João Eichbaum
“Políticas sociais”. Começa por aí, quer
dizer, nem os políticos, nem os jornalistas sabem o que dizem.
Política é um substantivo que dispensa o
plural. Não existem “políticas”, mas a política.
O vocábulo “política” significa,
fundamentalmente, a arte de governar a cidade. Provém do grego, “pólis”, que
quer dizer cidade. Foi adotado pelas línguas modernas, depois de ter passado
pelo latim (política): Politik, politique, política, etc, mantendo o sentido
original de administração do Estado.
Então, em seu sentido específico,
literal, a palavra “política” não admite plural. As atividades exigidas pelo
governo do Estado, no sentido amplo, são várias, mas a política é uma só, tem
uma só fonte, que é simplesmente o modo de governar.
Além de lhe impor um plural
desnecessário, os políticos e os jornalistas agregam ao vocábulo “política”
também um adjetivo desnecessário: “social”, ou pior, “sociais”.
A política é, essencialmente, uma
atividade social, ela pressupõe a existência de um grupo, e onde há um grupo,
há uma sociedade.
Mas, o que os políticos e os jornalistas
desinformados querem dizer com
“políticas sociais”, outra coisa não é senão a atividade dirigida
especialmente para os pobres. Ou seja, a assistência social.
“Bolsa-família” é o salário que o
governo paga pela pobreza. Basta ser pobre, ter um monte de filhos e não ter
renda, não trabalhar, para que alguém seja beneficiário do “bolsa-família”.
Isso é assistência social e não “política social”. A assistência social
específica, no caso, decorre da política usada pelo governante.
Como seria vergonhoso dizer que o
governo “dá esmolas”, os políticos e os jornalistas preferem usar um eufemismo:
as “políticas sociais” do governo.
Tudo isso porque é exatamente em cima da
desinformação e da falta de cultura que os políticos e os jornalistas
trabalham: as ações “benfazejas” do governo e as manchetes que cospem sangue são
as que mais atraem o público, porque o povo não tem cultura.
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