sexta-feira, 2 de outubro de 2009

NÓS, PRIMATAS

Os descaminhos da evolução

João Eichbaum

Os jornais de hoje estampam uma figura a que chamam de “tataravó da humanidade”. Trata-se de uma “anciã peluda”, quer dizer, uma macaca que viveu há quatro milhões e quatrocentos anos. A “Ardipithecus Ramidus”, coloquialmente chamada de Ardi, segundo os cientistas, nos aproxima do ancestral comum que dividimos com os chimpanzés. Esse ancestral teria vivido há seis milhões de anos, mas dele, até hoje, não foi encontrado traço algum. A Ardi seria, em princípio, o elo com esse ancestral.
Pois a chamada “tataravó da humanidade”, embora tivesse pernas curtas, já tinha possibilidade de se locomover em pé. Talvez sua espécie tenha sido a primeira a deambular desse modo sem, no entanto, perder a agilidade para escalar árvores.
Viaje comigo no tempo e medite. Nossos ancestrais, sem inteligência, viviam bem melhor do que nós, com liberdade plena, sem stress.
O que estragou o primata humano foi a inteligência, porque inteligência não combina com animalidade. Por ser animal e, ao mesmo tempo, inteligente, é que o homem usa da violência, da violência coletiva nas guerras, da violência individual, matando, roubando, estuprando.
No mesmo jornal que fala da Ardi, há uma matéria sobre o presídio central de Porto Alegre, onde numa única cela se apinham vinte e seis machos – primatas humanos, naturalmente. – “entre colchões, fios elétricos, e cobertores pendurados como divisórias.”, gente espalhada pelas camas e por colchões jogados no chão, tendo à disposição um banheiro sem porta.
É deprimente? É deprimente, sim. Mas está aí uma prova de que todos somos primatas. Os que estão ali amontoados, como a escória da sociedade, fizeram por merecer. Procuraram. E quem procura acha. Mas quem lhes administra esse estado deplorável também são primatas, que não estão nem aí, porque alcançaram o que queriam: o poder.
Dizia antes que o que estraga o primata humano é a inteligência, que não combina com a violência natural, ínsita em qualquer primata. Os chimpanzés, como os primatas humanos, têm ânsia por poder e sexo. Usam da violência, para conseguir seus objetivos. Mas não têm inteligência que os ajude a humilhar e a degradar seus semelhantes, como fazem os primatas humanos.
Deus nenhum cometeria essa loucura de combinar animalidade com inteligência. Por favor, senhores religiosos, tirem o seu Deus dessa história.

Um comentário:

Nubia Graziela disse...

Você está muito certo,porque é exatamente isto que infelizmente estragaram nós os primatas!E definitivamente a inteligência não combina com a animalidade e é por isso que existem as injustiças,a deslealdade,desumanidade e principalmente como vc colocou: a violência, e ela gera conflitos intensos e marcantes! BJS