A
HEGEMONIA DO CRIME
João
Eichbaum
Excelente
reportagem da revista Piauí deste mês mostra que o PCC tem um poder maior do
que o do Estado, do qual se alimenta. Enquanto o Estado esbanja em misericórdia
e direitos para os bandidos, o Poder do crime vai engrossando suas fileiras.
Fugas, progressões de regime, visitas íntimas, saída para dias das mães, e
outras pieguices, acabam servindo de ligação entre a cúpula daquele Poder,
instalado no sistema carcerário, e seus obreiros que, sob coação ou com
participação no esquema, executam as tarefas criminosas que lhes são encomendadas: assaltos, sequestros, execuções sumárias, explosões de bancos, transporte de drogas, etc.
Exibição de vida de alto padrão, como
propriedades de helicópteros, de fazendas, de mansões em condomínios de luxo,
mostram até onde vai o poder do crime. Mas, além desse domínio no campo
patrimonial, há também o domínio sobre a vida das pessoas. Eles se matam entre
si, movidos pela ganância, que o próprio poder alimenta, com a mesma frieza com
que matam inocentes desarmados. Matam juízes, promotores, policiais, agentes
penitenciários.
Mas, é muito estranho: não matam
políticos. Esses não são considerados como forças negativas ou contrárias ao
sistema criminoso. E a razão é muito simples: são eles, os políticos, que fazem
as leis, as brandas leis que favorecem bandidos.
Por exemplo: há um projeto de lei
destinado a aumentar de 1 para 3 anos o RDD (regime disciplinar diferenciado),
que confina os presos de liderança perigosa, responsáveis pelas barbáries praticadas no mundo do crime. Mas, esse projeto dorme no
Legislativo desde 2006.
A essência do homem é animalidade. Mas
essa matéria de que ele é feito pode ser moldada, para proporcionar a convivência
harmônica dos grupos sociais, desde que distúrbios psicóticos ou má formação do
caráter não impeçam a assimilação das regras.
Para a consecução dessa harmonia social foi
necessária a criação do Estado. Poucos se dão conta, porém, de que o Estado é
constituído por homens, e que psicose e semvergonhice não fazem distinção entre
governantes e governados, figurinhas e figurões.
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