terça-feira, 29 de junho de 2010

ESSE CIRCO CHAMADO JUSTIÇA

É ASSIM QUE SE FAZ UM MINISTRO
João Eichbaum

Ministro do Superior Tribunal de Justiça. Bah, um nome pomposo, uma denominação que transpira poder e inspira medo. Ministro. Quando o ministro chega, há sempre um monte de puxassacos que se adiantam para cumprimentá-lo com humildade, reverência e temor. Chegou sua excelência, cuja presença enche com o poder qualquer ambiente.
Então, ser ministro do Superior Tribunal de Justiça não é pouca coisa. E poucos chegam lá.
Sabem porque? Porque nem todas as pessoas, nem todos os bacharéis em direito querem abrir mão de uma qualidade pessoal que os distingue: a personalidade.
Quem ler a entrevista do candidato gaúcho ao cargo de Ministro do Superior Tribunal de Justiça, o desembargador Paulo de Tarso Sanseverino, na ZH de hoje, compreenderá o que eu digo.
Na entrevista, o desembargador omite que teve que se candidatar ao cargo. Sabe, quando, na sala de aula, a professora pergunta: quem é que me ajuda a apagar o quadro negro, e uns três ou quatro, os mais salientes, se adiantam, porque nunca perdem oportunidade de aparecer?
Pois é, para ser ministro, o cara tem que se adiantar: eu, aqui, eu aqui...levantando o dedo.
Bom, aí, conta o desembargador Sanseverino que o nome dele consta da lista tríplice em razão de um “acordo político dentro do STJ”. Quer dizer, rolou um conchavo, os ministros escolhendo afilhados: vota no meu, que eu voto no teu. (eu disse vota, não bota)
Com o desembargador gaúcho foram escolhidos mais dois, um paranaense e um pernambucano. A lista, com o nome dos três, irá para a presidência da República, que atualmente está sendo ocupada pelo ex-torneiro mecânico Luiz Inácio que, casualmente, é pernambucano, mas precisa dos votos dos gaúchos para eleger a Dilma.
Então, assim, ó: um ex-torneiro mecânico é que escolherá o ministro.
Agora é que são elas, e o candidato gaúcho não se peja de confessar que está acendendo uma vela para cada santo, a fim de conseguir que o ex-torneiro mecânico o escolha: está “articulando” com a OAB, a Procuradoria da Justiça, a Procuradoria do Estado, o Tribunal Regional Federal, ou como diz ele mesmo “envolvendo toda a comunidade jurídica, ministros, políticos”. E arremata, para espanto de todos nós: “agora estamos buscando obter o apoio da área empresarial e dos sindicatos.
Tudo vale, para ser ministro. É claro que os outros candidatos estão fazendo a mesma coisa, isto é vendendo a alma ao diabo e rezando, ao mesmo tempo, pedindo a Deus. Tudo vale, até sindicato tem força para fazer um ministro.
E aí, sei que vocês vão perguntar: mas o escolhido não vai ficar devendo favores pra todo o mundo?
Claro que vai, meus amigos. Independência? Imparcialidade? O que que é isso para quem é obrigado, por vaidade, a abrir mão de sua personalidade?
Nessa lista de santos e diabos para os quais os candidatos a ministro estão acendendo velas não entra o povo. O povinho, sabe? Aquele cujas causas nunca chegam ao STF ou, se chegam, não dão em nada.
Agora vocês entendem porque é que os ricos e os poderosos nunca vão para a cadeia?

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