terça-feira, 13 de julho de 2010

CRÔNICAS e COLUNA

O LAMENTÁVEL BRASIL

Paulo Wainberg



O Congresso Nacional fez uma lei espúria, conhecida como ‘da ficha limpa’, sabendo da sua absoluta inconstitucionalidade.
A Constituição é explícita e diz, com meridiana clareza, quais as hipóteses em que o cidadão brasileiro perde os direitos políticos e torna-se, portanto, inelegível.
A condenação judicial por órgão colegiado, não transitada em julgado, não é uma delas.
Nada surpreendente as liminares concedidas por ministros do STF em favor de Senadores, um deles, casualmente, condenado por órgão colegiado mas sem trânsito em julgado, e um dos luminares defensores da redação dada à lei.
País de faz-de-conta político, este Brasil lamentável no desrespeito às suas instituições, sem exceção.
País de faz-de-conta ético que acoberta, ‘nas paróquias’, os escândalos, o roubo, a transgressão, a manipulação, o balcão de negócios legislativo, as alianças escusas, os interesses corporativos.
País de faz-de-conta da memória, da falta da memória que constitui a grande arma de deputados e senadores, que permite o incêndio escandaloso virar cinzas, o último sinal de fumaça inalado por vorazes afortunados a recomeçar novamente a farra, sob o imensurável manto da impunidade.
Não estranha você, ínclito cidadão, que um recurso do Senador esteja aguardando julgamento desde de 2000, ano em que deu entrada no Supremo Tribunal Federal?
O senhor, que lê jornais, não se admira que o Ministro do Supremo Tribunal Federal conceda uma liminar ao senador porque não vai dar tempo de julgar o recurso dele?
Depois de dez anos o Supremo Tribunal não acha tempo para julgar o recurso do Senador!
Incrível, buemba!, fantástico!, depois de dez anos sem julgar um recurso, o Ministro do STF que deveria encaminhar o julgamento concede liminar porque não há tempo hábil para julgar o recurso que está há dez anos para ser incluído na pauta de julgamentos, justamente por ele, que concedeu a liminar.
Não é por falta de cabeças pensantes. Nem por falta de juristas. Nem por falta de luminares, que o Congresso Nacional edita uma lei inconstitucional.
Ao contrário! Ouso afirmar, sem citar nomes, que extraordinárias inteligências estão a serviço dos nossos congressistas, ajudando a classe a parecer uma coisa quando, na verdade, é outra.
Ó!, afirmou o grandiloqüente presidente do congresso, o ínclito deputado, o eminente senador! Ó!, agora estamos levando ao povo a transparência, a dignidade parlamentar, depurando nossas Casas legislativas, impedindo o acesso a elas de pessoas indignas, sem decoro, desonestas!
Óóóó!, fez em coro o grande povo, feliz com a honestidade de nossos deputados e senadores.
É então, para não deixar pedra sobre pedra, que surgem os comentaristas de ocasião, eminências jurídicas a alertar para “dúvidas jurídicas”, que no imaginário do povo nada significam, a dar vazão à cupidez eleitoral das velhas raposas das velhas famílias da nova república, na ânsia de assegurar seus empregos de luxo, regados à regalias e imunidades, cuja influência destorce o fato no curral das eleições.
Porque é ali, com a graça da ignorância cultivada e da necessidade de ocasião, que camisetas, pacotes de farinha e mil promessas vãs ganham as eleições.


POTINS
Não se trata de preconceito, ao contrário.
Nossa coluna social não pode deixar passar em branco o evento que ora se realiza por aqui: O Quinto Encontro Nacional de Prostitutas, promovido pela ONG DASPU.
Com a finalidade de conscientizar a população para a necessidade de regulamentar a profissão, o evento traz à capital gaúcha prostitutas de todo o País, para gáudio do público masculino.
Esta coluna realmente não compreende a razão pela qual a profissão, a exemplo do que acontece na Holanda e na Inglaterra, não está regulamentada, concedendo o status profissional às, numa linguagem adequadamente petista, trabalhadoras em sexo.
Talvez, não há certeza, nossas autoridades, especialmente as legislativas, ainda não tenham certeza do significado laboral da atividade e considerem o meretrício uma novel profissão.
Vai ver...
È com regozijo que o colunista comprova que, por aqui, tudo é cultura, visto que o evento se realiza num próprio que é orgulho da capital dos gaúchos: a Casa de Cultura Mario Quintana, com direito inclusive a desfile de modas.
Afe!!!!

Nenhum comentário: