quarta-feira, 16 de junho de 2010

CRÔNICAS INTERNACIONAIS

NENHUM DIA DE PAZ
Paulo Wainberg


Não conheço Israel. Nunca viajei para lá e, talvez, um dia, faça uma viagem turística para conhecer os lugares que tanto imaginei, com base em leituras da História e da Bíblia. E também pelas notícias, referências e informações gerais a que temos acesso.
Sou judeu de nascimento, absolutamente nada religioso (aliás tenho restrições absolutas à religião, qualquer religião), ateu de fé, brasileiro e gaucho, orgulhoso do meu País e do meu Estado, colorado genético e não abro.
Assim, resumidamente, apresento-me com um ser social que não teve qualquer ingerência em suas origens, qualquer escolha sobre sua condição como, aliás, somos todos os humanos, frutos de um atavismo eventual que condiciona nossas emoções e, não raro, destorce nossa razão.
Atrevo-me a dizer que, naquilo que nos interessa e diz respeito, é impossível a imparcialidade e isenção, qualidades aplicáveis apenas quando tratamos dos interesses alheios.
O melhor exemplo com o qual conforto meus inevitáveis condicionamentos resume-se a uma prosaica frase: Se eu tivesse nascido na Argentina, acharia Maradona melhor do que Pelé e ponto final!
Com isto quero dizer que somos produtos das contingências e que nossas escolhas pouco influem nas nossas crenças, na nossa formação e nos nosso heróis.
É esta contingência que me coloca na situação peculiar de ser sempre a favor do Brasil, no macro, do Rio Grande do Sul, no micro, de Israel no universal e do Internacional no particular.
Compreendeste, meu bem?
Vou dar uma última dica: se eu fosse filho de árabes, nascido na Hungria e criado em Viena, torceria sempre para os Húngaros no macro, para os Austríacos no micro, e para os árabes no universal.
Esta perfeita e clara compreensão das dimensões humanas me permitem abordar o assunto do qual teimo em me esquivar mas que, às vezes, não dá: A questão árabe-israelense, que vem à tona sempre que algum incidente acontece por lá.
Tenho certeza que seu eu fosse coreano, não estaria preocupado e poderia tratar da questão com a melhor das isenções e imparcialidade. Assim como faço quando me ocupo de questões coreanas.
Israel, como qualquer país democrático, tem suas mazelas internas, suas lutas pelo poder, suas questões ideológicas, o confronto entre esquerda e direita e um processo político natural em que o Governo é o alvo da crítica constante da oposição e a oposição sempre lutando para se tornar Governo.
Acontece lá, acontece no Brasil, acontece no mundo democrático. Felizmente é assim, ao contrário da maioria dos países do mundo árabe em que as questões do Poder se resolvem pela força ou pela fraude.
Quando a ONU celebrou a partilha da Palestina, criou dois países: Israel e o Estado Nacional Palestino. O mundo árabe preferiu não aceitar o Estado palestino e optou por destruir Israel. Se tivessem gasto toda a energia e o dinheiro empregados numa guerra genocida e cruel na construção de uma nação palestina, teríamos hoje, naquela região, dois grande e pujantes países, ricos, desenvolvidos, fraternos.
Porém, a lógica do fanatismo optou pela pior das idéias: Não quero ter e não quero que tenhas.
Resultado trágico é que Israel, à base de muita luta e de muitas guerras invasivas, cresceu, se desenvolveu e adquiriu o status de grande nação, enquanto os palestinos submeteram-se às políticas fanáticas, de cunho irracional e terrorista, sem abrir mão da condição de refugiados, como se isto fosse suficiente para justificar áreas de influência internacional.
Por que isto aconteceu?
O que levou os tiranos árabes, ditadores, xeiques, poderosos barões do petróleo a optar pela destruição e pela guerra? Quais interesses internacionais de natureza financeira e ideológica impediram que os palestinos tivessem, conforme a comunidade internacional através da ONU proporcionava, um País independente?
São questões cujas respostas são até hoje debatidas e, nunca, encontradas ou aceitas. Para cada versão há uma contra-versão, para cada explicação uma contra-explicação.
Resta um fato contra o qual não há argumento, nenhuma versão resiste à simples análise sensorial humana: Israel foi sempre atacado, jamais atacou.
Foi assim quando o mundo árabe atacou Israel tão logo proclamada a república e nas sucessivas guerras que se sucederam, culminando na prática mais cruel e intolerante de todas: o terrorismo.
Nos limites cabíveis da minha razão, obviamente condicionada em parte por meu atavismo, mas não menos racional, na qualidade de observador distante, noto que a chamada opinião pública internacional está em permanente alerta para condenar Israel, independentemente dos fatos.
E, por isto, afirmo que essa opinião pública internacional é parcial e tendenciosa, sempre contra Israel e suas atitudes no conflito, não importam as circunstâncias, não importam as razões.
Por exemplo, depois de ser, por mais de um ano bombardeado por mísseis de longo alcance disparados pelo Hamas, diretamente da faixa de Gaza, Israel reagiu.
Antes de fazê-lo, inundou a faixa de Gaza de panfletos explicativos, advertindo seus cidadãos da iminência do ataque, que buscassem proteção, que se afastassem da área de conflito, coisa rara no mundo das guerras, porque o inimigo, assim como a população, foi previamente alertado.
