ALTRUISMO?
João Eichbaum
A minha fiel leitora, Nubia Graziela, fez um belo comentário sobre a crônica intitulada “A Ternura dos Primatas”, dizendo que muitas vezes “os primatas bons são exatamente comparados pelas suas ações e que na maioria das vezes esses "bons" acabam se qualificando iguais aos maus, porque existem os que se fazem de bons primatas solidários, enfim o que "ajuda o seu próximo",como um belo Samaritano, mas na realidade estão querendo levar vantagens,elogios e principalmente a sua própria vanglória. Isso sim que é um primata realmente mal intencionado”.
O que me chama a atenção é que o ponto de vista da Nubia coincide com a opinião de Felipe Fernández-Armesto, doutor em História pela Universidade de Oxford e professor do Departamento de História Moderna, autor do livro “Milênio”, best-seller internacional e mundialmente premiado, e que, na sua obra “ E Você Pensa Que é Humano?”, afirma: “ a bondade não é realmente bondade se meramente confere uma vantagem evolutiva ou algum outro benefício computável: pois ela então se torna uma forma de egoísmo. A compaixão se transforma em medo externalizado; a generosidade, na expectativa de receber algo em troca; a simpatia, em estratégia de colaboração”. E conclui o autor: “ para ser verdadeiramente altruísta, ou verdadeiramente generoso ou abnegado, um ato moral deve estar além da explicação”.
E, realmente, assim o é. A atitude altruísta das macacas Kuni e Binti Juá, uma protegendo um passarinho, e a outra protegendo uma criança, está, verdadeiramente, “além da explicação”. Mas, o primata humano sempre tem, no fundo, uma explicação para seus atos de “altruísmo”.
Nós, os primatas humanos, Nubia, não somos tão magnânimos quanto imaginamos. Tudo o que fazemos é ditado pela nossa vontade e nossa vontade, muitas vezes, tem em mira outras intenções, que não a de simplesmente ajudar o próximo. A desgraça do outro pode ser uma chance para a gente “aparecer” e, então, aí “vamos posar de heróis”. Até os “santos”, ao praticarem o “bem”, o faziam com a intenção de ganhar a vida eterna, ou seja, uma “boa vida” para sempre - não sei para fazer o quê.
Claro, pode haver exceções, mas as exceções confirmam que a regra é a das “segundas intenções”.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
NÓS, PRIMATAS
A TERNURA DOS PRIMATAS
João Eichbaum
Na terceira página da Zero Hora de sábado, dia 26, está estampada a fotografia de uma macaca, com um macaquinho no colo. A maneira como a macaca encara e protege o seu bebê e, do mesmo modo, o olhar terno do macaquinho para com sua mãe, são de enternecer.
O título da matéria: Darwin tinha razão.
Não há detalhes sobre a raça dos macacos que protagonizaram tal cena, mas tudo leva a crer que sejam bonobos. O bonobo, segundo Frans Waal, biólogo e especialista no tema, é um “grande primata ainda mal conhecido e geneticamente tão semelhante a nós quanto o chimpanzé. "
Pois Waal conta em seu livro “Eu, primata” duas histórias edificantes. A primeira é sobre Kuni, uma macaca bonobo do Zoológico de Twycross da Grã-Bretanha. Kuni, ao ver caído um passarinho que havia batido contra o vidro de sua jaula, apanhou o pássaro com delicadeza, colocou-o de pé, subiu numa árvore e lhe desdobrou as asas para que ele pudesse voar. O passarinho tentou, mas não foi longe e caiu perto da jaula. Então Kuni o apanhou novamente, deixou-o descansar e ficou a observá-lo, até que o pássaro se recuperou e voou novamente.
Binti Jua, uma gorila do Zoológico Brookfield de Chicago, em 1966, protegeu um menino de três que havia caído dentro de sua jaula, afagou-o carinhosamente e o entregou, são e salvo, para os funcionários do Zoológico. Foi aclamada como heroína, nos Estados Unidos e seu feito correu o mundo.
Os fatos relatados por Frans Waal demonstram que o impulso de solidariedade não é uma virtude cultivada apenas por (alguns) humanos, mas ele está arraigado na natureza dos primatas. Não se trata de virtude cultivada, mas de ato natural.
É claro que, assim como há primatas bons, há primatas maus. Nem todos os primatas são solidários, mas para sê-lo, não há necessidade de religião alguma, nem de preceitos morais ou de temor de repressão.
Kuni e Binti Jua nunca frequentaram catequese, nem recebaram qualquer tipo de ensinamento moral, mas se portaram melhor do que muitos primatas humanos.
João Eichbaum
Na terceira página da Zero Hora de sábado, dia 26, está estampada a fotografia de uma macaca, com um macaquinho no colo. A maneira como a macaca encara e protege o seu bebê e, do mesmo modo, o olhar terno do macaquinho para com sua mãe, são de enternecer.
O título da matéria: Darwin tinha razão.
Não há detalhes sobre a raça dos macacos que protagonizaram tal cena, mas tudo leva a crer que sejam bonobos. O bonobo, segundo Frans Waal, biólogo e especialista no tema, é um “grande primata ainda mal conhecido e geneticamente tão semelhante a nós quanto o chimpanzé. "
Pois Waal conta em seu livro “Eu, primata” duas histórias edificantes. A primeira é sobre Kuni, uma macaca bonobo do Zoológico de Twycross da Grã-Bretanha. Kuni, ao ver caído um passarinho que havia batido contra o vidro de sua jaula, apanhou o pássaro com delicadeza, colocou-o de pé, subiu numa árvore e lhe desdobrou as asas para que ele pudesse voar. O passarinho tentou, mas não foi longe e caiu perto da jaula. Então Kuni o apanhou novamente, deixou-o descansar e ficou a observá-lo, até que o pássaro se recuperou e voou novamente.
Binti Jua, uma gorila do Zoológico Brookfield de Chicago, em 1966, protegeu um menino de três que havia caído dentro de sua jaula, afagou-o carinhosamente e o entregou, são e salvo, para os funcionários do Zoológico. Foi aclamada como heroína, nos Estados Unidos e seu feito correu o mundo.
Os fatos relatados por Frans Waal demonstram que o impulso de solidariedade não é uma virtude cultivada apenas por (alguns) humanos, mas ele está arraigado na natureza dos primatas. Não se trata de virtude cultivada, mas de ato natural.
É claro que, assim como há primatas bons, há primatas maus. Nem todos os primatas são solidários, mas para sê-lo, não há necessidade de religião alguma, nem de preceitos morais ou de temor de repressão.
Kuni e Binti Jua nunca frequentaram catequese, nem recebaram qualquer tipo de ensinamento moral, mas se portaram melhor do que muitos primatas humanos.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
COLUNA DO PAULO WAINBERG
EMPULHAÇÃO DRAMÁTICA
Paulo Wainberg
Hoje vou falar sobre arte conceitual, assunto sobre o qual não entendo absolutamente nada.
Existem vantagens de se falar sobre coisas que não se entende, pode-se dizer qualquer coisa, usando-se a terminologia correta, e o mais desprevenido leitor pensará que está diante de um conhecedor, um entendido, um em quem se pode acreditar.
Eu, que só admito corrupção na cadeia e gosto de honestidade intelectual, coerência, congruência, bons costumes e sexo implícito, abri mão de todas essas vantagens, com a declaração contida na primeira frase acima.
Você, que está perdendo seu tempo lendo esta crônica, não será enganado.
Palavra de honra.
Fui assistir, neste – sem ironia – magnífico festival de teatro que anualmente se realiza em Porto Alegre, o POA em Cena, a peça chamada QUARTET, dirigida por Bob Wilson, festejado diretor de teatro, e protagonizada por não sei o que Hubert, magnífica atriz francesa, teatral e cinematográfica. Acho que é Catherine Hubert, mas não tenho certeza. E não faz diferença.
Para que melhor me entendam, esclareço que sou de um tempo em que teatro era coisa séria, isto é, a peça tinha um enredo, os atores desempenhavam seus papéis e representavam as personagens, mal abria a cortina as coisas começavam a acontecer, qualquer espectador entendia tudo, do começo ao fim.
Bons tempos aqueles.
Comecemos pelo título. A peça se chama QUARTET e tem cinco personagens.
Vai ver, o título é uma provocação de vanguarda, você vai assistir um quarteto, se é que QUARTET, em Francês, ainda significa quarteto, e logo de cara, na sua frente, surge um quinteto.
O cenário, à frente do palco, é composto por uma mesa longa e cinco cadeiras estilizadas, belamente iluminadas. Começa a música e cinco minutos depois você percebe, caminhando em câmera lenta, um vulto feminino surgindo da coxia. Ela leva outros dez minutos até chegar na parte iluminada, em frente à mesa, onde, qual um marionete, se queda estática. Do mesmo obscuro ponto, você percebe um homem, vindo na mesma direção, mais ao fundo outra mulher e ainda mais ao fundo, um velho, ainda mais ao fundo outro homem, todos caminhando em direção à mesa.
Outros quinze minutos.
Os quatro (será o quarteto?, você pensa) sentam-se no mais absoluto silêncio enquanto a marionete fica em pé, e ali permanecem por outros tantos imóveis minutos.
Para ter certeza e porque está sobrando tempo, você conta e reconta o número de personagens catatônicos à sua frente. Não tem jeito, são cinco!
Então o velho, na cabeceira, aponta um revólver para o rapaz na outra ponta da mesa, e atira.
O rapaz leva, em tempo subjetivo, uma hora e meia para cair. E, supostamente morto, sai andando de quatro, enquanto a marionete vai até ele em dezoito minutos subjetivos e sobe em suas costas.
O velho solta uma gargalhada sinistra, escurece tudo, outra meia hora subjetiva e ilumina-se o palco: uma mulher, sozinha, num sofá, magnificamente iluminado, começa a falar em francês (o espetáculo é francês) e você lê o que ela fala, na tela da legenda. Durante uns três dias, em tempo subjetivo, ela repete a mesma frase que a legenda traduz, cada vez mais rapidamente, mudando sutilmente a entonação, até que a legenda apaga, porque qualquer espectador, mesmo analfabeto, já decorou a frase que ela está repetindo e que, juro pelos seios da Catherine Deneuve, não faz o menor sentido.
Segue-se uma sequência interminável de cenas – esteticamente perfeitas – com referências a nomes e a títulos de nobreza, frases repetidas, repetidas, repetidas, repetidas, em diálogos incongruentes e, sem mais nem menos, um personagem late e uiva como um cachorro louco e a outra coaxa e pula como um sapo. Durante aproximadamente, em tempo subjetivo, uns seis meses e vinte e sete minutos, a sonoplastia produz sons: escarradas guturais, ruídos de objetos caindo, gotas pingando, as ondas do mar, trovoadas, farfalhares de panos e papéis, enquanto a virgem, que é sobrinha da marquesa dança, mostrando a bunda, na frente do rapaz que não se sabe quem é, peito de fora e super musculoso, e que se pendurou pelo pé numa forca, crucificando-se metaforicamente, de cabeça para baixo.
Mais adiante, ilustrando um diálogo extraordinário em que um diz para o outro quarenta e sete vezes: – Não te amo, mas quero tua pele, – desliza um aquário com dois peixinhos que, soube-se, tinham que ser pretos ou perder-se ia o efeito, dramático, suponho. Quando a sonoplastia oferece ao público um pop ritmado e o velho que no início deu um tiro entra dançando, trajando apenas uma camisola branca que mal lhe cobre as genitálias, acredito estar ali um clímax supremo, soberbo e superior, a ilustrar alguma coisa que a mente obscura do diretor não conseguiu extrair do seu inconsciente revelador e afrodisíaco.
Li, numa entusiasmada crítica de jornal, que o texto absurdo, sem nexo, sem sentido, sem coesão, sem relacionar uma frase com a outra para chegar a uma terceira conclusão a respeito de um episódio que sequer fora cogitado, é uma adaptação do filme “As Ligações Perigosas”, com a Glenn Close e o John Malkovich, onde ela o desafia a comer sua sobrinha virgem, interpretada pela Michelle Pfeiffer quando jovem, desafio que, infelizmente, nenhuma marquesa jamais me propôs.
Bem, depois que o crítico me contou isso, ficou tudo muito claro, duas horas em tempo real da mais absoluta chatice, incongruência, deboche intelectual, saudada como obra prima pela crítica e ovacionada de pé, com gritos e bravos da “inteligentzia” teatral culta, fazem sentido, afinal há uma origem para aquilo.
Na falta do que dizer, o crítico – como diria o Renan Calheiros – paroquial, elogiou a supremacia da estética sobre a emoção, para justificar a “revolução” dramática proposta pelo diretor e para explicar a absoluta falta de sentido, ou melhor, a espetacular falta de sentido jogada no colo da platéia que, por nada entender do que se passava, adorou!
Como se pode, honestamente, separar a estética da emoção?
Se considerarmos, academicamente, a estética com sendo a beleza da forma, como poderemos considerar “belo” o que não nos produz emoção?
Se o “belo”, no caso, for uma simples percepção do sentido da visão, há muito mais beleza num amanhecer do que num aparato cenográfico à base de luz e som a servir de pano de fundo para estereotipadas “tiradas de gênio” que provocam bocejos incontáveis e nenhum, mas nenhum estímulo racional e emocional.
Por isto, meu paciente leitor destas sextas-feiras primaveris, se você tiver oportunidade, não vá assistir ao QUARTET, não acredite no que lhe disserem os especialistas, seja mais confiante, acredite na sua sensibilidade e não tenha vergonha de não gostar do que é ruim.
Ah, não vou omitir o Grand Finale que jamais esquecerei, enquanto tiver memória:
Ela deitada no chão e uma voz feminina, monocórdia, repete setenta e duas vezes – depois perdi a conta: – A morte de uma puta. Finalmente só. Câncer. Meu amado.
Quero que você se imagine sentado na platéia, após duas horas, ouvindo essa frase repetida! Em seguida, a puta morta se levanta e caminha em direção ao painel todo branco, no fundo do palco e fica ali, parada, olhando para o branco e ouvindo: A morte de uma puta. Finalmente só. Câncer. Meu amado.
A platéia vem abaixo!
Paulo Wainberg
Hoje vou falar sobre arte conceitual, assunto sobre o qual não entendo absolutamente nada.
Existem vantagens de se falar sobre coisas que não se entende, pode-se dizer qualquer coisa, usando-se a terminologia correta, e o mais desprevenido leitor pensará que está diante de um conhecedor, um entendido, um em quem se pode acreditar.
