sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

CRÔNICA PRA QUEM GOSTA DE BANDIDO

João Eichbaum

Então, ta. O único problema do Brasil, no momento, é a falta de vagas nos presídios. A imprensa inteira, todos os políticos, palpiteiros de todos os matizes e até o Michel Temer, que ainda não tinha dito a que veio, estão voltados para o tema.

Os problemas do sistema prisional não nasceram ontem. O assunto é muito antigo. Só não se pode dizer que é requentado, porque nunca veio à tona, nem pra jogar conversa fora. Não se tem notícia de construção de algum presídio nos 8 anos do governo de FHC: a mortandade do Carandiru não lhe serviu de lição.

O PT esteve 12 anos no poder e construiu um único presídio, o de Catanduvas. Foi no curso de seu governo que aconteceram os esquartejamentos e decapitações no presídio de Pedrinhas, em São Luiz do Maranhão. Então, a história é velha.

O crime, aos poucos, foi abocanhando o sistema e crescendo, à sombra da omissão e da incompetência dos governantes. Agigantou-se o poder dos criminosos, a ponto de se lhes atribuir uma organização que o Estado não tem.

Só agora foram descobrir que a fonte do crime está nos presídios e que a violência avassaladora, que espalha o terror e o medo na sociedade, é fruto da promiscuidade. Quem é do ramo sabe que isso significa descumprimento da Lei das Execuções Penais, ou seja, irresponsabilidade dos governantes.

Tudo isso aconteceu graças ao arremedo de democracia praticada no Brasil, um sistema em que ignotos vices são atrelados a caçadores de votos e que facilita a eleição de aventureiros, gente só comprometida com a própria avareza de poder, e locadores profissionais de mandatos. Nesse espaço, tomado inteiramente por interesses políticos, não há lugar para administradores, estadistas, homens de visão.

Escolhidos os candidatos pelos partidos e não pelo povo, que os tem de engolir, o resultado não poderia ser diferente: no abandono, sob a opressão e a pilhagem fiscal, quem paga imposto não encontra resposta para a vida. O Estado fica surdo e mudo aos apelos do direito à saúde, à segurança, ao trabalho e à educação. Porque o país está à deriva, num mar de incompetência, onde desaguam os interesses inconfessáveis e os detritos da corrupção.

Então fica bem claro quais são os culpados pelas matanças nos presídios. Não é a maioria da população brasileira, aquela que, decididamente, não gosta de bandidos. Ela está, sim, é cansada de sustentá-los, de incentivá-los ao ócio, de proporcionar-lhes investimentos no sindicato do crime e de, além disso tudo, pagar-lhes auxílio-reclusão acima do salário mínimo e garantir-lhes sexo no dia da visita.



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