POESIA PARA ENTRETER LADRÕES
João Eichbaum
Reunindo para sua posse como presidente do Supremo Tribunal
Federal a nata azeda dos políticos responsáveis pelo descrédito nas
instituições, pelo descalabro na economia, pelo desemprego e pela insegurança
social, Carmen Lúcia, mostrou que mora em outras paragens, no mundo da lua, ou
numa “turris eburnea”, que a mantém alheia à realidade deste país.
Ela preparou um festim poético, em discurso coalhado de
impropriedades, reveladoras de sua baixa intimidade com o vernáculo. Além
disso, o sarau, regado a café e bolachinhas, foi estragado por comprometedora
falta de tato.
Alheia ao caos social provocado pela desonestidade e pela
incompetência dos políticos da esquerda fracassada, ela trouxe como trilha
sonora, para o augusto plenário do Supremo, justamente a voz rachada de um
energúmeno esquerdista, a vulgarizar o tom solene do hino nacional.
Alheia às normas fundamentais da deontologia judiciária, ela se
rendeu a um sentimento pessoal para com seu padrinho Luiz Inácio, desvendando
para toda a nação os limites de sua cultura: não sabe que o apanágio da
gratidão é a dependência.
Alheia a princípios de urbanidade na convivência social, deu de
ombros para um inevitável e desagradável encontro de pessoas separadas pelo
abismo do ódio e pelo caminho demarcado da ambição, em linhas retas que jamais
se encontram.
Finalmente, enroscada no próprio ego, Carmen Lúcia não se deu
conta de que sua poesia iria desafinar antes de ser desfiada. Isso ocorreu quando
os operadores do laboratório de perversão política de Brasília, convidados da
ministra, ouviram do decano Celso de Mello, que não faz compadrio com a
iniquidade, o contracanto de quem não quer saber de poesia: “profanadores dos
valores republicanos, marginais da república”!
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