segunda-feira, 30 de abril de 2012

"POLÍTICAS SOCIAIS"


João Eichbaum

“Políticas sociais”. Começa por aí, quer dizer, nem os políticos, nem os jornalistas sabem o que dizem.
Política é um substantivo que dispensa o plural. Não existem “políticas”, mas a política.
O vocábulo “política” significa, fundamentalmente, a arte de governar a cidade. Provém do grego, “pólis”, que quer dizer cidade. Foi adotado pelas línguas modernas, depois de ter passado pelo latim (política): Politik, politique, política, etc, mantendo o sentido original de administração do Estado.
Então, em seu sentido específico, literal, a palavra “política” não admite plural. As atividades exigidas pelo governo do Estado, no sentido amplo, são várias, mas a política é uma só, tem uma só fonte, que é simplesmente o modo de governar.
Além de lhe impor um plural desnecessário, os políticos e os jornalistas agregam ao vocábulo “política” também um adjetivo desnecessário: “social”, ou pior, “sociais”.
A política é, essencialmente, uma atividade social, ela pressupõe a existência de um grupo, e onde há um grupo, há uma sociedade.
Mas, o que os políticos e os jornalistas desinformados querem dizer com  “políticas sociais”, outra coisa não é senão a atividade dirigida especialmente para os pobres. Ou seja, a assistência social.
“Bolsa-família” é o salário que o governo paga pela pobreza. Basta ser pobre, ter um monte de filhos e não ter renda, não trabalhar, para que alguém seja beneficiário do “bolsa-família”. Isso é assistência social e não “política social”. A assistência social específica, no caso, decorre da política usada pelo governante.
Como seria vergonhoso dizer que o governo “dá esmolas”, os políticos e os jornalistas preferem usar um eufemismo: as “políticas sociais” do governo.
Tudo isso porque é exatamente em cima da desinformação e da falta de cultura que os políticos e os jornalistas trabalham: as ações “benfazejas” do governo e as manchetes que cospem sangue são as que mais atraem o público, porque o povo não tem cultura.


sexta-feira, 27 de abril de 2012

“HABEAS CORPUS” TRABALHISTA




João Eichbaum

O povo tem razão quando diz: “vou morrer e não vou ver tudo”. E é a pura verdade. Jesus Cristo, por exemplo, morreu, ressuscitou e não viu a Internet.
Pois eu também vou morrer, espero não ressuscitar no terceiro dia, e tenho certeza de que não vou ver tudo. Depois desse “habeas corpus” impetrado em favor do jogar Oscar, do Inter, só tenho que ficar estarrecido. Estarrecido, mas feliz, diga-se de passagem. Por dois motivos: porque o Oscar estava fazendo falta naquela meia cancha capenga do Inter, e porque o ministro que concedeu a liminar no “habeas corpus” mostrou, antes de mais nada, que tem bom senso. Olhem o que ele diz: “a obrigatoriedade da prestação de serviços a determinado empregador nos remete aos tempos de escravidão e servidão, épocas incompatíveis com a existência do Direito do Trabalho...”
E assim, efetivamente, é. Para quem está por fora, explico: o Oscar ingressou com ação trabalhista contra o seu empregador o São Paulo F.C, pedindo a rescisão do contrato de trabalho. Não importa o motivo, mesmo que ele não esteja contemplado em lei. O empregado, Oscar, não queria trabalhar mais para aquele empregador, o São Paulo F.C.
Em primeira instância ganhou a rescisão e foi trabalhar no Inter. Mas em segunda instância a ação foi julgada improcedente, tendo o desembargador determinado que o Oscar voltasse a trabalhar para o São Paulo.
Dessa última decisão, o Oscar recorreu e pediu efeito suspensivo, quer dizer, pediu que a determinação para que fosse trabalhar  no São Paulo não fosse cumprida, enquanto não fosse julgado o recurso definitivamente. Perdeu. Entrou com outro recurso, no mesmo sentido, e perdeu de novo.
Agora mudou de tática. Em vez de entrar com recurso, entrou com pedido de “habeas corpus”, sob o argumento de que estava sendo constrangido em sua liberdade de trabalhar. Ganhou a liminar e vai continuar trabalhando para o Inter, por enquanto.
Através de “habeas corpus”, minha gente! “Habeas corpus”, não acredito!
Mas, valeu. Prevaleceu o bom senso: ninguém pode ser obrigado a trabalhar onde não quer.
Não sei como vai terminar isso, porque do ponto de vista processual se transformou em confusão, com um juízo reformando a decisão de outro juízo do mesmo grau.
Mas que o Oscar vai jogar o Grenal, ah, isso vai!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

SOBRE FEIRAS E VAIDADES

Janer Cristaldo


Lá pelos anos 70, fui quase um militante da Feira do Livro de Porto Alegre. Sempre a divulguei em minha coluna na Folha da Manhã, dela participei em tardes de autógrafo e sempre estava lá nos finais de tarde. Era uma feira pequena, sem som nem promoções outras que não o livro, que propiciava encontros entre escritor e leitor. Pessoas do interior do Estado vinham com malas para aprovisionar-se de leitura para o ano todo.

Minhas tardes de autógrafo tinham um encanto especial. Eu tinha muito carinho pelas profissionais que freqüentava e sempre as convidava para os meus lançamentos. Alheias àquele universo, elas não imaginavam que tinham de comprar o livro. Esperavam um presente. Resignado, eu sempre tinha uma boa dúzia de livros sob a mesa para regalos. Como as sessões eram geralmente à tardinha, elas vinham já vestidas para o trabalho, o que dava um colorido um tanto exótico à fila. Sentiam-se honradas sendo convidadas para um lançamento de livro e eu me sentia muito bem ao honrá-las.

Com o tempo, a feira foi crescendo. O número de lançamentos também. Fatores estranhos ao livro tomaram conta da praça. Foi instalado um arremedo de bar, que servia cerveja choca em copos de plástico. Mais um sistema de som. E um palco para apresentação de grupos e de teatro infantil. (Que tem a ver teatro infantil com livros?). Diversas organizações começaram a tirar casquinha da feira. Políticos a invadiram, em busca de visibilidade e votos. Eu já vivia longe de Porto Alegre, mas sempre voltava quando floriam os jacarandás da Praça da Alfândega. O gigantismo do que havia sido uma festa do livro afastou-me da feira. Deixei de voltar a Porto Alegre para visitá-la e mais: procuro evitar Porto Alegre nessas ocasiões. A cidade me traz recordações que machucam.

Em 95, fui convidado a fazer uma palestra na PUC gaúcha, sobre Camilo José Cela. Fui feliz a Porto Alegre, eu havia traduzido A Família de Pascual Duarte e Mazurca para Dois Mortos. O primeiro, a novela mais difundida na Espanha depois do Quixote, o segundo, um passeio pela Galícia espanhola, ao ritmo de uma estranha melodia, só ao alcance de quem curte a música das palavras. Cela, Nobel de 89, receberia um doutorado honoris causa na universidade e eu matava três ou quatro coelhos de uma só cajadada: revia meus amigos, revisitava a feira, conhecia o autor galego e fazia palestra sobre uma literatura que me fascinava.

Assim aconteceu. Mas um episódio empanou meu entusiasmo. Cela deu uma tarde de autógrafos na Feira. Formaram-se filas imensas ante o escritor, que teve de interromper os autógrafos, duas ou três horas depois, por estar com câimbras nos dedos. Foi quando tive uma triste percepção do universo dos leitores. Aquela multidão toda, que fazia fila como russos diante de um McDonald’s, não sabia se Cela era açougueiro ou alfaiate. Estavam ali para receber o autógrafo de um prêmio Nobel. A feira havia transformado um grande autor em uma celebridade qualquer. Alguns anos mais tarde, Paulo Coelho poluiu a Praça da Alfândega. De novo, filas quilométricas. Há um tipo de leitor para quem Coelho ou Cela têm o mesmo peso. São famosos e basta. Não importa o que tenham escrito. Mesmo quando compra um bom livro, este leitor nem sabe o que está comprando.

Soube, ano passado, que meu comunicado na PUC foi “esquecido” na edição da revista que reuniu as palestras do evento. Pelo jeito, até quando presto uma homenagem constranjo. Não sei exatamente quais foram as razões que levaram a esta censura. Mas suponho ter sido o fato de afirmar que Cela militou na Falange franquista. E jamais se arrependeu disso. Mas o Nobel transfigura seus contemplados. Na mesa coordenadora das palestras, havia até velhos comunistas prestigiando o soldado de Francisco Franco.