Eu, que só admito corrupção na cadeia e gosto de honestidade intelectual, coerência, congruência, bons costumes e sexo implícito, abri mão de todas essas vantagens, com a declaração contida na primeira frase acima.
Você, que está perdendo seu tempo lendo esta crônica, não será enganado.
Palavra de honra.
Fui assistir, neste – sem ironia – magnífico festival de teatro que anualmente se realiza em Porto Alegre, o POA em Cena, a peça chamada QUARTET, dirigida por Bob Wilson, festejado diretor de teatro, e protagonizada por não sei o que Hubert, magnífica atriz francesa, teatral e cinematográfica. Acho que é Catherine Hubert, mas não tenho certeza. E não faz diferença.
Para que melhor me entendam, esclareço que sou de um tempo em que teatro era coisa séria, isto é, a peça tinha um enredo, os atores desempenhavam seus papéis e representavam as personagens, mal abria a cortina as coisas começavam a acontecer, qualquer espectador entendia tudo, do começo ao fim.
Bons tempos aqueles.
Comecemos pelo título. A peça se chama QUARTET e tem cinco personagens.
Vai ver, o título é uma provocação de vanguarda, você vai assistir um quarteto, se é que QUARTET, em Francês, ainda significa quarteto, e logo de cara, na sua frente, surge um quinteto.
O cenário, à frente do palco, é composto por uma mesa longa e cinco cadeiras estilizadas, belamente iluminadas. Começa a música e cinco minutos depois você percebe, caminhando em câmera lenta, um vulto feminino surgindo da coxia. Ela leva outros dez minutos até chegar na parte iluminada, em frente à mesa, onde, qual um marionete, se queda estática. Do mesmo obscuro ponto, você percebe um homem, vindo na mesma direção, mais ao fundo outra mulher e ainda mais ao fundo, um velho, ainda mais ao fundo outro homem, todos caminhando em direção à mesa.
Outros quinze minutos.
Os quatro (será o quarteto?, você pensa) sentam-se no mais absoluto silêncio enquanto a marionete fica em pé, e ali permanecem por outros tantos imóveis minutos.
Para ter certeza e porque está sobrando tempo, você conta e reconta o número de personagens catatônicos à sua frente. Não tem jeito, são cinco!
Então o velho, na cabeceira, aponta um revólver para o rapaz na outra ponta da mesa, e atira.
O rapaz leva, em tempo subjetivo, uma hora e meia para cair. E, supostamente morto, sai andando de quatro, enquanto a marionete vai até ele em dezoito minutos subjetivos e sobe em suas costas.
O velho solta uma gargalhada sinistra, escurece tudo, outra meia hora subjetiva e ilumina-se o palco: uma mulher, sozinha, num sofá, magnificamente iluminado, começa a falar em francês (o espetáculo é francês) e você lê o que ela fala, na tela da legenda. Durante uns três dias, em tempo subjetivo, ela repete a mesma frase que a legenda traduz, cada vez mais rapidamente, mudando sutilmente a entonação, até que a legenda apaga, porque qualquer espectador, mesmo analfabeto, já decorou a frase que ela está repetindo e que, juro pelos seios da Catherine Deneuve, não faz o menor sentido.
Segue-se uma sequência interminável de cenas – esteticamente perfeitas – com referências a nomes e a títulos de nobreza, frases repetidas, repetidas, repetidas, repetidas, em diálogos incongruentes e, sem mais nem menos, um personagem late e uiva como um cachorro louco e a outra coaxa e pula como um sapo. Durante aproximadamente, em tempo subjetivo, uns seis meses e vinte e sete minutos, a sonoplastia produz sons: escarradas guturais, ruídos de objetos caindo, gotas pingando, as ondas do mar, trovoadas, farfalhares de panos e papéis, enquanto a virgem, que é sobrinha da marquesa dança, mostrando a bunda, na frente do rapaz que não se sabe quem é, peito de fora e super musculoso, e que se pendurou pelo pé numa forca, crucificando-se metaforicamente, de cabeça para baixo.
Mais adiante, ilustrando um diálogo extraordinário em que um diz para o outro quarenta e sete vezes: – Não te amo, mas quero tua pele, – desliza um aquário com dois peixinhos que, soube-se, tinham que ser pretos ou perder-se ia o efeito, dramático, suponho. Quando a sonoplastia oferece ao público um pop ritmado e o velho que no início deu um tiro entra dançando, trajando apenas uma camisola branca que mal lhe cobre as genitálias, acredito estar ali um clímax supremo, soberbo e superior, a ilustrar alguma coisa que a mente obscura do diretor não conseguiu extrair do seu inconsciente revelador e afrodisíaco.
Li, numa entusiasmada crítica de jornal, que o texto absurdo, sem nexo, sem sentido, sem coesão, sem relacionar uma frase com a outra para chegar a uma terceira conclusão a respeito de um episódio que sequer fora cogitado, é uma adaptação do filme “As Ligações Perigosas”, com a Glenn Close e o John Malkovich, onde ela o desafia a comer sua sobrinha virgem, interpretada pela Michelle Pfeiffer quando jovem, desafio que, infelizmente, nenhuma marquesa jamais me propôs.
Bem, depois que o crítico me contou isso, ficou tudo muito claro, duas horas em tempo real da mais absoluta chatice, incongruência, deboche intelectual, saudada como obra prima pela crítica e ovacionada de pé, com gritos e bravos da “inteligentzia” teatral culta, fazem sentido, afinal há uma origem para aquilo.
Na falta do que dizer, o crítico – como diria o Renan Calheiros – paroquial, elogiou a supremacia da estética sobre a emoção, para justificar a “revolução” dramática proposta pelo diretor e para explicar a absoluta falta de sentido, ou melhor, a espetacular falta de sentido jogada no colo da platéia que, por nada entender do que se passava, adorou!
Como se pode, honestamente, separar a estética da emoção?
Se considerarmos, academicamente, a estética com sendo a beleza da forma, como poderemos considerar “belo” o que não nos produz emoção?
Se o “belo”, no caso, for uma simples percepção do sentido da visão, há muito mais beleza num amanhecer do que num aparato cenográfico à base de luz e som a servir de pano de fundo para estereotipadas “tiradas de gênio” que provocam bocejos incontáveis e nenhum, mas nenhum estímulo racional e emocional.
Por isto, meu paciente leitor destas sextas-feiras primaveris, se você tiver oportunidade, não vá assistir ao QUARTET, não acredite no que lhe disserem os especialistas, seja mais confiante, acredite na sua sensibilidade e não tenha vergonha de não gostar do que é ruim.
Ah, não vou omitir o Grand Finale que jamais esquecerei, enquanto tiver memória:
Ela deitada no chão e uma voz feminina, monocórdia, repete setenta e duas vezes – depois perdi a conta: – A morte de uma puta. Finalmente só. Câncer. Meu amado.
Quero que você se imagine sentado na platéia, após duas horas, ouvindo essa frase repetida! Em seguida, a puta morta se levanta e caminha em direção ao painel todo branco, no fundo do palco e fica ali, parada, olhando para o branco e ouvindo: A morte de uma puta. Finalmente só. Câncer. Meu amado.
A platéia vem abaixo!
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
COM A PALAVRA, JANER CRISTALDO
COPISTAS, TRADUTTORI E TRADITORI
Janer Cristaldo
Pois, Quaglio, as diferentes traduções do versículo de Samuel sobre a serra é talvez a demonstração mais contundente de que não se pode confiar em tradução alguma da Bíblia. Houve um grande esforço em amenizar os métodos do sábio rei Davi. De nada te adiantaria ser capaz de ler o texto em hebraico. Pois não existe mais texto original algum da Bíblia. Nem mesmo cópias em primeira mão. Sequer cópias de cópias de cópias. O que hoje temos são cópias de muitas outras cópias anteriores.O que me remete ao livro citado de Bart Ehrman, O que Jesus disse? O que Jesus não disse? – Quem mudou a Bíblia e por quê, que me foi recomendado pelo leitor Ricardo Donizetti.
O autor tem uma trajetória igual à minha. Lendo a Bíblia, perdeu a fé. Só que foi bem mais longe do que eu. Estudou grego e hebraico para conseguir ler o Livro no original. Mais ainda: foi atrás de cada fragmento das cópias que ainda restam da Bíblia, em diferentes bibliotecas, para cotejá-las.
Meu caminho foi bem mais singelo.Inicialmente, li a Bíblia apenas em português. De alguma forma, nela algo há de restar do livro original. O que restou foi suficiente para convencer-me que o tal de deus é uma criação da mente humana. Desde muito jovem, tornei-me ateu. Ehrman, na verdade, não ousou tanto. Tornou-se agnóstico. O que, a meu ver, é ficar em cima do muro. Mas sua reflexão sobre as modificações – involuntárias ou propositais – dos textos originais é fundamental para todo estudioso da Bíblia.
Segundo Ehrman, um estudioso da Bíblia, John Mill, membro do Queens College, Oxford, examinou cerca de cem manuscritos gregos e neles encontrou trinta mil variantes. Outros pesquisadores fazem estimativas bem mais discordantes. “Alguns falam de duzentas mil variantes conhecidas, outros de trezentas mil, alguns falam de quatrocentas mil ou mais! Mas não se tem certeza, porque, apesar dos impressionantes avanços da informática, ainda não houve quem fosse capaz de contar todas. Talvez, como eu já disse, seja melhor falar em termos comparativos. Há mais variações entre os nossos manuscritos que palavras no Novo Testamento”.
Os copistas que reproduziram os textos originais, ao longo dos séculos, foram influenciados por controvérsias políticas, teológicas ou culturais de suas épocas. Sem falar que muito copistas sequer conheciam a língua da qual copiavam. Apenas reproduziam as formas das letras que viam. Um escorregão da pena e o sentido de uma palavra podia mudar muito. “Com isto se quer dizer que, uma vez que um copista muda um texto – acidental ou intencionalmente -, essas mudanças se tornam permanentes em seu manuscrito (a menos, é claro, que outro copista venha a corrigir o erro). O próximo copista que copia aquele manuscrito copia os erros (pensando serem eles a genuína expressão do texto) e ainda pode acrescentar erros de sua própria lavra. Depois disso, o próximo copista que copia aquele manuscrito copia os erros de todos os seus predecessores e acrescenta erros de sua própria lavra, e assim vai.
A única forma de os erros serem corrigidos é quando um copista reconhece que um predecessor cometeu um erro e tenta consertá-lo. Mas não há garantia, porém, de que um copista que tenta corrigir um erro corrija-o corretamente. Isto é, ao mudar o que lhe parece um erro, ele pode, de fato, mudá-lo incorretamente, de modo que se passa a ter três formas de texto: o original, a versão errada e a tentativa incorreta de resolver o erro. Os erros se multiplicam e se repetem; algumas vezes são corrigidos, outras são ampliados.
E assim por diante, durante séculos”.Ou seja: lasciate ogni speranza, voi ch'entrate na leitura dos textos bíblicos. Não existe livro no mundo que tenha sido mais deturpado ao longo dos séculos. Cada época, cada copista, cada tradutor puxa brasa para seu assado. A meu ver, o caminho mais curto para se tornar ateu é ler atentamente a Bíblia. Ehrman, homem de fé, não conseguiu chegar lá. Mas pelo menos colocou sua fé entre parênteses.Recomendo vivamente, a todo estudioso de assuntos bíblicos, a leitura de seu ensaio. Para aproveitar o azo, recomendo mais um, O Problema com Deus, no qual o autor analisa as respostas que a Bíblia não dá ao sofrimento no mundo.
Janer Cristaldo
Pois, Quaglio, as diferentes traduções do versículo de Samuel sobre a serra é talvez a demonstração mais contundente de que não se pode confiar em tradução alguma da Bíblia. Houve um grande esforço em amenizar os métodos do sábio rei Davi. De nada te adiantaria ser capaz de ler o texto em hebraico. Pois não existe mais texto original algum da Bíblia. Nem mesmo cópias em primeira mão. Sequer cópias de cópias de cópias. O que hoje temos são cópias de muitas outras cópias anteriores.O que me remete ao livro citado de Bart Ehrman, O que Jesus disse? O que Jesus não disse? – Quem mudou a Bíblia e por quê, que me foi recomendado pelo leitor Ricardo Donizetti.
O autor tem uma trajetória igual à minha. Lendo a Bíblia, perdeu a fé. Só que foi bem mais longe do que eu. Estudou grego e hebraico para conseguir ler o Livro no original. Mais ainda: foi atrás de cada fragmento das cópias que ainda restam da Bíblia, em diferentes bibliotecas, para cotejá-las.
Meu caminho foi bem mais singelo.Inicialmente, li a Bíblia apenas em português. De alguma forma, nela algo há de restar do livro original. O que restou foi suficiente para convencer-me que o tal de deus é uma criação da mente humana. Desde muito jovem, tornei-me ateu. Ehrman, na verdade, não ousou tanto. Tornou-se agnóstico. O que, a meu ver, é ficar em cima do muro. Mas sua reflexão sobre as modificações – involuntárias ou propositais – dos textos originais é fundamental para todo estudioso da Bíblia.
Segundo Ehrman, um estudioso da Bíblia, John Mill, membro do Queens College, Oxford, examinou cerca de cem manuscritos gregos e neles encontrou trinta mil variantes. Outros pesquisadores fazem estimativas bem mais discordantes. “Alguns falam de duzentas mil variantes conhecidas, outros de trezentas mil, alguns falam de quatrocentas mil ou mais! Mas não se tem certeza, porque, apesar dos impressionantes avanços da informática, ainda não houve quem fosse capaz de contar todas. Talvez, como eu já disse, seja melhor falar em termos comparativos. Há mais variações entre os nossos manuscritos que palavras no Novo Testamento”.
Os copistas que reproduziram os textos originais, ao longo dos séculos, foram influenciados por controvérsias políticas, teológicas ou culturais de suas épocas. Sem falar que muito copistas sequer conheciam a língua da qual copiavam. Apenas reproduziam as formas das letras que viam. Um escorregão da pena e o sentido de uma palavra podia mudar muito. “Com isto se quer dizer que, uma vez que um copista muda um texto – acidental ou intencionalmente -, essas mudanças se tornam permanentes em seu manuscrito (a menos, é claro, que outro copista venha a corrigir o erro). O próximo copista que copia aquele manuscrito copia os erros (pensando serem eles a genuína expressão do texto) e ainda pode acrescentar erros de sua própria lavra. Depois disso, o próximo copista que copia aquele manuscrito copia os erros de todos os seus predecessores e acrescenta erros de sua própria lavra, e assim vai.
