Senti um talo na garganta, aquela mesma sensação que todo mundo tem, quando recebe uma notícia fúnebre.
Não consigo me imaginar sem o Gambrinus. É para lá que me dirijo quando não quero ficar sóbrio, seja em tempos sombrios de crise, seja em tempos de tresloucada alegria. É lá que contemplo a paisagem humana, composta por gente de todos os tipos e idades, que é levada ou trazida pelos motivos mais diferentes, mas sejam que motivos forem, as fazem passar por dentro do mercado, ou pelas calçadas que o cercam. Foi lá que me inspirei, para escrever várias páginas de meus romances, sempre com uma pilha de bolachas de chope na frente.

Tenho certeza de que, como eu, milhares de pessoas estão chocadas com o incêndio que destruiu parte do mercado. O golpe foi forte demais para quem ama Porto Alegre e me parece que desse golpe nem os políticos escaparam. Acredito, por isso, que a reconstrução da parte atingida será encetada imediatamente. Por dois motivos: porque não se pode permitir que a história seja destruída pelo fogo, e porque Porto Alegre não pode apresentar como cartão postal uma ruína. Deixemos isso para Roma.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

PENÚLTIMAS NOTÍCIAS

VOO DA ALEGRIA (I)

Renan  Calheiros, o rei do gado,  requisitou um C99 da Força Aérea Brasileira para ir a um casório na Bahia, com sua mulher Verônica, a legítima, aquela que ele, na frente do padre,  prometeu  comer.
É claro que a viagem vai parar na nossa conta.
 Mas ele acha que tem todo o direito como “chefe de poder”.
E sabem porque ele se acha com razão?
Porque estava com a legítima.
Então, assim, ó: a pensão da outra, aquela que ele comeu escondido do padre, nós é que pagamos. A viagem da legítima é por nossa conta também.
Hedionda é só a corrupção. Usar do nosso dinheiro para festas, é legal.

VOO DA ALEGRIA (II)

E o Henrique Alves, o presidente da Câmara?
O Henrique Alves saiu no New York Times.
Foi a Natal buscar a “noiva”, um filho dela e toda a parentada, também com o nosso tutu, para assistir o jogo no Maracanã.
Quando a turma botou a boca no trombone e ele foi manchete em NY, apareceu com o dinheiro para pagar a despesa: dez mil. E, com a maior cara de pau, disse que não pagava o resto, porque estava em “missão oficial”. Sabem que “missão oficial”era essa?
Um almoço com o Aécio Neves?
De modo que “pão e circo” de deputado também vai parar na nossa conta.

PASSE LIVRE

E Joaquim Barbosa, que arrota decência, mas acomoda o bumbum dele em aviões da FAB também por nossa conta, que tal hein?

PLEBISCITO
Já sei qual a pergunta que a Dilma vai fazer no plebiscito:
“Você acha que eu melhorei, com a maquiaqem de três mil pila que eu mandei botar na sua conta?”


quinta-feira, 4 de julho de 2013

CARTA À PRESIDENTE DILMA

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Milton Pires

Excelentíssima Sra. Presidente da República Dilma Rousseff

Permita-me a apresentação: na minha opinião eu sou um médico; na sua um “trabalhador da saúde”. Na minha opinião,medicina é cuidar de pessoas doentes; na sua é fazer “transformação social”. Eu penso em salvar vidas; a senhora em ganhar votos. Como podemos ver, a senhora e eu eu, não temos muito em comum à primeira vista mas existem na minha vida alguns fatos que a senhora desconhece.

Assim como a senhora,eu já fui marxista – e dos fanáticos! Brigava com colegas da faculdade no final dos 80 e inicio dos anos 90 para ver seu projeto de poder realizado. Caminhei ao lado daquele seu amigo que gosta de uma cachacinha e costuma ser fotografado com livros de cabeça para baixo..Conversei pessoalmente com o “poeta do sêmen derramado” que agora governa o Rio Grande do Sul..

Não tinha idéia correta daquilo que havia acontecido no Brasil entre 1964 e 1985. Imaginava, como a senhora quer fazer parecer até hoje, que tudo estava indo bem até que militares malvados que não tinham nada para fazer decidiram, com ajuda dos americanos, derrubar o governo brasileiro.

Eu só me dei conta, presidente, de quem Lula, a senhora e seu Partido-religião representavam quando comecei a trabalhar com a gente de vocês aqui em Porto Alegre a partir de 98. Duvido que eu estivesse mal-preparado, sabe? Eu já tinha feito 6 anos de faculdade, um ano de residência em Pediatria, um de Medicina Interna e dois de Cardiologia. Gostaria que a senhora visse em que lugar seus “cumpanheros” aqui dos pampas me colocaram para trabalhar...Imagino a senhora doente naquelas condições de segurança, higiene, espaço e administração que a ralé do PT do Rio Grande do Sul nos ofereceu.

