quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ESSE CIRCO CHAMADO JUSTIÇA

A DEPENDÊNCIA DO JUDICIÁRIO
João Eichbaum

Em várias crônicas, tenho criticado o Judiciário, mostrando que a Justiça não é confiável. Pelo que me lembro, em duas crônicas, mostrei minha indignação diante da falta de personalidade de quem deseja ser ministro, seja do Supremo Tribunal Federal, seja do Superior Tribunal de Justiça.
Em outras palavras, disse que o candidato a ministro desses tribunais tem que vender a alma ao diabo.
Pois em sua última edição a revista Veja traz entrevista com a ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça, eleita, recentemente, para o cargo de Corregedora do Conselho Nacional de Justiça, aquele órgão que, com o nosso dinheiro, faz propaganda de um produto que não existe: a “justiça”.
Pois a ministra Eliana, que é juíza de carreira e chegou ao Superior Tribunal de Justiça graças ao Jader Barbalho e ao Antônio Carlos Magalhães (que currículo, hein!) não se peja de confessar que “para ascender na carreira, o juiz precisa dos políticos”, acrescentando que “nos tribunais superiores o critério é única e exclusivamente político”.
E diz mais a ministra: “os piores magistrados terminam sendo os mais louvados. O ignorante, o despreparado, não cria problema com ninguém, porque sabe que num embate ele levará a pior. Esse chegará ao topo do judiciário.”
Então, tudo o que se disse nessa coluna sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal encontra respaldo nos dizeres da ministra Eliana. Não é invenção, não é pura crítica. É uma triste realidade.
E vai mais longe a ministra, criticando a “juizite”, isto é, a vaidade dos magistrados, que se satisfazem plenamente com o orgasmo que o poder lhes proporciona. E Sua Excelência admite ainda que “nós, magistrados, temos tendência a ficar prepotentes e vaidosos, espécie de super-homem decidindo a vida alheia”.
Longe de merecer destaque na galeria dos heróis, porque ela mesma confessa que “se não tivesse padrinhos”, não estaria no STJ, a ministra merece aplauso por desvendar as fraquezas do judiciário, que são a vaidade e a ignorância.
Graças a ela, sabemos que a Justiça é uma farsa, já que é comandada pelos “piores magistrados”, uma vez que “os corretos ficam onde estão”, isto é, não chegam ao topo do judiciário. E é no topo do Judiciário que a justiça dá sua última palavra.
Então, meus amigos, não estamos sozinhos, nesse descrédito que macula e compromete a justiça. Aos nossos argumentos se junta a palavra de uma ministra, integrante do Conselho Nacional do Justiça, que se confessa “fruto do sistema”, permitindo a suposição de que a justiça não é um valor perseguido por pessoas responsáveis, independentes e íntegras, mas mero espetáculo (deslumbrante, pelo poder e pelos belos salários, para os magistrados). Ou seja não passa de “um circo, chamado justiça”.

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