DE CUECAS E CALCINHAS
AMARELAS E OUTRAS CRENÇAS
João Eichbaum
A capacidade de imaginar
decorre, naturalmente, da inteligência do animal humano. Mas, atenção: não se
confunda inteligência com sabedoria, erudição, cultura. Qualquer criança tem
capacidade para imaginar.
E foi assim, agindo como
crianças, que nossos antepassados imaginaram deuses e produziram crenças.
Levou-os a isso a consciência da própria limitação e de sua impotência diante
dos fenômenos da natureza.
E tudo seria assim, muito
simples, se não fossem as religiões. Mas, alguns mais espertinhos se valeram da
capacidade de imaginação do homo erectus, para criar regras, estatutos, dogmas
e outras formas de tirar proveito dos crentes.
Dentre os criadores de
religiões destacam-se: Moisés, um assassino que criou a religião judaica e um
outro, dotado da alta capacidade de sedução imanente em algumas psicopatias,
Saulo de Tarso. Aquele, fundou a religião judaica, esse, o cristianismo.
Não existissem as
religiões, não haveria ateus. Ao criarem regras e histórias da carochinha, como
as lendas de Adão e Eva e o nascimento de um deus parido por virgem para salvar
a humanidade, as religiões reptaram aqueles que usam a inteligência como
instrumento de raciocínio e não como mero repositório de imaginações alheias.
Não fosse isso, os, hoje,
ateus continuariam imaginando, criando e eliminando deuses, cada um à sua
maneira e para cada ocasião. Afinal, capacidade de imaginar, em regra, todos
animais humanos têm. Tanto que sua criatividade está em constante evolução.
O poder da imaginação de
cada homem é tão grande, que não se deixa esterilizar pelas regras religiosas.
Ele ultrapassa todos os limites desses estatutos e põe no mesmo invólucro
superstição e fé. O que, no fundo, não pode causar perplexidade, porque ambas
são frutos das mesmas funções cerebrais.
E as crenças proliferam a
mancheias: rezam para curar doenças, usam cuecas e calcinhas amarelas no ano
novo para afastar os distúrbios da infelicidade, praticam “cirurgias
espirituais”, atiram flores no mar para Iemanjá, pulam sete ondas, “investem’
em lentilha, agradecem aos céus pelos golos que fazem, porque o azar é do
goleiro, etc, etc...
Essas, enfim, são crenças
folclóricas, triviais. Pior fazem as organizações religiosas alimentando
ficções tipo infalibilidade papal e “misericórdia de Deus” – essa desmentida
por um mundo onde crianças morrem de fome, onde inocentes são trucidados, mas
onde também se constroem basílicas e catedrais suntuosas, cujos adros, guarnecidos
a poder de grades de ferro, impedem que neles procurem agasalho os miseráveis,
que não têm onde dormir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário