quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Eis um poeta: Gilmar Rosso, para amenizar a nossa indignação e tornar mais propício este setembro chuvoso.

ARES SETEMBRINOS
Gilmar Antonio Rosso - solrosso@brturbo.com.br

Nas estâncias de antanho, que as terras abundavam tanto, viviam Setembrinos e Simões, também Marias e Deodoras... Iniciamos esta coluna lembrando os setembros de nossa vida, alguns muitos, outros poucos, outros ainda, muitos setembros juntos. Esses juntos, são aqueles pares de meses que andam casados por anos afora, embelezando a vida sua e de sua prole. Semeiam histórias de fatos e fotos, desejos, anseios, mas muitos fatos, que de fato, fazem o mundo. Estou pensando nos meus, naqueles e nesse mês, de temas patrióticos, regionais e particulares. Celebrando a vida independente de meus pais, celebro a dependência de minhas filhas, esperando o fatal grito: “Independência ou morte”.
Nada me assusta, nem as consequências da morte naquele grito que virá. Serão mortes, várias, de muitos modos, jeitos e maneiras, que tão necessárias, porão vida na independência, sucumbindo, parcialmente a dependência. Sim, ficaremos eternamente dependurados nalguma teta, agarrados ao ventre, pelo umbigo, emaranhado nalguma barba, unido, mesmo sutilmente, a algum espírito maternopatriarcal.
Assim vamo-nos, carpindo nossa horta, cheirando flores, degustando laranjas, mateando pelas madrugadas, churrasqueando aos domingos e, de quando em quando, velando alguém. E que não seja de nosso costado, porque daí a coisa é de agosto e não de setembro.
As notícias dos dias e das noites, nos jornais diários, fustigam exposição em Esteio, desfiles na chuva e sem chuva, com pouca e alguma gente. É o nosso amado e idolatrado Brasil, é o nosso querido Rio Grande do Sul, que buscamos em estâncias sem fim. Por quem marchamos em ruas esburacadas e escuras, cheias de lixo e descuidos nossos e dos outros, outros aqueles que se encarregaram judicialmente desta tarefa.
É um tempo de chuva e frio, de acampamento farroupilha, de preparos para a Feisma, reinício das aulas. Retomada do passado susto suíno?
É o mês com erre no nome: brota a grama, a figueira e a parreira, a amoreira engrossa o fruto, e nós vamos olhando prá barriguinha, vislumbrando o verão.
É setembro, Setembrino, é deveras tempo de primavera, de Feira da Primavera.
Estou pensando nos meus acampamentos, meus desfiles e minhas paradas. Aceitando meu modo descoordenado de caminhar, todas deficiências numerosas e eficiências raras. Estou assumindo minha dependência da vida, sofrida, gostosa, querido presente. Quero, como farrapo posteiro, ser sentinela da aurora que já ganha meu coração, inunda este peito gaudério. Chimarrear solito ou acompanhado, sorvendo a dita seiva do pago com novo ardor galponeiro.
Setembro, eu quisera,
Ah! Como te quero,
Velho setembro.
Sete meses te espero,
Em três ainda te sinto no ar.

Tempo das pátrias
ou da pátria Brasil¿
Tempo de espera.
Esperar o que eu quis:
“Essa terra tem dono”
Gritou Sepé,
Grita outros brasis.

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