quinta-feira, 29 de março de 2012

O ÚLTIMO FILÓSOFO BRASILEIRO


João Eichbaum

Não gosto dessa filosofia, a que apelidaram de ciência, e até faz parte de currículo do ensino medido - creio com uma só finalidade: a de dar emprego a uns pobres coitados que não tiveram cacife para estudar uma verdadeira ciência, como a física ou a informática.
Não gosto, porque nunca consegui ler filósofo algum. Nem os do tempo de Aristóteles, nem Nietzsche, nem os mais moderninhos. Não tenho saco para ficar decifrando enigmas.
A minha conclusão sobre esses filósofos de canudo na mão é que eles não sabem escrever.
Para mim, ninguém precisa de faculdades, nem de Aristóteles, nem de Nietzsche, nem de filósofo algum para entender as coisas e os macacos humanos, principalmente o comportamento desses.
E uma das provas dessa minha afirmação foi Millôr Fernandes.
Que eu saiba, o máximo que Millôr  fez, foi passar por acaso na frente de alguma faculdade de filosofia. No entanto, não houve, no Brasil, melhor filósofo do que ele.
Leio Millôr desde criança e me matava de rir, quando criança ainda, porque entendia a filosofia dele, a verdadeira filosofia, cheia de humor, porque, afinal, quem fala de macacos não pode evitar o humor.
Seria um plagiário, isto é um filósofo (porque os filósofos vivem citando outros filósofos) se fosse transcrever muitas das verdades ditas por Millôr, mas fico só nessas, sobre dois políticos, que são o bastante para definir esses velhos macacos:
Sobre Getúlio Vargas:
“Getúlio Vargas,
o chefe danação,
é maior que o Vargas
Villa. É um Vargas Vilão”.
Sobre Sarney:
“Sarney me fascina.
Nunca vi tanto talento
pra ignorância.”
Depois de ler Millôr Fernandes, alguém aí ainda tem coragem para ler Aristóteles ou Leonardo Boff?

Um comentário:

Gigi disse...

O texto é muito bom, e não quero dizer que concorde no todo. Quanto à Millôr, claro, compartilho da mesma admiração. Quanto a filósofos em geral, ainda tenho um complexo de inferioridade; quer dizer, não os conheço mas alimento a ideia de decifrá-los um dia. Isto é, admiro-os sem os conhecer, não tendo a audácia do cronista.