sexta-feira, 16 de setembro de 2016

POESIA PARA ENTRETER LADRÕES
João Eichbaum
  
Reunindo para sua posse como presidente do Supremo Tribunal Federal a nata azeda dos políticos responsáveis pelo descrédito nas instituições, pelo descalabro na economia, pelo desemprego e pela insegurança social, Carmen Lúcia, mostrou que mora em outras paragens, no mundo da lua, ou numa “turris eburnea”, que a mantém alheia à realidade deste país.

Ela preparou um festim poético, em discurso coalhado de impropriedades, reveladoras de sua baixa intimidade com o vernáculo. Além disso, o sarau, regado a café e bolachinhas, foi estragado por comprometedora falta de tato.

Alheia ao caos social provocado pela desonestidade e pela incompetência dos políticos da esquerda fracassada, ela trouxe como trilha sonora, para o augusto plenário do Supremo, justamente a voz rachada de um energúmeno esquerdista, a vulgarizar o tom solene do hino nacional.

Alheia às normas fundamentais da deontologia judiciária, ela se rendeu a um sentimento pessoal para com seu padrinho Luiz Inácio, desvendando para toda a nação os limites de sua cultura: não sabe que o apanágio da gratidão é a dependência.

Alheia a princípios de urbanidade na convivência social, deu de ombros para um inevitável e desagradável encontro de pessoas separadas pelo abismo do ódio e pelo caminho demarcado da ambição, em linhas retas que jamais se encontram.

Finalmente, enroscada no próprio ego, Carmen Lúcia não se deu conta de que sua poesia iria desafinar antes de ser desfiada. Isso ocorreu quando os operadores do laboratório de perversão política de Brasília, convidados da ministra, ouviram do decano Celso de Mello, que não faz compadrio com a iniquidade, o contracanto de quem não quer saber de poesia: “profanadores dos valores republicanos, marginais da república”!


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