quarta-feira, 4 de abril de 2012

HABEMUS PAPAM


João Eichbaum
Aproveitando a lenda de um judeu, chamado Jesus Cristo, a Itália o vendeu para mundo, criando histórias comoventes, como a de martírios e refúgios em catacumbas. Além disso estabeleceu a sede da religião católica em Roma, mais precisamente no Vaticano, um Estado criado dentro de Roma.
E aí começou a grande e irrefutável mitologia cristã.
Hoje, são poucos os que duvidam da existência de Jesus Cristo, porque a propaganda romana conseguiu fazer a cabeça das pessoas, pregando  a verdade inarredável de que ele não só existiu, como foi crucificado para salvar o mundo, depois de ter inventado a missa e a eucaristia.
Paradoxalmente hoje é da Itália que surgem as mais convincentes contestações sobre o teatro cristão implantado lá por um artesão sem muitas luzes, chamado Saulo. Saulo de Tarso, para ser mais preciso, conhecido mundialmente como São Paulo Apóstolo.
Nanni Moretti, ator e produtor italiano, é o responsável por um filme que resgata a cinematografia italiana, mostrando como deve ser feito um filme para pessoas inteligentes: “Habemus Papam”.
“Habemus Papam” ridiculariza o colégio cardinalício que elege o papa, ridiculariza o povo que se reúne na praça São Pedro para comemorar, sem motivo, a eleição de um papa, ridiculariza a imprensa, ridiculariza os governos francês e brasileiro, ridiculariza os psicanalistas e, com todo o respeito, o sistema.
“Habemus Papam” é um filme feito para pessoas que conhecem a arte e os verdadeiros artistas. E as pessoas desse nível passam o tempo todo do filme rindo, porque é muito forte e impagável a ironia de Nanni Moretti com palavras, com os gestos, com os trejeitos dos personagens e até com o próprio silêncio, quando a câmera passeia pelas ruas sujas de Roma.
Mas, sobretudo, o filme mostra que a Itália é insuperável como produtora da arte cinematográfica. Tendo um ator e produtor como Nanni Moretti, o filme só se torna melhor com a parceria francesa, que traz para as telas o insuperável Michel Piccoli.
“Habemus Papam” é um filme feito para pessoas cultas, como há muito tempo não se via por aqui. O próprio título, em latim, já seleciona os espectadores: não serão os mesmos que irão ver a Madona no campo do Grêmio.


Um comentário:

Gigi disse...

Fiquei motivado para assistir o filme, assim que tiver a oportunidade.