A moda das feiras se espalhou pelo Rio Grande do Sul e cada cidadezinha, mesmo não tendo livrarias, passou a ter uma feira do livro. Visitei algumas, por acaso. São tristes. Como não há livreiros locais que as abasteçam, encomendam livros de Porto Alegre. As livrarias mandam o que vende mais, os best-sellers. Nessas feiras, dificilmente você vai encontrar literatura que preste. De modo geral, só best-sellers e livrecos de autores locais. De algum advogado que se julga escritor só porque redige petições, ou de alguma poetisa que põe no papel suas angústias de menopausa. Mais um stand de livros evangélicos e outro de livros espíritas. E o resto é silêncio.

As feiras do livro viraram feiras de vaidades. Isto é herança de um passado ainda recente, no qual o escritor é um personagem mítico. Estes dias estão terminando. Há escritores que se gabam de ter escrito quarenta ou mais livros, e não somos capazes de citar um só título. Dois exemplos: alguém já ouviu falar de Josué Montelo? Pessoa da minha idade, talvez. Pois o homem escreveu mais de cem livros e dele não lembramos título algum.

Segundo exemplo: li há pouco que participou – ou participará – da feira do livro de Bogotá a escritora e imortal da Academia Brasiliense de Letras, Margarida Patriota, autora de 26 livros. Alguém consegue citar algum sem uma busca no Google? Duvido.

A profissão de escritor se dessacralizou, só não percebem isto escritores de província. Neste sentido, o ebook é bem-vindo. Hoje, se alguém quer publicar um livro, não precisa de editor, distribuidor ou livreiro. Basta colocar seu texto em formato eletrônico e jogá-lo na rede. O fetiche do livro publicado em papel só tem vez nas feiras do livro e programas governamentais de leitura.

A propósito, acabo de ler que a Fundação Biblioteca Nacional terá 330 milhões de reais para investir em programas do livro. Parte dessa grana servirá para a contratação de quatro mil agentes de leitura, realização de mais de 500 encontros com autores no projeto Caravana de Leitura, apoio a 200 pequenas e médias feiras.

Traduzindo: cabide de empregos, turismo gastronômico e financiamento de feiras onde pavões irão exibir suas plumas. Que faz um agente de leitura? Não tenho idéia. O máximo que posso conceber é alguém que segura o livro enquanto você lê.

Sobre a crônica passada, leitores me advertem que Gabriel, o sedizente pensador, não é roqueiro. Mas rapper. Segundo outros, é pop. Ou talvez hip hop. Que seja. Pertence a essa raça que saltita no palco enquanto rasca guitarras para uma platéia de anencéfalos que juntam as mãos sobre a cabeça? Então é similar.

Só mudam as moscas. Mantenho o título da crônica.


COTAS SOCIAIS

quarta-feira, 25 de abril de 2012

"COTAS SOCIAIS"




João Eichbaum

Está na pauta do Supremo, hoje, o julgamento sobre a questão das chamadas “cotas sociais”.
Para quem não está por dentro, a questão é essa: os negros valem mais do que os brancos ou  são iguais aos brancos?
É exatamente isso que o Supremo terá que decidir. Não costumo usar eufemismo, nem tenho medo de ferir a quem quer que seja. Essa história de “cotas sociais” é conversa mole para boi dormir. A gente tem que ser objetivo, direto, sem frescura. Eufemismo é coisa para literatura. Para a realidade é preciso usar o vernáculo diretamente, com as palavras que fazem sentido, com as palavras que atacam o tema, sem contorná-lo.
Pois, como dizia, o Supremo vai decidir essa questão hoje. Para isso, os ministros vão estar preparados. Mas, preparados assim, ó: vão contratar cabelereiro, pintar as sobrancelhas, se estudar na frente do espelho, o Fux certamente vai botar batom incolor e fazer as unhas. Vão se preparar para as câmaras. Só isso.
De resto, não tenho dúvidas: eles serão, a maioria, em favor das “cotas sociais”, sob o argumento sensacional e comovedor de que nós somos culpados pela falta de cultura de alguns negros que não conseguem superar as dificuldades do vestibular. Fomos nós que os trouxemos da África, e os pusemos a trabalhar na terra, dando duro de enxada o dia inteiro e apanhando caso não quisessem trabalhar, castigando-os sem misericórdia. Em vista de tudo isso que fizemos para os tataravós deles, agora temos que recompensar os tataranetos, oferecendo-lhes a mordomia básica de não precisar estudar para ingressar na universidade.
Os brancos, esses sim é que não terão moleza agora: pagarão pelos pecados dos portugueses que traficavam negros, empilhavam-nos nos porões do navio negreiro e depois comungavam, iam à missa, pois viviam num Estado oficialmente católico.
Os brancos, portanto, serão obrigados a ralar muito, estudando, pagando cursinhos, comendo o pão que o diabo amassou, para poder ingressar na universidade.
A Constituição Federal, que proíbe distinção de qualquer natureza entre os cidadãos é clara, e determina: TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI.
Mas, e daí, o que é que os ministros do STF têm a ver com isso? Eles vão é jogar para a platéia, fazendo o que o PT quer: demagogia, que eles têm como sinônimo de “cidadania”.





terça-feira, 24 de abril de 2012

PATRONO REMUNERADO


João Eichbaum

Bento Gonçalves, uma cidade que fica na região vinífera do Rio Grande do Sul, nunca foi conhecida como um foco de cultura. O pessoal de lá sabe fazer vinho. E tanto o sabem fazer que até vinho de uva eles fazem. E promovem a famosa bebedeira de vinho, chamada  também de “Festa do Vinho”, com vinho e bêbados espalhados por toda a cidade.
De resto, é uma região industrial exuberante, gente que faz negócios e lucra de qualquer jeito, sendo o dinheiro sua matéria prima. Até no futebol a cidade tem investido, mas sem muito sucesso. Já fizeram um enorme estádio, gastaram um monte de dinheiro, mas o Esportivo, clube local, não vai adiante e se mantém a muito custo na primeira divisão.
Pois Bento Gonçalves tem também a sua “Feira do Livro”. Não sei para quê. Não sei se existe em Bento Gonçalves  alguma pessoa que já tenha lido um livro inteiro.
Mas, como todas as cidades têm a sua “Feira do Livro”, Bento Gonçalves não quer ficar para trás, só com os seus vinhos. Quer mostrar para o mundo que lá também pode haver alguém que leia.
Pois agora, para a sua “Feira do Livro”, Bento Gonçalves vai pagar um indivíduo de que se intitula Gabriel “o pensador” para ser patrono. Bom, pelo que sei o cara esse é cantor, ou, como “pensador”, pensa que é cantor. Um cara que faz “shows”. Esse será a patrono da “Feira do Livro” de Bento Gonçalves, a um precinho camarada que beira os duzentos mil reais.
Fiquei sabendo dessa história ontem, quando li a crônica do Janer, porque até então nunca havia me interessado por qualquer notícia que tivesse como matéria o tal de “pensador”.
Então, eu tenho razão. Em Bento Gonçalves não há leitores. Se os houvesse, a prefeitura convidaria um escritor para patrono. Como convidaram um cara que só faz “shows”, não me resta supor senão que não há leitores lá. Só quem não lê é que tem o direito de ignorar a existência de vários e excelentes escritores no Rio Grande do Sul.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

ROQUEIRO VIRA PATRONO DE FEIRA DE LIVRO NO RS


Janer Cristaldo


Comentei, nas últimas crônicas, as relações espúrias entre cultura e show business. De tanto os jornais noticiarem shows de rock em suas páginas dedicadas à cultura, rock acabou virando manifestação de cultura. E até mesmo o funk, que foi reconhecido como patrimônio cultural pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. O espantoso nesta decisão é que os deputados fluminenses adotaram, como patrimônio cultural nacional, um ritmo criado pelos negros americanos nos anos 60. Neste sentido, o rock é muito mais patrimônio cultural do que o funk. Ocorre que o funk é de negros. Patrimônio cultural seja.

Mal escrevi a última crônica, o mundo das coisas reais veio correndo confirmar-me. Na Zero Hora de ontem, leio que a 27ª Feira do Livro de Bento Gonçalves contratou o “músico e escritor” Gabriel O Pensador como patrono do encontro literário. Ou seja, o sedizente roqueiro pensador de repente virou literatura. Com esta medida, o o prefeito do município, Roberto Lunelli, do PT, quer projetar nacionalmente a Feira.

