quarta-feira, 28 de março de 2012

ESSES SÃO OS QUE FAZEM "JUSTIÇA"




João Eichbaum

Conheço aqui no Rio Grande do Sul um casal de desembargadores que está na lona do ringue das dívidas: devem uma vela para cada santo, como diria minha avó.
Começou assim, ó: ele se tinha e era tido por uma legião imensa de puxassacos como um sábio jurista. Escrevia livros, dava aula em faculdades, nos cursos da escola da magistratura, do ministério público, do instituto dos advogados, enfim, onde quer que se estivessem iludindo sonhadores com a profissão de magistrado. Tudo isso, sem jamais ter prestado um concurso em sua vida. Era advogado e se tornou desembargador porque tinha padrinhos e puxassacos.
Ela, que era uma juíza de interior quando o desembargador começou a arrastar a asa para seu lado , de repente mudou. Começou a aparecer, quer dizer, começou a gastar para aparecer, para se mostrar uma pessoa de grande poder aquisitivo, porque perdia na competição com o marido famoso.
E tudo isso porque descobriu que o maridão, sua excelência o desembargador, gostava mesmo de suas aluninhas, as meninas deslumbradas que ouviam suas aulas numa linguagem que elas não entendiam, mas as maravilhava.
Então o casamento deles ficou assim: ela, já desembargadora, se transformou simplesmente numa perdulária, que gastava mais do que podia, embora ganhasse um salário que só não fazia inveja para jogador de futebol. Ele não reclamava, porque se reclamasse teria na cara a acusação de adúltero, sedutor de meninas deslumbradas. Como ela o foi um dia, nas aulas do mestre.
O resultado é que, depois de comprometido todo o salário dela, ele teve que comparecer para pagar as contas que iam formando um bolo de neve.
E tudo desembocou numa dívida gigantesca, que não pára de crescer mês a mês, estando o casal a dever o que nunca conseguirá pagar, para vários bancos.
Ele até que tentou ser ministro do Superior Tribunal de Justiça, mas, como se diz na gíria, sua candidatura não decolou. Não que lhe faltassem os requisitos fundamentais. Esses ele os tem: é vaidoso e não tem caráter.
São esses os primatas que nos julgam: são vaidosos, muitos não têm caráter e os poucos que têm caráter não têm bom senso, porque a vaidade tomou conta do espaço, onde deveria residir aquela virtude.
Ai de quem necessitar de “justiça”, hoje em dia!

Um comentário:

Gigi disse...

Que baita história! O que custa colocar nomes e circunstâncias?