OS DEUSES DE TOGA (II)
João Eichaum
Vocês sabem que, no Supremo Tribunal Federal, existe um “Departamento de Arquitetura”?
Sim, por incrível que pareça, existe.
Alguém aí sabe me dizer pra quê a Justiça precisa de “arquitetura”? Para arquitetar acórdãos?
E olhem que não é só um arquiteto. É um departamento. Certamente vários profissionais de arquitetura lá se concentram, para tomar cafezinho, falar da vida alheia e receber um salário de dar inveja a cada fim de mês, devidamente engordado por uma saudável gratificação.
E no mesmo departamento haverá, com certeza, muitos auxiliares, técnicos, secretárias boazuadas, etc.
A gente ficou sabendo da existência desse departamento, em razão do acentuado gosto pela realeza, que é a marca do atual presidente, Cezar Peluso. Pois sua excelência, o senhor ministro presidente que, antes mesmo de ser escolhido para o cargo, já tinha certeza de que seria presidente, porque, pelo “rodízio”, estava chegando sua vez, mandou buscar no Rio de Janeiro três cadeiras que, no tempo do império, pertenciam ao Supremo. Quis decorar seu atual gabinete com os referidos alisadores de traseiro.
E foi por isso que convocou o “Departamento de Arquitetura”, quer dizer, mostrou para o Brasil e para o mundo, que existe uma equipe de arquitetura de plantão para atender aos caprichos de quem administra o Supremo. A missão, dada por Peluso ao dito departamento, era a de “redesenhar a planta com os velhos móveis”, segundo informa a revista Piauí, na matéria “Data Venia, o Supremo”.
Quem pode, pode: nós pagamos pelo direito à pompa, às circunstâncias e à comodidade, que tem o traseiro do ministro, mas o nosso traseiro não tem nenhum direito, enquanto espera na fila do SUS.
Um órgão que deveria primar pela austeridade, pelo respeito ao dinheiro do contribuinte, um órgão que deveria se impor pela força da moral, pairando inimputável acima dos demais poderes, para julgá-los exemplarmente, não é nada disso: está com a bunda entalada na vala comum.
O gosto pela pompa levou o ministro Cezar Peluso a mandar às favas o artigo 37 da Constituição Federal, que impõe a impessoalidade no exercício da função pública.
E nos tocou pagar o frete das cadeiras imperiais, do Rio de Janeiro para Brasília, numa das quais o ministro acomoda sua meritíssima bunda. As outras duas cadeiras, mantidas a certa distância da mesa presidencial, servem ao traseiro comum dos visitantes. Que é, como o do ministro, rachado no meio.
Só uma perguntinha ainda, enquanto você fica adquirindo a convicção de que seu único direito é o de beijar o fiofó o diabo. Será que o Supremo Tribunal Federal sabe diferenciar a moral do direito, ou isso perde o sentido, diante de questões mais relevantes, como a das nádegas dos ministros, por exemplo?
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