Não obstante, o Hamas continuou com suas táticas terroristas de ataque e destruição, bombardeando diariamente, varias vezes por dia, o território israelense.
Quando, por fim, Israel revidou, direcionando o ataque às bases do movimento terrorista Hamas, evitando ao máximo atingir áreas populacionais e reduzir o quanto possível a incidência de vítimas civis, a tal opinião pública internacional voltou-se contra Israel alegando a ‘desproporção da força utilizada’.
Vários órgãos de imprensa do mundo interno, inclusive do Brasil, inclusive de Porto Alegre, chegaram ao desplante de minimizar os ataques com mísseis protagonizados pelo Hamas, como coisa de somenos, como mísseis de pouco poder destrutivo, para justificar suas tendenciosas opiniões no sentido de condenar a atitude israelense.
Israel determinou o bloqueio da faixa de Gaza porque por ela, comprovadamente, entravam armamentos de poderoso teor destrutivo, enviados por países árabes, municiando os terroristas do Hamas para os seus ataques solertes ao território israelense.
Certo? Errado? Não sei. Sei apenas que Israel trava uma luta de sobrevivência que a tal opinião pública internacional teima em não reconhecer.
Mais uma vez me pergunto: por que?
Estará a opinião pública internacional a favor da destruição do Estado de Israel, como querem os terroristas do Hamas e o famigerado presidente do Irã?
Aparentemente, sim.
Talvez essa opinião pública internacional não tenha, ainda, absorvido a culpa pelo Holocausto e prefira destruir, de uma vez por todas, o povo para o qual tem que olhar diariamente, sabendo que permitiu o genocídio nazista.
Talvez seja mais fácil, para a opinião pública internacional, exterminar os que, aos seus olhos culpados, os afrontam com a simples existência, pondo fim ao próprio penar, ao próprio sofrimento culpado.
Agora, no mais recente episódio, Israel interceptou um comboio naval, autodenominado de ajuda humanitária, que pretendia furar o bloqueio imposto à faixa de Gaza.
Qual ajuda humanitária era essa? Por que as pessoas querem ajudar os habitantes da Faixa de Gaza que convivem com o grupo terrorista Hamas e o legitimam, em seu território?
Por que, como costuma acontecer no caso de outros bloqueios impostos por nações em ação auto defensiva, não respeitam o bloqueio imposto por Israel como autodefesa, instinto de conservação e preservação do legítimo direito de existir?
Por que as ajudas humanitárias invasivas são, sempre, lá?
Por que as entidades caridosas internacionais não tentam levar ajuda humanitária à Cuba, por exemplo, desrespeitando o bloqueio imposto pelos Estados Unidos àquele País.
Por que a opinião pública internacional não é tão veemente, insistente e operativa em condenar, com eficácia, os governos autoritários, cruéis e sanguinários existentes nos países Africanos e em muitos países asiáticos?
Por que todas as energias postas à afrontar e condenar Israel?
E quando vejo judeus, por razões de política interna, confundirem questões éticas e humanitárias com interesses políticos localizados, condenando ações israelenses de forma peremptória e definitiva, fico muito indignado.
Primeiro porque, como judeus, não têm direito à isenção e à imparcialidade.
Segundo porque parecem não saber que os que querem destruir Israel utilizam cada palavra dita por um judeu contra Israel, como ‘prova’ de suas teses sanguinárias, jogando-as à comunidade e à opinião pública internacional como suprimento ao manancial preconceituoso, tendencioso e, na maioria dos casos, indubitavelmente antissemita, às suas manifestações.
Acho que árabes e judeus podem viver em paz e harmonia como, aliás, vivem na maior parte do mundo civilizado, através das respectivas comunidades.
Porto Alegre e o Brasil são exemplos disto, mesmo que o nosso Governo teime em amparar e apoiar ditadores sanguinários, do porte do fraudulento presidente iraniano, de candidatos à ditadores como Hugo Chaves e Evo Morales, desfazendo, pelas atitudes, as palavras ditas em nome da democracia.
Onde está a opinião pública internacional que não condena o presidente do Irã por negar o holocausto e por pregar a destruição total de Israel?
E que, sob a duvidosa liderança norte americana, lança sanções punitivas por presumíveis ações visando criar armas nucleares, àquele país.
Não esqueçam de uma coisa, isto deve ser dito e repetido até que a opinião pública internacional se dispa dos preconceitos e, pelo menos uma vez, trate da questão com isenção e imparcialidade:
Desde o minuto de sua criação, em 1948, o mundo não concedeu à Israel um único dia de PAZ
Trata-se de um País e de um povo submetido à guerras de destruições, ataques militares e terroristas, sob o acobertamento da ‘opinião pública internacional’ a qual, caso Israel se submetesse, há muito teria sido destruído.
Mais do que fomentar e influenciar para uma paz efetiva e duradoura no oriente médio, a comunidade internacional tem que abandonar seus preconceitos, os fanáticos e oportunistas de ocasião devem ser calados e os povos devem celebrar a Humanidade como o legítimo dom com que a Natureza beneficiou o ser humano

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