A única forma de os erros serem corrigidos é quando um copista reconhece que um predecessor cometeu um erro e tenta consertá-lo. Mas não há garantia, porém, de que um copista que tenta corrigir um erro corrija-o corretamente. Isto é, ao mudar o que lhe parece um erro, ele pode, de fato, mudá-lo incorretamente, de modo que se passa a ter três formas de texto: o original, a versão errada e a tentativa incorreta de resolver o erro. Os erros se multiplicam e se repetem; algumas vezes são corrigidos, outras são ampliados.
E assim por diante, durante séculos”.Ou seja: lasciate ogni speranza, voi ch'entrate na leitura dos textos bíblicos. Não existe livro no mundo que tenha sido mais deturpado ao longo dos séculos. Cada época, cada copista, cada tradutor puxa brasa para seu assado. A meu ver, o caminho mais curto para se tornar ateu é ler atentamente a Bíblia. Ehrman, homem de fé, não conseguiu chegar lá. Mas pelo menos colocou sua fé entre parênteses.Recomendo vivamente, a todo estudioso de assuntos bíblicos, a leitura de seu ensaio. Para aproveitar o azo, recomendo mais um, O Problema com Deus, no qual o autor analisa as respostas que a Bíblia não dá ao sofrimento no mundo.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
AGU defende união civil entre homossexuais
“O governo federal ( ou seja, a turma do Lula) se posicionou a favor do reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo. Parecer encaminhado pela Advocacia Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF) conclui que o reconhecimento dos direitos civis de casais homossexuais não fere a Constituição Federal. A posição da AGU corrobora o entendimento da Procuradoria Geral da República, que acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contestando a constitucionalidade do artigo 1723 do Código Civil, que afirma que a união estável se dá apenas entre um homem e uma mulher. Caso a manifestação da AGU seja aceita pelos ministros do Supremo, casais homossexuais não precisarão recorrer à Justiça para compartilhar dos mesmos direitos dos casais heterossexuais. É o caso, por exemplo, da inclusão de parceiros como dependentes de planos de saúde e pensionistas. O parecer, assinado pelo advogado da União Rogério Marcos de Jesus Santos, ressalta que a Constituição protege a dignidade, a privacidade e a intimidade das pessoas, além de proibir qualquer tipo de discriminação por raça, gênero, credo ou orientação sexual” – diz a notícia.
É muita bichice e muita burrice reunidas.
Quem levantou tudo isso foi a PGE, Procuradoria Geral da República que, ao que tudo indica, não tem mais o que fazer na vida, argüindo a inconstitucionalidade do art. 1723 do Código Civil.
É bichice e burrice, repito. O cara tem que ser muito bicha para distorcer o que está escrito no art. 1723 do Código Civil e encontrar nele uma inconstitucionalidade, quando é a própria Constituição Federal que, no art. 226, § 3º, reconhece a união estável “entre homem e mulher como entidade familiar”.
Quer dizer: bichas e lésbicas, fora.
A burrice é tanta, que nem mereceria comentário. Mas, para vocês, leitores, que não têm formação jurídica, eu informo que a Constituição Federal não proíbe discriminação por “orientação sexual”. Ela proíbe discriminação em virtude de sexo, (tipo só vale pra homem, ou só vale pra mulher) mas sexos só existem dois: macho e fêmea. Fora disso, o que existe é bichice e lesbianismo, anomalias sexuais não previstas em lei alguma.
Mas, assim como há juízes bichas e juízas lésbicas, há procuradores da República e advogados da União bichas e lésbicas. Daí a razão de pareceres idiotas como esse.
Só espero que no Supremo Tribunal Federal não haja tanta bicha assim. Afinal, eles são só onze ministros. Se uns forem bichas e outros, burros, estaremos todos ralados, submetidos ao reino da bichice.
Te cuida, cara! Qualquer dia essa gente pode obrigar você a dar o fiu-fiu, porque, se negar a dar bunda, será "discriminação".
João Eichbaum
“O governo federal ( ou seja, a turma do Lula) se posicionou a favor do reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo. Parecer encaminhado pela Advocacia Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF) conclui que o reconhecimento dos direitos civis de casais homossexuais não fere a Constituição Federal. A posição da AGU corrobora o entendimento da Procuradoria Geral da República, que acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contestando a constitucionalidade do artigo 1723 do Código Civil, que afirma que a união estável se dá apenas entre um homem e uma mulher. Caso a manifestação da AGU seja aceita pelos ministros do Supremo, casais homossexuais não precisarão recorrer à Justiça para compartilhar dos mesmos direitos dos casais heterossexuais. É o caso, por exemplo, da inclusão de parceiros como dependentes de planos de saúde e pensionistas. O parecer, assinado pelo advogado da União Rogério Marcos de Jesus Santos, ressalta que a Constituição protege a dignidade, a privacidade e a intimidade das pessoas, além de proibir qualquer tipo de discriminação por raça, gênero, credo ou orientação sexual” – diz a notícia.
É muita bichice e muita burrice reunidas.
Quem levantou tudo isso foi a PGE, Procuradoria Geral da República que, ao que tudo indica, não tem mais o que fazer na vida, argüindo a inconstitucionalidade do art. 1723 do Código Civil.
É bichice e burrice, repito. O cara tem que ser muito bicha para distorcer o que está escrito no art. 1723 do Código Civil e encontrar nele uma inconstitucionalidade, quando é a própria Constituição Federal que, no art. 226, § 3º, reconhece a união estável “entre homem e mulher como entidade familiar”.
Quer dizer: bichas e lésbicas, fora.
A burrice é tanta, que nem mereceria comentário. Mas, para vocês, leitores, que não têm formação jurídica, eu informo que a Constituição Federal não proíbe discriminação por “orientação sexual”. Ela proíbe discriminação em virtude de sexo, (tipo só vale pra homem, ou só vale pra mulher) mas sexos só existem dois: macho e fêmea. Fora disso, o que existe é bichice e lesbianismo, anomalias sexuais não previstas em lei alguma.
Mas, assim como há juízes bichas e juízas lésbicas, há procuradores da República e advogados da União bichas e lésbicas. Daí a razão de pareceres idiotas como esse.
Só espero que no Supremo Tribunal Federal não haja tanta bicha assim. Afinal, eles são só onze ministros. Se uns forem bichas e outros, burros, estaremos todos ralados, submetidos ao reino da bichice.
Te cuida, cara! Qualquer dia essa gente pode obrigar você a dar o fiu-fiu, porque, se negar a dar bunda, será "discriminação".
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
NÓS, OS PRIMATAS
O Juiz de Trairi
João Eichbaum
O Juiz de Direito Gustavo Henrique Cardoso Cavalcante, da Comarca de Trairi, determinou "a imediata proibição da gravação e exibição, no programa "No Limite", de provas que envolvam animais de quaisquer espécies, bem como a gravação e exibição de cenas em que se submetam animais a maus tratos". A decisão foi proferida nessa 3ª.feira (15/09) e o diretor geral do programa, José Bonifácio Brasil de Oliveira, o "Boninho", foi intimado para o cumprimento da ordem, sob as penas legais – diz a notícia.
Mas, não é bem assim, “animais de quaisquer espécies”. O que não se pode é matar galinha a facada, comer olho de cabra, coisas assim. Esses animaizinhos não podem sofrer qualquer espécie de maus tratos.
O único animal que pode estar submetido a maus tratos é o bicho chamado “homem”, o principal dos animais que a Globo reúne para distrair os ignorantes. Ali nesse programa – a que eu nunca assisti, mas sou obrigado a ver a “chamada”, exatamente na hora do noticiário – se vê o homem, o primata humano exibindo, sem restrições, toda sua animalidade. Se não houvesse outras provas de que o homem é um macaco mau, a Globo nos estaria fazendo esse favor, o de mostrar o que há de deprimente, de indigno, de deplorável no comportamento humano.
E não é só o comportamento que traduz essa idéia de animalidade. O próprio aspecto físico dos concorrentes causa repugnância.
Mas entre a exibição dessa animalidade no tal de programa da Globo e a manifestação dos idiotas que assistem a tais aberrações, não sei o que é pior. E não sei o que é pior porque nuns e noutros a animalidade está presente. Nada há de racional no comportamento dos que participam daquela idiotice, como no comportamento de quem fica “torcendo” a favor desse ou daquele, ou contra esse ou aquele.
De um lado e de outro a conclusão a que se pode chegar é uma só: macaco que é, o homem não traz nenhuma dignidade consigo. A dignidade não nasce com o ser humano, como não nasce com qualquer outro animal. Mas o homem, com sua inteligência, pode formar essa dignidade. Só que poucos, muito poucos fazem isso. A maioria não ta nem aí e prefere fazer o que todo mundo faz: tirar o máximo proveito, seja a que preço for, mesmo se despindo do pouco de dignidade assimilada, para se mostrar na tela da televisão tal como veio ao mundo: um animal.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
COLUNA DO PAULO WAINBERG
VEM
Paulo Wainberg
Eram mil assuntos para falar, que se acumularam. Sarney e senado, com perdão das más palavras, pré-sal, pós-sal e inter-sal a repetir o que Monteiro Lobato já dizia na década de Trinta, plagiando o que digo hoje, que o petróleo é nosso; racismo contra Barak Obama – uma surpresa! – Renan e Collor (me perdoem, muitas vezes os palavrões são essenciais à literatura), o Porto Alegre em Cena, muito mais para balé do que para teatro, mas ainda assim um investimento à valer; bienais aqui e ali, explosões terroristas, salvamento de um pinguim, sei lá, sei lá, tanta coisa... que resolvi falar da.... primavera.
Muitos amigos meus e um sem número de outros que nunca conheci tiveram a felicidade de ter uma prima chamada Vera, com quem iniciaram suas experiência sexuais, sabendo-se, como se sabe, que as experiências sexuais se iniciam entre primas e primos.
Eu, infelizmente, não tive e não tenho nenhuma prima chamada Vera, razão pela qual tive que aventurar-me em outros terrenos, predominando o das empregadas domésticas, verdadeiros mananciais eróticos da geração dos quarenta... anos quarenta, pessoal, 1940, fui claro?
Bem!
Estamos no limiar da Primavera e isto me preocupa muito. Sofro por causa das alergias. Não as minhas, que não tenho nenhuma. Não. Sofro por causa das alergias alheias. Sei o quanto sofrem os alérgicos ao pólen, os asmáticos, os que vão para o hospital por causa de uma abelha e tantos outros.
Me preocupo com eles. Entra ano, sai ano, e lá vão os alérgicos, carregando suas alergias nos elevadores e nas filas do cinema, espirrando para todos os lados, assoando narizes, tossindo, fungando, fumegando, furubundando, lacrimejando, com saudades dos bons e velhos tempos do inverno onde, no máximo, um resfriado flibusteiro ataca as gônadas, digo, as adenóides.
Enquanto isso, pássaros, trinam, flores supimpam, insetos zunem, cores inebriam, ares anilam, a natureza recrudesce e, como tumores benignos, pêssegos começam a dar.
Por outro lado, encho-me de piedade de nossos irmãos do norte, do hemisfério norte, que durante meses iludiram-se com as aparências do verão e se vêem, subitamente, à beira de um outono purulento a anunciar um inverno febril.
Pobres norte-americanos e europeus que, durante alguns meses, brindaram suas cervejas à beira das piscinas de biquínis em flor, seus daiquiris em areias de praias sem sutiãs, seus uísques em recepções ar-refrigeradas de longos vestidos decotados e sandálias, mal imaginando que, para eles, avizinhava-se o que agora é verdade: frio, chuva, neve, escuridão e, convenhamos, é brabo!, permanente encarquilhamento.
E nós aqui, Primavera a dentro, rumo ao Verão!
Imagino-me à beira-mar, chapinhando na água, caipirinha na mão, olhos mis para mis visões, esquecido de tudo, das agruras que me esperam, iludido pela doce fantasia de que é para sempre, nunca mais Inverno, nunca mais, nunca mais, nunca mais.
Há quem pense que a melhor vida que se pode levar é estar sempre no verão, hospedado num luxuoso hotel, com tudo do bom e do melhor, sem nenhum compromisso ou obrigação, vivendo apenas o prazer e o lazer, rodeado por beldades, as melhores bebidas, as melhores comidas, os melhores amigos e nenhum, mas absolutamente nenhum desconforto ou preocupação.
Eu sou um. Penso exatamente isso!
Outros pensam que a melhor vida que se pode levar é estar sempre sob mau tempo, trabalhando oitenta horas por dia, repleto de reuniões, compromissos, chuva e frio, não tem taxi, aeroporto fechado, celular a pleno, tranquilizantes, relaxantes, aporrinhantes, ex-esposas e fast-foods.
Eu não!
Sou da brisa, contra a ventania.
Eis que a primavera chega iluminando a praça, colorindo o gradil, poetizando a alma.
Estou dentro. Conta comigo que sou parceiro. Me leva pra navegar, me convida pro chope, diz que é legal falar comigo, que eu estou dentro.
É hora de sorrir, me diz alguém aqui dentro, e eu sorrio. É hora de ver a beleza e, para isto, troco as lentes de contato, ponho novas para nada perder, nem mesmo as moscas varejeiras que, como se sabe, são lindamente coloridas.
Portanto, primavera, vem com tudo! Vem fervendo que eu estou morno! Vem blue que eu estou gris! Vem com água que estou com sede!
Vem com alegria, que estou precisando!
Vem!
Paulo Wainberg
Eram mil assuntos para falar, que se acumularam. Sarney e senado, com perdão das más palavras, pré-sal, pós-sal e inter-sal a repetir o que Monteiro Lobato já dizia na década de Trinta, plagiando o que digo hoje, que o petróleo é nosso; racismo contra Barak Obama – uma surpresa! – Renan e Collor (me perdoem, muitas vezes os palavrões são essenciais à literatura), o Porto Alegre em Cena, muito mais para balé do que para teatro, mas ainda assim um investimento à valer; bienais aqui e ali, explosões terroristas, salvamento de um pinguim, sei lá, sei lá, tanta coisa... que resolvi falar da.... primavera.
Muitos amigos meus e um sem número de outros que nunca conheci tiveram a felicidade de ter uma prima chamada Vera, com quem iniciaram suas experiência sexuais, sabendo-se, como se sabe, que as experiências sexuais se iniciam entre primas e primos.
Eu, infelizmente, não tive e não tenho nenhuma prima chamada Vera, razão pela qual tive que aventurar-me em outros terrenos, predominando o das empregadas domésticas, verdadeiros mananciais eróticos da geração dos quarenta... anos quarenta, pessoal, 1940, fui claro?
Bem!
Estamos no limiar da Primavera e isto me preocupa muito. Sofro por causa das alergias. Não as minhas, que não tenho nenhuma. Não. Sofro por causa das alergias alheias. Sei o quanto sofrem os alérgicos ao pólen, os asmáticos, os que vão para o hospital por causa de uma abelha e tantos outros.
Me preocupo com eles. Entra ano, sai ano, e lá vão os alérgicos, carregando suas alergias nos elevadores e nas filas do cinema, espirrando para todos os lados, assoando narizes, tossindo, fungando, fumegando, furubundando, lacrimejando, com saudades dos bons e velhos tempos do inverno onde, no máximo, um resfriado flibusteiro ataca as gônadas, digo, as adenóides.
Enquanto isso, pássaros, trinam, flores supimpam, insetos zunem, cores inebriam, ares anilam, a natureza recrudesce e, como tumores benignos, pêssegos começam a dar.
Por outro lado, encho-me de piedade de nossos irmãos do norte, do hemisfério norte, que durante meses iludiram-se com as aparências do verão e se vêem, subitamente, à beira de um outono purulento a anunciar um inverno febril.
Pobres norte-americanos e europeus que, durante alguns meses, brindaram suas cervejas à beira das piscinas de biquínis em flor, seus daiquiris em areias de praias sem sutiãs, seus uísques em recepções ar-refrigeradas de longos vestidos decotados e sandálias, mal imaginando que, para eles, avizinhava-se o que agora é verdade: frio, chuva, neve, escuridão e, convenhamos, é brabo!, permanente encarquilhamento.
E nós aqui, Primavera a dentro, rumo ao Verão!
Imagino-me à beira-mar, chapinhando na água, caipirinha na mão, olhos mis para mis visões, esquecido de tudo, das agruras que me esperam, iludido pela doce fantasia de que é para sempre, nunca mais Inverno, nunca mais, nunca mais, nunca mais.
Há quem pense que a melhor vida que se pode levar é estar sempre no verão, hospedado num luxuoso hotel, com tudo do bom e do melhor, sem nenhum compromisso ou obrigação, vivendo apenas o prazer e o lazer, rodeado por beldades, as melhores bebidas, as melhores comidas, os melhores amigos e nenhum, mas absolutamente nenhum desconforto ou preocupação.
Eu sou um. Penso exatamente isso!
Outros pensam que a melhor vida que se pode levar é estar sempre sob mau tempo, trabalhando oitenta horas por dia, repleto de reuniões, compromissos, chuva e frio, não tem taxi, aeroporto fechado, celular a pleno, tranquilizantes, relaxantes, aporrinhantes, ex-esposas e fast-foods.
Eu não!
Sou da brisa, contra a ventania.
Eis que a primavera chega iluminando a praça, colorindo o gradil, poetizando a alma.
Estou dentro. Conta comigo que sou parceiro. Me leva pra navegar, me convida pro chope, diz que é legal falar comigo, que eu estou dentro.
É hora de sorrir, me diz alguém aqui dentro, e eu sorrio. É hora de ver a beleza e, para isto, troco as lentes de contato, ponho novas para nada perder, nem mesmo as moscas varejeiras que, como se sabe, são lindamente coloridas.
Portanto, primavera, vem com tudo! Vem fervendo que eu estou morno! Vem blue que eu estou gris! Vem com água que estou com sede!
Vem com alegria, que estou precisando!
Vem!
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
A BÍBLIA LIDA PELO DIABO
DEUS SERÁ MACACO COMO NÓS?
João Eichbaum
Aí aconteceu, colega! Lá pelas tantas da eternidade, sem ter nada que fazer na vida, Deus teve um estalo.
Não fui eu que inventei, está escrito assim na Bíblia, Gênesis, capítulo 3, versículo 26, com todas as letras: “E disse Deus: façamos o homem à nossa imagem e semelhança...”
Então, não há o que discutir, porque está escrito na Bíblia e ninguém pode duvidar de que Deus tenha dito isso para as próprias barbas - certamente Ele não tinha botões e por isso só podia falar com a própria barba.
Só que tem um detalhe. Sabe o macaco? Aquele bichinho que você gosta de ver no zoológico ou no circo? Pois o homem é, em tudo, semelhante a ele.
Usei o adjetivo “semelhante” só para aproveitar a linguagem da Bíblia. Na verdade, o homem é um macaco. Não é mera coincidência essa “semelhança” entre o homem e os demais primatas.
Então se o homem foi feito “à imagem e semelhança” de Javé, o Deus judaico-cristão, e é, ao mesmo tempo, semelhante ao macaco, não há como fugir da conclusão: Deus também é um macaco. Quer dizer, o primata homem tem tanta vocação para transcendências, como para assassinatos – como diria Marcelo Mirisola.
Mas, pense bem. Será que a “divindade” defeca, urina, solta puns e tem tesão?
Se o homem foi feito à imagem e semelhança dessa “divindade”, e não foi dispensado de tais necessidades fisiológicas, que são comuns a todos os animais, (tem macaquinho no zoológico que até bate punheta quando vê mulher bonita) não tem escapatória: ou a “divindade” tem idênticas necessidades, ou Javé disse que fez o homem à sua “imagem e semelhança” só para engambelar o Santo Padre o Papa. Porque, na verdade, o homem tá muito mais pra animal do que pra deus.
Bom, de tudo isso, concluo que Deus não tinha criatividade. O único modelo que conhecia era ele mesmo. Deu no que deu.
Mas, me diga uma coisa: entre a Angelina Jolie e o Lula, qual dos dois você acha mais “semelhante” a Deus?
João Eichbaum
Aí aconteceu, colega! Lá pelas tantas da eternidade, sem ter nada que fazer na vida, Deus teve um estalo.
Não fui eu que inventei, está escrito assim na Bíblia, Gênesis, capítulo 3, versículo 26, com todas as letras: “E disse Deus: façamos o homem à nossa imagem e semelhança...”
Então, não há o que discutir, porque está escrito na Bíblia e ninguém pode duvidar de que Deus tenha dito isso para as próprias barbas - certamente Ele não tinha botões e por isso só podia falar com a própria barba.
Só que tem um detalhe. Sabe o macaco? Aquele bichinho que você gosta de ver no zoológico ou no circo? Pois o homem é, em tudo, semelhante a ele.
Usei o adjetivo “semelhante” só para aproveitar a linguagem da Bíblia. Na verdade, o homem é um macaco. Não é mera coincidência essa “semelhança” entre o homem e os demais primatas.
Então se o homem foi feito “à imagem e semelhança” de Javé, o Deus judaico-cristão, e é, ao mesmo tempo, semelhante ao macaco, não há como fugir da conclusão: Deus também é um macaco. Quer dizer, o primata homem tem tanta vocação para transcendências, como para assassinatos – como diria Marcelo Mirisola.
Mas, pense bem. Será que a “divindade” defeca, urina, solta puns e tem tesão?
Se o homem foi feito à imagem e semelhança dessa “divindade”, e não foi dispensado de tais necessidades fisiológicas, que são comuns a todos os animais, (tem macaquinho no zoológico que até bate punheta quando vê mulher bonita) não tem escapatória: ou a “divindade” tem idênticas necessidades, ou Javé disse que fez o homem à sua “imagem e semelhança” só para engambelar o Santo Padre o Papa. Porque, na verdade, o homem tá muito mais pra animal do que pra deus.
Bom, de tudo isso, concluo que Deus não tinha criatividade. O único modelo que conhecia era ele mesmo. Deu no que deu.
Mas, me diga uma coisa: entre a Angelina Jolie e o Lula, qual dos dois você acha mais “semelhante” a Deus?
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
NÓS, OS PRIMATAS
OS MACACOS e a TELEVISÃO
João Eichbaum
Não é necessário ser muito versado em ciências biológicas para se chegar à conclusão de que não passamos – sim, senhores – de primatas.
Basta olhar a televisão aberta: ela é feita por macacos mais inteligentes para divertir macacos mais burros.
Outro dia, estava na academia de ginástica, cuja televisão estava ligada na Globo de manhã e tive que engolir aquela cara de retardada e empanturrar meus ouvidos com a voz pastosa e enjoativa duma tal ... como é mesmo o nome da ... ah, sim, me lembrei, Ana Maria Braga.
Pois a coroa sem graça estava entrevistando não sei quem. Não sei, não olhei, apenas ouvi, porque o silêncio da academia não me dava outra chance.
Então ouvi o entrevistado, que deve ser outro retardado mental, dizer: “ a gente tem que passar uma energia positiva...”
Ah, é? Se existe uma energia “positiva” é porque existe também uma energia “negativa”.
Então, onde é que se armazenam essas energias? Donde é que elas emanam? Para que é que servem?
Claro, não foi a primeira vez que ouvi falar em “energia positiva”, apenas estou referindo o fato, para mostrar que a televisão aberta é a prova mais eloquente de que somos macacos.
Macaco só tem três tipos de energia: força física, garra e orgasmo. E esses tipos de energia são simplesmente energia, sem qualificação de positiva ou negativa. Se existissem energias “positivas”, no sentido de “força mental”, todo o time de futebol que tem a maior torcida, sempre ganharia jogo. O papa jamais morreria, tal e tanta é a preocupação de milhões e milhões de católicos que rezam por ele e o querem saudável e tesudo.
Algum Paulo Coelho da vida inventou a tal de “energia positiva” e a macacada da platéia a adotou como dogma: tendo energia “positiva” vai tudo bem.
Tudo bem, um ova. Sem trabalho, sem sorte, sem dinheiro, ou sem um padrinho poderoso, não se consegue nada. Agora, enganando a macacada em geral, como fazem a Globo e os políticos, aí se consegue muita coisa, pela simples e boa razão de que, tendo banana (televisão), a macacada se diverte e fica feliz.
João Eichbaum
Não é necessário ser muito versado em ciências biológicas para se chegar à conclusão de que não passamos – sim, senhores – de primatas.
Basta olhar a televisão aberta: ela é feita por macacos mais inteligentes para divertir macacos mais burros.
Outro dia, estava na academia de ginástica, cuja televisão estava ligada na Globo de manhã e tive que engolir aquela cara de retardada e empanturrar meus ouvidos com a voz pastosa e enjoativa duma tal ... como é mesmo o nome da ... ah, sim, me lembrei, Ana Maria Braga.
Pois a coroa sem graça estava entrevistando não sei quem. Não sei, não olhei, apenas ouvi, porque o silêncio da academia não me dava outra chance.
Então ouvi o entrevistado, que deve ser outro retardado mental, dizer: “ a gente tem que passar uma energia positiva...”
Ah, é? Se existe uma energia “positiva” é porque existe também uma energia “negativa”.
Então, onde é que se armazenam essas energias? Donde é que elas emanam? Para que é que servem?
Claro, não foi a primeira vez que ouvi falar em “energia positiva”, apenas estou referindo o fato, para mostrar que a televisão aberta é a prova mais eloquente de que somos macacos.
Macaco só tem três tipos de energia: força física, garra e orgasmo. E esses tipos de energia são simplesmente energia, sem qualificação de positiva ou negativa. Se existissem energias “positivas”, no sentido de “força mental”, todo o time de futebol que tem a maior torcida, sempre ganharia jogo. O papa jamais morreria, tal e tanta é a preocupação de milhões e milhões de católicos que rezam por ele e o querem saudável e tesudo.
Algum Paulo Coelho da vida inventou a tal de “energia positiva” e a macacada da platéia a adotou como dogma: tendo energia “positiva” vai tudo bem.
Tudo bem, um ova. Sem trabalho, sem sorte, sem dinheiro, ou sem um padrinho poderoso, não se consegue nada. Agora, enganando a macacada em geral, como fazem a Globo e os políticos, aí se consegue muita coisa, pela simples e boa razão de que, tendo banana (televisão), a macacada se diverte e fica feliz.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
NÓS, OS PRIMATAS
MACACO NUNCA DEIXA DE SER MACACO
João Eichbaum
Os primatas humanos são umas criaturas tão engraçadas como aqueles primatas que a gente vê no zoológico.
Por que? Ora, por que. Porque todos somos irmãos, descendemos do mesmo tronco. E, sendo irmãos, descendendo do mesmo tronco, não podemos ser muito diferentes. Quer dizer, no fundo, no fundo, somos todos iguais e fazemos gracinhas e palhaçadas cada qual a seu modo.
A diferença está apenas naquilo que aparece na superfície, no envólucro. Temos primatas, por exemplo, que são considerados santos. Temos um primata que se disse o “Filho de Deus” e, como tal, foi aceito por milhões e milhões de primatas, depois de ter se deixado crucificar. Temos um primata que se veste todo de branco, tem fala mansa, fala em latim, se diz “representante de Deus na terra”, distribui bênçãos “urbi et orbe”, mete seu bedelho em qualquer tipo de comportamento, escreve encíclicas, mas caga, mija, tem tesão, fica doente e morre como todos os demais primatas. Chamam-no de “Santo Padre”.
Temos primatas que são reis, temos primatas que são presidentes da república, temos primatas ricos, temos primatas pobres, temos primatas sem-vergonhas, (a maioria) temos primatas retardados, outros muito vivos. Temos primatas que trabalham e outros que se tornam políticos.
Temos primatas que ainda vivem como primatas, não tão nem aí, se lixam para o sistema social organizado pelos mais vivos, aqueles que querem preservar o deles, com medo dos outros primatas, os que não têm nada na vida.
Foram os mais vivos que inventaram a ONU e os direitos humanos, para engambelar os idiotas, os quais não enxergam a hipocrisia, porque essa mesma ONU, quando quer guerra, não ta nem aí para os direitos humanos que ela inventou.
Quem olha o mundo e vê todas essas diferenças tem que dar razão a Charles Darwin porque, se existisse uma raça humana, puramente humana, como querem os filósofos e demais pederastas, não haveria tantos fossos, separando tantos primatas, não haveria tanta palhaçada, não seriamos tão engraçados como os nossos irmãos dos circos e dos zoológicos.
Só a evolução, que não é linear, metódica, matemática, equilibrada, sujeita a normas rígidas, só a evolução, que é uma exigência da natureza, pode ser responsabilizada por tantas diferenças, que só aparecem na superfície, porque no fundo, na essência, que é puramente biológica, todo o mundo é igual.
Ou vocês aí conhecem alguém que não caga, não mija, não peida, algum assexuado que não tem tesão?
João Eichbaum
Os primatas humanos são umas criaturas tão engraçadas como aqueles primatas que a gente vê no zoológico.
Por que? Ora, por que. Porque todos somos irmãos, descendemos do mesmo tronco. E, sendo irmãos, descendendo do mesmo tronco, não podemos ser muito diferentes. Quer dizer, no fundo, no fundo, somos todos iguais e fazemos gracinhas e palhaçadas cada qual a seu modo.
A diferença está apenas naquilo que aparece na superfície, no envólucro. Temos primatas, por exemplo, que são considerados santos. Temos um primata que se disse o “Filho de Deus” e, como tal, foi aceito por milhões e milhões de primatas, depois de ter se deixado crucificar. Temos um primata que se veste todo de branco, tem fala mansa, fala em latim, se diz “representante de Deus na terra”, distribui bênçãos “urbi et orbe”, mete seu bedelho em qualquer tipo de comportamento, escreve encíclicas, mas caga, mija, tem tesão, fica doente e morre como todos os demais primatas. Chamam-no de “Santo Padre”.
Temos primatas que são reis, temos primatas que são presidentes da república, temos primatas ricos, temos primatas pobres, temos primatas sem-vergonhas, (a maioria) temos primatas retardados, outros muito vivos. Temos primatas que trabalham e outros que se tornam políticos.
Temos primatas que ainda vivem como primatas, não tão nem aí, se lixam para o sistema social organizado pelos mais vivos, aqueles que querem preservar o deles, com medo dos outros primatas, os que não têm nada na vida.
Foram os mais vivos que inventaram a ONU e os direitos humanos, para engambelar os idiotas, os quais não enxergam a hipocrisia, porque essa mesma ONU, quando quer guerra, não ta nem aí para os direitos humanos que ela inventou.
Quem olha o mundo e vê todas essas diferenças tem que dar razão a Charles Darwin porque, se existisse uma raça humana, puramente humana, como querem os filósofos e demais pederastas, não haveria tantos fossos, separando tantos primatas, não haveria tanta palhaçada, não seriamos tão engraçados como os nossos irmãos dos circos e dos zoológicos.
Só a evolução, que não é linear, metódica, matemática, equilibrada, sujeita a normas rígidas, só a evolução, que é uma exigência da natureza, pode ser responsabilizada por tantas diferenças, que só aparecem na superfície, porque no fundo, na essência, que é puramente biológica, todo o mundo é igual.
Ou vocês aí conhecem alguém que não caga, não mija, não peida, algum assexuado que não tem tesão?
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Eis um poeta: Gilmar Rosso, para amenizar a nossa indignação e tornar mais propício este setembro chuvoso.
ARES SETEMBRINOS
Gilmar Antonio Rosso - solrosso@brturbo.com.br
Nas estâncias de antanho, que as terras abundavam tanto, viviam Setembrinos e Simões, também Marias e Deodoras... Iniciamos esta coluna lembrando os setembros de nossa vida, alguns muitos, outros poucos, outros ainda, muitos setembros juntos. Esses juntos, são aqueles pares de meses que andam casados por anos afora, embelezando a vida sua e de sua prole. Semeiam histórias de fatos e fotos, desejos, anseios, mas muitos fatos, que de fato, fazem o mundo. Estou pensando nos meus, naqueles e nesse mês, de temas patrióticos, regionais e particulares. Celebrando a vida independente de meus pais, celebro a dependência de minhas filhas, esperando o fatal grito: “Independência ou morte”.
Nada me assusta, nem as consequências da morte naquele grito que virá. Serão mortes, várias, de muitos modos, jeitos e maneiras, que tão necessárias, porão vida na independência, sucumbindo, parcialmente a dependência. Sim, ficaremos eternamente dependurados nalguma teta, agarrados ao ventre, pelo umbigo, emaranhado nalguma barba, unido, mesmo sutilmente, a algum espírito maternopatriarcal.
Assim vamo-nos, carpindo nossa horta, cheirando flores, degustando laranjas, mateando pelas madrugadas, churrasqueando aos domingos e, de quando em quando, velando alguém. E que não seja de nosso costado, porque daí a coisa é de agosto e não de setembro.
As notícias dos dias e das noites, nos jornais diários, fustigam exposição em Esteio, desfiles na chuva e sem chuva, com pouca e alguma gente. É o nosso amado e idolatrado Brasil, é o nosso querido Rio Grande do Sul, que buscamos em estâncias sem fim. Por quem marchamos em ruas esburacadas e escuras, cheias de lixo e descuidos nossos e dos outros, outros aqueles que se encarregaram judicialmente desta tarefa.
É um tempo de chuva e frio, de acampamento farroupilha, de preparos para a Feisma, reinício das aulas. Retomada do passado susto suíno?
É o mês com erre no nome: brota a grama, a figueira e a parreira, a amoreira engrossa o fruto, e nós vamos olhando prá barriguinha, vislumbrando o verão.
É setembro, Setembrino, é deveras tempo de primavera, de Feira da Primavera.
Estou pensando nos meus acampamentos, meus desfiles e minhas paradas. Aceitando meu modo descoordenado de caminhar, todas deficiências numerosas e eficiências raras. Estou assumindo minha dependência da vida, sofrida, gostosa, querido presente. Quero, como farrapo posteiro, ser sentinela da aurora que já ganha meu coração, inunda este peito gaudério. Chimarrear solito ou acompanhado, sorvendo a dita seiva do pago com novo ardor galponeiro.
Setembro, eu quisera,
Ah! Como te quero,
Velho setembro.
Sete meses te espero,
Em três ainda te sinto no ar.
Tempo das pátrias
ou da pátria Brasil¿
Tempo de espera.
Esperar o que eu quis:
“Essa terra tem dono”
Gritou Sepé,
Grita outros brasis.
ARES SETEMBRINOS
Gilmar Antonio Rosso - solrosso@brturbo.com.br
Nas estâncias de antanho, que as terras abundavam tanto, viviam Setembrinos e Simões, também Marias e Deodoras... Iniciamos esta coluna lembrando os setembros de nossa vida, alguns muitos, outros poucos, outros ainda, muitos setembros juntos. Esses juntos, são aqueles pares de meses que andam casados por anos afora, embelezando a vida sua e de sua prole. Semeiam histórias de fatos e fotos, desejos, anseios, mas muitos fatos, que de fato, fazem o mundo. Estou pensando nos meus, naqueles e nesse mês, de temas patrióticos, regionais e particulares. Celebrando a vida independente de meus pais, celebro a dependência de minhas filhas, esperando o fatal grito: “Independência ou morte”.
Nada me assusta, nem as consequências da morte naquele grito que virá. Serão mortes, várias, de muitos modos, jeitos e maneiras, que tão necessárias, porão vida na independência, sucumbindo, parcialmente a dependência. Sim, ficaremos eternamente dependurados nalguma teta, agarrados ao ventre, pelo umbigo, emaranhado nalguma barba, unido, mesmo sutilmente, a algum espírito maternopatriarcal.
Assim vamo-nos, carpindo nossa horta, cheirando flores, degustando laranjas, mateando pelas madrugadas, churrasqueando aos domingos e, de quando em quando, velando alguém. E que não seja de nosso costado, porque daí a coisa é de agosto e não de setembro.
As notícias dos dias e das noites, nos jornais diários, fustigam exposição em Esteio, desfiles na chuva e sem chuva, com pouca e alguma gente. É o nosso amado e idolatrado Brasil, é o nosso querido Rio Grande do Sul, que buscamos em estâncias sem fim. Por quem marchamos em ruas esburacadas e escuras, cheias de lixo e descuidos nossos e dos outros, outros aqueles que se encarregaram judicialmente desta tarefa.
É um tempo de chuva e frio, de acampamento farroupilha, de preparos para a Feisma, reinício das aulas. Retomada do passado susto suíno?
É o mês com erre no nome: brota a grama, a figueira e a parreira, a amoreira engrossa o fruto, e nós vamos olhando prá barriguinha, vislumbrando o verão.
É setembro, Setembrino, é deveras tempo de primavera, de Feira da Primavera.
Estou pensando nos meus acampamentos, meus desfiles e minhas paradas. Aceitando meu modo descoordenado de caminhar, todas deficiências numerosas e eficiências raras. Estou assumindo minha dependência da vida, sofrida, gostosa, querido presente. Quero, como farrapo posteiro, ser sentinela da aurora que já ganha meu coração, inunda este peito gaudério. Chimarrear solito ou acompanhado, sorvendo a dita seiva do pago com novo ardor galponeiro.
Setembro, eu quisera,
Ah! Como te quero,
Velho setembro.
Sete meses te espero,
Em três ainda te sinto no ar.
Tempo das pátrias
ou da pátria Brasil¿
Tempo de espera.
Esperar o que eu quis:
“Essa terra tem dono”
Gritou Sepé,
Grita outros brasis.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
CRÕNICAS ESPORÁDICAS
Com nossos aplausos, temos de volta Paulo Wainberg
PROCESSO CRIATIVO
Paulo Wainberg
Eu sei, eu sei, faz tempo, vocês abrem o computador diariamente, cheios de esperança... e nada. Silêncio total, nenhuma crônica minha, logo eu que acostumei vocês – para o bem e para o mal – com crônicas diárias!
Concordo: que pena!
Mas é preciso entender que o ócio, criativo ou não, é um atributo, uma qualidade. O ócio, bem usufruído é uma virtude superior, jamais um pecado, ao contrário da preguiça, esta sim, um estágio inferior da alma, caso ela exista.
Bem, não foi o meu caso. Longe disso. Não estive em estado de ócio, nesse tempo todo. Preguiça? Talvez, mas ócio não.
Desde a última crônica, trabalhei muito. Concluí a revisão do romance Unhas, a história de um exterminador de paixões proibidas que, provavelmente, irá ao ar no próximo ano, dependendo da programação das editoras.
Além disto, mercê de uma soberba re-estruturação (o hífen, no caso, está ortograficamente correto, eu acho) deste escritório advocatício, passei muito tempo pensando e organizando.
Porque, não sei se já te contei, sou um organizador nato, um pensador, o síndico perfeito, que tudo sabe e nada faz, mas conhece quem faz... capice?
Por exemplo: Ligo para meu amigo e informo que estou organizando um churrasco na casa dele, para assistir o jogo, certo? Certo. A primeira parte está feita: o local. Depois ligo para o outro amigo e aviso que vai ter um churrasco na casa do primeiro amigo, para assistir o jogo – do Internacional, é óbvio – cabendo-lhe comprar a carne e assá-la. Depois ligo para o terceiro amigo, repito as informações e atribuo-lhe a parte das saladas. Ao quarto amigo incumbo o dever de levar as bebidas. E, na data aprazada, como, bebo e assisto o jogo. Tudo organizado, tudo perfeito, nenhuma falha no roteiro.
O mundo precisa de pessoas como eu!!!! Gente, como o mundo precisa de pessoas com eu, organizadores natos.
Quando minha esposa, em alguma recepção social lá em casa, me alerta: Serve o vinho!, juro que não entendo. Como assim, serve vinho? Como ela ousa se antecipar a minha ideia?
Na minha ordem natural das coisas, eu determino que alguém – ela inclusive – sirva o vinho. Sou eu quem pensa nesse tipo de obrigação. Jamais concebo que, a mim, caiba executá-la.
Não me peçam para fazer, é o que sempre digo. Eu sei o que é preciso fazer, portanto ponham ao meu lado alguém que faça o que eu sei o que deve ser feito.
Quando eu jogava – futebol, vôlei, tênis – nunca supus que me incumbisse fazer o gol, cortar ou fazer o ponto. Não, não mesmo! Eu deixava o outro na cara do gol, eu levantava a bola na fita da rede, eu gritava para o parceiro do fundo: é tua!
Só o que me faltava era quererem que eu corresse em campo, pulasse para a cortada ou fosse atrás da bolinha de tênis. Se ela viesse aonde eu estava, rebatia. Se não, é tua!, para o parceiro. Simples, uma lógica perfeita para um pensador, ou melhor, para um organizador.
Eu sou um sujeito que adora o ócio, mas não tenho tempo para aproveitá-lo, porque estou sempre organizando alguma coisa.
Hoje, por exemplo, estou firmemente dedicado a organizar um programa fenomenal para a noite: não sair de casa, não me mover, no máximo passar a mão na cabeça do meu cachorro, na frente da televisão.
Tarefa dura, considerando a quantidade de opções que se oferecem, vamos jantar fora, vamos ao cinema, vamos ao teatro, vamos na casa do fulano, senhoras, senhores, jovens e idosos, nesta cidade de Porto Alegre úmida, chuvosa, fria, alagada, quero meu rôbe-de-chambre, chinelas, estufa ( lá em casa falta alguém para acender a lareira, preciso resolver isso) e um filme de terror, daqueles que os mortos devoram os vivos que, morrendo, ressuscitam para devorar outros vivos e, quando tudo parece perdido está tudo perdido mesmo, quer dizer, um filme que não termina, não tem anticlímax, na primeira cena a gente sabe tudo o que vai acontecer, inclusive com a mocinha, cujas coxas se avistam quando ela cai nas garras de um morto, prestes a ser mordida, e é salva aos quarenta e sete do segundo tempo por uma menina de sete anos, loira de olho azul, que sabe atirar com um fuzil americano e tem uma pontaria incrível e que segundos depois será mordida e transformada em morta-viva a última cena do filme a indicar que o horror continua e a humanidade está condenada deixando no espectador uma mensagem de alerta se não cuidarmos direito das coisas a indústria farmacêutica ávida por dinheiro vai acabar conosco porque, por ganância desenvolveram o vírus que transforma mortos em mortos-vivos famintos por sangue dos vivos e são liderados por um gigantescamente musculoso negro que passa o filme inteiro com filetes de sangue escorrendo da boca e que apesar de morto e irracional sabe direitinho onde está a mocinha e o mocinho o xerife da cidade e escapa magistralmente de todas as armadilhas seguido pela multidão disforme e faminta e urrante de discípulos e coisa e tal.
