MITOS
João Eichbaum
Ao longo de sua história como ser pensante, o animal humano vem
construindo mitos, para compensar suas misérias e frustrações. A massa ignara e
pobre os inventa, e os mais expertos aperfeiçoam a ideia, em proveito próprio.
Diz-se por aí que o Lula – não se sabe se por ignorância ou por
vaidade - se compara a Jesus Cristo, tanta e tal é sua convicção de ser o homem
mais honesto do país ou, quiçá, do mundo. Consideradas as condições de um e de
outro, não é de se ter como sacrílega a comparação.
Jesus Cristo foi um dos muitos pregadores de praça pública que
surgiram pela Galileia, encarnando o papel de Messias, que as escrituras e os
profetas anunciavam como salvador de Israel. Israel dispensou o Messias e foi
salvo pela ONU. Mas o mito de Jesus Cristo continua fazendo a cabeça de pessoas
que dele só ouviram falar, sem que haja qualquer certeza científica de que
tenha realmente existido.
Lula se elegeu e se reelegeu presidente do Brasil, erguendo a
bandeira a favor dos pobres, cuja redenção social prometia. Inventou
bolsa-família, bolsa-isso, bolsa-aquilo, botou no governo gente que nunca
administrou uma quitanda e fez deles senhores ricos, de prestígio.
Nesse item ele até superou Jesus Cristo, que nunca conseguiu tal
milagre. O milagre veio muito depois, quando os apóstolos, pobres e ignorantes,
já tinham morrido e a Igreja de Saulo de Tarso, derrotando o Império Romano, se
tornou a maior multinacional “sem fins lucrativos” do mundo, amealhando, com
suas jointes ventures (ordens, congregações, mitras) um patrimônio
incalculável.
Outra diferença: enquanto Jesus Cristo só prometia uma boa vida
após a morte, Lula, se valendo do suor dos contribuintes, fez a festa dos pobres,
proporcionando-lhes bolsas, casas, viagens baratas de avião, automóveis sem IPI
e muitos empregos no governo. Para tais beneficiários, Lula é o messias dos
pobres brasileiros. Só que, enquanto Jesus Cristo mandava dar a Cézar o que era
de Cézar, a turma do Lula ficava também com o que era do Cézar.
MORAL DESTA CRÔNICA: a
manjedoura de Belém se transformou num palácio de luxo, pompa e riqueza,
chamado Vaticano. E aqui neste país um pobrezinho de língua pegada e voz de
corvo saiu de Garanhuns para procurar emprego em São Paulo. Seu nome ganhou o
mundo, e ele se tornou um dos homens mais ricos do Brasil.
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