A ACOMPANHANTE DO SENADOR PEDRO SIMON
João Eichbaum
A imprensa gaúcha sempre alardeou, por aí, que o senador Pedro Simon é um político honesto, um dos poucos que se salvam, nessa selva de mal intencionados, que são os políticos.
Sempre duvidei dessa afirmativa, a partir do pressuposto de que, para ser político, o primeiro requisito é a desonestidade.
Pois bem, agora que chegou a hora de provar essa alardeada honestidade, o senhor Pedro Simon não só não conseguiu fazê-lo, como tartamudeou a mais esfarrapada desculpa de que se tem notícia aqui nos pampas. Apanhado de surpresa nessa avalanche de barbaridades cometidas pelos deputados e senadores, que usam e abusam do dinheiro público, como se fossem os donos da nação, o senador gaúcho explicou que a Câmara fornece passagem para sua mulher porque ele, tendo 79 anos de idade, não pode viajar sozinho, tem que ser acompanhado, por recomendação médica.
Antes tivesse ficado calado o vetusto senador. Sua explicação esfarrapada, longe de inocentá-lo e de permitir que se lhe fixe na testa um adesivo, atestando sua apregoada honestidade, mostra que ele perdeu – se é que algum dia teve – primários conceitos de moralidade.
Então porque ele é velho, nós é que temos de lhe pagar acompanhante? Será que ele não sabe que existem milhares de velhinhos atirados em depósitos de velhos, porque não têm quem os acompanhe? Será que ele ignora a miséria dos que passam madrugadas na fila do SUS, será que ele não sabe que existem velhos dormindo ao relento, vivendo de esmolas? Nada disso lhe desperta a consciência? E ele dorme em paz, usando nosso dinheiro para pagar a viagem de sua acompanhante, enquanto muitos outros, na sua idade, não têm sequer o que comer?
Ora, convenhamos, senhor Pedro Simon. Se o senhor não tem mais condições de viajar sozinho, peça as contas, se mande, vista o pijama, vá ler jornal e assistir televisão, porque, assim como assim, até hoje o povo gaúcho não sabe o que o senhor faz no Senado. O senhor e aquela cambada, capitaneada pelo Sarney, que lá está instalada, comendo, bebendo, vestindo, passeando e fodendo às nossas custas.
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