É quando, lá pelas duas da madrugada, acordo com o grito da mocinha, fico impressionado com minha capacidade de dormir sentado na poltrona, desligo a TV e vou para a cama, onde me deito, me espreguiço e, antes de adormecer para sempre, até amanhã, ainda penso em como a vida é boa.
Consequentemente, não me recriminem pelo silêncio e saibam que, quando ele ocorre, é porque estou organizando alguma coisa.
PROCESSO CRIATIVO
Paulo Wainberg
Eu sei, eu sei, faz tempo, vocês abrem o computador diariamente, cheios de esperança... e nada. Silêncio total, nenhuma crônica minha, logo eu que acostumei vocês – para o bem e para o mal – com crônicas diárias!
Concordo: que pena!
Mas é preciso entender que o ócio, criativo ou não, é um atributo, uma qualidade. O ócio, bem usufruído é uma virtude superior, jamais um pecado, ao contrário da preguiça, esta sim, um estágio inferior da alma, caso ela exista.
Bem, não foi o meu caso. Longe disso. Não estive em estado de ócio, nesse tempo todo. Preguiça? Talvez, mas ócio não.
Desde a última crônica, trabalhei muito. Concluí a revisão do romance Unhas, a história de um exterminador de paixões proibidas que, provavelmente, irá ao ar no próximo ano, dependendo da programação das editoras.
Além disto, mercê de uma soberba re-estruturação (o hífen, no caso, está ortograficamente correto, eu acho) deste escritório advocatício, passei muito tempo pensando e organizando.
Porque, não sei se já te contei, sou um organizador nato, um pensador, o síndico perfeito, que tudo sabe e nada faz, mas conhece quem faz... capice?
Por exemplo: Ligo para meu amigo e informo que estou organizando um churrasco na casa dele, para assistir o jogo, certo? Certo. A primeira parte está feita: o local. Depois ligo para o outro amigo e aviso que vai ter um churrasco na casa do primeiro amigo, para assistir o jogo – do Internacional, é óbvio – cabendo-lhe comprar a carne e assá-la. Depois ligo para o terceiro amigo, repito as informações e atribuo-lhe a parte das saladas. Ao quarto amigo incumbo o dever de levar as bebidas. E, na data aprazada, como, bebo e assisto o jogo. Tudo organizado, tudo perfeito, nenhuma falha no roteiro.
O mundo precisa de pessoas como eu!!!! Gente, como o mundo precisa de pessoas com eu, organizadores natos.
Quando minha esposa, em alguma recepção social lá em casa, me alerta: Serve o vinho!, juro que não entendo. Como assim, serve vinho? Como ela ousa se antecipar a minha ideia?
Na minha ordem natural das coisas, eu determino que alguém – ela inclusive – sirva o vinho. Sou eu quem pensa nesse tipo de obrigação. Jamais concebo que, a mim, caiba executá-la.
Não me peçam para fazer, é o que sempre digo. Eu sei o que é preciso fazer, portanto ponham ao meu lado alguém que faça o que eu sei o que deve ser feito.
Quando eu jogava – futebol, vôlei, tênis – nunca supus que me incumbisse fazer o gol, cortar ou fazer o ponto. Não, não mesmo! Eu deixava o outro na cara do gol, eu levantava a bola na fita da rede, eu gritava para o parceiro do fundo: é tua!
Só o que me faltava era quererem que eu corresse em campo, pulasse para a cortada ou fosse atrás da bolinha de tênis. Se ela viesse aonde eu estava, rebatia. Se não, é tua!, para o parceiro. Simples, uma lógica perfeita para um pensador, ou melhor, para um organizador.
Eu sou um sujeito que adora o ócio, mas não tenho tempo para aproveitá-lo, porque estou sempre organizando alguma coisa.
Hoje, por exemplo, estou firmemente dedicado a organizar um programa fenomenal para a noite: não sair de casa, não me mover, no máximo passar a mão na cabeça do meu cachorro, na frente da televisão.
Tarefa dura, considerando a quantidade de opções que se oferecem, vamos jantar fora, vamos ao cinema, vamos ao teatro, vamos na casa do fulano, senhoras, senhores, jovens e idosos, nesta cidade de Porto Alegre úmida, chuvosa, fria, alagada, quero meu rôbe-de-chambre, chinelas, estufa ( lá em casa falta alguém para acender a lareira, preciso resolver isso) e um filme de terror, daqueles que os mortos devoram os vivos que, morrendo, ressuscitam para devorar outros vivos e, quando tudo parece perdido está tudo perdido mesmo, quer dizer, um filme que não termina, não tem anticlímax, na primeira cena a gente sabe tudo o que vai acontecer, inclusive com a mocinha, cujas coxas se avistam quando ela cai nas garras de um morto, prestes a ser mordida, e é salva aos quarenta e sete do segundo tempo por uma menina de sete anos, loira de olho azul, que sabe atirar com um fuzil americano e tem uma pontaria incrível e que segundos depois será mordida e transformada em morta-viva a última cena do filme a indicar que o horror continua e a humanidade está condenada deixando no espectador uma mensagem de alerta se não cuidarmos direito das coisas a indústria farmacêutica ávida por dinheiro vai acabar conosco porque, por ganância desenvolveram o vírus que transforma mortos em mortos-vivos famintos por sangue dos vivos e são liderados por um gigantescamente musculoso negro que passa o filme inteiro com filetes de sangue escorrendo da boca e que apesar de morto e irracional sabe direitinho onde está a mocinha e o mocinho o xerife da cidade e escapa magistralmente de todas as armadilhas seguido pela multidão disforme e faminta e urrante de discípulos e coisa e tal.
É quando, lá pelas duas da madrugada, acordo com o grito da mocinha, fico impressionado com minha capacidade de dormir sentado na poltrona, desligo a TV e vou para a cama, onde me deito, me espreguiço e, antes de adormecer para sempre, até amanhã, ainda penso em como a vida é boa.
Consequentemente, não me recriminem pelo silêncio e saibam que, quando ele ocorre, é porque estou organizando alguma coisa.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
A partir de hoje temos a honra de contar com crônicas de Janer Cristaldo (cristaldo.blogspot.com). Gaúcho de Santana do Livramento, Janer é jornalista hoje radicado em São Paulo. Dono de vasta cultura (filosofia, direito e jornalismo), Janer sabe prender seus leitores com estilo escorreito.
HÁ 33 ANOS MORRIA MAO TSE TUNG GUERREIRO E ASSASSINO
Quem tem a minha idade, deve lembrar do sufoco que era não ser marxista nos anos 70. Intelectuais do mundo inteiro criam, unânimes, que o mundo rumava ao socialismo. Os brasileiros, sempre na rabeira da História, não poderiam pensar diferente. Eu, que havia lido e me formado em filosofia, não conseguia ver Marx como filósofo. Muito menos via qualquer consistência em seu pensamento.
Por não participar do Zeitgeist da época, fui considerado agente do DOPS. A coisa era simples assim: se você não era comunista, só podia ser agente da ditadura. Mais tarde, fui promovido a agente do SNI. Quando comecei a viajar, atingi o ápice de minha carreira. Fui elevado a agente da CIA. Assim fosse. Agente da CIA devia ganhar bem.
Em Estolcomo, eu tinha de espichar minhas kronor para poder tomar um vinhozinho em fim de semana.A pressão era tão violenta que chegava a impedir os relacionamentos pessoas. Já devo ter contado: certa vez, nos dias de Porto Alegre, eu estava debaixo de uma ducha com uma jornalista gaucha, naquele estado em que Adão e Eva viviam antes de comer a frutinha aquela. Ela afastou-me delicadamente com as mãos. Tu me excitas. Mas infelizmente nossas posições ideológicas não combinam. Nada feito. Então ta!
Na época, me disse um bom amigo, o Anibal Damasceno Ferreira: tu estás contra toda tua geração. Só anos mais tarde fui entender a frase do Damasceno: eu não era marxista.
O curioso é que, enquanto era visto na universidade como agente da ditadura, ou do imperialismo, como também se dizia naqueles dias, em Dom Pedrito fui preso como perigoso agitador comunista.
Em Porto Alegre, para obter passaporte, tive de explicar junto a funcionários do DOPS, que não era comunista. O interrogatório foi ardiloso. Não me fizeram pergunta alguma. Eu é que tinha de confessar-me.
Le fonds de l’air est rouge, diziam na época os filhinhos de papai franceses que bagunçaram Paris em 68. O fundo do ar é vermelho. A mídia toda celebrou a Revoluçao de Maio de 68. Pas de sang, trop de sperme, como a definiu alguém. Sangue nenhum, esperma demais. Entre nós, paradoxalmente, a Idéia como se dizia então foi levada um pouco mais a sério. Se esperma houve, sangue também. Jovens fanatizados e sem maiores leituras, conduzidos por velhas raposas a soldo de Moscou, Pequim, Tirana e Havana, foram levados a uma aventura que resultou em centenas de mortes. O fundo do ar era de fato vermelho.
O pior é que, cá no Brasil, continua vermelho. As raposas continuam pontificando na política e na história nacional. Os mortos, estes pelo menos descansam em paz.
Há 33 anos, morria Mao Tse Tung, o mais operoso assassino do século passado. Seu regime foi responsável pelo assassinato de 65 milhões de chineses. Matou mais do que Hitler e Stalin juntos. Levou a China à miséria e mesmo ao canibalismo. Um leitor com memória me envia uma terna lembrannça daqueles dias.
No dia 09 de setembro de 1976, o Jornal do Brasil saudava em garrafais, na primeira página do Caderno B, a morte do assassino: MAO, POETA, GUERREIRO E LIDER
HÁ 33 ANOS MORRIA MAO TSE TUNG GUERREIRO E ASSASSINO
Jner Cristaldo
Quem tem a minha idade, deve lembrar do sufoco que era não ser marxista nos anos 70. Intelectuais do mundo inteiro criam, unânimes, que o mundo rumava ao socialismo. Os brasileiros, sempre na rabeira da História, não poderiam pensar diferente. Eu, que havia lido e me formado em filosofia, não conseguia ver Marx como filósofo. Muito menos via qualquer consistência em seu pensamento.
Por não participar do Zeitgeist da época, fui considerado agente do DOPS. A coisa era simples assim: se você não era comunista, só podia ser agente da ditadura. Mais tarde, fui promovido a agente do SNI. Quando comecei a viajar, atingi o ápice de minha carreira. Fui elevado a agente da CIA. Assim fosse. Agente da CIA devia ganhar bem.
Em Estolcomo, eu tinha de espichar minhas kronor para poder tomar um vinhozinho em fim de semana.A pressão era tão violenta que chegava a impedir os relacionamentos pessoas. Já devo ter contado: certa vez, nos dias de Porto Alegre, eu estava debaixo de uma ducha com uma jornalista gaucha, naquele estado em que Adão e Eva viviam antes de comer a frutinha aquela. Ela afastou-me delicadamente com as mãos. Tu me excitas. Mas infelizmente nossas posições ideológicas não combinam. Nada feito. Então ta!
Na época, me disse um bom amigo, o Anibal Damasceno Ferreira: tu estás contra toda tua geração. Só anos mais tarde fui entender a frase do Damasceno: eu não era marxista.
O curioso é que, enquanto era visto na universidade como agente da ditadura, ou do imperialismo, como também se dizia naqueles dias, em Dom Pedrito fui preso como perigoso agitador comunista.
Em Porto Alegre, para obter passaporte, tive de explicar junto a funcionários do DOPS, que não era comunista. O interrogatório foi ardiloso. Não me fizeram pergunta alguma. Eu é que tinha de confessar-me.
Le fonds de l’air est rouge, diziam na época os filhinhos de papai franceses que bagunçaram Paris em 68. O fundo do ar é vermelho. A mídia toda celebrou a Revoluçao de Maio de 68. Pas de sang, trop de sperme, como a definiu alguém. Sangue nenhum, esperma demais. Entre nós, paradoxalmente, a Idéia como se dizia então foi levada um pouco mais a sério. Se esperma houve, sangue também. Jovens fanatizados e sem maiores leituras, conduzidos por velhas raposas a soldo de Moscou, Pequim, Tirana e Havana, foram levados a uma aventura que resultou em centenas de mortes. O fundo do ar era de fato vermelho.
O pior é que, cá no Brasil, continua vermelho. As raposas continuam pontificando na política e na história nacional. Os mortos, estes pelo menos descansam em paz.
Há 33 anos, morria Mao Tse Tung, o mais operoso assassino do século passado. Seu regime foi responsável pelo assassinato de 65 milhões de chineses. Matou mais do que Hitler e Stalin juntos. Levou a China à miséria e mesmo ao canibalismo. Um leitor com memória me envia uma terna lembrannça daqueles dias.
No dia 09 de setembro de 1976, o Jornal do Brasil saudava em garrafais, na primeira página do Caderno B, a morte do assassino: MAO, POETA, GUERREIRO E LIDER
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
E OS OUTROS ?
SERÁ QUE CONHECEM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL?
João Eichbaum
Noticia-se que o senhor Marco Aurélio, ministro do Supremo Tribunal Federal, “fez um veemente protesto, no início da sessão plenária de quarta-feira última, contra informações divulgadas pelo site do Conselho Nacional de Justiça que incluíram a Corte entre os tribunais que devem cumprir a chamada Meta 2 - o compromisso do Judiciário de julgar, até o fim deste ano, todos os processos distribuídos até 31/12/2005."
Disse o ministro: "Fui alertado para algo inimaginável inserido no site do CNJ, e faço o registro para que fique nos anais do Supremo". Sua Excelência pediu a palavra antes do início do julgamento sobre a extradição de Cesare Battisti."Cogita-se da meta de julgamentos como se fosse algo passível de tarifação. Chegou-se, pasmem, a lançar no rol dos tribunais que devem cumpri-la o próprio STF. O CNJ está se tornando um super-órgão, acima do que prevê a Constituição. Esta Corte jamais se submeterá a diabruras deste ou daquele órgão” – vociferou o ministro que, por sinal, pediu vistas do processo Batistti.
Conclusão: o ministro não conhece a Constituição Federal, que atribui ao Conselho Nacional de Justiça, no art. 103b, § 4º, inc. I, a competência para “expedir atos regulamentares... ou recomendar providências”.
