João Eichbaum
Aproveitando a lenda de um judeu, chamado Jesus
Cristo, a Itália o vendeu para mundo, criando histórias comoventes, como a de
martírios e refúgios em catacumbas. Além disso estabeleceu a sede da religião
católica em Roma, mais precisamente no Vaticano, um Estado criado dentro de
Roma.
E aí começou a grande e irrefutável mitologia cristã.
Hoje, são poucos os que duvidam da existência de Jesus
Cristo, porque a propaganda romana conseguiu fazer a cabeça das pessoas,
pregando a verdade inarredável de que
ele não só existiu, como foi crucificado para salvar o mundo, depois de ter
inventado a missa e a eucaristia.
Paradoxalmente hoje é da Itália que surgem as mais
convincentes contestações sobre o teatro cristão implantado lá por um artesão
sem muitas luzes, chamado Saulo. Saulo de Tarso, para ser mais preciso,
conhecido mundialmente como São Paulo Apóstolo.
Nanni Moretti, ator e produtor italiano, é o
responsável por um filme que resgata a cinematografia italiana, mostrando como
deve ser feito um filme para pessoas inteligentes: “Habemus Papam”.
“Habemus Papam” ridiculariza o colégio cardinalício
que elege o papa, ridiculariza o povo que se reúne na praça São Pedro para
comemorar, sem motivo, a eleição de um papa, ridiculariza a imprensa,
ridiculariza os governos francês e brasileiro, ridiculariza os psicanalistas e,
com todo o respeito, o sistema.
“Habemus Papam” é um filme feito para pessoas que
conhecem a arte e os verdadeiros artistas. E as pessoas desse nível passam o
tempo todo do filme rindo, porque é muito forte e impagável a ironia de Nanni
Moretti com palavras, com os gestos, com os trejeitos dos personagens e até com
o próprio silêncio, quando a câmera passeia pelas ruas sujas de Roma.
Mas, sobretudo, o filme mostra que a Itália é
insuperável como produtora da arte cinematográfica. Tendo um ator e produtor como
Nanni Moretti, o filme só se torna melhor com a parceria francesa, que traz
para as telas o insuperável Michel Piccoli.
“Habemus Papam” é um filme feito para pessoas cultas,
como há muito tempo não se via por aqui. O próprio título, em latim, já
seleciona os espectadores: não serão os mesmos que irão ver a Madona no campo
do Grêmio.
Um comentário:
Fiquei motivado para assistir o filme, assim que tiver a oportunidade.
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