quarta-feira, 4 de novembro de 2015

DE BANDIDOS E POLÍTICOS

João Eichbaum

Só há dois tipinhos de gente que, no Brasil, goza de plena liberdade, pode pintar e bordar, que nada lhes acontece: os políticos e os bandidos. E ambos têm outro ponto em comum, além da liberdade sem limites: as mesmas vítimas, que é o povo brasileiro.

Os políticos, além de terem liberdade para fazer as leis que lhes aprouverem, como, por exemplo, criar e aumentar impostos, se servem do dinheiro do povo para levar uma boa vida, encharcada de privilégios, sem precisar trabalhar.

Quando apanhados com a boca na botija – o que raramente acontece – a primeira coisa que aparece são os seus direitos. Há todo um rito para serem submetidos a comissões de ética e seu mandato é resguardado como uma fortaleza, pois nem o pior dos crimes têm força em si mesmo para destituí-los.

O mesmo acontece com os bandidos. Por pior que seja o crime, eles têm que passar pelo rito do flagrante, com presença de advogado, comunicação a familiares e fórmulas processuais rígidas, além do “sagrado” direito de permanecerem calados.

Ai de quem machucar um desses coitadinhos! A Maria do Rosário está de olhos atentos para que nada lhes aconteça. Eles, os bandidos, têm toda a proteção da lei, uma proteção que o Estado não oferece para os cidadãos honestos, que cumprem seus deveres.

Somos reféns de uns e de outros. Pagamos a boa vida que os políticos levam e pagamos para que eles nos ralem. Pagamos para os bandidos não nos matarem, assim como os sustentamos na prisão, donde eles dão ordens para que seus comparsas infernizem a nossa vida. E não temos sequer o direito de defesa porque, para a evitar a morte de bandidos, os políticos nos desarmaram.

E ai que algum de nós se atreva a alertar os militares de que a coisa passou dos limites, que nem todos são iguais perante a lei, que bandidos e políticos abusam do poder. A resposta seca será a de que eles, os militares, têm a missão de garantir o cumprimento da Constituição e que do povo quem deve cuidar é o governo, porque vivemos num regime democrático...


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