Em 1957 se travou um grande debate no RGS
politico, em que se dividiu totalmente a familia gaúcha. De um lado o PTB,
partido fundado por Getúlio Vargas, em outubro de 1945, antes de cair, isto é,
antes de sair da Presidência que exercia como ditador, em 29.10.1945 -= Getulio
fundou de forma esperta e para evitar guerra civil no Brasil, o partido dos
operários, dos trabalhadores, dos pobres, o PTB -= Partido Tabalhista
Brasileiro e também Getúlio, espertamente, fundou o PSD ( Partido Social
Democrata) para congregar a elite, os ricos e os poderosos. E assim deu chance
a ter dois partidos onde se agregavam as forças divergentes do pais e entregou
o governo em 29.10.1945 e se recolheu para seu retiro na fazenda do Itú, em
Itaqui. Era um grande politico. Talvez o grande debate entre os dois partidos
se travou aqui no RGS, nesta eleição de 1957.
De um lado o Prefeito de P. Alegre, Leonel de
Moura Brizzolla, com 36 anos, de idade, pelo PTB. E que sentindo o perigo da
derrota, fez uma aliança partidária, estranha, não muito bem entendida pelos
politicos, justamente, com a extrema direita, isto é, se uniu com o PRP, O
Partido que tinha sido fundado pelo Plinio Salgado, o integralismo, muito forte
na colônia italiana pois tinha colorido fascista de Benito Mussolini e na
colônia alemã, pois, tinha lá seus pendores para o nazismo, de Adolf Hitler.
Usavam a camisa verde, e na manga esquerda a
figura de letra grega o Sigma, imitando o símbolo nazista do nazi-fascismo. A
época era própria e permitia estas ideologias.
O líder e presidente do PRP em Antonio Prado
era o farmacêutico Olimpio Dotti. As vezes, aos domingos, com bandeiras, um
grupo fardado, com bota, culote caqui e a camisa verde com sigma na manga
esquerda, depois da missa desfilavam na av. principal, hoje Av. Valdomiro
Bocchese, como se fosse uma parada militar com bandeiras e fotos. O PRP se
tornou um partido bastante forte no Estado. Tanto que os politicos acharam que
quem tivesse apoio do PRP ganhava a eleição. E Brizolla ganhou com facilidade a
eleição do Cel. da Brigada Militar Valter Peracchi de Barcellos.,
O ambiente era tenso e de muitos embates entre
direita e esquerda. E o PTB que era o partido mais à esquerda, dos
trabalhadores, dos operários, dos pobres e dos obreiros, dos empregados, do
salário mínimo ou sem salário, foi criticado por ter se aliado a um
partido de direita, o PRP, justamente, que reunia uma certa elite pensante
e intelectual. Dizem os póliticos da época que se o PSD ( Partido Social
Democrata), UDN ( Unão Democrática Nacional) e PL ( Partido Libertado, este o
partido do meu pai, Horacio Letti, era libertador fanático) -
O Clero diocesano que mais falava em politica
ficou mais do lado de Valter Peracchi de Barcelos, pois, as demais ordens
religiosas, como capuchinhos pouco se metiam em politica, na época. Não havia
ainda uma politização politica. O Clero diocesano propriamente, se preocupava
com nomes de ambos os lados se o candidato era comunista ou´cátólico. Esse era
o viés do clero diocesano. Comunista ou não comunista. O clero diocesano tinha
pavor do comunista e mandava não votar claramente no candidato que achava que
era comunista.
Na foto, é um flagrante do comicio politico do
PTB e do PRP, na campanha para as eleições de 1957. O comicio famoso que Leonel
Brizzolla fez na pira da Pátria, já à noite, depois, seguiu para Flores da
Cunha e Caxias.
Leonel Brizzolla discursa, tinha 36 anos, era
um jovem politico, entusiasta e batalhador e fez uma avalanche no RGS. Vê-se à
esquerda o líder trabalhista Joaquim Biazus, o seu genro Aldo Chini, inclinado,
atrás o vereador do P
TB, Narciso Verza, influente politico lider trabalhista na colônia na região da Linha 21 de abril e adjacências na direção da balsa do rio das Antas, A direita, nos fundos de óculos, Olimpio Dotti, o líder aliado do PRP. O candidato ao Senado pelo PRP, Guido Mondin ( que se elegeu) e o candidato a deputado estadual do diretório do PTB de Antonio Prado, Tassis Gonzales ( irmão do médico famoso de Flores da Cunha Dr. Manoel Gonzales).
TB, Narciso Verza, influente politico lider trabalhista na colônia na região da Linha 21 de abril e adjacências na direção da balsa do rio das Antas, A direita, nos fundos de óculos, Olimpio Dotti, o líder aliado do PRP. O candidato ao Senado pelo PRP, Guido Mondin ( que se elegeu) e o candidato a deputado estadual do diretório do PTB de Antonio Prado, Tassis Gonzales ( irmão do médico famoso de Flores da Cunha Dr. Manoel Gonzales).
