CRÔNICA PRA QUEM GOSTA DE
BANDIDO
João Eichbaum
Então, ta. O único problema
do Brasil, no momento, é a falta de vagas nos presídios. A imprensa inteira,
todos os políticos, palpiteiros de todos os matizes e até o Michel Temer, que
ainda não tinha dito a que veio, estão voltados para o tema.
Os problemas do sistema
prisional não nasceram ontem. O assunto é muito antigo. Só não se pode dizer
que é requentado, porque nunca veio à tona, nem pra jogar conversa fora. Não se
tem notícia de construção de algum presídio nos 8 anos do governo de FHC: a
mortandade do Carandiru não lhe serviu de lição.
O PT esteve 12 anos no poder
e construiu um único presídio, o de Catanduvas. Foi no curso de seu governo que
aconteceram os esquartejamentos e decapitações no presídio de Pedrinhas, em São
Luiz do Maranhão. Então, a história é velha.
O crime, aos poucos, foi
abocanhando o sistema e crescendo, à sombra da omissão e da incompetência dos
governantes. Agigantou-se o poder dos criminosos, a ponto de se lhes atribuir
uma organização que o Estado não tem.
Só agora foram descobrir que
a fonte do crime está nos presídios e que a violência avassaladora, que espalha
o terror e o medo na sociedade, é fruto da promiscuidade. Quem é do ramo sabe
que isso significa descumprimento da Lei das Execuções Penais, ou seja,
irresponsabilidade dos governantes.
Tudo isso aconteceu graças
ao arremedo de democracia praticada no Brasil, um sistema em que ignotos vices
são atrelados a caçadores de votos e que facilita a eleição de aventureiros,
gente só comprometida com a própria avareza de poder, e locadores profissionais
de mandatos. Nesse espaço, tomado inteiramente por interesses políticos, não há
lugar para administradores, estadistas, homens de visão.
Escolhidos os candidatos
pelos partidos e não pelo povo, que os tem de engolir, o resultado não poderia
ser diferente: no abandono, sob a opressão e a pilhagem fiscal, quem paga
imposto não encontra resposta para a vida. O Estado fica surdo e mudo aos
apelos do direito à saúde, à segurança, ao trabalho e à educação. Porque o país
está à deriva, num mar de incompetência, onde desaguam os interesses
inconfessáveis e os detritos da corrupção.
Então fica bem claro quais
são os culpados pelas matanças nos presídios. Não é a maioria da população
brasileira, aquela que, decididamente, não gosta de bandidos. Ela está, sim, é
cansada de sustentá-los, de incentivá-los ao ócio, de proporcionar-lhes
investimentos no sindicato do crime e de, além disso tudo, pagar-lhes
auxílio-reclusão acima do salário mínimo e garantir-lhes sexo no dia da visita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário