terça-feira, 19 de abril de 2011

DA INFLUÊNCIA DO PRIAPISMO NAS DECISÕES JUDICIAIS - João Eichbaum

Pera lá! Não abandonem a leitura, de cara. Para quem não sabe, priapismo não é nenhuma corrente filosófica. Por favor, não pensem que vou tratar de filosofia.

Então, vamos aos fatos.
O senhor Peluso, aquele que foi seminarista e agora cultiva um bigodinho pintado, o presidente do Supremo Tribunal Federal, resolveu acabar com a morosidade da Justiça. E vocês sabem como? Suprimindo efeitos dos recursos e concentrando todo o poder de decisão nas mãos dos mocinhos e das mocinhas de primeiro grau, aqueles que sentem orgasmo só em pensar que têm o poder nas mãos, e dos desembargadores, os juízes de segundo grau, aqueles que arrotam grandeza, têm o rei na barriga e comem pasteizinhos com guaraná, durante os julgamentos, à custa de todos nós.

Não sei se vocês entenderam. Mas é o seguinte: um cara acusa você de ser traficante de tóxico. Você não tem como provar que não é. A gente só prova o que é. Cá pra nós, como é que você vai provar que quem lhe passa essa grana toda é a coroa daquele político, que ganha milhões com as “obras do governo”, a coroa aquela que dá tudo o que você quer, para não se privar do seu quilométrico e bem aparelhado pênis?

O que não é, ninguém consegue provar. Mas como você é malhadão e sarado, tem dinheiro no banco, veste roupa de grife e anda sempre com carro zero quilômetro, que custa os olhos da cara, para o Ministério Público aí está a prova. Ainda mais que nas “escutas telefônicas”, de que o Ministério Público tanto gosta, você sempre fala para seus amigos que continua com o “bagulho” aquele, porque descola uma grana legal. Então, você é condenado, através de uma sentença que foi feita pelo secretário do juiz, por levar uma vida de luxo e ostentação e se envolver com “bagulhos”, o que leva à presunção de que você é traficante. Quando você, por razões priápicas e financeiras, não passa de um simples comedor, que vive à sombra de árvores alheias.
Você recorre. Quem examina seu processo no “segundo grau”, se não é um estagiário, é o secretário ou o assessor do desembargador. Examinar o processo? Falei mal. Ele pega a sentença que foi feita pelo secretário do juiz, passa no “scanner”. E, para formar o acórdão, ele escreve: “para evitar despicienda tautologia” invocamos a douta sentença. E taca a cópia que tirou no “scanner”.

Deu pra você, você vai mofar na cadeia, o “bagulho” aquele caiu fora, arrumou outro garotão. Mesmo assim, você recorre, para o Supremo ou para o Superior Tribunal de Justiça. Muitos anos depois de você ter cumprido a pena, sai da cadeia já desdentado e sem viço, aí o STJ ou o STF vai decidir que você é inocente, porque presunção nunca foi, nem será prova (coisa que o secretário do juiz não sabia).

Manjou? É assim que o senhor Peluso quer que funcione. É assim que ele quer terminar com a morosidade da justiça. Porque, tirando fora os tribunais superiores, não existirá morosidade. E o que importa para o senhor Peluso é a morosidade, e não a justiça propriamente dita. Nos tempos de seminário, ele não aprendeu que a pressa é a inimiga da perfeição.

Agora, por favor, não me perguntem como é que aquele ex-seminarista, o senhor Peluso, que se ajoelha aos pés do arcebispo de São Paulo para confessar seus pecadinhos veniais, chegou ao Supremo Tribunal Federal.

Não sei, mesmo.
Mas voltaremos ao assunto, qualquer hora dessas.

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