João Eichbaum
Vocês estão lembrados do
rebu que deu na Justiça Gaúcha, né? Mas, não custa recordar.
Assim, ó. O pleno do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul elegeu seu presidente,
vice-presidentes e corregedor, para o próximo biênio, ou seja, de 2012 e 2013,
segundo prevê o Regimento Interno, que estabelece o dia 1º de Fevereiro para a
posse dos eleitos.
E eles tomaram posse, com
direito a abraços, beijos, sorrisos e até a presença de políticos com sua
respectiva cara de pau. Durante mais de duas horas a direção eleita recebeu
cumprimentos, havia uma fila enorme de gente para puxar saco e ser lembrada.
Mas aí o Fux, um ministro do
Supremo que costuma rasgar a Constituição, resolveu botar água no chope:
deferiu uma liminar, a pedido do desembargador Arno Werlang, que estava louco
por uma boquinha na direção- mas não levou - suspendendo a posse da nova direção
do Tribunal. A reclamação do Werlang, um baixinho com cara de arcebispo, era de
que ele era mais antigo do que o Corrregedor eleito.
Estragada a festa dos
eleitos, eles foram a Brasília falar com o Fux. Tiveram quinze minutos com a
dita celebridade. E o Fux disse pra eles que não era nada disso, que ele já
tinham tomado posse e podiam ficar no cargo.
A turma voltou pra Porto
Alegre, faceira que nem cabrito no traseira de ovelha.
No dia seguinte, o Fux
despachou, dizendo que não era nada disso que eles estavam pensando, e sim que
tinham que entregar os cargos para a diretoria anterior.
E é claro que a diretoria
anterior estava presente e atenta, menos o desembargador Léo Lima, que é muito
macho, de Lagoa Vermelha, e não ta nem aí pro Fux. Eu, fora, disse ele.
Então o vice da gestão
anterior assumiu, não só para “obedecer a uma ordem judicial”, como pra ficar
na história, que essa boquinha não ia perder.
Mais uma vez o presidente eleito se tocou pra
Brasília, achando que o Fux ia cumprir o Regimento Interno do Supremo e colocar
em pauta o julgamento do recurso que
havia sido interposto.
Só eles para acreditarem no
Fux, mesmo depois de terem sido enganados por ele. E o presidente eleito até
falou com alguns ministros do Supremo, pedindo a reconsideração do rebu.
Só que não deu em nada. O
Fux não botou em pauta o processo e ficou tudo na mesma merda.
Pois é, gente, agora os
desembargadores estão sentindo na pele o quanto dói ter que esperar por essa
falsidade chamada justiça. E tal tem sido o seu desespero que vão além das
fronteiras da ética: vão pessoalmente pedir o julgamento a favor deles.
Agora, imaginem se cada
pessoa injustiçada fosse fazer isso. Seria mandadas à putaquepariu, por estarem
ofendendo a “independência” do Poder Judiciário, submetendo-o a pressões.
Nada como um dia depois do
outro. E se os desembargadores gaúchos tiverem a humildade de assimilar os
ensinamentos dessa justiça negativa, para riscá-los de seus procedimentos, a
justiça vai melhorar muito. E só então poderemos talvez dizer que a justiça
gaúcha é a melhor.
Mas, duvido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário