quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O NÉRIO SABE DAS COISAS

 Preteou o olho da gateada e o animal murchou as orelhas no meio da corrida, de 4 quadras , de dois trilhos, ( cada quadra tem 132 m.)  e como um raio ganhou a corrida na cancha reta de luz e  "doble" como dizem os correntinos, logo, depois, de nossa fronteira com a Argentina, que também amam as corridas de cancha reta e um jogo de osso ou da tava. Aqui no Brasil, por hipocrisia, o jogo do osso ou da tava é proibido. Talvez um dos´únicos divertimentos do peão de estância, e que depende da arte e da perícia de jogar o osso com o metal cravado nele e joga tipo bocha, e conforme o lado que ficar para cima, "suerte"! ganha a aposta, porém, se ficar para cima "culo" perde a aposta. A cancha reta ainda reúne muito povo no nosso interior.  Total é o que a peonada faz todo o dia, andar a cavalo, camperear, e no domingo, então, se divertem correndo carreiras, apostando bom dinheiro e tomando cerveja e comendo churrasco gordo. Uma festa bonita de se ver. De vez em quando dá umas brigas e rezingas e até se matam mas como dizem,  "foi só por bobagem, doutor"....
Como Juiz pelo nosso interior, presidi muitos júris de brigas com morte em cancha de carreiras. O Júri era uma festa.  Enchia de gente no Clube do Comércio, onde fazia os Júris, e a Brigada, fechava a rua na frente, pois, ficava apinhada de povo, e se vendia pipoca, cachorro quente e se o júri varava a madrugada, então, sim, ferviam milho verde no panelão e serviam quentão. Este milho verde cozido na água fervente, e fica gostoso de comer a espiga bem cozida se chama em " lunfardo" ( dialeto do povo arrabalero portenho de B. Aires) de  " El Choclo" e que tem um tango clássico famoso, dos mais tocados, nos inicios do tango, de autoria do grande pilar do tango, Eduardo Arollas, do início do século passado.
  O Júri não julga o fato em si´, que está em debate, em verdade, o Júri julga o comportamento anterior e a conduta social, familiar e no vizindário o proceder de réu e da vítima.
O Júri no interior quando bem conduzido e bem feito e respeitado o réu, os familiares do réu e da vítima  ( com lugares reservados nobres para sentar no salão) etc...e tudo o mais que cerca o Tribunal do Juri, ainda é o lugar do debate e da sensação da cidade. Os vizinhos, lá do campo e da colônia onde aconteceu o fato vêm todos assistir.
Aqui em P. Alegre, praticamente, tem Júri todos os dias, no Forum Central, nos dois Tribunais do Júri, mas passa despercebido, até o trabalho e o debate de promotores e advogados de defesa no plenário, nem a imprensa noticia.

Nério "dei Mondadori" Letti.


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