Paulo Wainberg
Tortura
Não
há tortura mais eficaz do que a punição permanente, por erros cometidos não
importa quando. Esse tipo de castigo se faz, em geral, através de palavras,
alusões ‘en passant’, acusações explícitas, tom de voz áspero e ironias
cotidianas. O torturado demora a perceber o estupro psicológico. O torturador
desconhece o perdão.
Gigantes da alma
O
amor é como a cera do assoalho. Tem que acariciar, espanar, aflanelar, limpar,
nunca pisotear e, de vez em quando, renovar.A paixão é como a fogueira, se um dos amantes esquecer da lenha, apaga.
O medo é como a comida, indispensável à vida.
Ciumes e vermes se alimentam do podre.
O ódio é como o abismo: fundo, úmido, frio e mortal.
A culpa é como a inteligência, como a capacidade de raciocinar, como a capacidade de lembrar.
A fé é como a ilusão, diante da realidade fenece e some.
Amargura
Amargura
não é produto só da insatisfação. Ela nasce também do rancor, da incompreensão,
da incapacidade de relevar e de gostar de si mesmo
Perdão
Perdoar
a si mesmo é o primeiro passo para a compreensão. É, talvez, a tarefa mais
dificil que existe, quando temos que nos desfazer da arrogância, da prepotência
e, principalmente, da vaidade. Se conseguimos imergir no próprio âmago, com
simplicidade e sem censura, vamos nos entender humanos, bons e maus, cruéis e
piedosos e, finalmente, nos aceitamos. Só então conseguimos aceitar o outro
como ele é. E então, compreendemos.
Amor
O
amor é o mais animal de todos os sentimentos. Qualquer ser vivo sente, a seu
modo, amor. Nós, humanos, transformamos esse sentimento assim natural, em algo complicado,
profundo e confuso, que tanto pode nos enlevar quanto nos remeter à mais
traiçoeira agonia. O amor humano, quase sempre, dói.
Paixão
Paixão é quando o corpo pega
fogo e a alma enlouquece. Nossas percepção, instinto, desejo, interesse,
ciume, emoção e medo extrapolam e só pensamos no objeto da paixão. Na paixão,
nunca é suficiente, é pouco quando estamos juntos, é interminável quando
estamos separados. A paixão é o estágio pré-insanidade e o período mais
criativo do ser humano. E, apaixonado, é a melhor fase da vida. Quando acaba,
voltamos à mesmice.
Medo
Medo
da vida é o mais relevante, porque nada é mais perigoso do que viver. Os
humanos não temem a morte, temem a vida que é repleta de perigos, do início ao
fim. Por medo da vida, fazemos a guerra, matamos, dirigimos em alta velocidade,
escalamos montanhas, ingerimos álcool, drogas e tranquilizantes. A vida é uma
sequencia de dores e nós, humanos, temos muito medo da dor, assim como temos
medo do outro, medo do desastre, medo da tragédia, medo de viver. A morte é,
afinal, a grande calma, a derradeira paz de espírito.
Liberdade
A liberdade é uma ilusão que
não pode ser confundida com as escolhas do dia a dia. Nascemos programados
pelo código genético, somos educados à imagem e semelhança de nossos pais,
códigos são implantados em nossas áreas de condicionamento, desde a mais
primitiva infância. A vida é, assim, uma eterna consequência, sem nenhuma
causa. Só poderíamos ser realmente livres se conseguíssemos atingir o estágio
da irresponsabilidade absoluta e, neste caso, a vida perderia qualquer sentido.
Sexo
Sexo
é o prazer sublime do ser humano. Quando dois corpos se encontram, um novo
universo nasce, para toda a eternidade. Toda forma de sexo é normal, quando dá
prazer e, se existe um Deus, o sexo é sua dádiva máxima. Sexo sem prazer é
brutalidade, invasão e indecência e a abstinência consiste numa grave ofensa à
Natureza. Desfrutá-lo é nossa obrigação, sem censura, sem culpa e sem limites,
porque o limite do sexo é o prazer que ele proporciona..
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