O
MAU ESPETÁCULO DA JUSTIÇA
João
Eichbaum
O
nosso Supremo Tribunal Federal não tem a cara e a compostura que o imaginário
popular faz da Justiça. A Justiça para o povo é coisa séria, é uma entidade
mais abstrata do que real, porque supostamente transcende as fraquezas humanas.
Na imaginação do povo, o único instrumento utilizado pela Justiça devia ser a
sabedoria.
Mas,
no Supremo Tribunal Federal, o que menos se contempla, o que menos se projeta
como motivo de admiração é a sabedoria. Sem autocensura, aquele tribunal
resolveu, em nome da “transparência” mostrar o que imaginava ser. Mas, mostrou
outra coisa: o que e como não deve ser a Justiça.
A
Justiça deve ser impessoal e igual para todos. O STF brasileiro não é assim.
Ele só julga algumas pessoas, os famosos, os políticos, os que mais aparecem na
televisão e na imprensa, os que têm dinheiro para chegar até lá. Quem é que já
assistiu a algum julgamento de pobre ou de coisas que sejam do interesse dos
pobres?
Ao
invés de mostrar para o povo uma imagem que corresponda à ideia de Justiça, a
Suprema Corte brasileira apresenta uma pantomima horrorosa, que arranca
bocejos, preguiça, muitas imprecações, e provoca até engulhos. Ninguém aguenta lengalengas em tom monocórdico, que entorpecem
até a alma. Ninguém suporta empáfia, ares de superioridade, muxoxos
desdenhosos.
E
o linguajar, o linguajar empolado, enroscado em adjetivos e advérbios
desnecessários na linguagem jurídica, com substantivos catados no baú? Ah, sim,
e a prolixidade, os rodeios, os circunlóquios, as metáforas sem graça e sem
sentido, o discurso dispersivo, sem foco direto, sem lógica e racionalidade que
conduzam ao objetivo perseguido, quem é que suporta?
Está
mais do que na hora de mudar tudo isso. O povo não suporta deboches como o do
encerramento dos trabalhos, porque um ministro exibiu ao vivo e a cores um
ticket de viagem para o Rio de Janeiro. Quem trabalha 40 ou mais horas semanais
merece respeito: além de pagar o salário do ministro, tem o desprazer de vê-lo
deixar de cumprir o seu dever, que é compor o tribunal, para viajar a Lisboa. E
não terá descontado um mísero vintém de seu gordo salário.
O
que se pode esperar duma instituição que, órfã do senso crítico, ao invés de
mostrar sabedoria, equilíbrio, presteza no exercício jurisdicional, perde seu
tempo com frivolidades e ostentações, deixando para depois das “férias
pascoais” o que devia ter feito ontem?
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