DIREITOS HUMANOS
João Eichbaum
Outro dia ouvi numa rádio dessas, o senhor Lênio Streck, ao que parece procurador de Justiça, (é, isso mesmo, desses que andam procurando a Justiça, mas nunca a encontram) falando sobre a questão dos criminosos que não são presos porque, se presos forem, vão ser humilhados, isto é, não vão ter TV a cores e a cabo, não terão quartos particulares, não vão comer bife feito na chapa, não terão uma horinha própria para visitas íntimas, isto é, para fuder, etc.
Ah, antes que me esqueça, o senhor Lênio é tido como um grande jurista, uma pessoa com título de doutor, que leciona na Unisinos, uma universidade comercial, como tantas outras neste país, que fornece diplomas mediante um bom pagamento. Pois o senhor Lênio é professor nessa universidade.
Então ele veio dizendo, na entrevista, para uma emissora qualquer, que tinha achado a solução “jurídica” para a questão dos criminosos, que os juízes não querem prender. Iria representar ao Procurador Geral da República, pedindo a intervenção no Estado do Rio Grande do Sul, porque o Estado não está providenciando num vida digna para os presos.
É, sim, é mais um que quer botar no da tia Ieda.
O cara é doutor, mas não conhece nada dessa espécie, chamada ser humano. Ele quer comparar o direito dos presos, ao direito das pessoas de bem. Diz ele que, se o povo tem direito á segurança, os presos têm direito a uma vida digna , em nome dos direitos humanos.
Em outras palavras: zero a zero. Os direitos têm que ser iguais, o dos criminosos e os dos não criminosos. Os direitos de uma mãe que tem uma filha estuprada e morta por um tarado, têm que ser iguais aos desse tarado. Senão, nada feito.
Esse senhor Lênio estudou ciências jurídicas e sociais, não sei onde, mas estudou. Só que o seu conhecimento se cinge ao direito enquanto teoria, o direito que é trabalhado nos gabinetes, nas aulas das universidades, e não chega na vida, no dia-a-dia das pessoas. O senhor Lênio não conhece as criaturas humanas, não conhece bosta nenhuma de antropologia. Ele aprendeu, com seus professores, e ensina isso a seus alunos, que existem os direitos humanos e pronto. Não botou a sua inteligência a funcionar (se é que sua inteligência chega a tanto) para poder distinguir entre seres e seres humanos. Ele não sabe que a indignidade não é peso, nem medida, para a dignidade, nem que a dignidade se adquire com uma boa vida de preso.. Ele não sabe que quem não assimila os valores propostos para uma convivência social está abaixo da média da dignidade humana, e que seus valores, portanto, são outros e sua vida deve ser medida de acordo com seus valores e não de acordo com os valores que ele não respeita.
Senhor Lênio, estude um pouco de filosofia, de antropologia, e também de grego. E chegará à conclusão de que há várias camadas de animais. Alguns até são humanos. E esses, sim, merecem ter direitos.
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