quarta-feira, 30 de setembro de 2009

NÓS, PRIMATAS

ALTRUISMO?

João Eichbaum

A minha fiel leitora, Nubia Graziela, fez um belo comentário sobre a crônica intitulada “A Ternura dos Primatas”, dizendo que muitas vezes “os primatas bons são exatamente comparados pelas suas ações e que na maioria das vezes esses "bons" acabam se qualificando iguais aos maus, porque existem os que se fazem de bons primatas solidários, enfim o que "ajuda o seu próximo",como um belo Samaritano, mas na realidade estão querendo levar vantagens,elogios e principalmente a sua própria vanglória. Isso sim que é um primata realmente mal intencionado”.
O que me chama a atenção é que o ponto de vista da Nubia coincide com a opinião de Felipe Fernández-Armesto, doutor em História pela Universidade de Oxford e professor do Departamento de História Moderna, autor do livro “Milênio”, best-seller internacional e mundialmente premiado, e que, na sua obra “ E Você Pensa Que é Humano?”, afirma: “ a bondade não é realmente bondade se meramente confere uma vantagem evolutiva ou algum outro benefício computável: pois ela então se torna uma forma de egoísmo. A compaixão se transforma em medo externalizado; a generosidade, na expectativa de receber algo em troca; a simpatia, em estratégia de colaboração”. E conclui o autor: “ para ser verdadeiramente altruísta, ou verdadeiramente generoso ou abnegado, um ato moral deve estar além da explicação”.
E, realmente, assim o é. A atitude altruísta das macacas Kuni e Binti Juá, uma protegendo um passarinho, e a outra protegendo uma criança, está, verdadeiramente, “além da explicação”. Mas, o primata humano sempre tem, no fundo, uma explicação para seus atos de “altruísmo”.
Nós, os primatas humanos, Nubia, não somos tão magnânimos quanto imaginamos. Tudo o que fazemos é ditado pela nossa vontade e nossa vontade, muitas vezes, tem em mira outras intenções, que não a de simplesmente ajudar o próximo. A desgraça do outro pode ser uma chance para a gente “aparecer” e, então, aí “vamos posar de heróis”. Até os “santos”, ao praticarem o “bem”, o faziam com a intenção de ganhar a vida eterna, ou seja, uma “boa vida” para sempre - não sei para fazer o quê.
Claro, pode haver exceções, mas as exceções confirmam que a regra é a das “segundas intenções”.

Um comentário:

Nubia Graziela disse...

Afirmo na certeza de que também existem os primatas EGOCÊNTRICOS,esses que na realidade precisam de um grande e numeroso elogio para poder estar com o seu próprio EGO no máximo,além do seu potencial para serem classificados como primatas egoístas,ao qual digo de passagem nós em termo geral somos! BJS!!!!