O
ESTELIONATO CRISTÃO
João
Eichbaum
“Jesus, não me deixe morrer, Jesus, Jesus, eu
não quero morrer”. Foram as últimas palavras que a avó do menino Thiago
Damasceno, de 7 anos, ouviu dele, antes que um aluvião de lama o soterrasse para
sempre. Aconteceu em Minas Gerais, onde um delírio da natureza derrubou
barragens e transformou em destroços uma vila de pobres.
Pedi, e vos será concedido; buscai, e
encontrareis; batei, e a porta será aberta para vós. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem
bate, se lhe abrirá.
O que está transcrito
acima não são promessas de políticos. São afirmações atribuídas a Jesus Cristo,
um personagem adotado como deus pelo cristianismo. Delas dão testemunho os
chamados evangelistas Mateus, 7: 7-11, e Lucas, 11: 9-13.
O melhor do
cristianismo, essa organização cheia de aparatos e efemérides, é seu
ensinamento de como viver, de como se relacionar com a vida e com os outros
seres humanos: uma tentativa de terminar com a canalhice. Mas, a espalhafatosa
propaganda de uma vida eterna não passa de falso tratamento de felicidade,
aplicado na doença dos infelizes.
Quem vê jogadores
de futebol com as mãos para o alto, pedindo proteção, ou agradecendo pela graça
de ter feito um gol, não pode levar a sério as palavras de Jesus Cristo. Principalmente
quando um menino, abatido pela extenuante impotência contra a morte, pede em
vão para viver.
Se o gol do
boleiro vale mais do que os encantos da vida para um menino, alguma coisa está
errada: ou Jesus Cristo não existiu, ou não passou de um maníaco. Não resta
alternativa: compará-lo a um político seria muita cretinice.
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