terça-feira, 31 de outubro de 2017

Parte inferior do formulárioO ARTICULADOR
João Eichbaum
 O pai dele havia fugido para o Chile, com medo dos militares. Lá se enamorou da irmã da namoradinha de um amigo. Por obra e graça desse cruzamento de raças e acasos, surgiu no mundo o Rodrigo. De certo com aquela cara, que até hoje tem, de bebê Johnson.

Aliviada a pressão militar, a família se fixou no Brasil, tendo o avô bancado emprego para o pai do Rodrigo e o aluguel de um apartamento. O resto, e mais tarde, ficou por conta dos eleitores cariocas, que proporcionaram ao chefe da família a graça de flutuar no nirvana da política, garantindo-lhe o presente e o futuro.

De modo que o menino, bancado pelos contribuintes, foi criado forte e feliz, como acontece às bem fornidas famílias de classe média alta, na Barra da Tijuca. Lá, cercado de muros e câmeras de segurança, ouvia os bramidos do mar e contemplava a lua fúlgida, a salvo dos descuidos de Deus.

Cursou os melhores colégios, o tradicional Santo Agostinho e o Padre Antônio Vieira, onde crianças da Rocinha não têm acesso. Repetiu o primeiro ano do segundo grau e acabou numa escola sem muito charme, chamada Impacto.

Nunca foi brilhante em coisa nenhuma. Mas, enturmado na elite, com amigos ricaços e influentes, vivia as noites cariocas e seus prazeres, embora confesse que, por timidez, (não seria por causa de sua cara de bebê?) não tinha muita sorte com mulheres.

Acabou não se formando em faculdade alguma, apesar de ter ingressado no curso de economia. Esteve nos Estados Unidos, estudando inglês, mas por pouco tempo. Entrou na política, fazendo dobradinha – sabem com quem? – com Eduardo Paes. Depois de deixar namorada, com qual tinha dois filhos, casou com a filha da segunda mulher de Moreira Franco, o Gato Angorá, sob apupos e protestos da população. Hoje, ele, o Angorá e o Eduardo Paes, respondem a investigações.

Com aquela cara, não leva jeito para peitar alguém. Na única vez que se permitiu brigar, levou a pior: um muxoxo do contendor, Nelson Jobim, ao som de um desdenhoso “guri de merda”, lhe deu fim à valentia.

Fornecido pela “Piauí”, esse é o perfil do chileno carioca que, desde a última semana, passou a dar as cartas na República. Foi ungido “articulador”. Temer conta com ele para aprovação das reformas que quer impor goela abaixo do povo, em regime de urgência, como se elas servissem para mudar o destino dos moribundos.


Não fosse o atávico espírito de mascate de Michel Temer, rifando cargos e verbas em troca de votos, quem estaria governando, ou desgovernando, o Brasil hoje seria ele, o gordinho com cara de bebê, o presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia.

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