DE BANDIDOS
E POLÍTICOS
João
Eichbaum
Só há dois
tipinhos de gente que, no Brasil, goza de plena liberdade, pode pintar e
bordar, que nada lhes acontece: os políticos e os bandidos. E ambos têm outro
ponto em comum, além da liberdade sem limites: as mesmas vítimas, que é o povo
brasileiro.
Os
políticos, além de terem liberdade para fazer as leis que lhes aprouverem,
como, por exemplo, criar e aumentar impostos, se servem do dinheiro do povo
para levar uma boa vida, encharcada de privilégios, sem precisar trabalhar.
Quando
apanhados com a boca na botija – o que raramente acontece – a primeira coisa
que aparece são os seus direitos. Há todo um rito para serem submetidos a
comissões de ética e seu mandato é resguardado como uma fortaleza, pois nem o
pior dos crimes têm força em si mesmo para destituí-los.
O mesmo
acontece com os bandidos. Por pior que seja o crime, eles têm que passar pelo
rito do flagrante, com presença de advogado, comunicação a familiares e
fórmulas processuais rígidas, além do “sagrado” direito de permanecerem
calados.
Ai de quem
machucar um desses coitadinhos! A Maria do Rosário está de olhos atentos para
que nada lhes aconteça. Eles, os bandidos, têm toda a proteção da lei, uma
proteção que o Estado não oferece para os cidadãos honestos, que cumprem seus
deveres.
Somos
reféns de uns e de outros. Pagamos a boa vida que os políticos levam e pagamos
para que eles nos ralem. Pagamos para os bandidos não nos matarem, assim como
os sustentamos na prisão, donde eles dão ordens para que seus comparsas
infernizem a nossa vida. E não temos sequer o direito de defesa porque, para a
evitar a morte de bandidos, os políticos nos desarmaram.
E ai que
algum de nós se atreva a alertar os militares de que a coisa passou dos
limites, que nem todos são iguais perante a lei, que bandidos e políticos
abusam do poder. A resposta seca será a de que eles, os militares, têm a missão
de garantir o cumprimento da Constituição e que do povo quem deve cuidar é o
governo, porque vivemos num regime democrático...
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