segunda-feira, 25 de maio de 2009

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS

A NAMORADA, O CACHORRINHO E A GOVERNADORA NO COLO DO CAPITÃO

João Eichbaum

O cara estava com a namorada, com a qual tinha passado um fim de semana na praia. Pois, quando estava voltando, com a sua fofa e o cachorrinho, um beagle de dois anos, para a zona gringa da serra, o cara viu uma coisa estranha. Um caminhão vermelho e um automóvel Fox parados, um homem agarrado numa mulher, pressionando-a contra um guard-rail da estrada. Diminuiu a marcha e começou a buzinar, com a intenção de ajudar a mulher, mas foi ameaçado pelo homem que a agredia. “Os olhos dele me metiam medo”, disse o cara. Então, desistiu. Diz ele que pensou na sua vida, na da sua namorada e na do cachorrinho. Assim: “na hora que ele fez menção de puxar uma arma eu acelerei. Precisava cuidar da minha namorada e do meu cachorro.”
E continuou, descrevendo sua valentia: “aí eu olhei para a cintura dele e vi que não tinha nada. Isso me fez parar mais à frente, a uns trinta ou quarenta metros, e comecei a buzinar até que ele largasse ela. Ele correu para o meio da estrada e correu para o automóvel, fazendo menção de que viria atrás de mim. Saí na curva e acelerei, sem olhar para trás”
Bem, já que a valentia não era o seu forte, pelo menos o cara fez uma coisa que estava ao alcance de sua pouca masculinidade: ligou para a polícia. Quem o atendeu foi um policial que se encontrava a 100 quilômetros do local, mas que nada fez. Só muitas horas depois o automóvel Fox, que o cara tinha visto, chamou a atenção e alguém ligou para outro posto policial. Desse posto ligaram para um terceiro posto, e esse último, finalmente, pediu providências à polícia local.
Pois a mulher agredida foi estuprada e morta, o cara de Caxias se salvou, e se safou, ele, a mina dele e o cachorrinho, mas a polícia não cumpriu com seu dever e até hoje está devendo explicações.
É isso que acontece, quando a segurança, pela qual nós, contribuintes, pagamos, é gerenciada por um “imbecil e incompetente” chamado Estado – como diria o diretor cinematográfico José Padilha.
A segurança só está presente quando despenca um palanque em que a governadora está discursando. Aí tem um capitão, ao lado dela, para carregá-la no colo. Que coisa gostosa, numa hora dessas, é a segurança. O resto, que se foda.



Nenhum comentário: