EM TERRA DE CORRUPTOS, QUEM TEM DINHEIRO É REI
João Eichbaum
A mola mestra dessa República corroída pelo
descrédito em suas instituições é um sujeitinho que não precisa se acotovelar
com os pobres e moídos brasileiros, para encontrar um lugar na vida: Joesley
Batista. Já em março de 2.016, o cara se reunia em sua casa com Eduardo Cunha e
Lula, para tratar do impeachment de Dilma Rousseff, segundo revelou o dito
Cunha, em carta escrita na prisão.
Um ano depois, quando Michel Temer começava a
festejar uma resposta positiva da economia para seu governo, com queda da
inflação e ascensão da bolsa de valores, lá aparece de novo essa figurinha, até
então desconhecida do povo brasileiro: Joesley Batista.
Foi quando o Brasil inteiro o viu, destravando um
papo de compadre com o presidente da República, em cuja residência chegara na
calada da noite, pela porta dos fundos. Na intimidade que rolava entre os dois,
Joesley se gabava de botar rabo em juízes e procuradores, sem que a façanha
tenha causado eructações de desaprovação no presidente.
Mas, ninguém imaginava que esse poder fosse tão
abrangente como tentáculos de polvo. A força tentacular se refletiu no preço
que Joesley recebeu pela delação feita perante os procuradores da República, na
qual envolvia seu amigo Michel Temer: nada de processo, nada de prisão, nada de
tornozeleira eletrônica, só paz e amor, com direito a tapinha nas costas e
votos de boa viagem para os Estados Unidos, onde poderia desfrutar da riqueza
que tem, sem incômodo algum por parte da Justiça brasileira.
O desmedido poder desse homem certamente não vem
daquele cabelo desabando cuidadosa e discretamente sobre as orelhas, nem
daquele sorriso que impede gestos infensos, por mais debochado que pareça, e
muito menos daquele arzinho, entre matreiro e abobado, de quem se sente muito à
vontade diante de qualquer um que se tenha por poderoso.
A televisão mostrou seu jeito de delator
sobranceiro. Na frente dos procuradores da República, contando só a metade da
missa, ele e seu irmão mais falaram do que foram interrogados, e só não foram
chamados de vossas excelências, porque não tinham diploma de bacharel em
Direito.
Para causas de menor
calibre, como nomeação de ministros do STF ou incentivo ao ensino jurídico
bancado por gente de toga, diz-se que a empresa de Joesley também empresta sua
marca de benfeitora e padroeira.
O coroamento de sua obra
(“finis coronat opus”) poderá ser o processo criminal do Temer. Será que
Joesley vai botar dinheiro nessa parada, para mostrar ao Brasil quem é que pode
mais, quem é que alivia as tripas mais fácil, obrando como passarinho na cabeça
do ex-amigo, antes que esse vire busto de praça?
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