HISTÓRIAS
REAIS
João
Eichbaum
As
abelhas têm rainhas. Têm-nas também as abelhas. Os homens têm reis, rainhas,
príncipes, papas, tiranos, presidentes, deputados, senadores, governadores, que
se atribuem o privilégio de manter a organização dos grupos sob seu domínio. Assim
é: grupos de animais necessitam de líderes para manter as regras de convivência
e a organização social necessária, em função das metas a que se propõem na
busca do bem comum.
Entre
as abelhas e as formigas tudo funciona às mil maravilhas, o trabalho é coeso, a
liderança tem uma força natural. Mas, porque o mesmo não sucede entre os
homens? Por qual razão os grupos sociais humanos tendem, cada vez mais, ao
fracasso do que ao êxito, à desagregação do que à coesão, à desordem do que à
harmonia? A resposta é muito simples: o instinto, que prevalece nos animais
irracionais, é maior do que a inteligência, de que tanto se gabam os homens.
Além
de ser menor do que o instinto dos outros animais, a inteligência dos homens
varia, não é igual para todos. Há os que a têm em altíssimo grau e há os que a
têm próxima de zero. Esse desnível é que provoca a desordem, a anarquia, a
pobreza de muitos e a riqueza de poucos, e, enfim, a esculhambação geral.
As
formigas e as abelhas, guiadas pelo instinto, são levadas a cumprir as metas
que lhes destinou a natureza. Os homens, longe disso, até hoje não sabem a que
vieram. Alardeiam paz, mas fazem guerra, e zanzam pelo planeta, e até fora
dele, à procura de alguma coisa que os satisfaça plenamente.
Alguns
há, como os ingleses, que inventam reis e rainhas. Por nada. Sem finalidade
alguma que sirva para a humanidade. Inventam-nos apenas para deslumbramento
próprio. Mas, não ficam sozinhos nesses devaneios. Pelo mundo afora há muito
mais bobos, graças ao baixo nível de racionalidade que afeta a maioria dos
primatas humanos. E ficam babando com palhaçadas, como esse casamento do
enteado da Camila com uma Cinderela pra lá de rodada. Para quem não sabe: a
Camila é aquela horrorosa, de quem se valia o príncipe, para cornear a mãe do
noivo. E não é dramalhão mexicano. É história real.
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