sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

VERGONHAS QUE SUJAM A HISTÓRIA

João Eichbaum

Dentro dos limites da civilidade, é impossível encontrar adjetivos que definam os três Poderes desta república. Quando o ego se coloca acima dos cargos e funções, o Poder se deturpa, porque é dominado por esse animal carregado de vícios, chamado homem.

Em toda sua história, o Supremo Tribunal Federal, que já teve poetas brincando de juiz e juízes brincando de poeta, jamais ficou nu, exposto ao escárnio, como nos dias atuais. A instituição nunca esteve em segundo plano, atrás do homem, como agora. E, quando isso acontece, mais aparecem vícios do que virtudes, porque o homem, com o poder na mão, mostra o animal que é.

A vingança não é própria dos juízes, como também não o é o servilismo. Mas homens que vestem a toga por apadrinhamento, por amizade ou por afinidade ideológica não são capazes de superar a pequenez da origem de seu poder: carecem da sabedoria e da independência daqueles que fazem da magistratura um sacerdócio. No Brasil, hoje, só Renan Calheiros confia no Supremo.

O Legislativo não mudou. Câmara e Senado, salvo poucas exceções, são o que sempre foram: valhacouto de aproveitadores da massa ignara, coronéis e cangaceiros do norte e do nordeste, que enriqueceram e levam vida fácil com o dinheiro público, bancado por quem trabalha. É um Poder que abandonou suas funções. Acórdãos e Medidas Provisórias, hoje, substituem leis. O Legislativo só legisla em causa própria.

E as instituições, fazendo o que não devem e não fazendo o que devem, geraram esse estado de coisas que lança o país no monturo das republiquetas sem moral. Nos capítulos picantes da história do Brasil, certamente não faltarão os personagens vilões com as respectivas iniquidades.

A corrupção, a baderna, a insatisfação pública, a deficiência dos serviços essenciais, são frutos de um Estado apodrecido, onde, dos três poderes, não se sabe qual é o pior. O Brasil das verdes matas, do céu de anil e da brava gente se transformou num reino de pesadelo, numa pátria sem majestade, dividida em quinhões de poder, a cabresto de negociatas, entre proxenetas de uma falsa democracia.




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