A senhora tem idéia de como deve se sentir um médico ao ter seu estágio probatório avaliado por técnicos de enfermagem? A senhora sabe o que é receber, depois de tudo que se estudou na vida, ordens de enfermeiras, presidente? Em nome de que? Em nome de um delírio chamado “democratização da gestão”? Em nome de um absurdo chamado “controle social”??

A senhora tem alguma noção de quantas pessoas eu vi morrerem depois que esse seu partido de assassinos e mensaleiros terminaram com o resto da rede hospitalar brasileira “aparelhando” a gestão dela com uma legião de analfabetos, recalcados, alcoólatras e incompetentes que por oferecer uma parte de seu salário ao PT passaram a dar ordens a homens e mulheres com capacidade de salvar vidas ???

Mas por favor, não fique ofendida comigo presidente, de certa forma essa carta é um agradecimento, sabe? Formado há quase 20 anos, eu nunca havia visto os médicos brasileiros tão unidos quanto agora. É mais um mérito seu e desse seu partido a promover a maior humilhação que os médicos de um país sofreram até hoje! A senhora não tem vergonha de apelar para uma ditadura bananeira, para um país que mata, tortura, prende e vigia seus próprios cidadãos para fornecer médicos para o SEU povo? A senhora é brasileira, ou não, presidente Dilma??

Se não tem vergonha da medicina do seu país, tenha pelo menos do seu povo! A senhora nasceu aqui e a primeira pessoa que lhe viu foi provavelmente um médico do Brasil. Provavelmente vai ser algum colega, intensivista como eu sou hoje, quem vai estar ao seu lado no último momento e mesmo assim a senhora quer chamar médicos cubanos para enganar nossa gente pobre e doente a ponto de garantir sua reeleição? 

Quem lhe deu esse conselho, presidente Dilma? Identifique por favor, um por um, os médicos que lhe cercam e sugeriram semelhante ideia! A senhora e eu já conhecemos alguns, né?  Vamos apresentar os demais ao Conselho Federal de Medicina, ou não?

Presidente Dilma, até bandidos e prostitutas se ofendem quando tem seu território e ganha pão ameaçados. Nós somos médicos, nós salvamos vidas e não vamos permitir que uma profissão cuja origem se perde no tempo seja levada ao fundo do poço por um partido como o da senhora com o argumento de que estamos sendo corporativistas e o Brasil está sem médicos.

Deus lhe proteja na batalha que vai enfrentar conosco, presidente. Se a senhora for ferida vai precisar ser atendida por um médico – e eu duvido muito que ele fale português..

Porto Alegre, 2 de julho de 2013


Milton Simon Pires é Médico - CREMERS 20958.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

