BAITA BARRACO
João Eichbaum
Para mim, que sei como se faz um ministro, não foi surpresa alguma aquele barraco armado no Supremo Tribunal Federal, quando se pegaram, num bate-boca de vizinhas mal humoradas e com TPM, os senhores Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. Mas o povo, de um modo geral, ficou estarrecido, pois sempre teve o juiz como uma figura que impõe, mais do que respeito, medo.
Acontece, meus amigos, que não se faz juiz quem nunca teve vocação, nem preparo para julgar.
O juiz de carreira, bem ou mal, chega à magistratura depois de muitos anos de estudo, de preparação, de consciência do que terá pela frente. Mesmo assim, muitos há que decepcionam.
Imaginem-se, agora, os ministros, que nunca fizeram concurso para juiz, que não têm a mínima idéia de como vive um juiz no seu dia-a-dia. São pessoas que vão para o Supremo Tribunal Federal, porque são amigos do Presidente da República, ou de algum amigo influente do presidente. São pessoas que nunca pensaram em ser juiz, na sua vida, porque se esse fosse o seu ideal, teriam ingressado na magistratura pela porta da frente, depois de demonstrar que realmente conhecem o direito e têm capacidade para o exercício do cargo.
Em suma, os ministros são pessoas que se fazem juízes pela perigosa via da influência.
O resultado é que nem todos eles sabem se portar como juízes. No caso do bate-boca entre Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, chega-se à triste conclusão de que eles nem a Lei Orgânica da Magistratura conhecem.
E é por isso que eu digo: só acredita na Justiça quem acredita em coelhinho, papai Noel e cegonha.
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