MAS O RIO DE JANEIRO
CONTINUA LINDO
João Eichbaum
No artigo 37 da
Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada “sob a proteção de
Deus”, está escrito: “a administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade...”
Pelo que se tem visto, é
pura fantasia. Deus não tá nem aí, e legalidade, moralidade e impessoalidade
são palavras que só existem em dicionários embolorados, que ninguém consulta.
É por entregar à malícia
ou à incompetência a interpretação de uma Constituição fantasiosa, que o país
está vivendo esse pastelão, essa comédia ridícula do faz de conta: faz de conta
que prende e faz de conta que solta.
Semana passada, três
deputados do Rio de Janeiro, Jorge Picciani Paulo Melo e Edson Albertassi foram
presos por ordem da Justiça Federal. Mas, da prisão foram resgatados por
colegas seus, numa operação própria de país sem lei. Pasmo, diante da
insegurança jurídica, só restava ao povo perguntar: afinal, quem é que manda?
Ontem, através de nova
ordem da Justiça Federal, eles voltaram para a cadeia. E, mais uma vez, a
indagação que circula, não só entre o povo, como entre aqueles que têm algum
conhecimento do Direito é essa: estão brincando de fazer justiça?
No mesmo dia foram presos
Anthony Garotinho e sua mulher Rosinha, ex-governadores do Rio de Janeiro.
Algum tempo atrás, ele já havia sido preso e, depois de protagonizar uma pantomima
de bêbado, foi solto, ao som de um discurso irascível de Gilmar Mendes.
Agora, além dos
deputados, são três ex-governadores, Sérgio Cabral, Anthony Garotinho e Rosinha
Garotinho, que trocaram seus momentos de glória por quatro paredes nuas. São
protagonistas do teatro faz de conta, esperando pelo diretor do pastelão,
Gilmar Mendes.
São todos do Rio de
Janeiro, o cartão postal do Brasil para o mundo, a imagem de um paraíso, cujo
gozo dispensa a morte e as virtudes. Mas a capital, embelezada pela paisagem da
baía da Guanabara, com praias cheias de bundas e pernões bronzeados, abriga uma
plateia atônita. Uma plateia que pode ter seu sorriso desmanchado, tanto por
balas cruzadas, como pela insegurança das instituições. Uma plateia, enfim,
que, como todo o país, sustenta as óperas bufas do teatro faz de conta,
produzidas em cima dum enredo fantasioso, chamado Constituição Federal.
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