UM ANIMAL CHAMADO HOMEM


João Eichbaum
joaoeichbaum@gmail.com

Não sei se o macho homem das cavernas era feliz. Mas duma coisa tenho certeza: não era um cara complicado. Resolvia seus problemas pessoalmente, sem despachantes, como faz qualquer animal. Em seu estado puro, levado mais pelo instinto do que pela inteligência, errava pela mata à procura da fêmea que lhe satisfaria as exigências da natureza. E arrastava pelos cabelos, até sua caverna, a primeira que encontrasse, sem lhe mandar flores, sem lhe fazer poemas, sem perguntar nome, idade, residência, estado civil, CPF. Depois, se pintasse clima, fazia a mesma coisa com outra, sem ter que se preocupar em pagar pensão para a primeira.
O que modificou o homem – e agora falo do homem como espécie animal e não como reprodutor masculino – foi a religião e a filosofia. A primeira despertou seu lado gregário, quando ele se deu conta de que era impotente para dominar os fenômenos violentos da natureza. Foi inventando deuses que o homem encontrou o caminho para se reunir com seus semelhantes, de um modo mais civilizado. É claro que nesses encontros foram aparecendo as diferenças, mostrando que um homem não é exatamente igual ao outro, porque alguns tendem à dominação e outros à submissão, uns promovem o espetáculo, outros não passam de expectadores, uns têm perfil de um, sete,um, outros, de otários.
Então os dominantes, aproveitando-se do ponto fraco dos dominados, que era o medo, usaram a religião como fonte de ascendência, estabelecendo normas e costumes gregários. Sustentado no medo e condimentado pela filosofia, o sentimento religioso cresceu e se impôs como referência, a partir da qual se constituiu o Estado.
De modo que o homem se tornou católico, porque lideres religiosos lhe prometem a vida eterna, sem prazo de validade. Mas não dão garantia nenhuma. O homem se tornou espírita porque não desaparece, apenas se transforma, desencarna. Mas morre sem ter a mínima prova disso. O macho homem é muçulmano porque há sete mil  virgens esperando-o depois da morte. Mas ninguém até hoje voltou do outro mundo para dizer como foi  bacana, ou que sete mil é muito pouco para a temporada eterna.
Resultado de tudo isso foi que o homem se tornou um ser complicado, muito diferente do seu antepassado das cavernas, durante muitos séculos, principalmente no período em que o próprio Estado esteve submetido ao domínio religioso.
Mas nos dias de hoje começa a ocorrer um fenômeno paradoxal. Dominando a ciência, e com uma inteligência mais aguçada, que lhe permite colocar a força da natureza e os mitos religiosos nos seus respectivos lugares, o homem parece estar retornando à sua animalidade insubmissa. "Ficar" se tornou descomplicado, como antigamente, e com a vantagem de ninguém ser puxado pelos cabelos: basta curtir uma balada.
 E nesses últimos tempos, depois de ter dado as costas para certos preceitos religiosos e sociais, o homem já corcoveia, quando o incomodam as safadezas do Estado, às vezes confundidas com as próprias fraquezas: vai protestar nas ruas, ocupa os penicos do Congresso Nacional, ou dorme na Câmara de Vereadores.


terça-feira, 2 de julho de 2013

MUDA TUDO


João Eichbaum
joaoeichbaum@gmail.com
Agora está assim, ó: caiu a popularidade da Dilma e os políticos resolveram tirar o atraso, como tivessem saído da prisão, onde passaram muito tempo sem visitas íntimas. Agora eles estão distribuindo passes livres, royalties para a saúde e para a educação, negando dinheiro para a FIFA, reconhecendo que o Ministério Público têm o todo o direito de chutar escanteio e cabecear, isto é, total ubiqüidade, sendo parte e polícia no processo, ao mesmo tempo.
Só de duas coisas os políticos não abriram mão: a hipocrisia e a prepotência. Eles vão para a frente das câmeras, enaltecem a democracia, elogiam as manifestações populares, mas mandam a polícia baixar o sarrafo no povo.
No seu estelionato eleitoral eles não encontraram um antídoto contra a indignação popular, que lhes ameaça o traseiro com um pontapé histórico, para apeá-los definitivamente do poder. E ao usar a truculência policial, outra coisa não fazem, senão mostrar seu atestado de incompetência.
Assim é: a polícia dominada pelos políticos não é uma polícia preparada para dar segurança aos cidadãos. A insegurança do povo, tantas e tantas vezes reclamada, os assaltos cinematográficos, os crimes de toda a espécie, que vão do furto de vinténs de pobres coitados a assassinatos de altas patentes militares, nunca encontraram resposta num serviço eficaz.
E a razão disso é muito simples: a polícia não foi preparada, não foi equipada, não foi treinada eficazmente para enfrentar bandidos. Nas poucas vezes em que se defrontou com eles, levou a pior, ficou para trás, suas viaturas com pneus furados nas estradas cheias de miguelitos.
Mas, para amedrontar a população ela mostra eficiência. Sai armada para as ruas, como se fosse para a guerra, fere com balas de borracha, intoxica com gás, marcha contra a multidão impotente, medrosa e desarmada. Mostra que é uma polícia que só está preparada para se defender e não para defender as pessoas.
Se são apenas “meia dúzia” de desordeiros e vândalos que estão rapinando, quebrando e esculhambando, porque é que a polícia não vai de mão grande pra cima deles?Não tem capacidade para distinguí-los? Precisa usar de violência contra a multidão?
A polícia está a serviço do poder. A nossa casa pode ser invadida, saqueada, incendiada. Nós, desarmados, podemos ficar à mercê de bandidos, porque não temos quem nos defenda. Os próprios prédios da polícia são presas fáceis de bandidos.  Mas o Palácio Piratini, o Palácio do Planalto, o prédio do Congresso, etc. são intocáveis, estão resguardardos contra a fúria popular. E foi só a multidão se reunir perto deles, para aparecer a polícia, essa mesma polícia que não tinha efetivo para defender a população, a polícia que não se via nas ruas, a polícia que só aparecia para multar.

O discurso a favor da democracia é balela. O que os políticos querem é desfile. Porque só em desfile não há indignação.