Mas, além de passar um atestado público de sua ignorância sobre a Constituição Federal, o ministro acha que o Supremo Tribunal Federal está situado acima dos mortais comuns, que é dono de todo o poder e que, por isso, pode fazer o que quiser. Não. Não é assim. Os ministros do Supremo são juízes e, nessa condição, devem obediência à lei, e a lei estabelece prazos que devem ser cumpridos por todos os juízes, sejam eles ministros ou não.
Além dos Códigos, que estabelecem os prazos, há a Lei Orgânica da Magistratura que impõe deveres a todos os juízes, o primeiro dos quais é o de obedecer à lei.
Não são de admirar, portanto, as asneiras que provêm do Supremo Tribunal Federal. Se um de seus ministros demonstra que não lê a Constituição Federal, antes de abrir a boca cheia de dentes, será que podemos confiar nos outros?
O que não dá para esquecer é que os ministros do Supremo são nomeados por apadrinhamento (e o senhor Marco Aurélio de Melo é um deles, nomeado que foi por seu primo Collor de Melo). Se fosse por “notório saber jurídico” ninguém faria o que fez o senhor Marco Aurélio.
SERÁ QUE CONHECEM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL?
João Eichbaum
Noticia-se que o senhor Marco Aurélio, ministro do Supremo Tribunal Federal, “fez um veemente protesto, no início da sessão plenária de quarta-feira última, contra informações divulgadas pelo site do Conselho Nacional de Justiça que incluíram a Corte entre os tribunais que devem cumprir a chamada Meta 2 - o compromisso do Judiciário de julgar, até o fim deste ano, todos os processos distribuídos até 31/12/2005."
Disse o ministro: "Fui alertado para algo inimaginável inserido no site do CNJ, e faço o registro para que fique nos anais do Supremo". Sua Excelência pediu a palavra antes do início do julgamento sobre a extradição de Cesare Battisti."Cogita-se da meta de julgamentos como se fosse algo passível de tarifação. Chegou-se, pasmem, a lançar no rol dos tribunais que devem cumpri-la o próprio STF. O CNJ está se tornando um super-órgão, acima do que prevê a Constituição. Esta Corte jamais se submeterá a diabruras deste ou daquele órgão” – vociferou o ministro que, por sinal, pediu vistas do processo Batistti.
Conclusão: o ministro não conhece a Constituição Federal, que atribui ao Conselho Nacional de Justiça, no art. 103b, § 4º, inc. I, a competência para “expedir atos regulamentares... ou recomendar providências”.
Mas, além de passar um atestado público de sua ignorância sobre a Constituição Federal, o ministro acha que o Supremo Tribunal Federal está situado acima dos mortais comuns, que é dono de todo o poder e que, por isso, pode fazer o que quiser. Não. Não é assim. Os ministros do Supremo são juízes e, nessa condição, devem obediência à lei, e a lei estabelece prazos que devem ser cumpridos por todos os juízes, sejam eles ministros ou não.
Além dos Códigos, que estabelecem os prazos, há a Lei Orgânica da Magistratura que impõe deveres a todos os juízes, o primeiro dos quais é o de obedecer à lei.
Não são de admirar, portanto, as asneiras que provêm do Supremo Tribunal Federal. Se um de seus ministros demonstra que não lê a Constituição Federal, antes de abrir a boca cheia de dentes, será que podemos confiar nos outros?
O que não dá para esquecer é que os ministros do Supremo são nomeados por apadrinhamento (e o senhor Marco Aurélio de Melo é um deles, nomeado que foi por seu primo Collor de Melo). Se fosse por “notório saber jurídico” ninguém faria o que fez o senhor Marco Aurélio.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
DEUS NÃO PAGA IMPOSTO
João Eichbaum
Em consonância com sua cultura e seu grau de inteligência, é claro que o Lula acredita na existência do Deus judaico-cristão e, além disso, é católico, apostólico romano.
Por todas essas qualidades, evidentemente, não poderia deixar de aproveitar o nosso dinheiro para ir visitar o papa Bento XVI. Foi a Roma e bateu um papo com o papa.
Mas quem ganhou, mesmo, com a visita foi o chefe dos católicos: o Lula lhe prometeu que iria isentar a Igreja de todos os impostos no Brasil. Dito e feito. Aqui chegando, apresentou um acordo feito com o papa, nesse sentido. A Câmara não só aprovou o acordo como o estendeu a outras religiões, aprovando a chamada “Lei das Religiões”, sob a qual se abrigará também o Edir Macedo.
Resultado: daqui para diante, Deus não pagará mais imposto e será também dispensado de fazer declaração de isento, pois é evidente que o Senado, presidido pelo Sarney, aquele do “Deus te abençoe, não fará diferente.
Não só a Igreja Católica, mas qualquer outra instituição que se diga representante de Deus, ou de Alá, ou de Javé, poderá enriquecer à vontade, poderá negociar o que quiser, que estará isenta de IPI, ICMS, IR, ITR, etc. E todo mundo sabe que as religiões comercializam em qualquer área: na de saúde, na de ensino, na de comunicações, na de indústria editorial, para ficar só por aí.
Bem, além de atentar contra o direito constitucional da livre concorrência, a carolice do Lula e dos deputados estrangula a receita da União, dos Estados e dos Municípios, nos passando a certeza de que, se faltar dinheiro para o MST, por exemplo, ou para botar nas cuecas dos petistas, o nosso vai estar na reta.
Mas, o pior de tudo isso é a criação da escravatura do trabalho. Sim, por mais abominável que pareça, as instituições religiosas estarão isentas dos ônus trabalhistas e, é claro, aproveitarão a mão de obra barata dos desempregados, que campeiam aos milhões por este país, para alargar seu patrimônio e garantir a boa vida de seus pastores.
Uma perguntinha só: onde andarão os sindicatos?
João Eichbaum
Em consonância com sua cultura e seu grau de inteligência, é claro que o Lula acredita na existência do Deus judaico-cristão e, além disso, é católico, apostólico romano.
Por todas essas qualidades, evidentemente, não poderia deixar de aproveitar o nosso dinheiro para ir visitar o papa Bento XVI. Foi a Roma e bateu um papo com o papa.
Mas quem ganhou, mesmo, com a visita foi o chefe dos católicos: o Lula lhe prometeu que iria isentar a Igreja de todos os impostos no Brasil. Dito e feito. Aqui chegando, apresentou um acordo feito com o papa, nesse sentido. A Câmara não só aprovou o acordo como o estendeu a outras religiões, aprovando a chamada “Lei das Religiões”, sob a qual se abrigará também o Edir Macedo.
Resultado: daqui para diante, Deus não pagará mais imposto e será também dispensado de fazer declaração de isento, pois é evidente que o Senado, presidido pelo Sarney, aquele do “Deus te abençoe, não fará diferente.
Não só a Igreja Católica, mas qualquer outra instituição que se diga representante de Deus, ou de Alá, ou de Javé, poderá enriquecer à vontade, poderá negociar o que quiser, que estará isenta de IPI, ICMS, IR, ITR, etc. E todo mundo sabe que as religiões comercializam em qualquer área: na de saúde, na de ensino, na de comunicações, na de indústria editorial, para ficar só por aí.
Bem, além de atentar contra o direito constitucional da livre concorrência, a carolice do Lula e dos deputados estrangula a receita da União, dos Estados e dos Municípios, nos passando a certeza de que, se faltar dinheiro para o MST, por exemplo, ou para botar nas cuecas dos petistas, o nosso vai estar na reta.
Mas, o pior de tudo isso é a criação da escravatura do trabalho. Sim, por mais abominável que pareça, as instituições religiosas estarão isentas dos ônus trabalhistas e, é claro, aproveitarão a mão de obra barata dos desempregados, que campeiam aos milhões por este país, para alargar seu patrimônio e garantir a boa vida de seus pastores.
Uma perguntinha só: onde andarão os sindicatos?
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
O DEUS DO LULA e DOS BANDIDOS
João Eichbaum
Outro dia, um bando de assaltantes aterrorizou uma cidadezinha do interior, atacando, ao mesmo tempo, três bancos, fazendo reféns e ameaçando os pacatos habitantes com espingardas, metralhadoras, armas de todos os calibres, numa operação cinematográfica. Acossados pela polícia, tiveram que fugir em todas as direções pois, sendo cerca de vinte bandidos, não cabiam todos num carro só, evidentemente. Quatro deles, interceptados, abandonaram o automóvel e se embrenharam mato adentro. Encontrando uma casa, dominaram o casal e ali se homiziaram. Quando um dos filhos da casa, um menino de cinco anos, acordou e viu aqueles estranhos, teve do pai a seguinte explicação: “ esses tios são amigos do pai, vão ficar aqui em casa hoje”.
Os bandidos tomaram banho, trocaram de roupas, usando as roupas das pessoas da família, comeram, beberam e se divertiram, vendo a polícia passar ao longe: “ olha só a polícia correndo na chuva, atolando no barro e nós aqui, no bem bom”.
Ao sair da escola, o filho mais velho, de quinze anos, estranhou que o pai não o estivesse esperando, como o fazia todos os dias. Resolveu ir só e a pé para casa. Na entrada, a mãe já o esperava e lhe contou tudo, pedindo que se acalmasse, porque os bandidos haviam prometido que, se colaborassem com eles, nada aconteceria à família.
A intenção dos assaltantes era permanecer ali, fazendo a família de refém, mas a mulher, com ótima presença de espírito, os advertiu de que, estranhando a ausência da família na roça, os vizinhos, certamente, os viriam procurar, para saber o que estava acontecendo.
A advertência da mulher valeu e os bandidos resolveram ir embora. Ao saírem, um deles se dirigiu para a mulher: “foi Deus que botou a senhora no nosso caminho”.
Isso, mesmo, foi Deus que protegeu os bandidos e manteve a polícia na chuva, feito boba, enquanto os malfeitores estavam bem agasalhados, limpos e alimentados.
Deus concede suas dádivas ao Lula, criando a camada de pré-sal. Maradona recorreu, pedindo uma mãozinha para a seleção argentina, que anda mal das pernas e levou seus jogadores à missa. É para Deus que todos os boleiros apelam, se benzem, erguendo as mãos para o céu, pedindo a vitória de seu time.
Viram? O Maradona se ralou com a seleção argentina. Já vi goleiros, que rezaram antes do jogo, levarem o maior frango da história, ou seja, se ralarem.
Só quem se saiu bem foram o Lula com o pré-sal e os bandidos, que tiveram aquela senhora colocada por Deus no caminho deles, para que os brigadianos, que ganham salário mínimo, não os pegassem.
João Eichbaum
Outro dia, um bando de assaltantes aterrorizou uma cidadezinha do interior, atacando, ao mesmo tempo, três bancos, fazendo reféns e ameaçando os pacatos habitantes com espingardas, metralhadoras, armas de todos os calibres, numa operação cinematográfica. Acossados pela polícia, tiveram que fugir em todas as direções pois, sendo cerca de vinte bandidos, não cabiam todos num carro só, evidentemente. Quatro deles, interceptados, abandonaram o automóvel e se embrenharam mato adentro. Encontrando uma casa, dominaram o casal e ali se homiziaram. Quando um dos filhos da casa, um menino de cinco anos, acordou e viu aqueles estranhos, teve do pai a seguinte explicação: “ esses tios são amigos do pai, vão ficar aqui em casa hoje”.
Os bandidos tomaram banho, trocaram de roupas, usando as roupas das pessoas da família, comeram, beberam e se divertiram, vendo a polícia passar ao longe: “ olha só a polícia correndo na chuva, atolando no barro e nós aqui, no bem bom”.
Ao sair da escola, o filho mais velho, de quinze anos, estranhou que o pai não o estivesse esperando, como o fazia todos os dias. Resolveu ir só e a pé para casa. Na entrada, a mãe já o esperava e lhe contou tudo, pedindo que se acalmasse, porque os bandidos haviam prometido que, se colaborassem com eles, nada aconteceria à família.
A intenção dos assaltantes era permanecer ali, fazendo a família de refém, mas a mulher, com ótima presença de espírito, os advertiu de que, estranhando a ausência da família na roça, os vizinhos, certamente, os viriam procurar, para saber o que estava acontecendo.
A advertência da mulher valeu e os bandidos resolveram ir embora. Ao saírem, um deles se dirigiu para a mulher: “foi Deus que botou a senhora no nosso caminho”.
Isso, mesmo, foi Deus que protegeu os bandidos e manteve a polícia na chuva, feito boba, enquanto os malfeitores estavam bem agasalhados, limpos e alimentados.
Deus concede suas dádivas ao Lula, criando a camada de pré-sal. Maradona recorreu, pedindo uma mãozinha para a seleção argentina, que anda mal das pernas e levou seus jogadores à missa. É para Deus que todos os boleiros apelam, se benzem, erguendo as mãos para o céu, pedindo a vitória de seu time.
Viram? O Maradona se ralou com a seleção argentina. Já vi goleiros, que rezaram antes do jogo, levarem o maior frango da história, ou seja, se ralarem.
Só quem se saiu bem foram o Lula com o pré-sal e os bandidos, que tiveram aquela senhora colocada por Deus no caminho deles, para que os brigadianos, que ganham salário mínimo, não os pegassem.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
COLABORAÇÃO DA VIVIAN
BAH, TCHÊ!
EMPREGO DE ASSISTENTE DE GINECOLOGISTA!
Um desempregado comparece ao SINE de Porto Alegre para ver se havia algum emprego para ele.Chegando lá, viu um cartaz escrito "Precisa-se de assistente de ginecologista".
Ele, animado, foi ao balcão e perguntou pelo trabalho.
"Pode me dar mais detalhes?"
E o funcionário:
- "Sim senhor. O trabalho consiste em aprontar as pacientes para o exame. Você deve ajudá-las a se despir, descontraí-las ecuidadosamente lavar suas partes genitais. Depois, delicadamente, você faz a depilação dos pelos pubianos com creme de espuma.Depois aplica gentilmente óleo de amêndoas doces, de forma que elas estejam prontas para o exame ginecológico. O salário mensal é de R$ 4.500,00 com carteira assinada e demais benefícios sociais,......... mas primeiramente você deve ir até Santana do Livramento".
"Puxa, Livramento, são 500 km de Porto Alegre! É lá o emprego?"
- "Não ! ! !
. . . é onde termina a fila dos candidatos ao emprego" . . .
EMPREGO DE ASSISTENTE DE GINECOLOGISTA!
Um desempregado comparece ao SINE de Porto Alegre para ver se havia algum emprego para ele.Chegando lá, viu um cartaz escrito "Precisa-se de assistente de ginecologista".