Esta foto identifica muita coisa e significa
tudo para a politica de então de Antonio Prado. Se podia resumir que o PTB
aliava os pobres, os obreiros, os empregados, os do salário mínimo. Mas se uniu
com um partido de patrões e da direita, o PRP, põr questões politicas, eis que
o PRP era tido como o fiel da balança para garantir a vitória, pois, tinha
muitos votos. Tanto que Brizzola após eleito deu duas secretarias de Estado
para o PRP - a da administação com Antonio Pires ( ainda vivo, escreve
livros e se reunem os do PRP em P. Alegre, os integralista do Plinio Salgado) e
a secretaria da Agricultura com Alberto Hofmann, um alemão grande de Ijui,
ainda vivo, também e membro atuante do PRP. Em Ijui a cidade de todas as etnias
gaúchas mas onde predominava o alemão e o PRP era muito forte pois
o integralimo de Plinio Salgado dominava.
A eleição em Antonio Prado foi violenta,
ofensiva, cheia de ódios e acusações - dividiu a cidade, era uma loucura o
pessoal pedindo o voto pelas colônias e ameaçando - uns favor do Leonel de Moura
Brizolla e outros a favor de Walter Peracchi de Barcellos. Valeu tudo. Quem
viveu aquela época, sabe do que estou falando.
Ganhou o Brizzolla, fácil. E diga-se, fez um
bom governo. Voltado à educação com as famosas escolinhas brizoletas espalhadas
pelo interior, umas seis mil, construidas pelo José Asmuz, etc...Meu pai e sua
turma da opa, da pesada, do funil, beberam muito vinho para afogar a mágoa da
derrota eleitoral para o Brizolla. Meu pai e turma tinham pavor do Brizola e do
Getúlio de do Jango. Meu pai dizia - O Getúlio é a
desgraça do Brasil.. E não tinha perdão. Ou era contra ou era a favor. Não
tinha meio termo.
Neste comicio aconteceu um fato interessante.
O Deputado Tassis Gonzales era mulherengo. Ficou na pensão do Felice
Giulian, jantando e comendo à la farta a boa comida da Nona Giulia.
Tinha o rádio na sala e toda a vizinhança vinha ouvir a famosa novela,
coqueluce nacional, " O Direito de Nascer " - - O apresentador,
locutor com vóz de veludo dizia - " O patrocinador Colirio Moura Brasil
apresenta a novela o Direito de Nascer".....Assim todas as noites este
bordon gravou na mente dos brasileiros. Hoje se chama de Marketing.
O Tassis Gonzales já alto de vinho. pois,
adorava tomar bastante vinho, alegre, andou arrastando a asa para o lado de uma
mulher ( que não vou dizer no nome) solteira, alta, esguia, bonitona, que não
tinha rádio em casa e vinha ouvir a novela como muitas pessoas na famosa
pensão. Dizem que dita mulher já fazia caridade pública, isto é, "dormia
prá fóra", bordava prá fóra, costurava prá fóra, fazia tricot prá fóra,
fazia renda prá fóra e também, ora bolas, dormia "prá fóra".
Numa boa. Sem culpa. Sem tráuma. Até dizem que tinha um famoso fazendeiro como
amante o fixo. o querendão. Sempre tem o preferido. Que pensa que é o único.
Que caía com a grana.
Pois não é que o Tassis Gonzales avisado que a
dita cuja já "dormia ´prá fora" se engraçou para o lado da bela e
fogosa italiana - e esqueceu do comicio na Praça, na Pira da Pátria com o
Brizzolla e se quedou na pensão fazendo as mesuras para a conquista amorosa da
bem fornida italiana. Vieram avisar o Tassis. Venha ligeiro. Você é o candidado
oficial do Diretório Municipal do PTB e do PRP e tem que discursar . A praça
esa cheia de povo e esperam a tua palavra. O Brizolla também, Disciplina
partidária, aquelas coisas da politica. O Tassis Gonzales a contra-gosto
embarcou no carrro e abandonou as conquistas do amor e foi para o comicio da
praça. Ao chegar o locutor lhe deu a palavra. E ele lascou, de saida
- "Excelentissimo Senhor
Doutor Leonel de Moura Brasil..." -
Lógico cometeu a gafe muito comum
do orador público, em solenidade pública, ele vinha influenciado da turma ao
redor do rádio, durante a janta ouvindo a novela " O Direito de
Nascer" - tocado pelo vinho, e na qual o famoso locutor Jorge Cury -
apresentador - com vóz de veludo - dizia - " O
patrocinador, Colirio Moura Brasil" - apresenta mais um capítulo da Novela
" O Direito de Nascer " e isto ficou no sub-consciente do nosso
Tassis Gonzales e ao discursar, lembrando da italiana que procurava conquistar
lá na pensão do bairro Golin, e que a perdeu para a politica, teve o ato falho,
e saiu no microfone na praça lotada - " Leonel de Moura Brasil
" - e foi em frente com seu discurso, já noite e todos com pressa de
viajar para atravessar a tão famosa balsa do Passo do Zeferino. Nem precisa
dizer que o Brizolla prometeu a ponte como todos os governadores.
Noutra oportunidade conto a perdizada que o
Claudio Bocchese, Prefeito, ofereceu ao governo do Estado no galeto Avenida, na
rua Dona Magarida, nos Navegantes, no 4°Distrito, na época o maior galeto e o
"point!" noturno de P . Alegre reivindicando a construção
da ponte do Passo do Zeferino. Será o outro capítulo da novela pradense ao redor
da ponte do Passo do Zeferino, que perdemos para o Coronel Avelino Paim de
Souza, chefe politico máximo de toda a região, do borgismo, em 1903.
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