O roqueiro pensador receberá 169 mil reais como cachê, cifra destinada à compra de mil exemplares do livro Um Garoto Chamado Rorbeto, Prêmio Jabuti em 2006, e de outros mil de Diário Noturno, ambos de Gabriel, mais o pagamento de palestras e de um show do artista ao fim da feira. Normalmente, ser patrono de uma feira do livro é uma homenagem que se faz a alguém. No caso, o homenageado cobra 169 mil reais para receber a homenagem. E ainda impõe a venda de suas “obras”, sejam compradas ou não.

No lançamento da Feira, a ser realizada mês que vem, Lunelli justificou a presença do músico como incentivo para atrair jovens para a literatura, bem como para os esportes. Gabriel é empresário na área do futebol e toca o projeto Pensando Futebol, que incentiva a carreira de novos atletas. A prefeitura também quer ter o Pensador como porta-voz da campanha Copa do Mundo de 2014, para a qual Bento é candidata a receber uma seleção no período pré-Copa.

Ou seja, para atrair jovens para a literatura, o prefeito petista contrata... um roqueiro. Os patronos da últimas sete feiras do livro de Bento Gonçalves, que além de não serem roqueiros pecam pelo fato de serem gaúchos, receberam apenas cinco mil reais. Imagine o que o prefeito pagaria a um Paul McCartney para atrair os jovens para a literatura.

Isto de misturar show business com literatura vem de longe. Desde os dias em que as letras de Chico Buarque, Caetano Veloso e Milton Nascimento passaram a constituir questões de vestibular. De repente, músicos do mundo do espetáculo foram promovidos a escritores. Canções anódinas passaram a ser literatura. Como é mais fácil memorizar um versinho do Chico que um romance de Graciliano, a meninada assumiu com gosto o embuste. Não vi, da parte de nossos jovens – quase sempre indignados – qualquer protesto contra tal despautério.

Fossem estes músicos associados à literatura, até que o absurdo não clamaria aos céus justiça. Mas já vi as letras de Chico Buarque e Milton Nascimento em provas de biologia. Na rede, encontro esta exótica pergunta no Banco de Dados de Questões de Biologia da UnB: 

Pergunta: Na música Cio da Terra, Chico Buarque e Milton Nascimento fazem interessantes correlações entre os reinos animal e vegetal, conforme é ilustrado a seguir. 
Debulhar o trigo 
Recolher cada bago de trigo 
Forjar no trigo o milagre do pão 
E se fartar de pão ... 
Decepar a cana 
Recolher a garapa da cana 
Roubar da cana a doçura do mel 
Se lambuzar de mel ... 
Afagar a terra 
Conhecer os desejos da terra 
Cio da terra, propícia estação 
E fecundar o chão... 

Com o auxílio desse texto, julgue os seguintes itens. 

(1) Pela estrutura do "bago" (v.2), deduz-se que trigo é uma monocotiledônea. 
(2) O "milagre" (v.3) que se realiza no trigo, origem ao pão, deve-se a ação de bactérias que metabolizam os lipídios do trigo. 
(3) Os autores comparam o caldo de cana ao mel (v.6-7) porque ambos contêm grande quantidade de glicídios. 
(4) Nos versos de 10 a 12, faz-se uma analogia entre a estação adequada ao plantio e a época


(4) Nos versos de 10 a 12, faz-se uma analogia entre a estação adequada ao plantio e a época fértil dos animais.

Ora, que raios tem a ver o tal de Cio da Terra com biologia? Se é por associar coisas com coisas que nada têm a ver umas com as outras, daqui a pouco encontraremos estes senhores nas provas de química e matemática. Estamos assistindo a uma desmoralização a passos céleres do livro, da literatura e mesmo do ensino universitário. Sob o olhar complacente das autoridades educacionais, do governo e da imprensa.

Cultura é show business. Se você pretende um dia ser considerado um homem culto, comece a freqüentar raves e shows de rock.

PS - Leitores me advertem que o tal de Gabriel não seria roqueiro. É que não consigo distinguir muito entre uma mediocridade e outra. Mantenho o roqueiro. Dá no mesmo.





sexta-feira, 20 de abril de 2012

A BÍBLIA LIDA PELO DIABO

João Eichbaum

11 E viveu Sem, depois que gerou a Arpaschhad, quinhentos anos, e gerou filhos e filhas.




Bah, o cara já tava com Alzheimer e continuou fazendo filho. Só que tem uma coisa, meu irmão, já eram tantos filhos e filhas, que a bíblia nem sabe o nome deles.



12 E viveu Arpaschshad trinta e cinco anos e gerou a Selah. 13 E viveu Arpaschshad, depois que gerou a Selah, quatrocentos e três anos. E gerou filhos e filhas. 14 E viveu Selah trinta anos e gerou a Eber. 15 E viveu Selah, depois que gerou a Eber, quatrocentos e três anos, e gerou filhos e filhas. 16E viveu Eber trinta e quatro anos e gerou a Peleg. 17E viveu Eber, depois que gerou a Peleg, quatrocentos e trinta anos, e gerou filhos e filhas. 18 E viveu Peleg trinta anos e gerou a Rehu. 19 E viveu Peleg, depois que gerou a Rehu, duzentos e nove anos, e gerou filhos e filhas. 20 E viveu Rehu trinta e dois anos e gerou a Serug. 21E viveu Rehu, depois que gerou a Serug, duzentos e sete anos, e gerou filhos e filhas. 22 E viveu Serug trinta anos e gerou a Nahor. 23 E viveu Serug, depois que gerou a Nahor, duzentos anos, e gerou filhos e filhas. 24 E viveu Nahor vinte e nove anos e gerou a Terah. 25 E viveu Nahor, depois que gerou a Terah, cento e dezenove anos, e gerou filhos e filhas. 26 E viveu Terah setenta anos e gerou a Abrão, a Nahor, e a Haran.





Aí temos toda a genealogia até que chegou a Abrão.

Como sempre, só tem nome de macho. Uns até deixam dúvida. “Selah”, por exemplo, senta muito mais para mulher do que para homem.

Mulher, que sempre foi bom, não conta, não tem ficha, mesmo que tenha sido uma loirinha boazuda de vinte e dois anos. O resto, os muitos “filhos e filhas” também não constam na lista. Não se sabe quem são, se não tem importância alguma, e se perderam por aí, formando aquilo que hoje se chama de “povão”, sem nome, sem rosto, sem identidade, que só atrapalha, onde quer que a gente vá.

Dessa macacada toda, o único que só teve três filhos, perfeitamente identificados, foi o Terah. Em compensação a história dele termina aí, e não é contada como a dos outros, que viveram mais de uma centena de anos e geraram “filhos e filhas” sem nome.



quinta-feira, 19 de abril de 2012

O NÉRIO SABE DAS COISAS


Era um jovem. Do velho PTB. Morreu durante o mandato. O Brizolla foi na posse dele, no mesmo dia da posse do Brizzola aqui no RGS. Quando com apoio do integralismo verde de Plino Salgado, derrotou o Cel. do PSD, Walter Peracchi de Barcellos.  Ele tomou posse de manhã, no Piratini, de manhã, passou o governo para o "Deputadinho"  assim chamado amigavelmente, pois, tinha sido o menos votado e era o maior, com 1,90m. - do PRP - do integralismo de Plinio Salgado,  Afonso Anschau, alemão de N. Haumburgo que tinha sido eleito pres. da Assembléia (não havia Vice-Governador, assumia o governo o Pres. da Assembleia). O Brizolla combinou com o Ruibem Berta e este deixou  um avião, da Pioneira, a sempre lembrada e finada Varig,  pronto, esperando o Brizolla e turma    ( os que iam para o cassino da Urca e outras boates cariocas o que adoravam.  Foi o auge do jogo, dos cassinos e do teatro rebolado, com a gauchada no poder. Era uma festa)  -   pois a Virginia Lane, que vive no retiro dos Artistas, e está com 86 anos, declara que foi amante do Getúlio e estava na cama com ele, no Catete na noite de 24 de agosto de 1954, quando se matou ou foi morto. Ela afirma que o mataram. Ela  diz que se amaram muito, Pois, o Getúlio era separado da dona Darci Sarmanho. Impressiona a entrevista da notável artista do teatro de revista, eleita as melhores pernas do Brasil, derrotando, a famosa Heloina, a mulher que amou Garrincha e o Jango, ao mesmo tempo, com arte e engenho, pois, ambos eram ciumentos.

