CONTRADIÇÕES DA MITOLOGIA
CRISTÃ
João Eichbaum
Contardo Calligaris, da
Folha de São Paulo, pergunta em sua crônica publicada ontem: “... num pequeno
exercício de teologia natalina, no meio da missa de meia-noite, pensei: mas ele
vem nos salvar de quê? De qual falha ele nos reabilita ou nos absolve? Afinal,
antes de ele chegar, o que era pecado?”
Evidentemente, ele se
refere à figura central do cristianismo, Jesus Cristo. Para justificar toda a
lenda do referido personagem, a Igreja Católica o tem como filho de Javé, o
deus judaico adotado pelo cristianismo.
Segundo essa mesma lenda,
Jesus teria sido mandado ao mundo para salvar a humanidade, redimindo os
pecados dela e a encaminhando para o reino dos céus.
A pergunta feita por
Contardo Calligaris é extremamente simples, muito pertinente, e poderia ser
feita por qualquer pessoa que olha pelo prisma da racionalidade a vida e os
fatos que compõem a história do homem.
Essa dita salvação da
humanidade teria consistido, segundo a mitologia cristã, na crucificação do dito
Jesus Cristo, razão principal de sua descida a esse “vale de lágrimas”.
Ao deus Javé, como a
muitos outros deuses criados pela imaginação do homem, comprazia o sangue. Por
isso, os judeus sacrificavam animais, como aves e cordeiros, para lhe aplacar a
volúpia ou lhe puxar o saco. Era o modo de comprazer ao Senhor, enfim.
O cristianismo não se
satisfez com aves e cordeiros. Criou a figura de Jesus Cristo, cujo sacrifício
Javé teria exigido, para salvar a humanidade do pecado, segundo consta no Novo
Testamento.
Acontece que a humanidade,
se não está igual, ficou bem pior depois da chegada de Jesus Cristo. O povo vai
à missa, ao culto, reza voltado para Meca, mas faz guerra, rouba, mata, explora
o próximo, vai pro motel com a mulher do vizinho, etc. etc...
Então, a conclusão a que
se pode chegar é de que de nada adiantou a vinda de Jesus Cristo. Seu sangue
foi derramado em vão, ou Javé ficou satisfeito por algum tempo, mas depois
retomou o mau humor, que o fez expulsar Adão e Eva do paraíso.
E assim se esvai a
doutrina cristã, porque continua proporcionando, a quem faz uso da razão, a
pergunta que fez Contardo Calligaris: Jesus Cristo veio nos salvar de quê,
mesmo?
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