O Juiz de Trairi
João Eichbaum
O Juiz de Direito Gustavo Henrique Cardoso Cavalcante, da Comarca de Trairi, determinou "a imediata proibição da gravação e exibição, no programa "No Limite", de provas que envolvam animais de quaisquer espécies, bem como a gravação e exibição de cenas em que se submetam animais a maus tratos". A decisão foi proferida nessa 3ª.feira (15/09) e o diretor geral do programa, José Bonifácio Brasil de Oliveira, o "Boninho", foi intimado para o cumprimento da ordem, sob as penas legais – diz a notícia.
Mas, não é bem assim, “animais de quaisquer espécies”. O que não se pode é matar galinha a facada, comer olho de cabra, coisas assim. Esses animaizinhos não podem sofrer qualquer espécie de maus tratos.
O único animal que pode estar submetido a maus tratos é o bicho chamado “homem”, o principal dos animais que a Globo reúne para distrair os ignorantes. Ali nesse programa – a que eu nunca assisti, mas sou obrigado a ver a “chamada”, exatamente na hora do noticiário – se vê o homem, o primata humano exibindo, sem restrições, toda sua animalidade. Se não houvesse outras provas de que o homem é um macaco mau, a Globo nos estaria fazendo esse favor, o de mostrar o que há de deprimente, de indigno, de deplorável no comportamento humano.
E não é só o comportamento que traduz essa idéia de animalidade. O próprio aspecto físico dos concorrentes causa repugnância.
Mas entre a exibição dessa animalidade no tal de programa da Globo e a manifestação dos idiotas que assistem a tais aberrações, não sei o que é pior. E não sei o que é pior porque nuns e noutros a animalidade está presente. Nada há de racional no comportamento dos que participam daquela idiotice, como no comportamento de quem fica “torcendo” a favor desse ou daquele, ou contra esse ou aquele.
De um lado e de outro a conclusão a que se pode chegar é uma só: macaco que é, o homem não traz nenhuma dignidade consigo. A dignidade não nasce com o ser humano, como não nasce com qualquer outro animal. Mas o homem, com sua inteligência, pode formar essa dignidade. Só que poucos, muito poucos fazem isso. A maioria não ta nem aí e prefere fazer o que todo mundo faz: tirar o máximo proveito, seja a que preço for, mesmo se despindo do pouco de dignidade assimilada, para se mostrar na tela da televisão tal como veio ao mundo: um animal.
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