- João Eichbaum
Pois é. Agora se desatou uma
celeuma por causa dos crucifixos nas salas dos juízos e tribunais. O Conselho
Superior da Magistratura, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul,
atendendo a um pedido de viados e lésbicas, mandou retirar todos os crucifixos
pendurados pelas paredes do Tribunal e dos Foros.
Tem gente contra e tem gente
a favor. Há os que encaram a questão do
ponto de vista estritamente jurídico. O professor Eduardo Carrion, lente de
Direito Constitucional da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, é um deles. Com sua autoridade de constitucionalista, ele
afirma, em outras palavras, que a liberdade de crença e religião, assegurada
pela Constituição Federal, não autoriza o Estado a “veicular” no “espaço
público signos e símbolos religiosos, muitas vezes monopolizados por uma das
crenças”.
Mas há os que se têm por
defensores de Cristo. O advogado, que se diz escritor também, Cleber Benvegnu,
começa seu artigo na Zero Hora de hoje, dizendo: “a militância anticristã está
em festa. Solta foguetes nas redes sociais”. E conclui afirmando que existe a
“ditadura cultural” do ateísmo anticristão “avança a passos largos” e que, “já
levava consigo uma montoeira de inocentes úteis. E agora seduz também doutores
bem formados”.
A diferença entre o que
dizem Carrion e Benvegnu é gritante. O primeiro fala com a autoridade de jurista.
O outro berra com a emoção, inclusive juntando ao substantivo “ateísmo”, um
adjetivo inócuo, “anticristão”. Ou será que existe ateísmo cristão?
Qual o sentido de um
crucifixo, com o respectivo crucificado, numa sala de audiência ou de sessões
de um Tribunal? Será para lembrar a todo e qualquer réu, que ele será tratado
como Jesus Cristo, e condenado? Será para lembrar que todos os que lutam por
justiça (Jesus Cristo teria sido um deles) acabarão como o dito Cristo, numa
cruz? Ou será para lembrar que o Poder Judiciário é cristão?
Afora essas, nenhuma outra
significação teria o Cristo crucificado pendurado nas paredes da Justiça.
A verdade é que os
crucifixos foram introduzidos nos tribunais por conta do Estado Religioso, que
foi o Brasil. Separou-se a Igreja do Estado, mas ninguém teve coragem de limpar
as paredes, tirando delas os crucifixos. Com o pleno domínio que tinha a
religião, inclusive com as ameaças da Inquisição, ninguém se arriscaria a ser
réu da dita Inquisição. Por isso, os crucifixos ficaram onde estavam, e assim
foram mantidos depois da Inquisição, por pura e simples tradição.
Tradição não se confunde com
história.
Mas, a culpa pela retirada
dos crucifixos dos Tribunais é do Fux. Foi ele que, rasgando a Constituição,
deu voz e poder aos viados e lésbicas. Agora está aí, ó: a Justiça só faz o que
eles querem.
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