FAÇANHAS QUE NÃO SERVEM DE MODELO
João Eichbaum
A situação está mais para miserável do que para
controlável, neste Rio Grande do Sul, onde políticos e juízes consomem mais do
que produz o povo trabalhador. Enredado na desordem das finanças e da política,
o Estado perdeu seu sentido histórico, e as façanhas que exporta para toda a
terra só envergonham os gaúchos. Não tendo dinheiro nem para pagar seus
funcionários, o Poder Executivo, paralisado, parece que entrega às orações e ao
destino a solução de seus problemas.
Por exemplo: com os presídios caindo aos
pedaços, infectos, pestilentos, superlotados com escombros morais da
humanidade, e a criminalidade tomando conta, a bomba acaba rebentando no colo
dos mal pagos funcionários policiais, com reflexos na população.
Autuados em flagrante, os presos ficam
aguardando, em carceragens das Delegacias Polícia, uma “vaga” no miserável sistema
prisional. Isso, quando não ficam em viaturas da Brigada Militar, entregando os
policiais militares ao cansaço do tédio e retirando de circulação importantes
instrumentos de segurança.
Fato inusitado, acontecido recentemente, que
enrubesceria qualquer autoridade com vergonha na cara, pode se tornar rotina: largado
num desses depósitos em que se transformaram as cadeias nas Delegacias de
Polícia, um preso foi espancado pelos outros, que não queriam mais um “hóspede”.
Havia dezenove homens amontoados numa cela só.
A cena de espancamento mostrou o poder dos
criminosos, dentro do próprio Palácio da Polícia, onde se localiza a Delegacia.
Impotentes diante daquela reação, os policiais arriscaram a própria vida,
tentando conter a rebelião.
A pena de morte, que os intelectuais de vida
fácil recusam, poderá ser instituída pelos próprios criminosos, que passarão a
selecionar quem fica e quem não fica preso. Com medo de ser sorteado para o
inferno, talvez o bandido pense, antes de cometer um crime. Pode ser essa a
solução dos problemas, que o governo do Rio Grande do Sul tem confiado a Nossa
Senhora do Caravaggio e às loucuras do destino.