O Miguel Falabella entrevistou  longamente a Virgina Lane e diz que está escrevendo um livro sobre os amores dela com Getúlio e pretende fazer um filme de época. Parte da entrevista corre pela Internet. Deve ser autêntica. A internet e o micro permitem tudo. Aceitam até injeção de agulha rombuda.   

A gauchada que frequentava o Lulu dos Caçadores, um dos maiores cabarés da América do Sul, na rua Andrade Neves, onde depois foi a Protetora do Turfe, se mudou para o Rio. Até dizem que amarraram cavalos no obelisco da Av. Rio Branco. E como os animais foram esquecidos, uns gaiatos, do centro do Rio retiraram os cavalos e sairam andando e levaram os bichos para suas casas na favela. Tudo numa boa.

  Entrementes ,   na crise de 1929, na quebra do Banco Pelotense, o sogro do Getúlio, o velho Sarmanho, era o gerente da filial de São Borja do Banco Pelotense. E todos perderam o dinheiro. Foi uma tragédia. São Borja, ficou em pé de guerra. E  o pessoal confiava que o sogro do Getúlio conseguisse que pelo menos para São Borja,o Getúlio mandasse o dinheiro dos depositantes do Pelotense. Mas a grana não veio e deram uns bônus, papel, que foram resgatados só em 1931, por baixo valor. Os fazenderios de São Borja tiveram um grande prejuizo. Muitas familias desapareceram na crise de outubro de 1929.  Pelotas nunca perdoou o Getúlio. A elite refinada pelotense achava que o Getúlio tinha metido o dedo e ajudado a fechar o Banco Pelotense.  Tanto que sobre o acervo do banco Pelotense o Getúlio criou o Banrisul e teve como primeiro presidente seu colega de turma de Direito da UFRGS, de 1908, o famoso Coronel vacariano borgista, Firmino Paim Filho, genro do Dr. Protásio Alves  

Resumo, foi uma quebradeira geral e até a Bolsa de Valores de New York quebrou. E os investidores que perderam tudo, marcavam dia e hora nos alterosos edificios para se atirar.
E se atiravam. E o público no térreo, na rua,  ia assitir o espetáculo.

Aqui em P. Alegre, era menos romântico, a turma gaudéria se atirava do viaduto da Borges.

 E aí o sogro do Getúlio, o  velho Sarmanho, almoçou e foi para o quarto se deu um tiro no ouvido e se matou. Fato que jamais a familia Sarmanho perdoou o Getúlio, internamente na familia.

Assim que o Afonso Anshcau, tomou posse como deputado estadual, foi eleito pres. da Assembléia e tomou posse como chefe do Executivo e se tornou governador tudo num dia. Na parte da manhã deste dia.  A democaria tem destas coisas. Faleceu faz pouco, com mais de 90 anos.

 A noite quando voltou com seu Austin a 40, verde, para N. Hamburgo disse para sua mulher.

        -    Frida, você sabe com quem você vai dormir esta noite?

A Frida respondeu     -   não.

              Disse o Anschau - Com o Governador do Estado.

Ao que a Frida retrucou:

     -      Mas o Brizolla nem me ligou. Nem nada.

Nério "dei Mondadori" Letti.



quarta-feira, 18 de abril de 2012

ESTELIONATO IMPUNE




João Eichbaum

Foi uma palhaçada, mas o povo não se dá conta. Estava lá a Maria do Rosário, uma comunista com cara de freira mal comida, que nunca mostrou competência para coisa alguma e, talvez por isso mesmo, seja ministra da Dilma. Ministra de “direitos humanos”. Como se os direitos do primatas humanos precisassem de ministros.
Afinal, se existe polícia, se existe justiça, para que ministro? E se a justiça, nem a polícia funcionam, também o ministro não funciona.
Mas, não era sobre isso que eu queria falar. Queria falar sobre aquela palhaçada, que os jornais chamam de “cerimônia”, para a assinatura – vejam bem, para a assinatura – de “adesão ao programa federal do crack”.
Pô, é demais! Um monte de vagabundos, que são chamados de “ministros” viajaram às nossas custas, só para aquela palhaçada. E o tal de governador e o tal de prefeito de Porto alegre, todos sorridentes, assinando o termo e a televisão filmando. Filmando “assinaturas”!
Vê, se eu posso!
Isso é estelionato e ninguém vai preso.
O que o combate às drogas precisa é de ação de não de assinaturas. O que requer comemoração, champanhe, ministros de gravatas, políticos sorridentes, jornais e televisão são os RESULTADOS e não as assinaturas.
É disso que os políticos vivem: de circo e de imprensa.
Não seria necessário dizer para ninguém que o acesso às drogas se impede com EDUCAÇÃO. Sem educação, não adianta assinaturas e palhaçadas do gênero.
O governador esse que, como diz o David Coimbra, não tem vergonha, além de não ter vergonha é incompetente. Porque se fosse competente já teria enxergado onde está a solução do problema.
Mas, não. A educação não está nos seus planos, como nunca esteve em nenhum governo, a não ser no dos militares. Os professores são mal pagos e, por serem mal pagos estão desaparecendo. Há centenas de escolas sem professores. Há prédios caindo aos pedaços, que não são aproveitados para escolas. Há escolas técnicas sem docentes, logo as escolas técnicas que poderiam fornecer mão de obra qualificada para o desenvolvimento da indústria e, consequentemente, para dar emprego.
É a falta de educação e de emprego que proporcionam a corrida às drogas. Falta de educação em casa e na escola. Papai e mamãe trabalhando e entregando o filhinho, chorando, para a “tia”, queriam o quê? Que o filhinho amasse a família e se sentisse amado?
Quem se sente amado não procura drogas, mas para isso precisa ser educado. Quem tem emprego não procura drogas, mas para isso precisa ser educado.
Só os políticos não sabem disso. E não o sabem, ou porque são mal intencionados ou incompetentes. O mais provável é que sejam as duas coisas.





terça-feira, 17 de abril de 2012

LEI MARIA DA PENHA NELA?





João Eichbaum



Não conheço a tal lei “Maria da Penha”, salvo por ouvir falar. Pelo que ouvi, é uma lei feita especialmente contra varões que agridem mulheres, ou as achincalham, sei lá.

Essa lei criou um processo especial, célere, para castigar os varões, um processo distinto dos processos sumário e ordinário, contemplados nos Código de Processo Penal ou na legislação processual penal complementar.

Não é preciso ser versado em direito constitucional para constatar, à primeira vista, que é uma lei inconstitucional.

Um dos mandamentos constitucionais que marcam o sistema jurídico brasileiro, como de resto em quase todo o mundo, pelo menos nos sistemas civilizados, que não sejam governados por ayatolás, é o da isonomia: todos são iguais perante a lei, não podendo ser feita qualquer distinção, por exemplo, em virtude do sexo.

Mas, a lei Maria da Penha não respeita a isonomia. Não. Macho é macho, fêmea é fêmea. E pau nos machos, com a aplicação da Maria da Penha.

O Supremo, que hoje é composto de vedetes, ao contrário de antigamente, que era composto de juristas, até hoje não declarou a inconstitucionalidade flagrante desse monstrengo jurídico chamado Maria da Penha.

Pois agora, depois que o mesmo Supremo declarou que não existe mais a distinção de macho e fêmea, que todo mundo é igual, qualquer um pode comer qualquer um, que terá o amparo da justiça, e ai daquele que não gostar de veado, quero ver o que vai acontecer.

Pois aconteceu ontem, em Porto Alegre. Uma lésbica bateu na companheira, manteve-a “em cárcere privado”, veio a polícia, foi um fuzuê, fecharam a rua, atrapalharam o trânsito...

E agora eu pergunto: lei Maria da Penha na agressora?

É isso o que acontece, quando desaparecem os juristas do legislativo, que fica entregue aos picaretas, e do Judiciário, que fica entregue às vedetes. Só nos resta ficar embasbacados

segunda-feira, 16 de abril de 2012

VERGONHA? O QUE É ISSO?

João Eichbaum


Outro dia o David Coimbra escreveu uma excelente crônica, que recebeu o privilégio de uma chamada de capa no jornal Zero Hora: "Governador, o senhor não tem vergonha?"
Não só o título, mas também o texto foi vergastante, cheio de indignação pelo estado miserável de um dos miseráveis presídios do Estado. Pintando a situação deprimente a que se são submetidos os presos, com condições de vida inferiores à de muitos outros animais, David mostra o descaso do governo, o dar de ombros da administração estadual, que deixou chegar àquele ponto o chamado estabelecimento prisional.
O texto foi tão forte, que o governador não conseguiu engolir e saiu atirando: "convido o jornalista que escreveu o isento artigo a ter vergonha comigo. Mais vergonha talvez, porque, afinal, os dois governos que nos precederam foram eleitos com o apoio ostensivo das editorias da rede de comunicação onde ele trabalha"...
O que o governador deixou dito, em outras palavras, é que não tem nada com isso, que a culpa pelo estado deplorável do presídio é das "editorias" do jornal e dos governos anteriores. O Tarso Genro não foi eleito para resolver os problemas do Estado. Ele foi eleito para nomear cabos eleitorais com excelentes gratificações aprovadas pelos outros semvergonhas, os deputados, para abraçar familiares de pessoas acidentadas, para viajar para a Cuba, à custa do nosso dinheiro, para participar de seminários na Europa e para continuar prometendo, prometendo e prometendo...
É só o que ele sabe fazer: é prometer. Como se estivesse em constante processo eleitoral. Está há mais de um ano no governo e não conseguiu aprontar um metro de estrada, nada fez pela segurança, pela saúde e, muito menos pela educação: trata os professores como eles foram tratados "nos governos anteriores", desestimulando vocações para o magistério e deixando sem mestres muitas salas de aula.
Agora, convenhamos, David: exigir vergonha do Tarso Genro é demais! Por que ele, somente ele, e logo ele, teria que ter o que nenhum político tem? Logo ele que passou a vida inteira enganando, pulando de cargo em cargo político, sem nunca ter mostrado essa coisa que ele nem sabe o que é?





sexta-feira, 13 de abril de 2012

A BÍBLIA LIDA PELO DIABO


João Eichbaum

8 Assim o Senhor os espalhou dali para a face de toda a terra: e cessaram de edificar a cidade.

Bem como eu disse: foi como terminar com brincadeira de crianças. A turma desistiu da torre, porque um não se entendia com o outro. Alguém pedia o serrote e lhe traziam o martelo, outro pedia tábua e lhe traziam prego.
Não. Sem condições. Assim não dava para continuar a obra.

9 Por isso se chamou seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a língua de toda a terra e dali os espalhou o Senhor para a face de toda a terra.

Esculhambou com a obra e confundiu o povo. Isso é coisa que se faça? Só pro povo se espalhar? Quer dizer, teve um surto de espírito de porco e compareceu ali só pra detonar com tudo.
Se Ele queria espalhar o povo era só reunir todo mundo, fazer uma Assembléia Geral e separar as turmas.
Mas, pelo jeito, Ele não queria só separar o povo. Queria complicar também. Então foi Ele que inventou aquela frase: pra quê facilitar, se dá pra complicar?

10 Estas são as gerações de Sem. Sem era da idade de cem anos e gerou Arpaschhad, dois anos depois do dilúvio.

Imaginem, trepando com cem anos. Isso que nem tinha Viagra naquele tempo.
Claro, as coisas eram bem diferentes. Não tinha esse trânsito louco, que deixa a gente estressado. Não tinha as filas de banco, onde o povo tem que esperar para pagar uma prestação do cartão de crédito, ficando a dever um monte ainda, não tinha os políticos para enganar o povo. E nem adiantava ficar olhando para a vizinha, porque a vizinha só podia ser nora, sobrinha, cunhada ou filha do cara. Então só sobrava a patroa, e aí, com uma crise danada de mulher e não tendo estresse, nem precisava de Viagra.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

O NÉRIO SABE DAS COISAS


Mas a melhor escola primária, fundamental, ainda é a escola americana. Cada condado tem sua escola e sua High
School onde tudo se resolve. Por isso, o IPTU deles no condado onde tem crianças é alto, pois, pagam junto com o imposto a taxa escolar para manter e sustentar a ótima e complta High School, do Condado, e só do condado, onde só estudam as crianças do condado. O prédio é ótimo. Bem conservado. Bem adminstrado. O dinheiro do fundo da escola fica no pequeno banco familiar do condado. E este banco só tem um agência, no condado. Não é um Bradesco, um Santander. Nada disso. E uma familia do condado que gerencia o banco e o dinheiro da escola do condado, fica neste banco e vai direto, imediatamente, para o sustento da escola, do esporte, do ginásio, tudo, e do salário dos professores. Onde o professor primário ganha o melhor salário é nos Estados Unidos. Sei disso, pois, tive dois filhos, em intercâmbio, oficial, ´sério, nos Estados Unidos. O Eduardo, esteve em Indianápolis, por dois anos, e viu e sentiu e viveu a High  School do seu condado, ao sul de Indianápolis, no bairro, como se fosse Ipanema aqui em P. Alegre. Tudo se resolvel no condado. O Hospital é do condado. A policia onde tem o xerife é do condado. A policia é do condado.A escola é do condado. Essa descentralização dos serviços e do dinheiro público que fica no condado, rapidamente, sem ir à capital para depois voltar, é a grande e fantástica arte de administrar dos Estados Unidos. Por isto, pagam alto salário ao professor primário e são respeitados, dão ótimas aulas e formam os alunos. Tudo se resolve no condado. P. Alegre, por exemplo, por seu tamanho, teria vários condados, com tudo, onde tudo se resolveria. Depois tem o município. Depois, tem o EStado e depois tem a União.  

Para tentar esclarecer esta descentralizaçáo fantástica da administração pública e do dinheiro do cidadão que paga o imposto e tem chance de olhar e fiscalizar de perto onde vai o dinheiro público que paga - pois o dinheiro não sai do Condado. Fica no Condado e aí deve ser aplicado. Em Fort Lauderdalle, na Flórida, acima de Miami, há aquela extensa praia refinada, de jardins, condominios, e edificios e condominios. Uns dizem que é de deivdo ao sol e o americano no norte frio e gelado, quando velho, o casal de velhos, se aposenta e vem morar no sol da Flórida. Tudo bem. Mas o motivo não é este. O motivo é econômico. E que no Condado que administra aquela praia  foi tão organizado que é destinado somente para casais velhos, sem crianças. Então, como não há crianças não há escola e daí o imposto que pagam é baixissimo. Este é o motivo que leva a ter uns 200 Km. de praias, lindas, de belos edificios, condominios fechados, onde moram casais de velhos, pois, pagam imposto barato e assim podem destinar o dinheiro de sua aposentadoria para o lazer, pois, pesado no imposto da casa é a taxa, é a rubrica para manter a escola primária, a famosa High School americana, alto padrão como é até hoje preparando alunos para a Universidade, onde o aluno entra por seu currículo, conforme seu escore, ingressa na Universidade A, na Universidade B, jna Universidade C, na Universidade D, e assim por diante e se não tem escore, amarga dois anos de "college" uma zona morta, entre o fim da High Scool e a entradfa na Universidade. O currículo de suas notas na escola é baixo e que não atinge os minimos para ingresso na universidade. Tem que fazer reforço ou se encaminhar para outros cursos técnicos. O americano sabe das coisas nestas coisas de carreira e encaminhar o jovem.  Eles não tem vestibular e nem sabem o que é vestibular. Falar em vestbular para o americano é um crime e eles não entendem e nem fazem questão de entender.

Não estou elogiando os americanos.Não é isso. E que o emeil que recebi do colega que no Japão a unica pessoa que não se curava para o Imperador é o professor, então me lembrei da vivência dos meus dois filhnos, no intercâmbio nos Estados Unidos. O Eduardo este em Indianápolis, no Johson County, de 1983 a 1984 e o Felipe Oracio este no intercámbio na cidade de Ohio, East Liverpool, cujo nome do condado não lembro mais, mas tudo se resolvia no condado.
eu tenho  inúmeras correspondências recebidas, como pai de aluno intercambista, morando, legalmente, em familia americano, no condado,  eis que brasileiro e o americano sempre desconfia do latino-americano. Por exemplo, pediram se eu  tinha na minha biblioteca livros sobre nazismo, se eu já tinha lido alguma coisa sobre o nazismo, etc....não me pediram nada sobre comunismo, Rússia, etc...o que interessa á autoridade da escola e do condado era se eu tinha estudado e lido sobre o nazismo.
Eles sabem o que é a guerra e lutar contra os nazistas onde perderam milhões de jovens na  guerra, etc..etc...

