João Eichbaum
Alguns dos defensores dos réus do chamado
mensalão já puseram as barbas de molho.
Os primeiros votos, a começar pelo voto do
relator, deixam muito a desejar, do ponto de vista da dialética. Nenhum dos
ministros, dos que até agora votaram, soube montar aquele silogismo primário
que empresta fundamentos aos juízos de valor.
Nenhum deles se deteve na premissa maior, que
é a lei. Todos começaram pela premissa menor, que são os fatos. De tipicidade
penal ninguém tratou. Falaram muito em contratos, em sacos de dinheiro, em
conversas de gabinete, em notas fiscais, em adiantamentos de pagamentos, etc. E
dessas coisas tiraram ilações. Em outras palavras: da premissa menor saltaram
logo para a conclusão.
Com os votos prontinhos, elaborados pelos
assessores, demonstrando claramente que não conhecem o processo, que não se
debruçaram com consciência e responsabilidade sobre os autos, o Luiz Fux, e as duas mulheres, a Rosa Weber e
a Carmen Lúcia se limitaram a acompanhar o relator.
O Fux fez discurso contra a corrupção, como
se estivesse num palanque eleitoral. A Carmen Lúcia leu com voz monótona um
trecho de Nelson Hungria, também contra a corrupção, como faria qualquer
professor sem didática. A Rosa Weber, nem isso fez. E ainda ficou na dúvida
sobre o crime de lavagem de dinheiro, porque certamente o seu assessor pouco
sabe sobre isso. Ela, em todo caso, de Direito Penal e Processo Penal não
entende coisa nenhuma, porque passou a vida inteira lendo e decidindo sobre
Direito do Trabalho.
É possível até que os três nem tivessem tanta
convicção assim, para acompanhar o relator – tal a fraqueza de suas
manifestações. Mas, depois que viram a população brasileira exigir a cabeça do
Lewandowski, esqueceram os favores que deviam ao Lula ou à Dilma.
Já o Toffoli saiu dessa rotina, acendendo uma
vela pra Deus, outra para o Diabo: para enganar a torcida, acompanhou o revisor
na parte da arraia miúda, o Pizzolato e companhia, mas manteve sua fidelidade
ao padrinho, que exigira sua presença no julgamento, no tocante ao político
João Paulo Cunha.
Não podia ser outro o quadro geral dessa
pantomima de vários atos, cuja figura de proa, Joaquim Barbosa, uma criatura
dominada por indomável necessidade de superação, não admite opiniões
contrárias. Parece que tem o certificado de propriedade da verdade, quer sempre
ter a última palavra.
Tudo isso justifica plenamente o temor dos
advogados: num espaço ocupado pela vaidade e pelas nulidades, não há lugar para
a sabedoria.
Um comentário:
Considero o artigo, uma boa análise da composição atual do STF, principalmente sob o prisma jurídico. Qual a tendência para o futuro, depois da aposentadoria do ministro Peluso? Não sou muito otimista.
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