João Eichbaum
joaoeichbaum@gmail.com
Enquanto os brasileiros
estão às voltas com seus dias ruins e vão para as ruas pedir honestidade e
consciência dos políticos, Renan Calheiros, presidente do Senado, e Henrique
Alves, presidente da Câmara, saem a se divertir com dinheiro público. Um,
requisita avião da FAB para ir a um casório na Bahia. O outro faz o mesmo,
usando aeronave da Força Aérea, para levar a “noiva”, um filho, e uma chusma de
parentes, de Natal ao Rio de Janeiro, para curtir futebol no Maracanã. Todo
mundo viajou de graça como recém-nascido, pendurando sua festa na conta de quem
não viajou.
Descobertos, Renan
primeiro se negou a indenizar os cofres públicos, sob o argumento maroto de que
é "chefe de poder". Depois, sob pressão, voltou atrás. Alves
acreditou na imbecilidade dos brasileiros, desembolsando dez mil reais.
Inescrupulosos ou
paranóicos? Desonestos ou simplesmente com um parafuso a menos?
Vá lá, que o poder
embriague. Mas não dava para ficar só na fase do macaco, fazendo murisquetas
para o povinho eleitor e otário? Ou agir como a Dilma que, na frente das
câmeras, balança como roupa no varal em dia de vento norte, mas no Planalto se
entrega à fase do leão e fica trincando os dentes e soltando rugidos capazes de
prevalecer contra as portas do inferno, para tornar mais evidente sua
autoridade? Não. Calheiros e Alves foram até a fase do porco, a fase que dá
nojo, a fase que provoca engulhos, bota porcaria por cima e por baixo e
rebaixa o bípede falante.
Quem são os padrinhos
da sacanagem? Quem é que bota no parlamento esse tipo de gente? Analfabetos,
certamente, são muitos de seus eleitores. Estacionados no seu vocabulário de
infância, presos no calabouço da ignorância, eles ficam a dever, quando a
verdade sobre seus eleitos é dita com argumentos mais refinados. Então tudo o
que se diz por aí, em jornais, revistas ou noticiários de rádio e televisão
sobre o Renan Calheiros e Henrique Alves, há de lhes soar como elogios aos
presidentes do Senado e da Câmara. Afinal, esses eleitores os têm na conta de
pessoas muito melhores do que eles mesmos, porque sabem ler e escrever, são
chamados de doutor, têm muito dinheiro e estão em Brasília, mandando no país.
Em troca do primeiro voto, provavelmente terão recebido algum benefício. Por
isso, preferem não trocar o certo pelo duvidoso. Na outra faixa de eleitores
dessa dupla estão os analfabetos funcionais, que sabem ler e escrever, porque
frequentaram escola, mas não têm raciocínio em nível que lhes permita um juízo
crítico, imparcial, distante de sua pequenez intelectual. São incapazes de
separar o ridículo do sublime, o grandioso do insignificante, o bem coletivo do
proveito particular. Intelectualmente fracos, não conseguem fugir do pensamento
dominante da massa que, paradoxalmente, não pensa, e é dominada por meia dúzia
que timoneia a manada.
A terceira categoria
dos eleitores dessas duas figurinhas é a dos interesseiros., dos que tiram proveito do inescrupuloso mandato
dos dois nordestinos. Naturalmente têm certo grau de instrução, e discernimento
suficiente para colher benefícios à sombra da imoralidade.
Só ao patrocínio
corrupto e à força maior da ignorância se pode creditar a presença desses tipos
no Congresso. O eleitor imbuído de consciência cívica jamais irá depositar seu
voto em favor daqueles que só têm intimidade com o esplendor das mamatas.
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