Eles nunca entenderam que aqui meus dois filhos tinham prestado vestibular, entre milhares de alunos e tinham sido aprovados. Não compreendiam como podia ocorrer uma coisa dessas, etc...eis que nunca tiveram este tipo de ingresso na faculdade. Escrevi várias cartas tentando explicar, mas acho que até hoje estão em dúvidas, lá no inteior, lá no condado, onde meus dois filhos moraram, na familia destinada, tinham o pai americano e viviam a escola do condado, totalmente. E assim aprenderam a falar inglês e ingressaram na Varig, com facildiade, pois dominavam o inglês eis que pilotos ambos foram bem formados no nosso Aercolube em B. Novo, mas jamais poderíamos imaginar que a Pioneira iria a falência como foi e meus dois filhos perderam tudo e não ganharam nada. O Eduardo perdeu 20 anos de Boeing e o Felipe 12 anos. Coisas do Brasil.

Uma das profissões mais bem remuneradas nos Estados Unidos é a do professor primario e da High Shcool. Deu. E dogma e ninguém tasca. Jamais você ouviu falar de uma greve, de um movimento paredista de professores primários americanos. Nem sabem o que CEPERGS. Você falar em CEPERGS que faz greve contra o governo, não dá aula, briga e grita frente ao palacio do governo é para o americano  uma heresia, que eles não entendem e não tem como explicar.

Eu tive na minha casa tres jovens intercambistas. Um dinamarqueês, de Copenhague. Um americano de  Dallas, Texas e outro Australiano. Interessante experiência, ainda mais comigo que era o pai brasileiro e responsável e não sabia falar inglês, algo para mim muito difícil e tenho enorme dificuldade em aprender o inglês.
Era uma comédia. Total eu era o pai brasileiro dos tres jovens intercambistas, que estavam completando 18 anos e era a primeira vez que viajavam para fora do pais.

O Eduardo mantem contacto e visita a familia do Sr. Joe D.Bryant, em Indianápolis, onde ficou como inttercambista. O
Felipe meio que cortou os laços. O Felipe foi em 1986. 

Nério "dei Mondadori" Letti

quarta-feira, 11 de abril de 2012

EU, ESTUPRADOR


Janer Cristaldo

Pronunciamentos de altas autoridades sobre temas como aborto, estupro ou drogas me deixam perplexo. Parecem ver a árvore e ignoram o bosque. Fingem ignorar, diria, pois não se pode ignorar o bosque inteiro atrás da árvore. A prática de aborto ou o consumo de drogas é livre no Brasil e há quem fale em descriminalizar o aborto ou a droga. Dezenas de milhares de adolescentes de menos de 14 anos têm vida sexual escancarada neste país e há quem fale em estupro presumido.

Aconteceu no final do mês passado. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que nem sempre o ato sexual com menores de 14 anos poderá ser considerado estupro. A decisão livrou um homem da acusação de ter estuprado três meninas de 12 anos de idade e deve direcionar outras sentenças. Diante da informação de que as menores se prostituíam, antes de se relacionarem com o acusado, os ministros da 3.ª Seção do STJ concluíram que a presunção de violência no crime de estupro pode ser afastada diante de algumas circunstâncias. 

Escândalo entre as autoridades. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, manifestou sua indignação com o entendimento do STJ. Para Maria do Rosário, os direitos das crianças e dos adolescentes jamais poderiam ser relativizados. “Ao afirmar essa relativização usando o argumento de que as crianças de 12 anos já tinham vida sexual anterior, a sentença demonstra que quem foi julgada foi a vítima, mas não quem está respondendo pela prática de um crime”, disse a ministra à Agência Brasil.

Para a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), a decisão é uma afronta ao princípio da proteção absoluta de crianças e adolescentes, garantido pela Constituição Federal. Em sessão na terça-feira, a Terceira Seção da Corte considerou que atos sexuais com menores de 14 anos podem não ser caracterizados como estupro, de acordo com o caso. Na opinião do presidente da associação, o procurador regional da República Alexandre Caminho de Assis, a decisão é um salvo-conduto à exploração sexual. "O tribunal pressupõe que uma menina de 12 anos estaria consciente da liberdade de seu corpo e, por isso, se prostitui. Isso é um absurdo".

Até o alto comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos resolveu dar seu palpite sobre o assunto. Em um comunicado, o escritório da ONU para a América do Sul diz que a decisão do STJ abre um precedente perigoso e discrimina as vítimas.

Em que planeta vivem estes senhores? Ano passado, o Estado de São Paulopublicava dados do Censo Demográfico de 2010, segundo os quais existem ao menos 42.785 crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos casados no Brasil. O número refere-se a uniões informais, já que os recenseadores não checam documentos. 

A maior parte dos casamentos de crianças registrados no Censo são informais, já que o Código Civil autoriza uniões apenas entre maiores de 16 anos - abaixo dessa idade, só podem se casar com autorização judicial. O Código Penal, por outro lado, proíbe qualquer tipo de união com menores de 14 anos.

"Isso constitui um crime chamado ‘estupro de vulnerável’, previsto no Código Penal e sujeito a detenção de oito a 15 anos", diz Helen Sanches, presidente da Associação Brasileira de Magistrados, Promotores e Defensores Públicos da Infância e da Juventude (ABMP). 

Segundo ela, o crime se refere diretamente às relações sexuais mantidas com crianças e adolescentes, algo implícito quando se fala em casamento. Helen conta que é cada vez mais comum encontrar famílias nos fóruns pedindo autorização para casar uma filha adolescente ou mesmo passar a guarda dela para o seu parceiro, sem saber da proibição legal. "Quando isso acontece e a menina tem menos de 14 anos, o promotor, além de não acatar o pedido, pode denunciar o rapaz por estupro de vulnerável, mesmo que a relação seja consentida ou que os pais concordem com ela", explica. 

Ou seja, temos 42.785 estupros presumidos. A máquina judiciária pretenderá por acaso pôr atrás das grades os 42.785 estupradores? Claro que não! Que termine então essa hipocrisia de pretender punir quem tem relações consensuais com menores de 14 anos. O mundo mudou e a lei permaneceu fossilizada no tempo. Não vai nisto uma defesa de relações com criancinhas, como pretendem os degenerados liderados por Aiatolavo de Carvalho. Mas uma menina de 14 anos, no Brasil, arrisca ter largo currículo sexual.

Já comentei várias vezes o caso de um encanador de Minas Gerais, que foi acusado nos anos 90 pelo estupro de uma menina de doze anos. Segundo a legislação vigente, relações com menores de quatorze anos, mesmo consensuais, são consideradas estupros. A menina afirmou em depoimento ter consentido com a relação sexual. “Pintou vontade” — disse. Uma legislação vetusta, que considera estupro toda relação — consentida ou não — com menores de quatorze anos, havia encerrado no cárcere o infeliz que aceitou a oferta. 

Coube ao ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), absolver, em 96, o encanador. Na ocasião, o ministro foi visto como um inimigo da família e da moralidade pátria. Nosso Código Penal é defasado — disse o ministro — e os adolescentes de hoje são diferentes. Sugeriu um limite de doze anos para a aplicação da sentença de violência presumida. "Quando esse limite caiu de dezesseis para quatorze, na década de 40, a sociedade também escandalizou-se", afirmou. O direito é o cadinho histórico dos costumes, aprendi em minhas universidades. A fundição é lenta. Enquanto o legislador dormia, os tempos mudaram.

Como condenar alguém por estupro alguém que se relaciona com meninas de doze anos que se prostituem? É óbvio que a relação foi consensual. Provavelmente terá sido procurada pelas meninas. É crime que clama aos céus justiça ver meninas de doze anos prostituídas? Claro que é. Mas que se procure outro réu, que se crie outra tipificação jurídica para punir este crime. Que não se puna um homem que cometeu o mesmo gesto que pelo menos 42.785 – e obviamente serão muito mais – outros brasileiros cometeram.

Há uns dois ou três anos, recebi mail de uma jovem, adorável e bem-sucedida vovó, que evocava nossas loucuras de juventude. “Fui uma de tuas namoradas mais precoces, não é verdade? Lembras que te disse que tinha 14 anos? Eu menti. Tinha treze. Não queria te assustar".

