VULTUR ROCK
Que juízes brasileiros tenham um encontro num resort de luxo na ilha de Comandatuba, patrocinados por empresas como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Eletrobras, Souza Cruz, Sindicom e Etco, nada de anormal. É a prova cabal da venalidade do Judiciário no Brasil. Não por acaso, nenhum político de alto coturno, envolvido em mensalão, quebra de sigilos ou tráfico de influência está na cadeia. Absolver a corrupção das altas esferas, esta é uma das funções prioritárias de nossa magistratura.
Cada juiz desembolsará apenas R$ 750, terá todas as despesas pagas (exceto passagens aéreas) e ocupará apartamentos de luxo e bangalôs com diárias que variam de R$
Como dizia Swift, existe “entre nós uma sociedade de homens educados desde a juventude na arte de provar, por meio de palavras multiplicadas para esse fim, que o branco é preto e que o preto é branco, segundo são pagos para dizer uma coisa ou outra”.
Até aí, nada de novo. A prática é milenar. Entre nós, é denunciada quase todos os anos. E ano seguinte se repete. O que me deixou perplexo nas mordomias oferecidas aos meritíssimos foi a programação cultural, se assim podemos dizer, dos eventos. Neste encontro terão show com Elba Ramalho. Em outras ocasiões, a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) embalou os togados com Jorge Ben Jor e os grupos Titãs e Paralamas do Sucesso. Nossos tribunais estão ocupados, quem diria, por juízes roqueiros. Só faltou uma ervinha para animar o evento. Se é que faltou.
Você consegue imaginar o douto colegiado agitando os braços e rebolando ao som de rock? Se portassem a toga, o efeito seria melhor. Essa, acho que nem o Buñuel conceberia. Temos no Brasil um novo gênero, o rock dos vulturinos.
Que jovens curtam roqueiros, até que se entende. Mas a elite do Judiciário nacional? Homens que têm por função julgar os grandes conflitos da nação aplaudindo bandas vulgares?
Vergonha.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
COM A PALAVRA, JANER CRISTALDO
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