Ele, animado, foi ao balcão e perguntou pelo trabalho.
"Pode me dar mais detalhes?"
E o funcionário:
- "Sim senhor. O trabalho consiste em aprontar as pacientes para o exame. Você deve ajudá-las a se despir, descontraí-las ecuidadosamente lavar suas partes genitais. Depois, delicadamente, você faz a depilação dos pelos pubianos com creme de espuma.Depois aplica gentilmente óleo de amêndoas doces, de forma que elas estejam prontas para o exame ginecológico. O salário mensal é de R$ 4.500,00 com carteira assinada e demais benefícios sociais,......... mas primeiramente você deve ir até Santana do Livramento".
"Puxa, Livramento, são 500 km de Porto Alegre! É lá o emprego?"
- "Não ! ! !
. . . é onde termina a fila dos candidatos ao emprego" . . .
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
AS “DÁDIVAS” DE DEUS
João Eichbaum
Usando sua inteligência e seus conhecimentos científicos o Lula declarou que a camada de pré-sal no Brasil é uma “dádiva de Deus”
Beleza! Mas, ao invés de mandar suas dádivas, Deus mandou seca para o nordeste e permitiu que se criasse lá um povo indolente e passivo que, passando fome e sem trabalho, serve de massa de manobra para os espertalhões que se tornam políticos. E se aproveitando da ignorância e do servilismo daquele povo, da indústria da seca, das verbas destinadas exatamente para sanar os problemas dessa mesma seca, tais políticos enriquecem, constroem suas mansões e passam uma boa vida longe do nordeste. Quer dizer, “as dádivas de Deus” só beneficiam os políticos do nordeste.
O Lula serve de exemplo como receptáculo dessas “dádivas”: ele que não sabia fazer nada na vida, de repente se tornou torneiro mecânico e, de repente, também presidente da República.
Deus foi bom pra ele, o Lula. A presidência da República foi uma dádiva de Deus. Aliás, Deus tem sido muito bom para o Lula, lhe tem concedido muitas“dádivas”, por exemplo, a inspiração para a criação do “bolsa-família”, que mantém os nordestinos lá no nordeste, esperando a chuva, sem precisar vir pra São Paulo.
Mas Deus não se lembrou de dar casa pra essa gente que mora debaixo das pontes, pra esses mendigos que dormem debaixo das marquises, pra essas crianças que pedem moeda pro tio e pra tia nas sinaleiras.
Deus não foi bom para as crianças que morrem de fome, de frio, ou no fogo, quando são deixados sozinhos em casa pela mãe que precisa trabalhar.
Deus só foi bom pro Lula. A camada pré-sal foi uma dádiva de Deus. Como não tinha outras coisas com que se preocupar, Deus resolveu criar a camada pré-sal no Brasil, assim como Alá inundou o mundo islâmico de petróleo.
Deus só não foi bom para aqueles que amanhecem nas filas do SUS, para aqueles que ali morrem esperando atendimento médico, e para aqueles que, depois de terem trabalhado uma vida inteira, recebem em troca uma mísera aposentadoria.
E viva o PT porque as dádivas de Deus no Brasil são todas para ele. As sobras dessas dádivas ficam nas cuecas, nas malas, e nos acampamentos do MST, formado por machos que não precisam trabalhar, porque têm mulheres sustentadas pelo governo.
João Eichbaum
Usando sua inteligência e seus conhecimentos científicos o Lula declarou que a camada de pré-sal no Brasil é uma “dádiva de Deus”
Beleza! Mas, ao invés de mandar suas dádivas, Deus mandou seca para o nordeste e permitiu que se criasse lá um povo indolente e passivo que, passando fome e sem trabalho, serve de massa de manobra para os espertalhões que se tornam políticos. E se aproveitando da ignorância e do servilismo daquele povo, da indústria da seca, das verbas destinadas exatamente para sanar os problemas dessa mesma seca, tais políticos enriquecem, constroem suas mansões e passam uma boa vida longe do nordeste. Quer dizer, “as dádivas de Deus” só beneficiam os políticos do nordeste.
O Lula serve de exemplo como receptáculo dessas “dádivas”: ele que não sabia fazer nada na vida, de repente se tornou torneiro mecânico e, de repente, também presidente da República.
Deus foi bom pra ele, o Lula. A presidência da República foi uma dádiva de Deus. Aliás, Deus tem sido muito bom para o Lula, lhe tem concedido muitas“dádivas”, por exemplo, a inspiração para a criação do “bolsa-família”, que mantém os nordestinos lá no nordeste, esperando a chuva, sem precisar vir pra São Paulo.
Mas Deus não se lembrou de dar casa pra essa gente que mora debaixo das pontes, pra esses mendigos que dormem debaixo das marquises, pra essas crianças que pedem moeda pro tio e pra tia nas sinaleiras.
Deus não foi bom para as crianças que morrem de fome, de frio, ou no fogo, quando são deixados sozinhos em casa pela mãe que precisa trabalhar.
Deus só foi bom pro Lula. A camada pré-sal foi uma dádiva de Deus. Como não tinha outras coisas com que se preocupar, Deus resolveu criar a camada pré-sal no Brasil, assim como Alá inundou o mundo islâmico de petróleo.
Deus só não foi bom para aqueles que amanhecem nas filas do SUS, para aqueles que ali morrem esperando atendimento médico, e para aqueles que, depois de terem trabalhado uma vida inteira, recebem em troca uma mísera aposentadoria.
E viva o PT porque as dádivas de Deus no Brasil são todas para ele. As sobras dessas dádivas ficam nas cuecas, nas malas, e nos acampamentos do MST, formado por machos que não precisam trabalhar, porque têm mulheres sustentadas pelo governo.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Vale a pena ler
Carta à Shell - 1986 - Relíquia histórica
CARTA ENVIADA À SHELL NOS ANOS '80
Este fato é verdadeiro. A Shell tem a carta arquivada.
Isto é FANTÁSTICO. NÃO TEM PREÇO, UMA RARIDADE
A empresa Shell abriu seus arquivos e veio a conhecer o conteúdo e uma carta enviada por um consumidor, nos anos 80, ao seu Serviço de Atendimento ao Consumidor. Ela está transcrita na sua forma original, inclusive com os erros gramaticais.
Conheça a carta:
'Olá!Tenho um Corcel II 1986 a álco e sou cliente dos posto Shell.
Não abasteço em nenhum otro posto há mais de 5 ano. Tô escrevendo porque tô com uma dúvida na qual acho que vocês são os mais indicado a me ajuda.
A questã é que tô progamando uma viage para domingo dia 27/10. Nesse dia será realizado o 2º turno das eleição e mais uma vez vai tê a proibição de venda de alco da meia noite até a meia noite de domingo. A chamada lei seca.
Mas o trajeto que pretendo percorre no domingo é muito maior do que cabe de alco no tanque do meu carro, já que não vai tê venda de alco, vô te que carrega em alguma vasilha o resto que segundo meus cálculo é um tanque e meio quase 100 litro .
Gostaria de sabe qual a vasilha mais segura pra transporta o alco ou se tem alguma outra solução pro meu pobrema. Pensei em talvez abastece com gasolina por que a proibição de venda é so de alco pelo que eu vi.
Caso a solução seja mesmo a de transporta o combustive a se usado, gostaria de sabe se algum posto de vocês na região da Grande ABC poderia faze um desconto por que eu vo está comprando mais de 150 Litro de alco no sábado.
Conto com a ajuda de vocês.
Assinado:
Luis Inacio da Silva Torneiro Mecânico
São Bernardo do Campo/SP
Resposta da SHELL: Prezado Sr. Luis Inácio da Silva,
Em retorno à sua carta, gostaríamos de esclarecer que a lei a que o senhor se refere, proíbe apenas a venda de bebidas alcoólicas nos dias de eleições e não a de combustíveis automotores..
Shell Brasil S.A. Petróleo
Carta à Shell - 1986 - Relíquia histórica
CARTA ENVIADA À SHELL NOS ANOS '80
Este fato é verdadeiro. A Shell tem a carta arquivada.
Isto é FANTÁSTICO. NÃO TEM PREÇO, UMA RARIDADE
A empresa Shell abriu seus arquivos e veio a conhecer o conteúdo e uma carta enviada por um consumidor, nos anos 80, ao seu Serviço de Atendimento ao Consumidor. Ela está transcrita na sua forma original, inclusive com os erros gramaticais.
Conheça a carta:
'Olá!Tenho um Corcel II 1986 a álco e sou cliente dos posto Shell.
Não abasteço em nenhum otro posto há mais de 5 ano. Tô escrevendo porque tô com uma dúvida na qual acho que vocês são os mais indicado a me ajuda.
A questã é que tô progamando uma viage para domingo dia 27/10. Nesse dia será realizado o 2º turno das eleição e mais uma vez vai tê a proibição de venda de alco da meia noite até a meia noite de domingo. A chamada lei seca.
Mas o trajeto que pretendo percorre no domingo é muito maior do que cabe de alco no tanque do meu carro, já que não vai tê venda de alco, vô te que carrega em alguma vasilha o resto que segundo meus cálculo é um tanque e meio quase 100 litro .
Gostaria de sabe qual a vasilha mais segura pra transporta o alco ou se tem alguma outra solução pro meu pobrema. Pensei em talvez abastece com gasolina por que a proibição de venda é so de alco pelo que eu vi.
Caso a solução seja mesmo a de transporta o combustive a se usado, gostaria de sabe se algum posto de vocês na região da Grande ABC poderia faze um desconto por que eu vo está comprando mais de 150 Litro de alco no sábado.
Conto com a ajuda de vocês.
Assinado:
Luis Inacio da Silva Torneiro Mecânico
São Bernardo do Campo/SP
Resposta da SHELL: Prezado Sr. Luis Inácio da Silva,
Em retorno à sua carta, gostaríamos de esclarecer que a lei a que o senhor se refere, proíbe apenas a venda de bebidas alcoólicas nos dias de eleições e não a de combustíveis automotores..
Shell Brasil S.A. Petróleo
terça-feira, 1 de setembro de 2009
VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS
DESSA VEZ O SENADOR ACERTOU
João Eichbaum
Cercado, como uma vedete, por estudantes e professores da Faculdade de Direito da USP, a do largo São Francisco, Pedro Simon, o senador gaúcho aquele que, na política, já deve ter mais de oitenta anos só em recesso parlamentar, se saiu com essa, a respeito das semvergonhices do Sarney, conclamando o povo: “é preciso uma manifestação de fora para dentro. Porque de dentro do Congresso e do Supremo Tribunal Federal não vai dar nada. Do presidente Lula não vai dar nada. E não adianta destituir o Conselho de Ética, porque o STF acaba arquivando tudo.”
É nessas horas que ele aparece. Sendo pra botar a boca no trombone, é com ele mesmo, até porque, fumador de cachimbo que é, tem boca apropriada pra trombone. Que pra outra coisa, aliás, nunca mostrou competência.
Mas dessa vez, gostei, porque botou todo o mundo no mesmo saco, Congresso, Presidente, STF, ou seja, pela ordem constitucional: Legislativo, Executivo e Judiciário.
A razão da imprestabilidade desses chamados poderes da República é uma só: a troca de favores. Aquilo que, na teoria constitucional, seria o sistema de contrapesos, para permitir o equilíbrio da administração pública, se transformou num vergonhoso toma lá e dá cá, para que todos possam se manter no poder. Os conchavos do congresso contam com a bênção do nosso “Grande Guia”, as medidas provisórias e o aumento de impostos do mesmo “Grande Guia” contam com a bênção do congresso, e os ministros do Supremo, que para lá são conduzidos por apadrinhamentos políticos, ficam devendo favores tanto ao Legislativo como ao Executivo. Resultado: temos um Judiciário sem personalidade e sem independência.
Então, tem razão o Pedro Simon. Além de mostrar que nenhum dos poderes merece credibilidade, ele alertou para outra coisa: o povo é que nem elefante, não sabe a força que tem. Se soubesse, de há muito toda essa cambada já teria ido pro beleléu. Mas como é uma baita besta esse povo, fica sofrendo, calado, submisso, que nem a gente quando vai no urologista, baixa as calças, e fica quietinho, aguentando aquele dedão enfiado no fiu-fiu.
João Eichbaum
Cercado, como uma vedete, por estudantes e professores da Faculdade de Direito da USP, a do largo São Francisco, Pedro Simon, o senador gaúcho aquele que, na política, já deve ter mais de oitenta anos só em recesso parlamentar, se saiu com essa, a respeito das semvergonhices do Sarney, conclamando o povo: “é preciso uma manifestação de fora para dentro. Porque de dentro do Congresso e do Supremo Tribunal Federal não vai dar nada. Do presidente Lula não vai dar nada. E não adianta destituir o Conselho de Ética, porque o STF acaba arquivando tudo.”
É nessas horas que ele aparece. Sendo pra botar a boca no trombone, é com ele mesmo, até porque, fumador de cachimbo que é, tem boca apropriada pra trombone. Que pra outra coisa, aliás, nunca mostrou competência.
Mas dessa vez, gostei, porque botou todo o mundo no mesmo saco, Congresso, Presidente, STF, ou seja, pela ordem constitucional: Legislativo, Executivo e Judiciário.
A razão da imprestabilidade desses chamados poderes da República é uma só: a troca de favores. Aquilo que, na teoria constitucional, seria o sistema de contrapesos, para permitir o equilíbrio da administração pública, se transformou num vergonhoso toma lá e dá cá, para que todos possam se manter no poder. Os conchavos do congresso contam com a bênção do nosso “Grande Guia”, as medidas provisórias e o aumento de impostos do mesmo “Grande Guia” contam com a bênção do congresso, e os ministros do Supremo, que para lá são conduzidos por apadrinhamentos políticos, ficam devendo favores tanto ao Legislativo como ao Executivo. Resultado: temos um Judiciário sem personalidade e sem independência.
Então, tem razão o Pedro Simon. Além de mostrar que nenhum dos poderes merece credibilidade, ele alertou para outra coisa: o povo é que nem elefante, não sabe a força que tem. Se soubesse, de há muito toda essa cambada já teria ido pro beleléu. Mas como é uma baita besta esse povo, fica sofrendo, calado, submisso, que nem a gente quando vai no urologista, baixa as calças, e fica quietinho, aguentando aquele dedão enfiado no fiu-fiu.
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