Serei, por acaso, um estuprador?

terça-feira, 10 de abril de 2012

ESPETO CORRIDO



SAÚDE LULA!
 Hugo Cassel

Conta uma lenda que certa vez um rico comerciante em Bagdá, tinha um servo de grande fidelidade, inteligência e capacidade. Era o seu preferido entre dezenas de outros pela confiança que merecia do patrão.
Uma tarde, foi enviado para fazer compras no Mercado local, levando muitas moedas de ouro. Pouco tempo depois de ter saído, voltou chorando e contou: Mestre, nada comprei e aqui estão as moedas, eis que no Mercado encontrei com a Morte e ela me fitou demoradamente sorrindo. Ela vai me levar hoje certamente. O Comerciante planejou então enganar a “velha senhora” e disse: Toma as moedas de ouro e viaja para Bazra, onde ficarás escondido.
A seguir foi direto para o Mercado , onde indignado, tirou satisfações com a Morte:- Como te atreves a assustar meu empregado? Porque o fitaste demoradamente  sorrindo? É uma ameaça?
Não foi nada disso, respondeu a morte. Apenas demonstrei minha surpresa ao vê-lo aqui em Bagdá, eis que meu compromisso para levá-lo é amanhã em Bazra.!
A moral da história é que ninguém morre na véspera. Não adianta ter medo como Lula, que declarou: “Eu tenho medo de morrer. Se eu souber que a morte está na China, vou me esconder na Bolívia”! Che Guevara fez isso e se ferrou. Recomendo Garanhuns.
O Ex-Presidente ao sair do Hospital , pretensamente curado do câncer, se declarou “morto” pelo grande medo de perder a voz, o que diga-se de passagem sem ofender, até teria alguma vantagem, eis que evitaria a “diarréia verborrágica” costumeira, como seu emocionado agradecimento a “Deus”  pela recuperação:
Em se sabendo que Lula, é Ateu como também Dilma, esse “deus” deve ser o seu médico particular, Dr. Ricardo Stuckert, e não aquele no qual a imensa maioria do povo brasileiro acredita, e cuja presença foi cassada nas repartições e, Escolas Públicas, a pedido de uma minoria desvairada, apoiada pelo seu partido. É de perguntar onde anda essa covarde e acomodada Igreja Católica, da saudosa marcha “Por Deus e Pela Família’? Onde está a palavra forte dos “Pastores” ,“Bispos”, e “Apóstolos”, que  disputam ferozmente a venda do “produto Jesus”, visando apenas o maior lucro a custa da fé do povo? Quanto tempo falta para que o Cristo Redentor seja substituído por uma estátua do Lula? Ou quem sabe de algum ou alguma terrorista das muitas que temos? É difícil responder após constatar nesta Páscoa, os milhões de fieis presentes nos eventos da Paixão de Cristo. O Brasil deixou de ser a “Terra de Santa Cruz”. Acorda Brasil que te quero verde! Mesmo que seja Oliva!

Chico Anísio. - Foi nosso vingador no Governo Collor: A Ministra Zélia,”comeu” nossa poupança e o Chico fez o mesmo com ela.
Steve Jobs, Chico Anísio, Millor Fernandes. Gênios que se foram. Comecei a me preocupar. Tantos “malas” por aí, voltando da porta do cemitério, frustrando Bin Laden, Hitler, Sadam, Kadafy além, do “Tinhoso” que  os aguardam.
Outros por aqui criticando a Globo pelo BBB sem se dar conta que dos milhões que ela fatura, sai o dinheiro para os clubes de futebol.
Abrajet-RS



segunda-feira, 9 de abril de 2012

A PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO


João Eichbaum

Ontem, seis horas da manhã,  estava eu na frente da televisão, tomando mate  e vendo o RAI.
Lá estava o Santo Padre, o Papa, celebrando a missa da ressurreição de Cristo, perante uma multidão incalculável, na Praça de São Pedro, no Vaticano.
Sua Santidade (permitam que eu assim o chame, porque não encontro outra maneira de denominá-lo, uma vez que foi assim que me meteram na cabeça desde criança) estava mal no retrato. O olhar inexpressivo de múmia, a voz sumida, dizia e fazia coisas mecanicamente. Obedecia rigorosamente ao rito. Sem nenhum entusiasmo, na contramão daquilo que todo mundo esperava: uma imensa alegria, por ter o Cristo ressuscitado.
Em compensação, era um rito de luxo, uma liturgia cheia de pompas, com cálices de ouro e paramentos brilhantes.
Naquele exato momento, olhando Sua Santidade, me lembrei de Jesus Cristo.
Partindo da suposição de que Jesus Cristo, realmente, tenha existido, pergunto, teria ele sonhado com tamanha pompa? Teria ele participado dessa pompa e desse luxo, se estivesse vivo e fosse convidado?
Ele, logo ele, um cara que não trabalhava, não se sabe de quê vivia e tinha que fazer truques, multiplicanto pães e peixes para sobreviver, teria condições de participar de um rito luxuoso como esses promovidos pelo Vaticano?
Se ele era “Deus”, porque não estruturou logo, materialmente, a sua religião, fazendo tudo funcionar, como funciona hoje em dia, com o povo lotando igrejas e a Praça São Pedro? Porque entregou a uns pobres diabos, chamados apóstolos, a missão de difundir “o seu reino”, a custo de martírios e sofrimentos? Como é que o Papa, que não foi martirizado, está lá, colhendo os frutos que os mártires não colheram?
Ora, gente, os líderes cristãos conseguiram isso. Lutero conseguiu isso. Maomé conseguiu isso. Alan Kardek, o pessoal da umbanda e muita outra gente conseguiu isso. E, não vamos muito longe, Edir Macedo também conseguiu.
Será que o povo não se deu conta de que qualquer religião enriquece seus líderes? O que fazem os padres, os bispos, os pastores, os cardeais, os papas, o Edir Macedo, para terem a boa vida que levam, sem precisar trabalhar, sem carteira assinada, sem o risco do capital, essas coisas todas?
Não poderia Jesus Cristo ter dispensado todos esses intermediários e fundar a própria religião, sem crucificação, numa boa?
Se o cara tinha o poder de ressuscitar, ele até podia dispensar essa parte e permanecer vivo sempre, sem precisar morrer, e dominar o mundo com as suas idéias, lucrando e vivendo bem, como o papa e os demais subordinados.
Aì eu queria ver se a Globo iria lucrar tudo o que ela lucra com a pornografia do BBB. Porque Jesus Cristo nos iria levar a todos para o paraíso, sem o lucro dos intermediários. E o diabo ia ficar babando e mostrando para ninguém as mulheres peladas.


sexta-feira, 6 de abril de 2012

A BÍBLIA LIDA PELO DIABO, BÊBADO, NA QUINTA -FEIRA SANTA




J. Quercus

O cara tinha aprontado tantas, que sabia que ia sobrar pra ele.
Ai, tendo chegado aquele feriadão de páscoa, ele resolveu se reunir com os amigos, no fim da tarde, como quase todo mundo, pra comer alguma coisa, beber uns tragos e jogar conversa fora.
Com ele, eram treze, na mesa. Conversa vai, conversa vem, o vinho corria solto. E, para beliscar, o que tinham era pão. Só que era uma conversa de pescadores, que não discutiam futebol, política, nem falavam de mulher.
Aí, já meio alto, o cara disse:
-Eu sei que um de vocês é um traíra!
Puta merda, a turma se alvoroçou:
- Como, mestre? – disseram quase todos em coro.
- É isso que vocês ouviram: um de vocês vai me trair.
Mais um trago, e a turma começou a perguntar, cada um a seu turno:
- Eu? Acaso serei eu o traidor?
O pessoal ficou meio sem saber o que dizer. Ninguém queria trair ninguém.
Aí, lá pelas tantas, enquanto todo mundo já tava meio alto, o cara falou, pegando e partindo o pão:
- Comei, este é o meu corpo!
Epa, pera lá, pensou cada um, consigo mesmo: “será que alguém ta a fim de comer alguém?”
Mas, ninguém disse nada, cada um só olhou pro cara, pensando “qual é, meu”?
 Teve um que se chegou no mestre e encostou a cabeça no peito dele, mas com tanta discrição que ninguém disse “ih....”
Aí, o cara pegou a taça de vinho e disse:
- Este é o meu sangue...quem tomar dele terá a vida eterna!
Era demais!
E cada um começou a pensar: o mestre se excedeu no vinho, hoje, mas tudo bem, é feriadão de páscoa, amanhã a gente pode dormir até mais tarde, não vamos complicar com o mestre.
E ficou por isso mesmo.
Agora, me digam uma coisa, em sã consciência: o que vocês fariam, se um cara, hoje, tomando um trago com vocês, no fim da tarde, depois de uns cálices de vinho, dissesse “comam o meu corpo, bebam o meu sangue”?
Vocês não iriam levar o companheiro pra casa, numa boa, e entregar ele pra patroa dele, informando que ele não tava dizendo”coisa com coisa”?
Ou passaria pela cabeça de vocês que o cara tava inventando  a “eucaristia” e  uma nova cultura religiosa, e se oferecendo?

quinta-feira, 5 de abril de 2012

UMA PESQUISA FAJUTA



Janer Cristaldo

Cerca de 75% dos brasileiros jamais pisaram em uma biblioteca, diz pesquisa do Instituto Pró-Livro, realizada ano passado, que se pretende o mais completo estudo sobre comportamento do leitor. Que cerca de 75% dos brasileiros jamais tenham pisado em uma biblioteca, vá lá. Mas isto nada tem a ver com o comportamento do leitor.

A pesquisa fala de bibliotecas públicas. Sem ir mais longe, eu, que sou leitor inveterado, não freqüento bibliotecas públicas há uns bons trinta anos. Mas freqüento a minha todos os dias. Além do mais, o IPL parece ignorar os tempos em que vivemos. Biblioteca, hoje, pode estar em um computador, tablet ou pendrive.

Não gosto de bibliotecas por razão da mais simples. Meu modo de apoderar-me de um livro é sublinhar. Como não posso sublinhar livros de biblioteca alheias, prefiro freqüentar a minha. Neste sentido, não gosto nem de livro emprestado. Se o livro me interessa, trato de comprá-lo e fico com ele. Da mesma forma, não gosto muito de emprestar livros. Se o livro é extraviado, perdi não um livro, mas uma leitura.

Uma biblioteca foi fundamental em minha juventude, a Municipal, de Dom Pedrito, instalada na época no prédio da Prefeitura. Havia só uma livrariazinha na cidade, a do Naziazeno, e nela não chegavam os clássicos. Foi lá que me iniciei, em meus 14 ou 15 anos, em Platão, Cervantes, Descartes, Montesquieu. Para desagrado dos padres oblatos que administravam o Colégio Nossa Senhora do Patrocínio. Eles preferiam que lêssemos menos. Autores que nos faltavam, mandávamos buscar em Rivera ou Montevidéu. Foi como tomei contato com José Ingenieros, para desespero do clero local.

Como gosto de ler ao lado de um bom vinho, minhas salas de leitura preferidas são os bares. Foi hábito que adquiri em Paris. Desde os primórdios da Sorbonne, os cafés do Quartier Latin eram a sala de leitura ideal dos estudantes, pois tinham calefação. O hábito perdura até hoje e às vezes entramos em bares onde acabamos falando baixinho, para não atrapalhar a leitura dos clientes. Este hábito está disseminado por toda Europa. Em Viena, estive em um café que já teve trezentos jornais à disposição de seus habitués. Quando estive lá, teria uns cinqüenta. O ambiente é até um pouco escuro. Mas as mesas dispõem de lâmpadas baixas, adequadas à leitura. Foi lá também - acho - onde encontrei um bar que oferecia a seus clientes uma razoável biblioteca.

Para a presidente do IPL, Karine Pansa, os dados mostram que o desafio, em geral, não é mais possibilitar o acesso ao equipamento, mas fazer com que as pessoas o utilizem. "O maior desafio é transformar as bibliotecas em locais agradáveis, onde as pessoas gostam de estar, com prazer. Não só para estudar." Boa idéia. Para começar, poderiam contratar garçons e oferecer uma boa carta de vinhos.

A biblioteca é um lugar até o qual devo deslocar-me para ler. Ora, prefiro ler sem sair de onde estou. Há livros, é claro, que só lá existem. Mas estes livros são buscados por pesquisadores, não pelo leitor comum.

A última biblioteca que freqüentei foi a Bibliothèque Nationale de Paris, BeNa para os íntimos. Foi no final dos 70. Ocorre que os livros de minha pesquisa não mais existiam em livrarias. Depois disso, diria que jamais entrei em tais instituições. A não ser como turista. Há muita biblioteca na Europa que não é biblioteca, mas museu. Há dois anos, visitei a Old Library, em Dublim. Linda, solene, vetusta, repleta de incunábulos. Nela, pude contemplar as páginas com iluminuras do Book of Kells, uma das mais antigas versões da Bíblia. Mas não vi nenhum leitor em suas salas. Só turistas passeando por seus corredores. Como quem vai a uma catedral. Não para rezar, mas para admirar sua arquitetura e obras de arte.

Nos anos 80, fui convidado pelo governo sueco para passar duas semanas no país. Lá, visitei a Carolina Rediviva, a biblioteca de Uppsala, onde li inclusive manuscritos em sueco de José Bonifácio de Andrada e Silva. Ah! Tive também a honra de visitar a casa onde nasceu Karin Boye, de quem eu havia traduzido Kalocain.

Guiado pela mulher do diretor da biblioteca, fui introduzido no Santo dos Santos, isto é, a sala onde está a Bíblia de Prata - o Codex Argenteus – assim chamado por ter sido escrito com tinta prateada. É o texto mais conhecido em gótico, língua germânica já extinta. Não chega a ser uma bíblia, mas um evangelário, ou seja, um livro contendo partes dos quatro evangelhos. O nome dos evangelistas e as três primeiras linhas de cada evangelho são ornadas com letras de ouro. É certamente o livro mais raro que já vi em minha vida – e já vi muitos, inclusive a Gramática Castellana, de Nebrija. Devo ter passado por quatro ou cinco grades trancadas a sete chaves para chegar até a Bíblia de Prata. Mas não era disto que queria falar.

Uppsala é uma cidade universitária e teria na época 185 mil habitantes. Minha guia tinha uma queixa. Que o governo liberava verbas para aumentar as dependências da biblioteca, mas era avaro no que dizia respeito ao acervo. Quantos livros tem aqui? – perguntei. Nosso acervo é pequeno – me respondeu a moça, desolada -. Temos apenas quatro milhões de exemplares.

Em meus dias de Madri, a rigor teria de apelar à Biblioteca Nacional, no Paseo de Recoletos. Acontece que para chegar lá há alguns acidentes de percurso. Do lado de cá do Paseo, estão dois dos mais antigos e lindos cafés de Madri, o Gijón e o El Espejo. Nunca consegui atravessar a avenida. Mas tenho muitas horas de leitura naqueles dois cafés. Sem falar que a espera entre a comunicação e o recebimento da obra exigia pelo menos uma hora. Sem que eu pudesse entrar com algum livro ou jornal para ler enquanto esperava. Ora, não consigo ficar uma hora olhando o vazio.

Segundo a pesquisa do IPL, vão à biblioteca freqüentemente apenas 8% dos brasileiros, enquanto 17% o fazem de vez em quando. Isso não quer dizer que brasileiro não leia. Vão à biblioteca pesquisadores... e pessoas que não têm o hábito da leitura. Quem gosta de ler monta a sua. Por outro lado, se há livros que você encontra só nas bibliotecas, há outros que só existem em livrarias.

Ainda segundo o mesmo estudo, o brasileiro lê em média quatro livros por ano e apenas metade da população pode ser considerada leitora. A Bíblia aparece em primeiro lugar entre os gêneros preferidos – como se a Bíblia fosse um gênero – seguida de livros didáticos, romances, livros religiosos, contos, literatura infantil, entre outros.

Se a escassa freqüência às bibliotecas não significa que brasileiro leia pouco, isto tampouco quer dizer que brasileiro leia. Nem mesmo quatro livros por ano. Bíblia não conta, é imposição de igrejas e seitas. Pelo que conheço desta gente, geralmente só usam a Bíblia para portá-la sob o sovaco. Ou para papaguear versículos como um mantra. Isto não é ler.

Livro didático muito menos. É instrumento de ensino e imposição das escolas. Ler, a meu ver, é buscar leitura sem que a leitura seja imposta. Assim sendo, é bastante provável que um brasileiro não leia nem mesmo quatro livros por ano. Entre estes leitores, devemos incluir os de Paulo Coelho, padre Marcelo, Gabriel Chalita. Melhor não tivessem aprendido a ler.

A pesquisa levou em conta apenas os livros em papel. Por mais que editores, distribuidores e livreiros não gostem desta idéia, ebook também é livro. E as bibliotecas digitais, portáteis e o mais das vezes gratuitas, só têm aumentado nos dias que correm. O IPL ignorou o século em que vivemos.

Fora da leitura não há salvação, costumo afirmar. Não é preciso fazer pesquisa para concluir que brasileiros lêem pouco ou quase nada. Basta ver os governantes que elegem ou os ídolos que cultuam.