terça-feira, 22 de maio de 2018


A  HEGEMONIA DO CRIME
João Eichbaum
Excelente reportagem da revista Piauí deste mês mostra que o PCC tem um poder maior do que o do Estado, do qual se alimenta. Enquanto o Estado esbanja em misericórdia e direitos para os bandidos, o Poder do crime vai engrossando suas fileiras. Fugas, progressões de regime, visitas íntimas, saída para dias das mães, e outras pieguices, acabam servindo de ligação entre a cúpula daquele Poder, instalado no sistema carcerário, e seus obreiros que, sob coação ou com participação no esquema, executam as tarefas criminosas que lhes são encomendadas: assaltos, sequestros, execuções sumárias, explosões de bancos, transporte de drogas, etc.
Exibição de vida de alto padrão, como propriedades de helicópteros, de fazendas, de mansões em condomínios de luxo, mostram até onde vai o poder do crime. Mas, além desse domínio no campo patrimonial, há também o domínio sobre a vida das pessoas. Eles se matam entre si, movidos pela ganância, que o próprio poder alimenta, com a mesma frieza com que matam inocentes desarmados. Matam juízes, promotores, policiais, agentes penitenciários.
Mas, é muito estranho: não matam políticos. Esses não são considerados como forças negativas ou contrárias ao sistema criminoso. E a razão é muito simples: são eles, os políticos, que fazem as leis, as brandas leis que favorecem bandidos.
Por exemplo: há um projeto de lei destinado a aumentar de 1 para 3 anos o RDD (regime disciplinar diferenciado), que confina os presos de liderança perigosa, responsáveis pelas barbáries praticadas no mundo do crime. Mas, esse projeto dorme no Legislativo desde 2006.
A essência do homem é animalidade. Mas essa matéria de que ele é feito pode ser moldada, para proporcionar a convivência harmônica dos grupos sociais, desde que distúrbios psicóticos ou má formação do caráter não impeçam a assimilação das regras.
Para a consecução dessa harmonia social foi necessária a criação do Estado. Poucos se dão conta, porém, de que o Estado é constituído por homens, e que psicose e semvergonhice não fazem distinção entre governantes e governados, figurinhas e figurões.





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