TAL POVO, TAIS POLÍTICOS
João Eichbaum
Fotos nas redes sociais
mostram uma senhora idosa, varrendo o lixo que se acumula, vergonhosamente, na
passarela que leva à estação do trem suburbano (Trensurb) em Sapucaia do Sul.
Os noticiários da
imprensa, como também as redes sociais, revelam a insanidade de bagunceiros,
torcedores do Flamengo, praticando toda a espécie de selvageria, com
depredações e atos de violência, porque seu time foi eliminado de um
campeonato.
Uma tal de Anitta foi
eleita a mulher do ano. Mas não me perguntem o porquê. Também foi escolhido
como melhor cantor, ou coisa que o valha, uma pessoa que atende pelo nome de
Pablo Vittar, da qual ninguém com certo nível de cultura pode dizer alguma
coisa.
Da administração do país,
como um todo, entregue a políticos, só duas coisas tomam corpo nos noticiários
e nas conversas de bar: incompetência e corrupção. Mas, gente, quem é que
escolhe os melhores, em qualquer coisa, neste país? Quem é que adora os ídolos
criados pela mídia? Quem é que escolhe os políticos?
Claro, é o povo. Sim,
aquela parte do povo, em cujo caráter não há lugar para a retidão e a
perfeição. Aquela parte que picha, que suja, que acumula lixo, que,
empanturrada de adjetivos chulos, xinga oponentes nas redes sociais, que promove
quebradeiras por causa de futebol. Esse mesmo povo, cheio de detritos
intestinais desviados para a cabeça, acaba se sobrepondo à minoria civilizada,
à minoria que não se deixa embriagar por demagogos e estelionatários políticos.
O voto deles, do povo que
não respeita o direito dos outros, é o que acaba prevalecendo. A mesma
irracionalidade que os leva à prática de selvageria, os leva também a escolher
políticos.
Então, jogadores de
futebol, artistas, participantes de programas vulgares de televisão, acumulam
votos para arrastar consigo vilões, corruptos, velhas raposas. Graças a uma
farsa chamada quociente eleitoral, o parlamento se torna um grande balcão de
negócios, onde o que menos conta são os interesses da nação.
Resultado: a barganha
corre solta entre Executivo e Legislativo: toma lá e dá cá, é dando que se
recebe. Tais contubérnios acabam parindo os Geddéis da vida, ministros disso e
daquilo. Esses, por sua vez, escolhem administradores de autarquias ou empresas
estatais que só prestam maus serviços, onde o lixo se acumula, e sanitários,
elevadores, escadas rolantes não funcionam, como no Trensurb. Esse é o espelho
no qual se mira o povo. Nele só há lugar para políticos, e celebridades de
mídia. Mas, não para a velhinha que se preocupa com o asseio, nem com a
professora que morreu, salvando crianças numa escola tomada pelo fogo.
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