João Eichbaum
Não gosto dessa filosofia, a que
apelidaram de ciência, e até faz parte de currículo do ensino medido - creio com
uma só finalidade: a de dar emprego a uns pobres coitados que não tiveram
cacife para estudar uma verdadeira ciência, como a física ou a informática.
Não gosto, porque nunca consegui ler
filósofo algum. Nem os do tempo de Aristóteles, nem Nietzsche, nem os mais
moderninhos. Não tenho saco para ficar decifrando enigmas.
A minha conclusão sobre esses filósofos
de canudo na mão é que eles não sabem escrever.
Para mim, ninguém precisa de faculdades,
nem de Aristóteles, nem de Nietzsche, nem de filósofo algum para entender as
coisas e os macacos humanos, principalmente o comportamento desses.
E uma das provas dessa minha afirmação
foi Millôr Fernandes.
Que eu saiba, o máximo que Millôr fez, foi passar por acaso na frente de alguma
faculdade de filosofia. No entanto, não houve, no Brasil, melhor filósofo do
que ele.
Leio Millôr desde criança e me matava de
rir, quando criança ainda, porque entendia a filosofia dele, a verdadeira
filosofia, cheia de humor, porque, afinal, quem fala de macacos não pode evitar
o humor.
Seria um plagiário, isto é um filósofo
(porque os filósofos vivem citando outros filósofos) se fosse transcrever muitas das
verdades ditas por Millôr, mas fico só nessas, sobre dois políticos, que são o
bastante para definir esses velhos macacos:
Sobre Getúlio Vargas:
“Getúlio Vargas,
o chefe danação,
é maior que o Vargas
Villa. É um Vargas Vilão”.
Sobre Sarney:
“Sarney me fascina.
Nunca vi tanto talento
pra ignorância.”
Depois de ler Millôr Fernandes, alguém
aí ainda tem coragem para ler Aristóteles ou Leonardo Boff?
Um comentário:
O texto é muito bom, e não quero dizer que concorde no todo. Quanto à Millôr, claro, compartilho da mesma admiração. Quanto a filósofos em geral, ainda tenho um complexo de inferioridade; quer dizer, não os conheço mas alimento a ideia de decifrá-los um dia. Isto é, admiro-os sem os conhecer, não tendo a audácia do cronista.
Postar um comentário