Comentando ainda o massacre das crianças no Realengo, Marta Medeiros, em sua coluna de hoje na Zero Hora, cita José Saramago: “o mundo seria mais pacífico, se todos fôssemos ateus”.
O pensamento de Saramago, é claro, choca os crentes, cria revolta naqueles que acreditam em Deus, na vida eterna, na Igreja, nessas coisas todas.
Mas, quem examina a história com olhos de analista não pode deixar de dar razão a José Saramago, mesmo que não o faça em termos absolutos. José Saramago, certamente, nunca teve a pretensão dos papas, de ser “infalível”.
Mas, pensem bem. A bíblia está cheia de histórias de guerras, de assassinatos, começando com o de Abel, de manifestações iradas de Javé, que chegou a exigir de Isaac o assassinato de seu único filho legítimo.
Não são histórias que induzam à piedade, à devoção, ao recolhimento e, principalmente, ao amor ao próximo.
A história da Igreja Católica, Apostólica, Romana, está indelevelmente marcada com sangue, o sangue derramado pela inquisição, que obrigava todo mundo a acreditar em Deus e na dita Igreja.
Os próprios fundamentos dessa Igreja se assentam na idéia sanguinolenta do Deus, chamado Pai, que exigiu o “sacrifício” do Deus chamado Filho, denominado Jesus Cristo. O mesmo Deus que pediu o sacrifício do filho de Isaac levou também seu filho à morte na cruz. E a cruz, símbolo de tortura e morte, é o símbolo dos cristãos, ostentado nas igrejas, nos tribunais brasileiros, no pescoço enrugado dos velhos e entre os seios sensuais das moças.
As barbáries cometidas, em nome de Alá e de Maomé, pelos muçulmanos, dispensam qualquer comentário.
A morte, a própria morte é usada pelas religiões como um produto: através dela é que se chegará à vida eterna. E se não é encarada como caminho para a vida eterna, o é como castigo, mas sempre por imposição de Deus.
Enfim, sem a morte, entendida nesses termos, religião nenhuma sobreviveria.
Ora, essas idéias, sendo mal assimiladas por seres humanos afetados por deficiências de intelecto, só podem desaguar em desatinos, dos quais está cheia a história desse animal chamado homem.
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