quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

PRA QUEM AINDA ACREDITA EM PAPAI NOEL, CEGONHA E JUSTIÇA

A JUSTIÇA DOS AVIÕESINHOS

João Eichbaum

Deu no jornal que: “O Ministério Público e a Justiça querem saber quem foi o autor da faixa “Inter o único campeão de tudo”, que em um monotor, sobrevoou o Olímpico no jogo Grêmio x Atlético-MG”.
O “Ministério Público” não é senão, segundo o jornal, a senhora, ou senhorita promotora Sônia Eleni Corrêa Memsch e a “Justiça” está representada pelo juiz Felipe Keuneke, titular da segunda Vara do Júri de Porto Alegre.
Num primeiro momento, fico extremamente feliz e peço aos meus amigos que se rejubilem, soltem foguetes, cantem aleluia, porque, finalmente, o “Ministério Público” e a “Justiça” já cumpriram todas as suas obrigações, não estão a dever nada a ninguém, o povo gaúcho foi contemplado com uma justiça que não se pode chamar de merda, está plenamente feliz com os juízes e promotores, a quem paga rigorosamente em dia – no penúltimo dia útil de cada mês, bem antes do pessoalzinho das fábricas, das faxinas, do serviço pesado, da alavanca da economia, que é donde sai o dinheiro para pagar em dia – repito – juízes e promotores.
Claro, meus amigos, podem consultar cartórios e tribunais, não há de restar processo nenhum, unzinho sequer, porque a Justiça julgou tudo e o Ministério Público também não tem mais nada a fazer.
É por isso que eles querem saber agora quem foi o autor da faixa ”Inter único campeão de tudo”... Eles têm mais é que se preocupar com as grandes questões, com as coisas de futebol, com a paixão de gremistas e colorados, com os aviõeszinhos e suas faixas. Afinal são pagos – em dia – para isso mesmo, para tratar dessas “grandes” questões.
Mas, agora que o Ministério Público e a Justiça já não têm o que fazer, começo a ficar com medo, porque até o verbo no condicional já é crime, para eles.
É que, de acordo com a mesma notícia de jornal, “a alegação é de que a brincadeira incitaria a violência”.
Ah, então tá “incitaria” a violência. Portanto, o verbo no condicional já tipifica uma conduta penal.
Que se lixem os doutrinadores! Verbo no condicional já define crime. Foi criado pela promotora e pelo juiz uma nova espécie de delito. Além do delito consumado e do delito tentado, temos agora o delito potencial. E a frase, “Inter campeão do mundo”, que não está prevista nem no Código Penal, nem na Lei das Contravenções Penais” pode atrair a sanção da lei.
Viu, gente, acabaram com a nossa alegria: julgaram todos os processos, deixaram o Ministério Público e a Justiça sem ter o que fazer, e aí está o resultado: a gente tem que se cuidar do verbo no condicional.
Ah, uma coisinha sem importância, o juiz Keuneke se confessa gremista...

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