RESPOSTA FRIA DA LEI À PAIXÃO
João Eichbaum
Há um velho ditado que aconselha não se meter
contra gente de saia: padre, mulher e juiz. Claro, com relação à vestimenta,
mulher e padre já mudaram, nos tempos modernos. Padre deixou de usar batina, e
nem todas as mulheres adornam e escondem o corpo debaixo de belos vestidos.
Mas, juiz continua usando toga, e a verdade,
contida no dito popular, continua viva. Falou mal de padre é como investir
contra a poderosa Igreja Católica: ninguém o faz impunemente. A impressão que
se tem, em relação à mulher, é que ela rumina e rumina a ofensa, e um dia dá o
troco. Basta ver o que está acontecendo contra os tais abusadores de mulher do
século passado.
O PT fez um mau jogo. Insuflou seus apaixonados
contra os desembargadores do Tribunal Regional Federal de Porto Alegre,
ignorando o espírito de corpo que domina o Judiciário, ou se achando com poder
suficiente para esgarçar a toga inconsútil, sob a qual todos os juízes se
abrigam.
Não se pode ter como ingenuidade a atitude
petista. Ela representa o extremo: a arrogância. E com arrogância não se
constrói o Direito, não se enfrenta a lei. Onde se desconstrói o Direito e se
dá de ombros para a lei, não há lugar para a Justiça.
Os juízes são homens. E, como homens, estão
sujeitos às reações exigidas pelo ego. Na visão dos desembargadores do TRF 4,
em primeiro plano, certamente apareciam as ameaças, o desprezo, o ódio de que
foram alvos, a fúria contra todo o Poder Judiciário.
Isso os obrigou a reagir. E reagiram como juízes,
mantendo-se homens, levados pelo dever de impor respeito às instituições.
Usaram o rigor, sem petulância, a força da lei, sem humilhação, a inteligência
sem a agressão. Foram a fundo no processo. Desentranharam dele os detalhes que
a paixão e a doença ideológica não viram, construíram um silogismo monolítico,
contra o qual se esmaeceu toda a história de um homem.
Tudo sem espírito aberto de revanche, dentro das
regras da dialética, como convém a um verdadeiro juiz que – repita-se – nunca
deixará de ser homem.
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